“Esta é Sevilha, a cidade mais bonita do mundo”. O guia arrancou algumas risadas descrentes do grupo com a frase que abria o passeio, mas afirmação era megalomaníaca, não era completamente infundada. A capital da Andaluzia de fato conta com algumas das obras arquitetônicas mais impressionantes da Espanha e, para muita gente, aparece na lista de cidades mais belas já visitadas.
Sua catedral imponente, que já foi construída com a intenção de causar, e a linda Plaza España, erguida para a exposição Ibero-Americana de 1929, são dois destaques que com certeza ajudam a fazer a fama de Sevilha. Mas não é só isso. Como a maior cidade de uma das regiões mais ricas em cultura e gastronomia do país, ela é ainda um excelente ponto de partida para conhecer a Andaluzia e todos os seus clichês tão tipicamente espanhóis: sangria, tapas e flamenco não faltam nas ruas.
Se mesmo com tudo isso você não sabe o que te espera, não se preocupe. Nós organizamos um roteiro de três dias com tudo o que você deve saber na hora de planejar sua viagem a Sevilha.
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Embora seja a capital da Andaluzia, Sevilha não é uma cidade lá muito grande. Com dois dias inteiros, você consegue ver as principais atrações. O ideal, no entanto, é ficar ao menos três dias. Assim você consegue aproveitar bem a cidade e ver algumas atrações menos mainstream.
Sevilha também pode ser usada como base para conhecer outras atrações da Andaluzia. Nesse caso, acrescente mais dias na cidade para acomodar os bate-volta. Córdoba é o passeio mais famoso, e pode ser visitada com uma curta viagem de 46 minutos em trem-bala. Mas se você vem de Madrid, talvez seja mais interessante fazer uma parada na cidade, que fica no meio do caminho entre a capital espanhola e Sevilha. Outras opções de bate-volta para incluir no roteiro são Ronda, Jerez de la Fronteira, Cadiz e os Pueblos Blancos.
Leia também: Roteiros de viagem pela Andaluzia
Dê preferência para os bairros do Casco Antiguo. A região é formada pelos bairros centro e Santa Cruz e concentra a maior parte das atrações da cidade.
Eu me hospedei no Bairro de Santa Cruz e achei que foi uma ótima escolha. Dali, podia caminhar para todos os lados e estava muito perto de bares e restaurantes. A região possui hospedagem para todos os bolsos e estilos, desde hostels para mochileiros que procuram uma cama barata e sem frescuras (para esse público, o The Nomad Hostel atende bem) até pousadas boutique, apartamentos e hotéis de luxo. Nesse caso, dê uma olhada na Casa del Buen Viaje, The Boutike Hostel e no Hotel Boutique Elvira Plaza.
Encontre hospedagem no Centro Histórico de Sevilha.
Mas se você quer é ficar mais perto do agito, o bairro Triana vai te atender bem. O lugar concentra os principais bares e casas noturnas da cidade e é considerado o berço do Flamenco. Embora esteja um pouco afastado do centro histórico (cerca de meia hora a pé), tem boa oferta de transporte público. Para mochileiros, o Triana Backpackers é uma boa opção. Quem procura mais conforto pode checar o B&B Casa Alfareria.
Se você quiser saber mais sobre outras regiões da cidade, não deixe de ler nosso post Onde ficar em Sevilha.
Eu não sei se Sevilha é realmente a cidade mais bonita do mundo, mas a Plaza España com certeza é uma das praças mais lindas que eu já vi. Construída em 1928 para a Exposição Ibero-Americana de 1929, é um grande exemplar da influencia moura na arquitetura da região, misturando elementos dos estilos renascentista e mudejar. O lugar é tão impressionante que nem parece uma praça, mas o jardim de um grande palácio.
Plaza España
A Plaza España fica em uma das extremidades do Parque Maria Luisa. Atravessando a rua, você já está na área verde. Na outra ponta do parque fica a orla do Rio Guadalquivir. Cruze-o sem pressa em direção ao rio – a caminhada em meio ao verde é bem relaxante – e continue seu passeio pela margem. Mais a frente você vai encontrará a Torre del Oro, uma construção militar do século 13. Hoje em dia, ela abriga o Museu Naval, que conta a importância de Sevilha como porto fluvial na época das grandes navegações. Não é à toa que é na cidade que estão os restos mortais de Cristóvão Colombo. Ou pelo menos isso contam.
Torre del Oro e Rio Guadalquivir
Desfrute a caminhada às margens do Guadalquivir até a Ponte Triana. No caminho está a Plaza de los Toros de la Real Maestranza. É ali que até hoje são realizadas as touradas na cidade. Eles oferecem visitas guiadas em pequenos grupos e, lá dentro, também há um museu sobre a atividade. Para ser muito sincera, eu não visitei porque considero que essa prática já deveria ter sido abolida da Espanha e, mesmo que as visitas não aconteçam durante as touradas, considero uma forma de financiar e enaltecer a atividade.
Cruzando a Ponte Triana você estará na vizinhança de mesmo nome, uma das mais descoladas e boêmias de Sevilha. Logo na entrada está o Mercado de Triana, ótimo para fotos e para comprar produtos locais. A rua que começa imediatamente após a ponte é a Calle Bertis. Nela há muitos bares e restaurantes tradicionais. Foi dali que saíram alguns dos maiores nomes do flamenco de todos os tempos. Aproveite o fim de tarde tomando um tinto de verano com tapas em um dos bares e para curtir um pouco do ritmo e da dança oficiais da Andaluzia.
