A capital da Letônia, Riga, é uma cidade lindíssima e surpreendente. Tem um centro histórico fofinho e medieval, tem avenidas largas e prédios muito elegantes num distrito de art nouveau, tem uma noite animada, com bares diferentes e muita cerveja artesanal, isso sem contar o maior mercado municipal de toda a Europa e diversas delícias gastronômicas. Tal como as outras capitais dos países Bálticos, tem uma identidade própria e ares muito mais “prósperos” do que qualquer outro dos países que já visitei da antiga cortina de ferro.
Nesse post você encontra um grande guia sobre o que fazer em Riga. Descobre quantos dias ficar por lá, como chegar e como se locomover, vê indicações de onde ficar, onde comer, as principais atrações de Riga, tanto no centro histórico quanto fora dele e também um pouco mais sobre a história e curiosidades da cidade.
Eu, meu mapa e o Swedish Gate ao fundo
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Três dias é o ideal para visitar a cidade sem correria e realmente apreciar todas as atrações. Riga é uma cidade relativamente grande e que exige o uso de transporte público (ou Bolt/Uber), para visitar algumas coisas mais distantes. Sim, é possível fazer tudo em dois dias, mas você acabará tendo que cortar algumas coisas ou correr bastante para cumprir o roteiro. Em um dia apenas, concentre-se no centro histórico.
Para quem vem dos outros países bálticos, a melhor forma de chegar é de ônibus. Os serviços são de muita qualidade e os trajetos, tanto de Tallinn quanto Vilnius, duram cerca de quatro horas. O ônibus da Luxury Express incluem serviço de bordo e wifi gratuitos. No texto sobre roteiro de viagem pelos países Bálticos explico mais sobre essa viagem e como comprar com desconto.
A rodoviária é bem central, fica bem em frente ao Mercado Central e a uma curta caminhada do centro histórico. Já o aeroporto fica a 15 minutos de carro do centro ou 30 minutos de ônibus, pela linha 22.
Táxis, Uber e principalmente o Bolt (aplicativo de corridas mais comum nos bálticos: código de desconto GBC4E) são uma excelente opção por serem extremamente baratos. Por exemplo, da Estação Rodoviária para o centro espere pagar menos de 3 euros. Do aeroporto para o centro, fica por volta de 9 euros.
É possível fazer todo o centro histórico a pé, assim como as atrações ao seu redor, como o Freedom Monument e o Mercado Central. Já para quem quer conhecer mais os outros bairros da cidade pode pegar um tram ou ônibus (o Google Maps indica exatamente qual linha seguir). O bilhete custa 2 euros direto com o motorista, ou €1,15 se você comprar antes num ticket office ou press kiosk.
Outra possibilidade para descansar as pernas são os populares patinetes eletrônicos, que você aluga via app de celular (novamente, a Bolt é a mais comum), e paga por minuto utilizado.
Apesar do centro histórico concentrar as principais atrações da cidade, ficar nos arredores dele também pode ser uma boa ideia. Leia o texto de Onde ficar em Riga para entender melhor os bairros da cidade.
Eu fiquei num quarto privativo no Central Hostel Riga, que estava a cerca de 1um quilômetro do centro. É uma boa opção para quem busca uma viagem mais econômica, com nota 8.7.
No entanto, acredito que ficaria em algum lugar um pouco mais confortável numa próxima viagem. Por exemplo, hotel Rixwell Konventa Seta fica bem no centro, numa das áreas mais antigas de Riga, chamada Konventhof (terraço do convento), com os quartos divididos entre sete prédios medievais (obviamente renovados). É possível conseguir diárias a partir de €49 euros
Apesar das principais atrações estarem dispostas no mapa acima e nas descrições abaixo como num roteiro, eu sugiro que você use isso apenas como um guia inicial e permita-se ir além: o centro histórico de Riga é uma delícia, com várias ruas fofinhas, lugares lindos para fotos, cafés charmosos e bares animados. Não é muito grande, sendo perfeito para caminhar e se perder.
O Centro Histórico de Riga era circundado por uma muralha fortificada e haviam oito portões de entrada, hoje resta apenas um, chamado “Portão Sueco”. A construção é de 1698, e dava acesso ao quartel fora dos muros, na rua Torna. Hoje, no entorno, ficam restaurantes, bares e cafés bem fofos. No mapa acima, sugiro que você comece o trajeto pela Torre da Pólvora e siga pela Rua Torna, passando pelos Jacob’s Barracks, até o Portão.
As três casa mais antigas do centro histórico de Riga, construídas no século 15, tem o nome de “Três Irmãos”, porque, segundo a lenda, foram feitas por homens de uma mesma família. Hoje, as casas guardam o Museu de Arquitetura da Letônia e um órgão governamental para proteção de patrimônio.
