Recife se orgulha de sua tradição criativa. Das fantasias de carnaval, passando por outras manifestações populares típicas, como o frevo, o coco e a ciranda; o polo industrial e tecnológico voltado para a economia criativa, até os artistas reconhecidos em todo o país (Alô, Alceu! Alô, Brennand!), a cidade respira arte e cultura. Por isso, nada mais justo que o turismo criativo em Recife passasse a refletir essa importante faceta da vida na capital pernambucana.
Mas, afinal, o que é turismo criativo? Ao contrário do turismo tradicional, no qual o visitante adota uma postura passiva diante das atrações, como ver obras em um museu, assistir apresentações, escutar explicações de um guia, experimentar um prato, o turismo criativo implica na co-criação. Por meio dele, os viajantes têm a oportunidade de preparar comidas típicas da cultura local em cursos e oficinas, aprender a dançar ou a tocar um ritmo, confeccionar fantasias e roupas típicas ou se inserir de forma mais natural no dia a dia do lugar visitado.
E foi nesse tipo de turismo que, há anos, a cidade resolveu investir. Há diversas iniciativas da prefeitura para promover atividades de turismo criativo em Recife, desde a concessão de subsídios até a elaboração conjunta de planos para que pequenos empreendedores possam oferecer aos turistas uma nova forma de experimentar a cidade. Como prova dessa vocação, em 2019, Recife passou a ser a primeira cidade brasileira a integrar a Creative Tourism Network, uma organização internacional responsável pelo desenvolvimento do turismo criativo em todo o mundo. Além dela, Barcelona, Paris, Amsterdã, Ibiza, Bangkok, Quito e Medellín compõem a rede.
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Veja algumas das atrações que vão permitir que você experimente em primeira mão a cultura e a gastronomia recifenses por meio do turismo criativo e de experiência.
Além de uma galeria que conta, de forma interativa, a história do ritmo mais pernambucano de todos, o Museu do Paço do Frevo tem ainda uma escola de dança e música que ensina os primeiros passos e acordes para os interessados. Para participar de uma delas é preciso garantir a vaga em algumas das oficinas sazonais pelo telefone abaixo.
Não vá embora do museu sem passar pelo terceiro andar. Além de uma vista linda da cidade, ali estão expostos estandartes dos principais blocos de carnaval. Ah! E se tiver a oportunidade, também vale muito a pena ver de pertinho uma festa de frevo na rua. As prévias de carnaval, que começam em setembro, são uma ótima oportunidade para isso!
A visita ao Paço do Frevo custa R$ 10. Estudantes pagam meia.
Endereço: Praça do Arsenal da Marinha, 91 – Recife Antigo
Telefone: (81) 3355-8142
Site: https://www.pacodofrevo.org.br
Inscrições e informações sobre as aulas de dança e oficinas: (81) 3355-9524
Durante décadas, a Ilha de Deus foi completamente abandonada pelas autoridades e estigmatizada por grande parte da população de Recife, tanto que acabou conhecida como “llha sem Deus”. Mas com o esforço e a luta da população, essa realidade se transformou por completo e hoje a comunidade que antes era formada por casas precárias de palafita e assolada pela violência se orgulha de receber visitantes para contar sua história de superação e mostrar sua cultura única na cidade.
E uma das apostas para que essa transformação continue acontecendo e para que os moradores tenham cada vez mais qualidade de vida é justamente o turismo de base comunitária. Para chegar lá, é preciso pegar o catamarã que sai todos os sábados, às 10h, na sede da Catamaran Tours, no Cais Santa Rita. O passeio mais simples dura duas horas e inclui um tour guiado por moradores locais (R$55 por pessoa).
Mas para ter uma experiência imersiva e conhecer um pouquinho mais do cotidiano dos moradores da ilha, o melhor é se hospedar por um ou mais dias no Hostel Social Ilha de Deus. Quem opta pela estadia prolongada pode participar de atividades e oficinas culturais e gastronômicas, além de rodas de conversa com a comunidade e aprender sobre os esforços de preservação ambiental iniciados ali. Seja qual for a sua opção, é preciso fazer o agendamento prévio da sua visita no site da ONG Saber Viver ou pelo whatsapp (81) 98405-4474. Os roteiros e as atividades voltadas para o turismo foram criadas pelos moradores da ilha com auxílio da Secretaria de Turismo do Recife.
Leia também: Turismo comunitário na Ilha de Deus
O Bairro Bomba do Hemetério, na zona norte da cidade, é considerado o coração do carnaval recifense. O lugar respira carnaval o ano inteiro, seja pela confecção das fantasias ou pela atividade constante dos mais de 60 grupos culturais e agremiações nascidos na região, que ensaiam durante as quatro estações do ano e se apresentam na Bomba e em outras partes da cidade em datas comemorativas.
Oficina de adereços e maracatu no terreiro Obá Oguntê, no Sítio do Pai Adão, nas proximidades da Bomba do Hemetério
E, para aproveitar esse potencial festivo, a Bomba foi o primeiro destino turístico cultural de base comunitária em área urbana, de acordo com o site da Rede Nacional de Turismo Criativo (Recria). E esse tipo de atividade tem uma importância fundamental na estratégia de desenvolvimento local. Quem topar um dos roteiros criados pela rede terá a oportunidade de fazer oficinas de dança, confeccionar adereço, vivenciar o carnaval recifense mesmo fora de época e participar de oficinas de percussão.
