Passeio de buggy em Natal e as dunas do litoral norte

Com o vento batendo no rosto e dunas douradas ao meu redor, pensei em qual resposta dar para o Maurício, o motorista que nos levava no passeio de buggy em Natal. A pergunta dele era simples: com ou sem emoção? Nem deu tempo de responder e já estávamos percorrendo rapidamente as dunas de Genipabu.

Cenário de três novelas – Tieta, Caminhos das Índias e Flor do Caribe -, o Parque Turístico Ecológico Dunas de Genipabu está a apenas 25 quilômetros de Natal, no município de Extremoz. Proximidade que faz com que Genipabu tenha se tornado um dos mais conhecidos cartões-postais do Rio Grande do Norte, rivalizando apenas com a praia de Ponta Negra, em Natal, e, claro, com Pipa, uma das mais belas faixas de areia do litoral brasileiro.

Veja também: Praias do nordeste, seis roteiros para você viajar

O passeio começou às 8h30, quando o bugueiro chegou ao hotel. O veículo tem capacidade para cinco pessoas, contando com o motorista, por isso é comum que o tour seja dividido com outros passageiros de forma a ficar mais em conta – no nosso caso foi com um casal de São Paulo que comemorava o aniversário de casamento.

Deixamos Ponta Negra para trás e seguimos para o litoral norte, que é o foco dos passeios de buggy. Praia a praia, saímos de Natal de buggy, cruzando a Ponte Newton Navarro, também chamada de ponte nova. É por ali a primeira parada, que é opcional, no Aquário Natal, o maior do nordeste. Como não tínhamos interesse no passeio, seguimos viagem. Para quem se interessar, a entrada nessa atração – assim como outras opcionais do tour – deve ser paga separadamente.

Parada mesmo foi foi para fotografar, na Praia da Redinha. E com um baita visual: ponte, skyline, areia e mar. Com a maré baixa, a paisagem estava ainda mais bonita, o que justifica um dica importante – faça o passeio cedo. A parada na Praia da Redinha foi rápida, mas há alguns quiosques por ali, para quem quiser voltar para uma experiência mais demorada. O pôr do sol ali, garantem muitos, é inesquecível.

A Praia da Redinha só não foi o melhor cenário da viagem porque no meio do caminho estavam as dunas. A pausa seguinte, após uma boa dose de emoção areia acima, revelou outro cenário inesquecível, no Mirante da Lagoa de Genipabu, que estava vazia por conta da falta de chuvas.

Essas são as dunas fixas, que formam um mirante natural. Mas, por conta da ação dos ventos, parte das dunas do parque são móveis. E algumas delas estão em áreas particulares. Em tempo: a especulação imobiliária é um dos maiores desafios da região, que sofreu nos últimos anos. Estudos do Ibama revelaram que algumas das maiores dunas móveis perderam quase metade do tamanho em uma década, o que seria causado principalmente por construções irregulares que impedem a ação natural do vento.

Os passeios de buggy chegaram a ser proibidos pelo Ibama algumas vezes desde 2010, mas foram liberados após a realização de um estudo do impacto e a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta. Hoje, há um número máximo de viagens por dia (350) e áreas onde os buggys e turistas não podem entrar. Não deixe de fazer sua parte: recolha qualquer lixo que você gerar (ou que ver pela frente) e contrate apenas bugueiros credenciados e que sigam as normas ambientais.

Dito isso, de volta ao passeio, que segue para a Praia de Genipabu. Por ali há quiosques e até pousadinhas. Quem estiver com tempo pode combinar uma parada com o bugueiro para um mergulho ou uma caipirinha, o que cair melhor.

Em seguida é hora do buggy pegar um barco – é preciso fazer a travessia do rio Ceará-Mirim. A taxa da balsa não está incluída no preço do passeio e precisa ser paga na hora. São R$ 40 por buggy, o que deu R$ 10 por pessoa. Descemos do veículo, nos empoleiramos na balsa e em cinco minutinhos estávamos do outro lado.

É aí que chega a melhor parte do passeio, com paradas para banho nas Lagoas de Pitangui, onde há barraquinhas que vendem bebidas e petiscos e é possível fazer atividades como tirolesa e stand-up paddle; e na Lagoa de Jacumã, onde a moda é descer as dunas de esquibunda ou deitado numa prancha. A tirolesa também é uma opção por ali. Há carrinhos para trazer os turistas de volta para a duna e cada uma das atividades custa entre R$ 10 e R$ 20.

A parte com mais emoção do passeio de buggy começa nesse momento e termina quando o bugueiro segue para as dunas móveis, acelerando até não poder mais. A parada final é de frente para o mar, na Praia de Jacumã. É ali que fica o restaurante Naf Naf, que funciona desde 1993 e se converteu no lugar preferido de almoço dos passeios de buggy. Quem preferir pode combinar com o bugueiro de reduzir a parada no restaurante e aumentar o tempo nas lagoas. As opções de comida ficariam bem mais restritas, mas a paisagem compensa.

Passeio de buggy em Natal: como fazer

Fizemos o passeio com a Natal Praias, que é especializada na capital potiguar.  O tour custa R$ 169,90 por pessoa e você dividirá o veículo com até três passageiros. Dá para reservar pela internet.

Quem preferir pode contratar um passeio privativo – aí basta multiplicar esse preço por quatro. O bugueiro te pega e deixa no hotel e o único valor obrigatório que não está incluído é a taxa da balsa. Além disso, leve algum dinheiro em espécie para o caso de você resolver fazer os passeios opcionais.

Não se esqueça de filtro solar, óculos escuros (além do sol, o vento vai te dar uma baita surra de areia :P) e água. O passeio dura cerca de 7h. Até às 15h30 você estará no hotel, com tempo para curtir o fim de dia na Praia de Ponta Negra.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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