A rua onde ficam as casas, Mazā Pils, era a área dos artesãos na época medieval. A mais antiga das três é a número 17, que também era usada para comércio, foi construída por volta de 1490, sem nenhuma decoração além da porta. O irmão do meio, foi construído em 1646, e já tem um estilo bem mais rebuscado, pois sua função era de moradia. O terceiro prédio (nº 21), foi construído no segunda metade do século 17, com uma fachada pensada para lembrar uma máscara e proteger contra poderes malignos.
A praça da Catedral Domo de Riga é a maior praça do centro histórico, considerada o coração da cidade, onde sete ruas importantes se encontram. Hoje, belos prédios do século 19 a circundam, incluindo museus e restaurantes. Ali são realizados periodicamente mercados de artesanato e comida local, além da grande feira de Natal, no fim do ano.
A Catedral de Riga, que domina o cenário, começou a ser construída em 1211 e é famosa por seus concertos musicais. A entrada é gratuita nos horários de missas.
Dica: se você seguir pela praça, na rua Jauniela, chega às casinhas coloridas que marcam um dos principais “Instagram Spots” da cidade, o restaurante 1221. Dali, um beco (também lindo para fotos!) te leva a outra praça onde fica um pequeno mercado de souvenires artesanais.
Localizada na praça da prefeitura (Town Hall Square), a Casa dos “Cabeças Negras” tem cerca de 700 anos. Esse é considerado um dos prédios mais bonitos de Riga, sede da irmandade dos cabeças negras: servia para promover negócios e reunir comerciantes e expedidores. Os “cabeças negras” eram comerciantes jovens e solteiros, conhecidos pelo seu temperamento e entusiasmo. Com isso, a casa era um dos principais pontos de encontro e centro cultural da sociedade de Riga.
Hoje, funciona com centro de conferências, onde são organizados diversos eventos. É possível visitar os salões, gabinetes e adegas medievais. A entrada custa 6 euros.
A Igreja de São Pedro tem a maior torre da cidade, com 72 metros de altura, de onde se tem uma vista panorâmica do centro histórico. É considerada uma das igrejas mais antigas dos Bálticos, datada da idade média, em estilo gótico. A entrada, incluindo a subida na torre, custa €9,00.
Na lateral da igreja, na rua Skārņu, fica a famosa escultura dos três músicos: um burro, um cão, um gato e um galo, nas costas um do outro. O monumento é politico, chamado “Músicos de Bremen”, foi criado pelo artista Krista Baumgaertel, da cidade de Bremen, inspirada num conto dos irmãos Grimm, mas pensada como uma crítica ao governo russo de Gorbachev, com os três bichos olhando através da cortina de ferro.
A Praça Livu foi “construída” na Segunda Guerra Mundial, quando uma bomba destruiu diversos prédios das ruas ao redor. Na década de 1950, a nova praça ganhou novos prédios, a Orquestra Filarmônica Nacional instalou sua sede ali. No entorno da praça também ficam diversos cafés e restaurantes com terraços abertos, o Teatro Russo, o prédio da Câmara do Comércio (Small Gui (ambos podem ser visitados), e a Casa do Gato, um ponto turístico de história curiosa.
A Casa do Gato foi desenhada pelo arquiteto Friedrich Schefel, em 1909, um dos pioneiros em fazer prédios em Art Nouveau na cidade. O dono do prédio era um rico comerciante que, com raiva de não ter sido admitido pela Câmara de Comércio, mandou colocar no telhado do prédio, um gato, com o rabo para cima e o cu aparecendo na direção da câmara, numa clara afronta a seus associados.
A Igreja de São João é a mais antiga da cidade e reza a lenda que, no século 15, dois monges que queriam virar santos pediram para serem colocados – ainda vivos – nas paredes do templo. Enquanto sobreviveram, foram alimentados pelos residentes de Riga por um buraco na parede. Ainda hoje há um buraco em forma de cruz na parede onde estão os corpos.
Dois museus focados em arte ficam no centro da cidade. O Art Museum Riga Bourse, que funciona dentro de uma mansão, reflete em seus quartos a vida no século 19, com pinturas e decorações de várias regiões europeias. Já o Museu de Artes Decorativas e Design fica em uma antiga igreja do século 13. O acervo reune coleções de téxteis, cerâmica, porcelana, móveis e outras peças do gênero.
Não é só no centro histórico que a capital da Letônia tem seu charme. Fora da antiga muralha você encontra diversas pérolas, inclusive alguns dos meus lugares favoritos na cidade.
Provavelmente o mercado de comida mais interessante de toda Europa (e oficialmente, o maior do continente), construído dentro de quatro enormes hangares onde, no início do século 20, ficava uma fábrica de Zeppelins alemães. São quase 800 mil metros quadrados de mais de três mil barracas de produtores locais e artesãos, com galpões temáticos para peixes, carnes e salames, queijos, frutas e também uma grande praça de alimentação.
