Alguns lugares que a gente visita parecem nem pertencer a esse planeta. Foi bem assim que me senti ao explorar Qeshm e Hormuz, duas ilhas escondidas no Golfo Pérsico, no sul do Irã.
Entre terras vermelhas, montanhas que parecem pintadas à mão e fortes históricos, essas ilhas unem em um pequeno pedaço de terra uma natureza singular, a cultura rica e a história milenar da região.
Se você está pensando em visitá-las, se prepare para ver de perto paisagens únicas, cheias de cores e com características que você só encontra por ali! Vamos embarcar juntos nessa aventura?
Uma das coisas que eu achei mais legais da ilha são as vestimentas das mulheres. Nas duas ilhas, elas usam o bandari, uma combinação de roupas longas e folgadas, adaptadas ao clima quente da região. A peça principal costuma ser uma túnica longa, chamada kandoura, usada sobre calças largas chamadas shalvar.
Essas roupas são feitas de tecidos leves, muitas vezes coloridos, e decoradas com bordados que podem incluir motivos florais ou geométricos, dependendo da comunidade ou da família da mulher.
Além disso, elas também usam a batoola ou burqa bandari, uma máscara que cobre a parte superior do rosto. Feita de tecido ou couro fino, a batoola tem bordados e cores vivas também, fazendo-as peças lindíssimas e únicas.
Dica esperta: Embora oficialmente as ilhas de Qeshm e Hormuz façam parte do Irã e estejam debaixo das leis da República Islâmica, por ali as restrições são bem mais leves. Não é raro ver homens andando de bermudas e em Hormuz, por exemplo, eu sequer fui requisitada a usar o véu. No entanto, é recomendável sondar primeiro com uma pessoa local antes de quebrar qualquer uma dessas regras.
Leia também: Tudo que você precisa saber para organizar um viagem para o Irã
Graças à sua importância histórica e sua beleza natural, essas ilhas estão bem conectadas ao continente, oferecendo opções de transporte por avião e barco. Aqui estão as melhores maneiras de chegar a essas ilhas:
Eu cheguei de ônibus em Bandar Abbaz pela manhã e de lá peguei uma bolsa para Qeshm, onde fiquei hospedada durante toda a minha estadia na ilha. Hormuz eu visitei em um esquema bate-volta, contratando um guia com um tuk tuk no porto. Como a ilha é menor que Qeshm, um dia é suficiente para ver tudo por lá.
Leia também: Roteiro de viagem para o Irã
A maior parte das pessoas usa Qeshm como base para explorar Hormuz e até outras ilhas dali, pois essa é a maior ilha e também a que tem mais infraestrutura.
Aqui estão cinco opções de hotéis em Qeshm. Todos eles são disponibilizados pela 1st Quest, uma agência online especializada em Irã e Oriente Médio que me ajudou muito na minha viagem, uma vez que os sites tradicionais de reservas não funcionam no Irã:
1. Arta Hotel
Localizado a apenas 200 metros do mar, o Arta Hotel é o lugar ideal para quem quer conforto e praticidade. Além de estar próximo a shoppings e parques, o hotel oferece quartos modernos com todas as comodidades, como ar-condicionado, Wi-Fi gratuito e café da manhã incluso.
2. Fulton Hotel
Com uma história interessante, o Fulton Hotel já foi residência para trabalhadores de uma fábrica de iates, e hoje é uma opção charmosa para os viajantes. O hotel oferece uma mistura de quartos, suítes e até uma vila com vista para o mar. Com piscina, spa e restaurante, é ideal para quem busca relaxar após um dia de exploração.
3. Irman Boutique Hotel
O Irman Boutique Hotel fica perto de centros de compras e restaurantes e é ideal para quem gosta de explorar a cidade. Os quartos são decorados com um toque moderno e oferecem Wi-Fi gratuito e café da manhã incluído.
4. Safa Abad Hotel
Para quem busca uma experiência de luxo em Qeshm, o Safa Abad Hotel é uma excelente escolha. Oferecendo acomodações de alta qualidade e serviços completos, este hotel 4 estrelas é quase um resort! Com preços a partir de €99.89 por noite, os hóspedes podem desfrutar de uma estadia sofisticada e confortável, com fácil acesso às atrações da ilha.
