“Petrolina, Juazeiro, Juazeiro, Petrolina”. Parafraseando uma das músicas mais cantadas do nordeste, não importa se você gosta de uma e adora a outra: as duas irmãs se completam e juntas são o coração do sertão. E é por isso que nós preparamos esse guia conjunto com dica do que fazer tanto em Petrolina quanto em Juazeiro, para você organizar a viagem pra lá sem perder nada.
Ir de lá pra cá é tarefa fácil, que pode ser concluída em minutos e a pé – basta cruzar a ponte que liga Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Marcando a divisa entre os dois estados está a verdadeira estrela da região, o rio São Francisco.
Por conta do rio, usado por séculos no transporte de pessoas e mercadorias, Petrolina e Juazeiro sempre tiveram importância no comércio entre o sudeste e o nordeste. A entrada na rota turística, no entanto, ainda está em andamento. É que a região fica a 500 quilômetros de Salvador e 700 quilômetros do Recife, distância exagerada para viajantes que, quando vão ao nordeste, quase sempre pensam em litoral.
Quer mudar isso? Petrolina e Juazeiro não só têm praias, mas também ilhas. Barraquinhas, cerveja na areia e banho de rio no São Francisco – está tudo ali. Junte o verão com museus, comida boa, várias vinícolas, passeios pela caatinga e a cultura do sertão. Pronto, você vai perceber que não faltam motivos para correr para Petrolina. Ou para Juazeiro.
Oficina Mestre Quincas, em Petrolina (Foto: Fellipe Abreu)
Não há uma época que impeça a viagem. O período entre maio e outubro é o mais seco, enquanto de novembro a abril é temporada de chuvas, que não são muito intensas, afinal estamos no sertão – março é o mês mais chuvoso na média histórica.
Eu fui em abril e achei ótimo. Além do clima, pode valer a pena ir em datas festivas, como o São João, em junho. A dica mais importante, no entanto, é outra: lembre-se que alguns passeios, como o Vapor do Vinho, só ocorrem em finais de semana.
Em dois dias você vê as principais atrações de Petrolina, Juazeiro e arredores. Se a ideia for combinar as cidades com a Serra da Capivara, não tenha dúvidas: gaste por ali um dia na ida e outro na volta, assim que retornar da expedição em busca de sítios arqueológicos.
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Não vai dar para ver todas as atrações citadas neste texto, claro, mas você conseguirá encaixar muita coisa. No primeiro dia, estive nas orlas de Petrolina e Juazeiro, no Museu do Sertão, no Bodódromo, nos centrinhos das duas cidades e na Oficina Mestre Quincas. Na volta, após alguns dias na Serra da Capivara, tive tempo para visitar a vinícola Terranova e depois seguir para a Ilha do Rodeadouro e, novamente, o Bodódromo.
Vale do São Francisco (Foto: Fellipe Abreu)
Petrolina tem o grande aeroporto da região, com voos diretos para São Paulo, Salvador e Recife – com a crise da Avianca, empresa que mais voava para lá, é bom ficar de olho para saber como as rotas vão se readequar. Os 300 km que separam Petrolina da Serra da Capivara, no Piauí, fazem da cidade a melhor base para começar uma viagem pelo parque nacional que guarda o maior conjunto de sítios arqueológicos das Américas. O roteiro envolvendo Petrolina, Juazeiro e Serra da Capivara fica redondinho e pode ser feito em uma semana.
Estivemos em Petrolina durante a produção do Origens BR, um projeto do 360meridianos que vai investigar a história – e a pré-história – do Brasil. Do período imediatamente anterior ao desembarque dos conquistadores até milhares de anos atrás. O Origens BR conta com o patrocínio da Seguros Promo e da Passagens Promo, empresas que tornaram essa investigação possível.
Só pra Juazeiro e Petrolina não. Dá pra fazer muita coisa a pé e, quando isso não é possível, é simples se deslocar de transporte público. Táxis não são caros e aplicativos como o Uber e a 99 funcionam por ali. Só os passeios mais afastados, como as vinícolas, cachoeira e algumas praias, que ficam complicados sem carro, mas dá para contratar um tour para esses locais.
