Passeio de barco pelos Cânions do Xingó: como é a experiência

O passeio de barco pelos Cânions do Xingó sempre esteve nos meus planos. Depois de 1h navegando pelas águas do Velho Chico, dezenas de turistas nadavam numa piscina.

Nada de anormal, não fosse o cenário ao redor: estávamos na bacia do Rio São Francisco, na divisa entre Sergipe e Alagoas, numa piscina natural formada com uma rede de proteção dentro do rio.

A criação de uma usina hidrelétrica, na década de 90, alagou áreas e criou a maior atração turística da região: o Cânion do Xingó. Para conhecê-lo, o jeito tradicional é navegar.

Foi o que fizemos. Além do banho de rio – há até uma piscininha para crianças, com no máximo um metro de profundidade e atracada ao píer montado no meio do cânion -, o passeio passa por uma gruta cercada pelos paredões e costuma terminar com um almoço em algum dos muitos restaurantes às margens do São Francisco. Mas há diferenças entre os vários tours disponíveis.

Veja também: Cânion do Xingó: como organizar a viagem

Onde ficar no Cânion do Xingó: pousadas e hotéis

Lampião, Maria Bonita e a história do Cangaço

Passeio de barco pelos Cânions do Xingó: como ir de catamarã

Quase todo mundo vai de catamarã, aqueles barcos enormes que levam até duzentas pessoas. Esses passeios, que normalmente são os vendidos por agências de viagem de Aracaju, no esquema bate-volta, saem da prainha de São Francisco, em Sergipe, num lugar chamado Restaurante Karrancas. Custam em torno de R$130 por pessoa.

Lembre-se de chegar mais cedo, pois mesmo que você tenha feito a reserva online, é preciso fazer o check-in e adiantar o pedido do almoço, caso vá comer lá (a gente fala mais sobre isso ao final do post).

Pra quem vai no estilo bate e volta, saindo de Aracaju, o passeio custa R$288 com o traslado e o ingresso na embarcação.

Da segunda vez que fomos ao Xingó, fomos com o pessoal da TopTur, que além do bate e volta, também tem a opção de pernoitar por lá. Se quiser passar a noite, entre em contato com eles pra conhecer as condições.

A lógica é a de todo passeio de catamarã, seja isso bom ou ruim: muita gente, comida e bebida vendida dentro da embarcação, música ao vivo e um roteiro pré-determinado.

O passeio para no píer em frente à Gruta do Talhado, que é o ponto alto da visita aos Cânions do Xingó. É ali, cercado por paredões alaranjados e com menos luminosidade, que a água do Velho Chico atinge seu ponto máximo de tons esverdeados.

A entrada na gruta é paga separadamente, pois é preciso contratar um jangadeiro para te levar do píer até lá. Custa R$20, mas é curtinho, menos de 15 minutos. A canoa é grande e leva até 10 pessoas.

Vale tanto que cogitei até ir outra vez, mas acabei usando o restante do meu tempo para nadar numa das piscininhas criadas ao lado do píer. Há boias e coletes salva-vidas disponíveis.

Todos os barcos ficam pelo menos uma hora nesse local, e depois seguem a navegação pelos cânions até a hora da pausa para o almoço.

Os catamarãs saem entre 10 e 11h, todos os dias. São 3h no total do passeio: 1h pra chegar nos cânions, 1h pra nadar e fazer o passeio de canoa e mais 1h da viagem de volta. Reserve com antecedência.

Imagem de São Francisco em gruta do Xingó

Passeio de lancha no Cânion do Xingó

Relatei no item anterior parte da minha experiência na segunda vez que estive no Xingó, mas a verdade é que na primeira vez que nós fomos, não fui de catamarã. Pegamos uma dica no lugar onde nos hospedamos em Aracaju, o Aju Hostel, e optamos por fazer o tour com uma lancha rápida.

Menos gente e horários alternativos que ajudam a fugir da muvuca são algumas das vantagens: chegamos na Gruta do Talhado antes dos catamarãs.

Mas há outros pontos positivos, começando pelo preço. Mesmo quem viaja sozinho ou casais podem fechar uma lancha – a agência se encarrega de encontrar pessoas para dividir o passeio, que leva no máximo 10 turistas (no nosso foram apenas cinco).

A lancha também passa pelos cânions, tem pausa para banho no rio e vai na Gruta do Talhado, mas há o acréscimo de uma parada, no Vale dos Mestres, uma região do leito não alagado do São Francisco e que não entra no roteiro das grandes embarcações.

O passeio parte de outra cidade ali perto, mas já no lado alagoano: Olho d’água do Casado. Basta procurar pela Prainha da Dulce. As lanchas começam a sair às 9h, mas é possível achar passeios até o fim da manhã.

