Enquanto algumas cidades têm leões como brasão, o símbolo de Manchester, Inglaterra, é uma abelha. Estampado em vários cantos da cidade, o inseto representa bem o perfil de Manchester: trabalhadora, industrial, revolucionária.
A segunda cidade mais populosa do Reino Unido e a terceira mais visitada da ilha britânica é famosa por conta do futebol, por sua história conectada com a revolução industrial e movimentos sociais. E, claro, pela noite animada e musical, que viu surgir bandas como Oasis, The Smiths e Joy Division.
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Ainda assim, eu não tinha grandes expectativas quando fui visitar Manchester pela primeira vez. Foram só poucas horas, na verdade. E apesar de eu ter ficado impressionada com a vida noturna, foi só na minha segunda visita, com bem mais tempo, que a cidade ganhou meu coração. Eu já ouvi de vários brasileiros que não consideram incluir Manchester no roteiro porque seria mais uma cidade grande e que não tem como competir com Londres. Esse é um erro fatal.
Além de ter atrações que rendem, no mínimo, dois dias inteiros (acredito que um roteiro de três dias seja o ideal) – com muita coisa de graça para fazer – Manchester também fica bem no coração do norte da Inglaterra. Ou seja, é uma base excelente para explorar cidades como Liverpool, York, Chester, Newcastle, Leeds, além de parques nacionais, passeios de locomotiva e tours históricos.
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Neste texto, preparei um grande guia de o que fazer em Manchester: os principais pontos turísticos e lugares especiais para visitar, algumas dicas de onde ficar e também de onde comer e beber, como chegar e como se locomover por lá.
O prédio da prefeitura é um excelente lugar para começar a conhecer a cidade. É um exemplo de arquitetura vitoriana gótica e foi inaugurado em 1877. Muitos dos prédios históricos de Manchester são do século 19. É possível entrar gratuitamente e visitar uma parte da construção. Em frente ao Town Hall fica a praça Albert, onde ocorre a principal feira de natal, em dezembro.
Atrás da Prefeitura fica a Biblioteca Central de Manchester, um enorme prédio redondo, que é uma combinação entre o design histórico original e intervenções modernas. A sala de leitura Wolfson é impressionante e no hall de entrada costumam ocorrer pequenas exposições temporárias.
A John Rylands é uma daquelas bibliotecas onde você entra e se pergunta se viajou na história: parece mais um castelo ou uma catedral antiga e é uma das bibliotecas mais espetaculares da Inglaterra. A entrada é gratuita.
Se você curte visitar bibliotecas, também em Manchester fica a Chetham’s Library, a mais antiga da língua inglesa, construída em 1412. E tem ainda a Portico Library, biblioteca e sala de imprensa desde 1806.
O People’s History Museum trata da história da democracia, das pessoas comuns e das ideias que valem a pena lutar por. É um excelente local para entender como o movimento sindical, a luta pelo voto universal e outros marcos revolucionários da história inglesa começaram em Manchester. É pequeno, bastante interativo e bem montado. Já o Manchester Museum foca em história, natureza e tecnologia. Tem uma coleção de mais de seis milhões de peças, incluindo uma galeria grande sobre o Egito Antigo.
O Museum of Science and Industry foi construído no local onde ficava a estação de trem de passageiros mais antiga do mundo. A exposição foca em toda a história da ciência e da indústria desenvolvida desde a revolução industrial até hoje. Uma opção mais popular é o National Football Museum, que é, obviamente, dedicado ao esporte. Logo na entrada você já encontrará um hall da fama. Lá dentro, os quatro andares de museu têm histórias, trazem coleções antigas, vídeos, fotos e muito material informativo e divertido.
o IWM North, ou melhor, Museu Imperial da Guerra, é do mesmo grupo que gerencia o museu de mesmo nome, em Londres. A versão do norte foca nas pessoas e suas histórias durante a primeira e segunda guerras mundiais.
Ainda, é possível visitar o The Pankhurst Centre, que é a casa onde surgiu o movimento das sufragistas no Reino Unido, liderada por Emmeline Pankhurst e suas filhas. Eu contei mais sobre essa história nesse texto.
A catedral de Manchester é um prédio medieval enorme, que foi duramente bombardeada na Segunda Guerra, mas sobreviveu para contar a história. O interior é lindo, misturando trabalho em madeira, pedra e vitrais. A entrada? Também é gratuita.
Em frente e ao redor da catedral fica o Shambles Square, uma espécie de quarteirão histórico, que na verdade é uma reconstrução de casinhas medievais que ficavam ali até o início do século 20.
Vale dizer também que na região próxima à catedral ficam as principais lojas e shoppings em Manchester, um paraíso para quem curte comprar.
De todos os bairros legais de Manchester, só tive tempo para conhecer o Northen Quarter, que fica ali, colado no centro. Também conhecido como um distrito hipster, é uma área cheia daqueles antigos prédios de tijolos vermelhos que antes eram industriais e hoje são ocupados por cafés, bares, restaurantes, lojas de tudo o que você imaginar e galerias de arte.