Por outro lado, o carro é um grande facilitador para quem vai seguir até a Serra da Capivara, no Piauí. E algumas locadoras costumam fazer promoções para quem reserva o veiculo por prazos maiores. No nosso caso o valor da reserva para sete dias, incluindo os dois em Petrolina e Juazeiro, era o mesmo que o de uma viagem de apenas cinco dias, somente para quando fôssemos para a Serra da Capivara. Por isso, optamos por ficar com o veículo em todo o período de uma vez. Não é difícil achar onde estacionar na cidade, mesmo que isso envolva pagar pequenas taxas para a prefeitura.
Há locadoras no aeroporto de Petrolina e que funcionam exclusivamente nas horas de chegada e partida de voos, inclusive de madrugada. Nesse texto aqui nós explicamos como garantir o veículo com o melhor custo/benefício.
Catedral de Petrolina (Foto: Fellipe Abreu)
O primeiro passo é escolher se você prefere dormir em Pernambuco para acordar com vista para a Bahia ou o contrário. Petrolina é maior, tem 220 mil habitantes e jeitão de organizadinha e moderna, como fica claro pela maior presença de prédios lá do que na vizinha. Já Juazeiro tem 150 mil habitantes e um pouco mais de história para contar, já que é a irmã mais velha do Vale do São Francisco.
Não importa em qual cidade você decidir se hospedar, o deslocamento de um lado para outro é parte do dia a dia de quase todo mundo que vive por ali. Optei por ficar em Petrolina, bem pertinho da orla e com vista para Juazeiro. Foi uma boa escolha.
Veja mais opções de hotéis em Petrolina e Juazeiro
Painel no Museu do Sertão, em Petrolina (Foto: Fellipe Abreu)
O grande charme das duas cidades é ele, o São Francisco. Por isso, o passeio nº1 por ali é apreciar a beleza do rio que divide estados e cidades e permitiu que o interior do sertão tenha se tornado um dos grandes produtores de frutas e – acredite se quiser – de vinhos do país.
No lado pernambucano, a orla tem uma pista de caminhada e alguns restaurantes, o que também ocorre na Bahia. E em 2017, Petrolina inaugurou na orla um daqueles letreiros famosos mundo afora, prontinho para tirar fotos e deixar claro seu amor pela maior cidade do sertão.
Um passeio interessante é cruzar de uma cidade para outra, o que você pode fazer a pé, passando pela Ponte Presidente Dutra, que tem 800 metros. No meio dela está a entrada para a Ilha do Fogo, que tem duas praias e costuma ser frequentada por banhistas e praticantes de esportes náuticos, como o caiaque. Só dá para chegar na ilha a pé, passando pela ponte.
Ponte que liga Petrolina e Juazeiro e Ilha do Fogo (Foto: Fellipe Abreu)
Para os moradores que cruzam de uma cidade para outra, um barco faz a travessia em vários horários do dia – a viagem custa menos de R$ 2. Pegue o transporte da orla de Petrolina, perto da hora do pôr do sol, é vá curtir o fim de dia nos bares da Orla de Juazeiro.
Quem tiver mais tempo pode buscar outras ilhas do São Francisco, como a do Rodeadouro ou a do Massangano. Eu fui na primeira, num dia de semana – não estava cheio e foi necessário esperar um pouco para fazer a travessia, mas os bares estavam abertos. A praia é bonitinha e o banho de rio é tranquilo. Para chegar lá, vá até a Travessia do Almizão ou a do Juarez – a viagem de barco custa R$ 5. No site da prefeitura de Petrolina há detalhes sobres as principais ilhas do São Francisco.
O Museu do Sertão não é grande, mas vale a viagem. Conta um pouquinho da história de Petrolina, das tradições e lendas do São Francisco e tem até fósseis de animais encontrados na região. Guarda objetos ligados ao cangaço, inclusive de Lampião. Mas o destaque por ali é, sem dúvida, a réplica de uma típica casa do sertão, com direito a cozinha, quarto, sala…
É um lugar ótimo para entender como é a vida na caatinga, único bioma 100% brasileiro e guardião de uma biodiversidade enorme. O Museu, que foi criado nos anos 1970, passou recentemente por uma reforma e está em ótimo estado. Dá pra ver tudo, com calma, em pouco mais de 1h. É possível fazer a visita virtual aqui. Funciona de terça a sábado, de 9h às 17h, e aos domingos, entre 9h e 14h.
