9 restaurantes de comida étnica em São Paulo

O termo gerou dúvida, mas o sabor não: a ideia deste texto é falar de restaurantes que servem comida de vários cantos do mundo, mas que acharam um lugar em São Paulo. O problema é que “comida étnica”, para alguns especialistas, é um termo carregado de preconceito e etnocentrismo. O Washington Post, por exemplo, já fez uma matéria mostrando por que todo mundo deveria parar de usar a expressão. Segundo o WP, o problema é que no rótulo de comida étnica são colocados somente aqueles sabores de imigrantes mais recentes, mas ignorando a comida italiana, por exemplo, vista como, digamos, comida normal.

Por outro lado, muita gente defende que comida étnica é aquela que tem as marcas culturais de um povo específico. Por exemplo, o frango ao molho pardo para a culinária mineira ou o chimarrão no sul do país. Preferi adotar o segundo ponto de vista, tomando o cuidado de não colocar no mesmo balaio somente restaurantes de imigrantes mais recentes e mais pobres, conforme explicou o José Orenstein numa matéria do Estadão.

Dito isso, mais uma questão: este post não pretende ser uma listagem de melhores restaurantes ou qualquer coisa do tipo. São apenas estabelecimentos que eu tive a oportunidade de conhecer e que recomendo sem dor na consciência (mas com a boca salivando). E será atualizado aos poucos.

Tem algum restaurante para indicar? Deixe seu relato nos comentários.

Veja também: Como comer bem e barato em São Paulo

Maria Escaleira

Um dos meus favoritos. Fica na Rua Mourato Coelho, 53, em Pinheiros, a um quarteirão da estação Fradique Coutinho do metrô (Linha Amarela). Em funcionamento desde 2012, o Maria Escaleira garante ser o primeiro restaurante polonês de São Paulo, mas o menu é amplo e atinge também outras partes do Leste Europeu. Lá você vai encontrar o goulash húngaro, um legitimo estrogonofe russo e o pierogi, um tipo de pastel cozido que é um dos mais importantes pratos da culinária polonesa.

A casa funciona de terça a sábado, para almoço e jantar, e aos domingos, somente para almoço (funciona até as 17h). Não abre às segundas-feiras. O mais impressionante é que, além da comida boa, os valores são bons: no almoço você pode pagar R$ 32 pelo prato do chefe, com sobremesa. Espere gastar entre R$ 50 e R$ 60 numa refeição completa, com bebidas. Site oficial.

Mocotó

Baião de dois, carne de sol, escondidinho, pirarucu e os dadinhos de tapioca. Essas são, entre muitas outras, algumas das palavras mágicas que fizeram do Mocotó famoso. O restaurante fica na Vila Medeiros, zona norte da capital paulista, e existe desde a década de 70. Ouvi falar dele em 2012, quando me mudei para São Paulo – e o relato era maravilhoso. Porém, só consegui visitá-lo em novembro deste ano. E lamentei a demora, a ponto de ter voltado ao endereço da Vila Medeiros para conhecer o outro restaurante da marca, o Esquina Mocotó, e também ido ao Mercado de Pinheiros para almoçar no Café Mocotó. Valeu a Pena.

O Mocotó serve comida nordestina e sertaneja, enquanto o Esquina Mocotó serve comida paulista contemporânea. Já o Café tem cardápio bem mais limitado, mas conta com um pouquinho de tudo. De novo, impressiona o preço: pratos principais custam entre R$ 30 e R$ 50. O Pirarucu Assado custa R$ 89, mas alimenta três pessoas.

Peça os dadinhos de tapioca de entrada e prove os drinks da casa. Quem não mora na Zona Norte vai gastar um pouco a mais para chegar lá, seja de tempo ou de dinheiro  – dá para combinar metrô com táxi/uber/cabify, basta descer na estação Tucuruvi, da Linha Azul e de lá chamar um carro para te levar ao restaurante. Chegue cedo nos finais de semana, pois quase sempre tem fila. Valerá a pena.

Confira os endereços, horário de funcionamento e cardápio no site oficial.

Comidinhas do Mocotó (Foto: Divulgação)

Napoli Centrale

Já que falamos do Mercado de Pinheiros, onde funciona o Mocotó Café, melhor aproveitar para falar também da Napoli Centrale, uma pizzaria fantástica que abriu lá este ano. E, como o nome indica, estamos falando de uma pizza à italiana, inspirada na típica comida de rua de Nápoles, na Itália – os donos foram até lá para estudar o sabor e o modo de preparo italiano, que é bem diferente que os vários tipos de pizza que se espalharam pelo mundo. A pizza é individual, para ser comida com a mão (não que você seja proibido de dividir a iguaria, claro). Os preços variam entre R$ 20 e R$ 35 e todo mês há um sabor especial.