A Stevenson Square é um bom lugar para começar a explorar por ali, por ser um largo bem bonito (é a imagem destacada deste texto). E, para mim, o mais imperdível é visitar o Aflecks Palace. É meio difícil explicar do que se trata o prédio – eu fiquei perdida e sem entender direito a lógica do local.
Trata-se de um verdadeiro labirinto, em quatro andares, onde você encontra uma curiosa combinação de lojas de artistas e produtores locais. Não se acanhe de entrar na primeira loja que você ver, ela não terá fundo e te levará para para o estande seguinte. E o seguinte, e o seguinte…
Outros bairros que valem a pena visitar são o Castlefield, que fica na beira de canais d’água e tem vários armazéns antigos e hoje convertidos em bares; o Ancoats, que despontou recentemente para rivalizar com o NQ como distrito jovem da cidade; ou o Salford Quays, bairro um pouco afastado do centro e famoso por seus prédios modernos. A Canal Street, uma rua que segue ao longo de três quarteirões, é o centro do Manchester Gay Village.
Eu não sou muito fã de futebol e me contentei em visitar o National Football Museum, mas sei que os fãs de verdade do esporte vão querer conhecer os estádios dos famosos times da cidade.
É possível fazer o Manchester United Stadium and Club Tour (a partir de 18 libras) e o Manchester City Stadium and Club Tour (a partir de 17,50 libras). Ambos permitem conhecer os bastidores dos estádios e conhecer mais sobre os times e sua rivalidade. Se você quiser comprar um bilhete para assistir a uma partida, recomendo que o faça com muita antecedência e se prepare para gastar uma boa grana.
Em Manchester há outras dezenas de atrações, como museus, galerias de arte, lojas, parques e muito mais. Dá para conferir ideias de 101 coisas para fazer na cidade no site da Visit Manchester.
Já fizemos um texto inteirinho sobre quais os melhores bairros para ficar em Manchester.
Quando eu estive lá a primeira vez, me hospedei no Innside, um hotel 4 estrelas da Rede Meliá, que fica bem próximo do centro. É um excelente hotel, moderno, confortável, bem decorado e com uma vista legal da cidade. As diárias custam a partir de 89 libras.
Para quem quer opções mais econômicas, eu recomendaria o YHA Manchester, que fica em Castlefiled, com diárias no dormitório a partir de £18. Quem faz questão de conforto, mas não quer pagar caro, pode tentar o ibis Styles Manchester Portland, que tem uma decoração incrível, fica no badalado Northern Quarter e diárias a partir de £65 para o quarto duplo.
No centro de Manchester, o The Refuge é um espaço enorme, com restaurante, bar, jardim e salas privadas. Sabe aqueles lugares onde a decoração parece de revista? Pois é!
A comida vem em porções tipo tapas, mas que são muito bem servidas. Os preços vão de 5 a 10 libras por prato. Dá para conferir o menu no site oficial.
O Albert’s Schloss é outro desses espaços enormes com decoração incrível, na região central. É um bar inspirado na Bavária, Alemanha. Vários tipos de cervejas são servidos e o estabelecimento tem uma programação noturna animada e variada. Uma pint (500 ml) custa em torno de cinco libras.
Mais intimista que as opções acima, o Flok é um bar bem bonito no Northern Quarter. Servem vinhos, cervejas e tapas espanholas. Ali, as porções são petiscos, então não vá com fome. Cervejas custam por volta de quatro libras e os tapas em torno de cinco.
Num cantinho quase escondido do Northern Quarter fica o Bonbon Chocolate Boutique, um café e chocolateria pequeno e confortável, excelente para fugir da chuva e do frio ingleses. Foi um dos melhores chocolates quentes que já tomei na vida.
Quer mais ideias de bares em Manchester? Leia aqui uma lista com dicas!
A melhor forma de chegar em Manchester é de trem, visto que a cidade tem três grandes estações: Piccadilly, Oxford Road e Victoria, além de conexão direta para toda a Inglaterra. Pesquise por trens no site da National Rail.
De Londres a Manchester são cerca de duas horas. É recomendável comprar as passagens com pelo menos um mês de antecedência, porque assim dá para conseguir um excelente desconto no preço.
Além disso, o aeroporto de Manchester é um dos maiores do Reino Unido e é sempre bom conferir se a RyanAir não tem alguma promoção que valha a pena.
Para se locomover dentro de Manchester, é possível fazer muita coisa a pé, porque várias das atrações são concentradas no centro. O transporte público conta com linhas de ônibus, tram, trem, metroshuttle e táxi aquático. Para planejar sua viagem, é possível usar o Google Maps ou acessar diretamente o site ou app da empresa de transporte da cidade.
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Amei as suas dicas !!! Caíram como uma luva no roteiro que eu estou planejando. Obrigada pela sua ajuda !!!
De nada! Fico feliz em ajudar
Muito legal a reportagem.
a f lamas@hotmail.com
obrigada!