5. Pagroom Palm Ecolodge
Se você prefere uma experiência mais autêntica e econômica, o Pagroom Palm Ecolodge oferece um estilo rústico e tradicional, perfeito para quem quer se conectar com a natureza da ilha. Este eco-lodge proporciona uma estadia simples, com um toque local. A partir de €58.38 por noite, é uma ótima opção para quem busca uma imersão na cultura da ilha sem abrir mão do conforto.
Encontre mais hotéis em Qeshm clicando aqui.
A Ilha de Qeshm é um santuário que guarda os resquícios de um rica história milenar e suas tradições culturais. Com cerca de 135 km de extensão, Qeshm é a maior ilha do Irã e foi, por séculos, um ponto importante para o comércio marítimo entre a Ásia, o Oriente Médio e a África.
Diversos impérios e civilizações, como os persas, os portugueses e os árabes, passaram por Qeshm, deixando marcas culturais e arquitetônicas que ainda podem ser vistas hoje.
A população local é, ainda hoje, composta por pescadores e artesãos que mantêm vivas as tradições de seus antepassados, e seus habitantes preservam um forte senso de identidade.
As tradições dali incluem uma mistura de rituais islâmicos e práticas locais, pelo colorido artesanato tradicional, como a tecelagem de tapetes e a confecção de objetos em argila e madeira.
O Geoparque Global de Qeshm é uma das grandes atrações naturais do Irã e do Golfo Pérsico. Reconhecido oficialmente pela UNESCO em 2006, ele é o único geoparque da região do Oriente Médio e um dos poucos do mundo a ocupar uma ilha inteira.
Com uma paisagem que beira o extraterrestre, repleta de formações geológicas surreais, vales, cavernas e desfiladeiros, o geoparque é uma verdadeira aula ao ar livre sobre a história da Terra.
Isso porque a geologia da ilha de Qeshm é um reflexo da complexidade do planeta, e suas formações datam de milhões de anos. Entre as maravilhas naturais que compõem o geoparque, estão o famoso Vale das Estrelas, com suas rochas esculpidas pelo vento e pela água que criam formas lunares, e a Gruta de Sal de Namakdan, considerada a maior caverna de sal do mundo, com 6,5 km de extensão. Eu falo mais sobre esses lugares ali embaixo.
Além disso, as Chaminés de Fada — torres de rocha que parecem desafiar a gravidade — e desfiladeiros profundos fazem parte de um cenário que parece saído de outro planeta.
Além das formações geológicas, o geoparque também é lar de uma rica biodiversidade, com ecossistemas que vão de florestas de mangue a planícies áridas. As florestas de manguezais de Hara, por exemplo, são um importante habitat para aves migratórias e espécies marinhas.
Para explorar as principais atrações do geoparque com calma, recomenda-se pelo menos dois dias inteiros. Você pode contratar guias locais em Qeshm para levar você aos principais pontos de seu interesse. Você pode reservar o seu tour com a 1stQuest por aqui.
O Vale das Estrelas (ou “Darreh Setareha” em persa) é uma das paisagens mais incríveis da Ilha de Qeshm. O vale foi esculpido ao longo de milhões de anos pelos ventos fortes e pela erosão, faz parte do Geoparque Global da UNESCO e é considerado uma das principais atrações naturais da ilha.
O cenário é tão peculiar que os moradores locais acreditam que o vale foi formado pela queda de uma estrela, o que explica seu nome místico.
As formações rochosas mudam de cor e forma com a luz do sol ao longo do dia. Alguns visitantes até descrevem o local como uma versão iraniana do Grand Canyon, mas com um charme único, cheio de lendas e histórias locais.
A aparência quase alienígena do vale ganha um toque ainda mais mágico à noite. Segundo as crenças populares, o local abriga espíritos ou “djinns”, e há quem acredite que o silêncio e a escuridão do vale são perfeitos para observar fenômenos sobrenaturais. Muitos moradores recomendam visitar o vale durante o pôr do sol, quando as sombras criam um jogo de luz sobre as formações, o que intensifica a sensação de mistério.
Embora a maior parte do Vale das Estrelas seja segura para caminhadas, é importante estar atento às áreas mais íngremes ou com superfícies frágeis, que podem se desmoronar com facilidade. Por isso, é recomendável sempre seguir as trilhas marcadas ou explorar com a ajuda de um guia local.
E se você é fã de astrofotografia, o Vale das Estrelas é um dos melhores lugares da ilha para capturar o céu noturno devido à baixa poluição luminosa.
A Gruta de Sal de Namakdan é um dos fenômenos naturais mais impressionantes do Irã e também a maior caverna de sal do mundo, com 6,5 km de extensão.