Como uma grande apaixonada por mercados que sou, fui lá comer dois dias seguidos. Recomendo muito o Pelman, que serve comidas típicas feitas por senhoras letãs. Os dumplins com recheios variados (de carne de vaca, porco, cordeiro, queijos ou legumes) e molho de cogumelos ou bacon. Eles também servem uma versão báltica do nosso conhecido pastel, chamada chebureki.
O Monumento da Liberdade é uma estátua de quase 43 metros de altura, simbolizando da liberdade e independência da Letônia, e é, há quase um século, um ponto de referência central na cidade. Na época da ocupação soviética, era estritamente proibida qualquer reunião no entorno do monumento. Desde o restabelecimento da independência, em 1991, uma guarda de honra fica a beira da estátua (e é até possível ver a breve, mas coreografada, troca da guarda).
No entorno do Freedom Monument, fica um parque com canais, onde é possível passear de barco ou só sentar alguns minutos para admirar os belos jardins.
Riga é considerada uma meca do estilo de prédios Art Nouveau (com decorações inspiradas em formas naturais). Mesmo que você não faça muito ideia do que se trata esse movimento arquitetônico, pode com certeza ir passear por essa área da cidade e se surpreender com a beleza dos prédios e avenidas largas e elegantes e parques agradáveis.
Fica a apenas 10 minutos de caminhada do centro histórico. Basta procurar pelas ruas Elizabetes, Alberta e Strēlnieku. Quem se interessa pelo tema ou simplesmente se inspirar pela beleza, pode visitar o Museu Riga Art Nouveau Centre.
Você pode cruzar a ponte do rio Daugava a pé ou de patinete elétrico, para observar a bela vista da cidade do outro lado do rio e conhecer o “Castelo das Luzes”, apelido dado para o novo prédio da Biblioteca Nacional da Lituânia. O espaço moderno conta com diversos andares com diferentes temas, boa parte deles aberto ao público de forma gratuita, com exposições variadas, além da chance de ver a vista panorâmica da cidade através das enormes janelas de vidro do prédio.
Esse distrito criativo de Riga é uma região que costumava ser pobre e excluída mas acabou se desenvolvendo como um bairro das artes, onde a população local se diverte entre cafés, cervejarias artesanais, boates, galerias de arte e lojas de design e vintage. O nome vem da rua Miera, que junto a rua A.Briāna vão te servir de guias por essa região. Eu estive lá na cervejaria LABIETIS, uma das nove cervejarias que compõe o “Riga Beer District”.
Na beira do rio Daugava, ficam antigos armazéns, numa região que desde o século 14 servia como apoio a navios de carga. Hoje, o Spikeri Quarter reúne, numa série de predinhos de tijolo vermelho de 150 anos, oficinas de arte, escritórios e restaurantes. No verão, o lugar recebe inúmeros eventos ao ar livre, como o White Night Festival, Riga City Festival, Night of Museums, Riga Restaurant Week.
Nessa região também está o Museu do Holocausto da Lituânia, também conhecido como Riga Guetto. O museu é gratuito, mas conta com as doações dos visitantes. A exposição é dividida entre exposições a céu aberto e dentro de antigos galpões e casas onde ficava o gueto judeu na cidade. Riga, por sua localização privilegiada, funcionava como uma espécie de centro de distribuição de pessoas para os campos de concentração. A exposição é muito bem montada, contando boa parte dos horrores da época e também as histórias de diversas pessoas.
Provavelmente o mercado de pulgas mais estranho que já visitei. Acontece todos os domingos em Riga. Ali, as barraquinhas não são organizadas ou seguem qualquer padrão. Espere encontrar centenas de objetos amontoados que causam estranhamento a primeira vista. Um olhar mais atento revelará memorabilia da Segunda Guerra e da União Soviética, peças de decoração variadas, brinquedos antigos além de montanhas de equipamentos eletrônico e peças estranhas.
O museu que conta a história da ocupação da Letônia pela União Soviética e Alemanha Nazista é dividido em dois espaços e que tem entrada gratuita. A não ser que você queira fazer um tour guiado, que custa de 4 a 10 euros. Saiba mais no site oficial .
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Lembranças de nomes de lugares , fatos , que meus pais contavam.
Saudades dos meus pais , avó e tia ..Be
É um país de origem
É um sonho uma viagem a esta linda terra. Não são todos que consegue.mas seria um sonho a virar realidade 🤪
Boa tarde, Luíza! Há algo estranho no texto: não tem como o percurso de ônibus de Riga a Tallinn ou Vilnius durar apenas uma hora. Acredito que sejam pelo menos três horas e meia, não?
Oi Eli,
Você tem razão, o texto está com esse erro feio! Vou corrigir imediatamente. São cerca de 4 horas
Nós temos uma réplica do Monumento da Liberdade em Varpa, interior de SP. Ainda tem resquício lá de uma colônia de letões.
Que interessante Renato, não sabia!