Na semana passada uma pesquisa feita por uma empresa de cartões de crédito indicou que São Paulo é a oitava cidade mais visitada da América Latina. Atrás de Cancún, Punta Cana, Riviera Maia, Cidade Panamá, Santiago, Buenos Aires e Lima, a maior cidade da América do Sul atrai cerca de 1,92 milhões de visitantes por ano.
Diferente do Rio ou Salvador, que tem belezas naturais e são lar de muitos acontecimentos marcantes da história do Brasil, São Paulo, com sua história relativamente recente e tradição comercial e industrial, foi durante décadas um lugar de turismo de negócios. E ainda é: boa parte dos turistas que visitam São Paulo a cada ano chegam para participar dos eventos que a cidade oferece.
Mas São Paulo tem tido vitórias quando o assunto é turismo cultural. A Pinacoteca do Estado (ou Pina) foi eleita em 2017 o melhor museu da América Latina pelos usuários do TripAdvisor. E nos últimos dois anos a Paulista ganhou mais três espaços culturais de respeito: o IMS, o SESC Paulista e a Japan House. A Avenida Paulista tem cerca de vinte espaços culturais de diferentes perfis.
Só de livrarias são cinco: a Cultura e sua irmã Geek-Etc (ambas dentro do Conjunto Nacional), a FNAC (na frente do Edifício Gazeta), a loja do Reserva Cultural e a Martins Fontes (perto da Estação Brigadeiro) — sem contar as livrarias dos museus e shoppings. E daí tem os cinemas: 24 salas, começando com as sete do Shopping Paulista e seis do Cidade São Paulo (onde ficava a Mansão Matarazzo, lembra?). O Reserva Cultural (onde não se pode comer pipocas!) tem mais quatro, o CineArte, ao lado da Cultura do Conjunto Nacional, tem mais duas e (ufa!) o PlayArte Bristol tem outras cinco salas.
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Avenida Paulista de noite, Gaía Passarelli, 2018
Isso faz com que a avenida, que já foi lar da elite paulista e coração financeiro da capital, seja hoje um movimentado corredor cultural. E nem é preciso colocar na lista as atrações culturais da região, como o Belas Artes, o circuito de cinemas da Augusta e as livrarias e galerias de arte dos Jardins.
O guia abaixo segue a numeração em ordem crescente da avenida. Ou seja, vai do começo da Paulista (que fica na Praça Oswaldo Cruz com a Rua Treze de Maio, que desce em direção à Bela Vista) até o final (Praça do Ciclista, com a Rua da Consolação, que desce para em direção à República).
Bamboo Art Sculpture Japan House. Crédito: Gregorio Koji – Shutterstock
Essa residência da cultura nipônica em São Paulo é presente do governo japonês para divulgar as tradições e inovações culturais do Japão no Brasil, estratégia ligada às futuras Olimpíadas de Tóquio e celebração do forte vínculo entre os dois países. Gratuita e aberta diariamente, a casa tem exposições temporárias, um excelente restaurante japonês, lojas e um café. Há mais duas Japan Houses no mundo: em Londres e Los Angeles. Site oficial
Crédito: Alf Ribeiro – Shutterstock
Um sobrevivente dos tempos dos casarões da Paulista, a Casa das Rosas foi residência da família Ramos de Azevedo até meados dos anos 1980. O que a salvou da demolição foi sua capacidade de se adaptar aos novos tempos: na parte do terreno que dá acesso para a Alameda Santos foi construído um prédio comercial, enquanto a casa foi reformada, mantendo suas características originais, e transformada em espaço cultural com foco em literatura, poesia e música. A inauguração da Casa das Rosas nesse formato foi no ano do centenário da Avenida Paulista: 1991. Site oficial
Crédito: Thiago Leite – Shutterstock