Comece o dia com a visita à Catedral de Sevilha e La Giralda. A torre, um antigo minarete mouro que foi preservado na reconquista cristã e transformado em campanário da Catedral, é um dos maiores símbolos da cidade. A vista lá de cima compensa a subida de rampas e escadas até o topo, que para ser honesta não é para os fracos.
A Catedral de Sevilha e La Giralda
Já a Catedral de Santa Maria de La Sede impressiona por sua grandiosidade do lado de fora, mas também não decepciona por dentro. Afinal, como eu disse lá em cima, ela foi feita para causar e demonstrar todo o poder econômico e cultural de Sevilha no século 15. Sua construção ocorreu entre 1402 e 1506, sobre as bases de uma antiga mesquita moura – herança da ocupação árabe na cidade – que acabou em ruínas depois de um forte terremoto, em 1356.
A ideia era “construir uma igreja tão grande que todos pensem que estamos loucos”. Deu certo: são 80 capelas distribuídas por uma área de 23.500 metros quadrados, a nave central mais comprida da Espanha e quatro naves laterais igualmente impressionantes. Na época de sua inauguração, era a maior catedral do mundo, desbancando a Hagia Sophia, em Istambul. Hoje, só perde para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, e a Catedral de Saint Paul, em Londres.
Os tickets custam 9 euros estão a venda no local ou pelo site oficial. Há oferta de passeios guiados gratuitos às segundas, as 16h30, mas é preciso reservar com antecedência pelo site.
No final da visita, pesse pelo Patio de los Narajos, um bonito pomar de laranjeiras, fruta característica da região.
O bairro ao redor da Catedral é conhecido como Santa Cruz, conhecida também como juderia. O lugar é daqueles recantos labiríntiticos, cheios de ruelas e casinhas simpáticas que escondem lojas e restaurantes charmosos. Almoce por ali e depois explore um pouquinho de suas ruas que mais parecem um cenário de filme, com suas casinhas brancas e varandas floridas. É fácil se perder pelo bairro, que é cheio de ruas para pedestres e becos, mas a intenção aqui é essa mesmo. Entre os pontos de interesse mais famosos do bairro, estão o Hospital de los Venerables e a Plaza de Doña Elvira.
No fim do dia, dirija-se ao Metropol Parasol, uma construção pra lá de bizarra, cujo modernismo contrasta fortemente com o resto da cidade. Mas o que importa é que, do alto desse cogumelo estranho, há uma vista incrível da cidade. E ver o pôr do sol lá de cima é uma boa forma de encerrar o passeio. A entrada para o mirante custa 3 euros.
Ali embaixo funciona o Mercado de la Encarnación, com 40 postos que vendem peixes, frutas, verduras e artigos variados, e o Antiquarium, que exibe as ruínas de construções romanas encontradas ali.
Se você também gosta de guardar o melhor para o final, reserve a manhã para conhecer o Real Alcázar de Sevilha, outra linda herança que a ocupação moura deixou para a Andaluzia. Repleto de jardins, salões ricamente decorados com mosaicos e pátios internos, o local é um dos palácios ainda em uso mais antigos do mundo. Foi ali que Isabel I de la Castela recebeu Cristóvão Colombo quando ele voltou da sua viagem de descobrimento das Américas.
As filas para comprar ingressos para o Alcazar podem ser imensas. Em especial durante a alta temporada, vale a pena garantir o seu com antecedência pelo site oficial.
São tantos detalhes para ver e fotografar que uma visita completa, feita com calma, leva em torno de três horas. Depois, vá almoçar no bairro Alfalfa e caminhe um pouco por ali. Use o tempo livre para ver uma apresentação de flamenco em um Tablao, fazer compras na movimentada Calle Sierpes, visitar o Palacio Las Dueñas, antiga residência da Duquesa de Alba, fazer um piquenique nas margens do Guadalquivir ou sentar-se em um café com mesinhas na rua e observar o movimento da cidade. A escolha é sua.
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Ver Comentários
Estou indo conhecer o interior da Espanha.
Adorei suas dicas de Sevilha.
abr
Obrigada, Luiza! Espero que curta a viagem!
Adorei as dicas, fotos e descrições dos locais. Estou indo pra Granada no próximo dia 05/11 e gostaria de dicas do que fazer em Granada e na região. Pensei em pegar o trem ou outro transporte para ir até Sevilha e/ou Córdoba. O que poderia visitar lá, tipo viagem bate e volta. Tem alguma outra dica? Obrigada.
Ola Carolina,
Te respondi em outro post, mas aqui você acha muitas dicas da Andaluiza: https://www.360meridianos.com/tag/viajar-para-a-andaluzia
No mais, isso que você pretende fazer é super possível! Eu particularmente acho Sevilha mais bonita, se você tiver que escolher entre uma delas.
Um abraço!
Adorei sua matéria. Estarei indo a Sevilha no mês de Abril/2019. Bem ansioso. Passarei 20 dias pela Europa. Minha intenção é chegar até Napolis em Itália.
Olá Rivelino, que bom que o post ajudou. Espero que você tenha uma ótima viagem!
Abraços
Boa Noite Natália,
Obrigada pelas dicas de Sevilha, estarei viajando para lá em agosto.
Você recomendado os walking tour. O tour em espanhol é compreensível mesmo não dominado a língua? ou eles são muitos rápidos na fala?
Grata,
Mônica
Ei Mônica, se você não domina o espanhol pode ter um pouco de dificuldade para entendê-los sim, mas será mais fácil que o em inglês, com certeza. Você pode explicar que é brasileira e ele pode tentar te ajudar com a compreensão...
Abraços!