O lugar é repleto de estalactites e estalagmites de sal que pendem do teto e se erguem do chão e brilham sob a luz. Além das formações de sal, o interior da caverna também tem riachos de água salgada que seguem esculpindo ainda mais as paredes ao longo do tempo.
A história geológica da Gruta de Sal de Namakdan remonta a milhões de anos, quando a ilha de Qeshm foi formada por forças tectônicas e depósitos minerais. A água do mar, com seu alto teor de sal, infiltrou-se nas camadas rochosas, criando as formações salinas que vemos hoje.
Por ali, acredita-se que o ar dentro da caverna seja rico em íons de sal e, por isso, possa ter efeitos terapêuticos, especialmente para pessoas com problemas respiratórios.
A Floresta de Manguezais de Hara fica na costa norte da Ilha de Qeshm e é considerada uma das mais importantes do Golfo Pérsico, abrangendo cerca de 85 km².
O lugar é um verdadeiro berçário para peixes, caranguejos, camarões e muitas outras espécies marinhas. Além disso, é um importante local de descanso e alimentação para aves migratórias que viajam entre a África e o sul da Ásia.
Você poderá dar de cara com flamingos, garças, corvos-marinhos, golfinhos e tartarugas marinhas, que ocasionalmente são avistados durante os passeios.
A melhor maneira de explorar os manguezais de Hara é por meio de passeios de barco, que são organizados por operadores locais e partem de vários pontos ao redor da ilha. Os barcos são pequenos, e muitas vezes conduzidos por pescadores da região.
Isso é legal porque os manguezais de Hara têm grande importância para as comunidades locais, que dependem deles para a pesca e para outros recursos naturais. Você consegue reservar seu tour por aqui.
Hengam é uma pequena, mas encantadora ilha situada ao sul de Qeshm. Hengam é famosa por sua natureza intacta, rica vida marinha e a oportunidade de observar golfinhos nas águas ao redor da ilha.
Dá pra reservar o seu passeio para Hengam aqui pela 1stQuest.
Muitas vezes descrita como a “Ilha Colorida”, Hormuz é um arco-íris natural que parece saído de um quadro surrealista. Sua paisagem multicolorida é repleta de terras vermelhas, montanhas em tons pastéis e praias que desafiam a imaginação.
Um dos pontos mais fotografados da ilha é a Montanha do Arco-Íris, uma formação geológica que exibe camadas de solo em diferentes cores, como vermelho, amarelo, laranja e até roxo! Essas cores são resultado de minerais presentes no solo, como ferro, enxofre e magnésio.
O solo vermelho intenso é conhecido localmente como gelak e é muito utilizado pelos moradores para a produção de pigmentos os tapetes e artesanato e até na culinária!
Em algumas áreas da ilha, o chão parece tingido de vermelho, criando um contraste absurdo de lindo com o céu azul e o mar turquesa ao fundo.
Outro espetáculo natural que faz de Hormuz um destino especial é a Praia Vermelha. Ela fica na costa sul da ilha e tem esse nome por causa da cor da areia ali, que é vermelha vivo de verdade, devido à alta concentração de minerais ferrosos no solo.
De aspecto árido e rústico, o lugar é outro ponto favorito dos fotógrafos. Apesar da aparência exótica e surreal, a Praia Vermelha também é um local onde os moradores vêm para pescar e socializar. Tem algumas barraquinhas de comida por ali, então dá para ficar um bom tempo observando a paisagem.
Conhecido localmente como Qal’eh-ye Portughaliha, o forte é um marco histórico da presença colonial europeia no Golfo Pérsico.
Construído em 1515 pelos portugueses sob o comando do famoso explorador Afonso de Albuquerque, o forte foi erguido em um ponto estratégico da ilha de Hormuz, com o objetivo de controlar o estreito de mesmo nome, uma rota crucial para o comércio marítimo entre o Oriente e o Ocidente.
A construção inclui uma série de quartéis, armazéns e uma capela, que mostram o quanto os portugueses pretendiam consolidar sua presença na região. O forte foi essencial para garantir o domínio dos gajos sobre o comércio de especiarias, sedas e outros produtos que passavam pelo estreito de Hormuz.
Embora o domínio português na região tenha durado até 1622, quando o Império Safávida, com a ajuda da Companhia Britânica das Índias Orientais, retomou o controle da ilha, o forte permaneceu como um símbolo da importância geopolítica de Hormuz. Hoje em ruínas, ele continua a atrair visitantes fascinados por sua história e pela vista para as águas do Golfo Pérsico.