As atividades da Bomba custam entre R$ 15 e R$ 60 e devem ser agendadas com antecedência pelo email info@turismocriativobrasil.com.br ou pelo telefone: +55 81 99856-4348. Há um número mínimo de participantes por experiência, por isso é preciso confirmar a formação do grupo.
Recife tem 70 quilômetros de ciclovias e postos de aluguel de bicicletas por aplicativo espalhados por todos os lados. Que tal aproveitar essa estrutura para ver a cidade por outro ângulo? Essa é a proposta do La Ursa Tours, que busca mostrar, por meio de seus passeios, cantinhos esquecidos e até mesmo subestimados pelos moradores da cidade, mas que não deixam de ser especiais.
No passeio que vai de Boa Viagem até o centro, passando pelo bairro da Pina e Brasilia Teimosa – uma vila de pescadores que resiste à especulação imobiliária – somos apresentados a uma vista incrível, e sem concorrência, da cidade. Os passeios custam a partir de R$ 80 e incluem as bicicletas e o guia.
Vistas de Recife durante o Bike Tour
Além da belíssima exposição permanente que homenageia o universo sertanejo e a cultura nordestina, o Museu Cais do Sertão oferece, ainda, oficinas de música e ritmos tradicionais do nordeste no segundo andar. Os participantes têm a oportunidade de gravar a si mesmos cantando hinos da região, como Asa Branca e Olha pro Céu, e também de entrar em contato com instrumentos típicos, como o triângulo, o agbê e a zabumba. Durante a oficina, um monitor conta um pouco da história e curiosidades sobre os ritmos e ensina a tocar os instrumentos.
Para participar, basta dirigir-se ao segundo andar do museu, que fica no Armazen 10, na Av. Alfredo Lisboa, no Recife Antigo. O Museu Cais do Sertão abre de terça a domingo, das 10h às 17h. A entrada custa R$10 a inteira e R$5 a meia. Às quintas-feiras, a entrada é gratuita.
Vou confessar uma coisa: eu viajo para provar cervejas locais. E não estou sozinha. O turismo cervejeiro cresce no mundo inteiro e Recife não está fora dessa. Nos últimos anos, a cidade virou casa para mais de 20 cervejarias artesanais, e algumas delas já contam com prestígio entre os apreciadores da bebida.
Para conhecer um pouco da cena cervejeira em Recife, nada melhor que um passeio dedicado a apresentar alguns dos principais rótulos fabricados na cidade, contar a história da produção local de cervejas e ensinar um pouco sobre a degustação e a harmonização da bebida. O Recife Beer Tour começa no bonito Jardim do Baobá, com um passeio de barco pelo rio Capibaribe até o local onde antes funcionava a primeira cervejaria da cidade. Durante o trajeto, ficamos sabendo como a bebida fincou os pés – e conquistou – o solo pernambucano por meio dos holandeses. E também, claro, provamos alguns rótulos.
Depois, seguimos de van até a fábrica da EKÄUT para uma visita às instalações, seguida de uma degustação harmonizada com caldinhos de diversos sabores, reproduzindo um costume dos moradores da cidade de tomar caldo nas praias, acompanhados de uma gelada.
O Recife Beer Tour é uma iniciativa dos amigos Nívea Gouveia e José Jayme, do blog Juntando as Mochilas, e custa a partir de R$120. Há outras opções de roteiros e os passeios devem ser agendados com antecedência.
Com bons preços e música rolando solta, o Mercado da Boa Vista, na R. da Santa Cruz, é um programa para o almoço no fim de semana muito popular entre os moradores da cidade. A grande pedida dali é o arrumadinho acompanhado de uma cerveja. O prato recebe esse nome porque os ingredientes são arrumados um ao lado do outro. Há algumas variantes da receita servida nos bares do mercado, mas a tradicional é com carne seca, mandioca, farofa, vinagrete e feijão verde.
Além do arrumadinho, o local também serve outros pratos regionais, como a buchada e o bode guisado. Mas chegue cedo, porque o lugar costuma encher.
Já pensou participar de um walking tour, conhecer os principais prédios históricos e ainda entrar em uma caça ao tesouro pelas ruas de Olinda? Essa é a proposta do passeio gameficado do Olinda Free Walking Tours em parceria com o Souvenir Digital, empresa de design local que produz lembrancinhas que são a cara da cidade.
Cada participante recebe um chaveiro com algumas das principais igrejas de Olinda. O desafio é identificar todas elas antes dos concorrentes e postar a foto no stories do Instagram. O primeiro a adivinhar as cinco igrejas ganha um prêmio. Achou divertido? Então veja esse e outros passeios guiados no site do projeto.
Quem for passar a noite na cidade pode aproveitar para fazer também o tour boêmio e conhecer os principais bares de Olinda (como a bodega do velho), a origem de bebidas como Pau do Índio – tradicionalíssima dos carnavais – e terminar com uma apresentação de música ao vivo no badalado Casbah.
Escolher onde ficar em Recife é um passo importante para definir o seu estilo de viagem. Quem escolher o Recife Antigo fica mais próximo das atrações culturais e da vida noturna da cidade. Já Boa viagem é para quem faz questão de ficar pertinho da praia.
Olinda merece atenção à parte, por isso o melhor é dividir a estadia: um pouquinho em cada cidade.
Veja alguns hotéis recomendados em Recife:
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Tem uma empresa que promove passeios guiados em rotas mal asssombradas da cidade. Não lembro o nome mas acho que googlando "recife mal assombrado" se encontra.
Que legal! Esse tour deve ser muito divertido! Vou anotar para minha visita a Recife! Obrigada por indicar!