Sala do Museu do Sertão (Foto: Fellipe Abreu)
Veja também: Lampião, Maria Bonita e a história do Cangaço
Depois de visitar o museu, passe pela Catedral de Petrolina, na Praça Dom Malan. E quem quiser mergulhar mesmo no sertão pode aproveitar para conhecer o Parque Zoobotânico da Caatinga, que cuida de animais que foram resgatados de cativeiro ou encontrados feridos. Além dos bichos, plantas típicas do bioma, como o mandacaru, são comuns por ali. Abre todos os dias, de 9h30 às 16h, fechando para almoço.
Na hora do almoço (ou da janta) a sugestão é o Bodódromo, o endereço de alguns dos melhores restaurantes de Petrolina. Como o nome indica, a especialidade por ali é a carne de bode e suas variantes. Na entrada da área, a estátua do bode também já deixa isso claro.
Mas o campeão de vendas, ouvimos várias vezes, é o carneiro assado, que tem carne mais macia e vem acompanhado de um baião de dois maravilhoso. A meia porção serve bem a duas pessoas. Se ficar na dúvida de qual restaurante escolher, dois dos mais famosos são o Bode Assado do Ângelo e o Bera d’Água. À noite é comum que os restaurantes tenham forró ao vivo.
Além do Bodódromo, vários restaurantes nas orlas de Petrolina e Juazeiro são boas opções para a hora de comer. Há bons estabelecimentos também na Estrada da Tapera, a caminho das travessias para as ilhas.
Carneiro assado e baião de dois (Foto: Fellipe Abreu)
Perto do Bodódromo está a Oficina do Artesão Mestre Quincas, uma cooperativa que é o lugar não só para comprar artesanato – com destaque para as carrancas – mas também para ver de perto vários artistas locais colocando a mão na massa, ou melhor, na madeira. É a típica bagunça organizada e que fica linda na foto. A oficina funciona diariamente, das 7h às 17h, mas para ver os artesãos trabalhando é melhor chegar no máximo até o meio da tarde.
Sobre artesanato, outro local importante de Petrolina é o Centro Cultural Ana das Carrancas, que aborda o trabalho da artista, falecida em 2008. Funciona de segunda a sexta, de 8h às 18h.
Oficina do artesão Mestre Quincas (Foto: Fellipe Abreu)
O surpreendente não é só que no sertão se produz os mais diversos tipos de vinhos – é que são vinhos de muita qualidade, incluindo espumantes que seguem para fora do Brasil. Por conta do clima e da irrigação, feita a partir do São Francisco, as vinícolas colhem duas safras de uva ao ano, pelo menos. Leia mais sobre o Enoturismo no Vale do São Francisco.
A Terranova, que há alguns anos foi adquirida pela Miolo, é a vinícola mais conhecida da área. Fica em Casa Nova, cidade baiana que está a 40 minutos de Petrolina. A visita ocorre todos os dias, com direito à programação usual de enoturismo: tour, explicação e, a melhor parte, degustação. A experiência custa R$ 15, mas é bom marcar com antecedência. Já no lado pernambucano do Vale está a Rio Sol, a outra grande vinícola da área.
Como as vinícolas estão afastadas da zona urbana, para chegar é necessário ou estar de carro ou então contratar um tour numa agência. O mais tradicional é o Vapor do Vinho, um barco que circula apenas aos finais de semana. Ao longo de um dia inteiro, o Vapor do Vinho navega pelo São Francisco e pela Represa do Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do Brasil. O passeio já inclui almoço, visita à vinícola Terra Nova e parada para banho numa ilha do São Francisco. Custa R$ 160. Detalhes aqui.
Vinícola Terranova, na Bahia (Foto: Fellipe Abreu)
Pedras lisinhas e redondas margeiam uma região do São Francisco. O Balneário de Pedrinhas fica a 30 km do centro da cidade. Com bons restaurantes e especialista em peixes, essa vila de pescadores é outra alternativa para quem quer sol, praia e descanso. No caminho de volta, a tradição é uma parada rápida no Mirante Serrote do Urubu, que tem uma vista bonita da região.