Devido à localização estratégica da ilha no Golfo Pérsico e sua longa história de comércio com diversas civilizações, o artesanato de Qeshm combina influências persas, árabes, africanas e indianas, o que faz dele único no mundo!
A tecelagem é uma das formas mais antigas e respeitadas de artesanato na ilha. As mulheres de Qeshm são as principais guardiãs dessa tradição, criando tapetes, kilims (um tipo de tapete de tecelagem plana) e outros produtos têxteis que carregam padrões geométricos e cores vivas. Esses tecidos não servem apenas para dar um up na sua decoração; muitos deles transmitem histórias de família, mitos e lendas locais.
As peças são, ainda hoje, tingidas com pigmentos naturais, utilizando plantas e outros recursos da ilha. Por isso, as cores remetem à paisagem ao redor, como os tons terrosos das montanhas e desertos.
Outro exemplo de artesanato é o bordado conhecido como Khesht, que cria padrões em roupas e acessórios, como echarpes, túnicas e véus. Os desenhos geralmente são inspirados pela natureza, com formas que lembram estrelas, flores e ondas do mar.
Além disso, há também peças de cerâmica, trabalhos em madeira, cestas e tecelagem em palha e a construção de dhows, os tradicionais barcos usados pelos pescadores e comerciantes da ilha.
Os mercados locais, conhecidos como souks, são os melhores lugares para explorar e adquirir o artesanato de Qeshm. Vilarejos espalhados pela ilha também oferecem uma oportunidade de ver os artesãos trabalhando diretamente em seus ofícios, muitas vezes em pequenas oficinas familiares.
As ilhas de Qeshm e Hormuz têm um clima desértico e árido, o que significa que os verões podem ser extremamente quentes, com temperaturas ultrapassando os 40°C.
Por isso, a melhor época para visitar as ilhas é durante o outono e o inverno, entre os meses de novembro e março, quando o clima é mais ameno.
Para explorar as ilhas de Qeshm e Hormuz, recomenda-se passar de 4 a 5 dias.
Em Qeshm, você precisará de 2 a 3 dias para visitar atrações como o Geoparque Global da UNESCO, o Vale das Estrelas e os manguezais de Hara.
Já em Hormuz, um ou dois dias são suficientes. Esse período permitirá que você aprecie as paisagens naturais e mergulhe na cultura local com calma.
A melhor época para visitar é entre novembro e março, quando as temperaturas são mais amenas, variando entre 15°C e 25°C. Durante o verão, as ilhas podem ser extremamente quentes, com temperaturas que ultrapassam os 40°C.
Você pode chegar a Qeshm de avião, com voos diretos de várias cidades do Irã, como Teerã. Outra opção é pegar um ferry a partir de Bandar Abbas. Para Hormuz, ferries partem tanto de Qeshm quanto de Bandar Abbas, com travessias curtas e frequentes.
Para explorar as principais atrações de Qeshm e Hormuz, recomenda-se uma estadia de 4 a 5 dias. Qeshm, por ser maior, pode demandar 2 a 3 dias, enquanto um ou dois dias são suficientes para explorar Hormuz.
As atrações imperdíveis de Qeshm incluem o Geoparque Global da UNESCO, o Vale das Estrelas, a Gruta de Sal de Namakdan e os Manguezais de Hara. Esses locais oferecem uma mistura de paisagens naturais surreais e biodiversidade rica.
Hormuz é conhecida por suas paisagens de cores vibrantes, como a Montanha do Arco-Íris e a Praia Vermelha. A ilha também possui uma rica herança histórica, representada pelo Forte Português.
Qeshm possui uma infraestrutura turística mais desenvolvida, com hotéis, restaurantes e serviços de transporte bem estabelecidos. Hormuz, por outro lado, é mais rústica, ideal para quem busca uma experiência mais autêntica e conectada à natureza.
Poucas regiões do mundo combinam tanto com uma viagem de carro como a Toscana. Habitada…
Kashan foi uma das cidades que mais me surpreendeu no Irã. Pequena, charmosa e repleta…
Fussen é um bate-volta comum para quem visita Munique e uma parada estratégica para quem…
Se você gosta de história e curte cidades com muitas atrações de graça, você vai…
O que fazer em Hong Kong? A metrópole asiática é um daqueles umbigos do mundo…
Se você está em busca de sítios e casas para alugar em Lavras Novas, Mariana…