O meu favorito até agora foi o de gorgonzola e pêra e estou lamentando profundamente ter perdido a carbonara, que foi servida em dezembro. A Napoli Centrale fica no segundo piso do Mercado de Pinheiros, que está na Rua Pedro Cristi, 89, atrás da estação Faria Lima do metrô (Linha Amarela, saída da rua Teodoro Sampaio).

Veja também: A história da Pizza: de Nápoles para o mundo

Foto: Dilvulgação

Comedoria Gonzales

Juro que esse é o último restaurante do Mercado de Pinheiros que vai aparecer neste texto (o alto número deles prova a necessidade de um post aqui no blog só sobre esse espaço, né?). A Comedoria Gonzales fica ao lado da Napoli Centrale e é comandada pelo chef boliviano Checho Gonzales. O ceviche com o peixe do dia custa pouco mais de R$ 20 (depende do peixe) e à noite há um cardápio diferente para o happy hour.

Gopala Madhava

Foi tão incrível que até hoje não sei por que só fui uma vez ao Gopala, que fica perto da Avenida Paulista (Rua Antônio Carlos, 413, estações Consolação ou Paulista do metrô). É um restaurante pequeno, de dois andares e onde você terá que escolher entre duas opções de pratos que variam ao longo do dia. O que não muda é a inspiração indiana (e vegetariana) do menu.

Com cardápios baseados nos ensinamentos Hare Krishna, o Gopala também tem preços interessantes: entre R$ 35 e R$ 41, dependendo do dia da semana. O valor inclui salada, prato principal, sobremesa e bebida. Quem come menos pode pedir o meio prato, que é um pouco mais barato. E vá cedo – principalmente nos finais de semana, quando costuma ter fila na porta. O Gopala funciona de segunda a sábado, sempre na hora do almoço. Detalhes no site oficial.

Dica importante: me disseram que o Gopala já foi um único restaurante que um dia se dividiu em dois, com os sobrenomes Hari e Madhava. E os dois ficam quase um do lado do outro e funcionam no mesmo esquema.

Foto: Divulgação

Namga

Do indiano para o tailandês. O Namga fica em Perdizes (R. Apiacás, 92) e é um dos mais carinhos desta lista. Mas nada que assuste ou torne os pratos principais, que custam entre R$ 50 e R$ 70, muito caros. De espetinhos temperados ao tradicional pad thai – com pratos que podem ser ligeiramente adaptados ao paladar brasileiros ou não, dependendo do que você escolher. O nível de pimenta, por exemplo, varia bastante. Converse com o garçom na hora de fazer o pedido. Espere gastar em torno de R$ 80 por pessoa na refeição.

Tanger

Famoso restaurante marroquino da Vila Madalena, o Tanger (Rua Harmonia, 359) está na mesma faixa de preço do Namga. E oferece a mesma proporção de contentamento. O couscous tradicional é um dos pratos mais importantes do cardápio, que também tem cordeiro cozido com cebolas e amêndoas torradas, muitos pratos à moda mediterrânea e drinks para ninguém reclamar. Horário de funcionamento e outros detalhes no site oficial.

Portal da Coreia

Este texto não poderia ficar sem um restaurante do Liberdade, o bairro mais oriental (e um dos mais legais) de São Paulo. E, além da comida, o funcionamento da casa também é interessante: a entrada é servida em seis potinhos com broto de bambu, tofu, uma espécie de omelete com espinafre e outras comidinhas.

O prato principal é uma carne. Você escolhe no cardápio e, prepare-se, ela vem crua, com temperos e acompanhamentos. Em seguida o garçom acende um fogareiro de metal com uma panela, que fica acoplado à mesa. Você mesmo cozinha sua comida, ali na mesa. Tem tempo que eu não vou lá, mas a conta dificilmente passava dos R$ 50 por pessoa. E comendo bem.

Veja também: Onde comer no Liberdade

Bar do Biu

Um bar numa esquina qualquer da Cardeal, pertinho da Benedito Calixto. Tão despretensioso que é capaz de você passar na porta e não notá-lo, o que seria péssimo, já que a comida servida ali – nordestina – é deliciosa. O Biu, que é paraibano, está sempre por lá, num negócio familiar que funciona desde 1983.

Vaquejada do Biu (Foto: Divulgação)

Peça o baião de dois ou a vaquejada e espere muita comida – quem vai em grupo garante que ninguém come mais do que deveria e reduz ainda mais o valor da conta. Se escolher o baião, peça por mim um ovo frito com gema mole para acompanhar. Eu gosto tanto que nunca provei a feijoada de lá, outro prato que vira e mexe recebe elogios de amigos. O Bar do Biu fica na Rua Cardeal Arcoverde, 772/776 (esquina com João Moura). Consulte o horário de funcionamento aqui.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Muito feliz porque conheço todos haha
    E preciso recomendar o Biyou'Z (afro), o Sabores de mi Tierra (colombiano) e o Rinconcito Peruano. Ainda não foi nesses? O sabores é bem na Lisboa, pertinho da Benedito

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Rafael Sette Câmara

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