Qualquer passeio por Juazeiro começa na orla, que é quase sempre movimentada, principalmente na hora do pôr do sol e à noite – desse lado, o cartão-postal é a estátua do Nego d’Água. Juazeiro também tem sua catedral e um centro bonito.
Já o Museu Regional do São Francisco é mais um endereço para mergulhar na história da região e descobrir um pouco da vida e das lendas de Juazeiro. Fica perto da ponte e da orla e abre de 9h às 13h, de segunda a sexta.
Orla de Juazeiro (Foto: Fellipe Abreu)
Ainda no centro, vale destacar o Vapor Saldanha Marinho, barco que já navegou pelo Mississipi e fez história percorrendo o Velho Chico, mas que hoje está desativado e que serve de centro de informações turísticas. Fica na Orla 2 de Juazeiro. E tem ainda o Centro Cultural João Gilberto – o cantor nasceu na cidade, em 1931.
Por fim, quem procura natureza encontra em Juazeiro, que guarda a Cachoeira do Salitre (55 km), com fama de lindíssima. Seguindo pela mesma rodovia, a BR-122, com mais 30 km você chegará à Gruta do Sumidouro, já na cidade de Campo Formoso.
Jornalismo de qualidade tem um custo – e isso é sempre um desafio, ainda mais para um veículo independente como o 360meridianos. É por isso que agradecemos, e muito, aos patrocinadores da série Origens BR: a Seguros Promo e a Passagens Promo. Duas empresas que auxiliam viajantes em busca das férias perfeitas e que investem na cultura e no conhecimento. Vamos conhecer mais o Brasil?
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Estou me preparando para visitar a Serra da Capivara e pretendo ficar mais dois dias em Juazeiro -Petrolina. Busquei informações, achei vosso texto. Achei ótimo! Com ele vou selecionar o que mais quero e buscar uma agência que me apoie pra aproveitar o máximo em 1 dia. No outro dia devo pagar o vapor.
Sou baiana de Remanso. Vim para São Paulo ainda criança com minha família. Primeira vez que volto e quero passar uns dias em Petrolina e Juazeiro, antes de seguir para minha Remanso. AMEI suas dicas Rafael.
Acabamos de decidir nossa viagem a partir da leitura do seu texto.
Obrigada pelas dicas!
VAPOR DO VINHO
Venha ver
O Vapor do Vinho
Rasgando o rio
Sobre Sobradinho.
Para aportar
Com carinho
Ancora na coroa
Que sobra de Sobradinho.
É mesmo um mar
De mareta marinho
Acalmando o calor
Pra pescador pegar peixinho.
Faz a família feliz
Ou somente sozinho
Nadar um nado
Vendo vinha do vizinho.
Autor: Sebastião Santos Silva de Urandi-Bahia
Povo chato... só sabem reclamar. Parabéns! Excelente texto e matéria. Ajudou me muito a montar meu roteiro por Petrolina. Obrigado !
População das duas cidades tá errada nessa matéria, 220 mil habitantes quem tem é Juazeiro, Petrolina tem mais de 350 mil, segundo o IBGE (2021), lembrando que Petrolina tem uma população rural de cerca de 100 mil pessoas, ou seja, a parte urbana de Juazeiro e Petrolina são semelhantes em tamanho. Parece que publicaram sem checar, eu hein.
Caramba, só falou de Petrolina. Parece q realmente Juazeiro não tem nada a oferecer.
Tem lugares de Juazeiro listados também, Magno.
Dicas ótimas. Parabéns pelo texto!
Que bom que gostou, Cintia.
So de salvador e gostaria de fazer essa viagem como faço pra adiquiri o pacote
Oi, Patrícia. A expedição 360 oferece o pacote junto com a Serra da Capivara: https://expedicao.360meridianos.com/tour/serra-da-capivara/
ótimas dicas!!!!!!! adorei!!!!
Que bom, Naiana! Obrigado pelo comentário.