Vale dos Mestres

Passeio de barco pelos Cânions do Xingó: lancha ou catamarã?

Tem gente que gosta da muvuca de catamarãs e até vê o combo música ao vivo + cervejada no barco como um ponto positivo. Se esse for o seu caso, vá nas grandes embarcações.

Outros preferem passeios mais vazios e com menos concorrência nos atrativos. Nesse caso vale muito investir um pouco a mais para ir de lancha.

Eu não fiz, mas há como contratar guias e chegar na Gruta do Talhado e no Vale dos Mestres por terra, em trilhas que dizem ser belíssimas e que passam até por locais com pinturas rupestres.

Como chegar aos Cânions do Xingó?

Vai depender de onde você estiver vindo e se a sua viagem começou por Maceió ou Aracaju, que são as capitais mais próximas. Independente da sua escolha, acho que a dica mais importante é: se possível, evite o passeio de bate-volta a partir de Aracaju ou mesmo de Maceió, que está ainda mais distante.

É uma correria – os tours partem às 6h de Aracaju e ainda mais cedo se você estiver em Maceió, por volta de 4h30, em uma viagem de, no mímino, 3h30. Além da correria para o passeio, não dá tempo de ver tudo o que tem na região, e tem muita, muita coisa legal por lá.

Eu passei uma noite na região, mas acho que o ideal era ter ficado duas. Assim dá tempo de conhecer Piranhas, cidade alagoana que é uma atração por si só, de fazer a Rota do Cangaço, as trilhas, os passeios de barco, conhecer Canindé de São Francisco, o lado sergipano da região e percorrer tudo com calma.

Não tem tanto tempo? Ok, mas tente ficar pelo menos uma noite por ali. Já vai melhorar muito sua experiência.

Outra coisa que eu senti que ajudou bastante foi alugar um carro, o que fiz na primeira passagem por lá. A princípio a ideia era ir de ônibus, mas no final fui dirigindo.

Isso facilitou o deslocamento entre Piranhas, Canindé e Olho d’água do Casado e permitiu mais liberdade para escolher passeios alternativos. Se você resolver fazer o mesmo, nesse texto aqui nós indicamos como reservar um veículo com o melhor custo/benefício.

Passeio de barco pelos Cânions do Xingó: onde comer?

Quando chegar ao Restaurante Karranca’s, que fica às margens do Dique II da barragem da Usina Hidroelétrica de Xingó, você precisará confirmar a compra do seu passeio e ali mesmo já poderá deixar reservado o seu almoço pra quando chegar você já ter o serviço adiantado.

Dá pra acessar o cardápio por aqui e já ir olhando os preços. Pra ter uma ideia, um prato de Chiclete de carne de sol por  (R$150) ou uma moqueca de camarão pra 2 pessoas por (R$220)

Com uma estrutura completa pra quem volta do passeio, o restaurante conta com redes, uma área cercada e protegida para banho no Rio São Francisco, música ao vivo e espaço para crianças.

E você? Esteve no Cânion do Xingó? Conte como foi sua experiência.

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post
Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Tive a oportunidade de fazer esse maravilhoso passeio, e sempre indico para todos os meus amigos cariocas,esse passeio foi o melhor que já fiz.
    Amo meu Rio de Janeiro, mais sou completamente apaixonado por Alagoas e Sergipe, vale muito apena,sem falar nas pessoas que são maravilhosas, alegres é muito hospitaleiras !!!

Compartilhar
Publicado por
Rafael Sette Câmara

Posts Recentes

Viagem de carro na Toscana, Itália: como alugar o veículo

Poucas regiões do mundo combinam tanto com uma viagem de carro como a Toscana. Habitada…

3 semanas atrás

Kashan, Irã: o que fazer e onde ficar na cidade do deserto

Kashan foi uma das cidades que mais me surpreendeu no Irã. Pequena, charmosa e repleta…

4 semanas atrás

O Que Fazer em Füssen, Alemanha: 1 ou 2 dias na Vila dos Castelos

Fussen é um bate-volta comum para quem visita Munique e uma parada estratégica para quem…

1 mês atrás

O que fazer em Washington DC em 1 ou 2 dias

Se você gosta de história e curte cidades com muitas atrações de graça, você vai…

1 mês atrás

Qeshm e Hormuz: as fantásticas ilhas do golfo pérsico no Irã

Alguns lugares que a gente visita parecem nem pertencer a esse planeta. Foi bem assim…

1 mês atrás

O que fazer em Hong Kong: roteiro de 1, 2, 3 e 4 dias

O que fazer em Hong Kong? A metrópole asiática é um daqueles umbigos do mundo…

2 meses atrás