O SESC Paulista foi aberto em 1978 para abrigar a administração do SESC e, entre outras coisas, tinha um espaço de exposições no último andar. Fechou em 2010 e só reabriu ao público em abril deste ano. Todos os seus 17 andares são dedicados a atividades culturais, cursos, oficinas e serviços como odontologia e especialidades de medicina. O mais concorrido é o 16º, onde fica a comedoria: é o lugar mais instagramado de São Paulo. Site oficial
Crédito: Alf Ribeiro – Shutterstock
É no quinto andar do Itaú Cultural que está um dos meus lugares preferidos na cidade: a Coleção Brasiliana do Espaço Olavo Setúbal, um dos mais completos acervos da produção artística sobre o Brasil desde o descobrimento (há mapas do século XV!) até o começo do século passado, com vasto material dos modernistas brasileiros. Essa exposição é gratuita e permanente, mas não deixe de ver a programação das ocupações, sempre no primeiro andar, que prestam homenagem a artistas de diferentes áreas. A cartunista Laerte, a cantora e compositora Inezita Barroso, o linguista Antônio Cândido e o compositor Cartola, entre outros, tiveram retrospectivas de suas carreiras exibidas ali. A Ocupação atual é dedicada ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Site oficial
Crédito: Diego Grandi – Shutterstock
O Centro Cultural da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo ocupa um dos edifícios mais icônicos da avenida: é aquele prédio preto triangular que fica perto do MASP e que de noite tem projeções eletrônicas coloridas na fachada. Está lá desde 1964 e nos anos 2000 passou por reforma conduzida pelo escritório de Paulo Mendes da Rocha, que rendeu prêmios ao arquiteto. Independente da programação de teatro, shows e arte que ocupa o espaço — no momento está no local a exposição “Rafael e a Definição da Beleza”, com obras renascentistas de coleções italianas — o edifício e seu jardim interno valem a visita. Não deixe de ver a fachada de concreto da parte detrás do prédio, na Alameda Santos.
Crédito: f11photo – Shutterstock
Um dos cartões-postais de São Paulo e prédio-símbolo da Paulista, o Museu de Arte de São Paulo guarda a mais importante coleção de arte europeia do Hemisfério Sul e reúne mais de 10 mil obras de diferentes períodos, além de organizar exposições contemporâneas de temas relacionados a gênero, raça e sexualidade. Uma coisa que pouca gente sabe é que nem sempre o MASP, fundado pelo empresário Assis Chateaubriand em 1947, esteve na Paulista: seu primeiro prédio foi na Rua Sete de Abril, perto da Praça da República. A construção icônica com vão livre com vista para o Vale do Anhangabaú e colunas vermelhas, projeto da ítalo-paulistana Lina Bo Bardi, foi inaugurada em 1968 e é considerada um marco na história da arquitetura. Os dias de gratuidade do MASP são terças e quartas. Site oficial
Crédito: Alf Ribeiro – Shutterstock
Visto por milhares de pessoas em trânsito todos os dias, o Espaço Cultural do Conjunto Nacional fica no térreo do complexo e exibe de tudo numa programação que muda a cada mês: de obras de iniciantes a trabalhos de foto-jornalistas consagrados. Mas o maior motivo para visitar o Conjunto, esse edifício imponente na esquina da Paulista com a Augusta pro lado dos Jardins, é o próprio prédio com lojas, restaurantes, livraria, academia, cinema e teatro. É possível agendar uma visita monitorada gratuita para conhecer a história e detalhes do projeto arquitetônico do espaço e também ter acesso ao terraço onde já funcionou o restaurante Fasano. Site oficial
Crédito: Tony Monti – Shutterstock
Mais novo dos espaços culturais da Paulista, o IMS fica em um prédio de arquitetura impactante e foi pensado para ser um museu vertical. Em seus nove andares, todos com pé direito duplo, funcionam três espaços para exposições, uma extensa biblioteca sobre fotografia, e mais livraria, café, restaurante e cine-teatro. Site oficial
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