Cidades históricas, cachoeiras, lagos, muitos castelos, picos nevados, turismo de aventura e comida boa. É isso que encontra quem se aventura pela Eslovênia, um dos segredos mais bem guardados da Europa. Este texto é um guia completo para você organizar seu roteiro pela Eslovênia de carro, de 3 a 7 dias.
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A Eslovênia é um país pequeno, com pouco mais de 20 mil quilômetros quadrados – menos que Sergipe, o menor estado Brasileiro. A população eslovena também é pequenina, com apenas dois milhões de habitantes, o que é quase igual ao número de moradores de Curitiba.
Some isso com a vizinhança – Áustria (norte), Hungria (leste), Croácia (sul) e Itália (oeste) – e com estradas ótimas e vai ser fácil perceber por que a Eslovênia é o país perfeito para uma viagem de carro. De Veneza até a fronteira com a Eslovênia são apenas 140 km (1h20 de estrada), enquanto até Liubliana, a capital do país, são só 240 km (2h30 de estrada).
Liubliana
A Eslovênia faz parte da União Europeia e tem ótima qualidade de vida – o Índice de Desenvolvimento Humano é um dos mais altos do mundo. É também um dos países mais seguros do planeta, figurando num grupo seleto que inclui Islândia, Japão, Dinamarca e Canadá, só para citar alguns. Por ano, a Eslovênia registra, em média, menos de 20 homicídios.
Embora a República da Eslovênia tenha menos de 30 anos – até 1991 o país era parte da Iugoslávia – a região é habitada há milênios, tendo sido dominada por celtas, romanos, hunos, tribos germânicas e, já no século 20, foi uma das seis repúblicas socialistas iugoslavas. Por conta da proximidade, há também grande influência italiana, austríaca e húngara.
Vai para a Itália e tem uns dias sobrando no roteiro? Gaste-os na Eslovênia, partindo de carro de Veneza. Foi isso que fizemos. Além da já mencionada curta distância e das estradas boas, vale dizer que dirigir na Eslovênia é simples e sem grandes desafios.
Alugamos um carro no Aeroporto Marco Polo, nos arredores de Veneza, e seguimos diretamente para Liubliana. Fizemos o trajeto entre Veneza e o aeroporto de ônibus (8 euros), mas também é possível alugar o veículo em Mestre, cidade próxima, ou mesmo do lado de fora de Veneza, nos arredores da Piazzale Roma. Optamos por retirar o veículo no aeroporto porque assim não corríamos o risco de entrar em alguma zona de trânsito limitado, já que bastava pegar a autoestrada, e também pelo funcionamento 24h das locadoras do terminal.
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Minha dica é que você faça a busca num comparador de preços, a Rent Cars. Assim você descobre qual a locadora está com o melhor custo/benefício e vê até a avaliação das várias empresas, feitas por outros motoristas.
Outra vantagem é que você paga em reais, pela internet e sem IOF. Em geral, a reserva já vai incluir um seguro, mas ele pode ser básico. Você não é obrigado a pagar nada a mais para retirar o veículo, mas as locadoras europeias costumam ser insistentes na tentativa de convencer clientes a subirem a categoria do veículo ou a adquirem um seguro que zera a franquia – essa opção nem existe quando você aluga um carro nas principais seguradoras do Brasil.
Zerar a franquia pode dobrar o valor das diárias, então considere isso ao decidir o que fazer. Por outro lado, a vantagem é não se preocupar em excesso com problemas que, a gente sabe, acontecem, ainda mais dirigindo por outros países. Eu reservei o carro pela Rent Cars, optando pela Locauto. Outra locadora que já testei na Europa foi a Sixt. As duas locações foram sem problemas e os carros eram bons e foram entregues limpos e com tanques cheios.
Você vai precisar da sua Carteira Nacional de Habilitação e da PID, a Permissão Internacional para Dirigir.
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Como tirar a carteira de motorista internacional (a PID)
Já se foi o tempo em que era necessário alugar um aparelho de GPS junto com o veículo – é mais negócio ter internet no seu celular e usá-lo para isso. Na locadora, um GPS vai custar, em média, 10 euros por dia.
Alugue um carro por uma semana e você gastará mais do que o necessário para ter 12 giga de internet por um mês, saindo com o chip internacional já no Brasil. Foi o que fizemos – usamos o chip da Viaje Conectado – Yes Brasil, que funcionou perfeitamente, em vários países da Europa. Detalhes aqui.
Com o chip de celular, o único risco é ficar sem bateria. Esteja sempre com o cabo do aparelho, para recarregá-lo no veículo.
Sim, é possível viajar pela Eslovênia sem carro.
Por exemplo, várias empresas fazem o trajeto de ônibus ou transfer entre Veneza e Liubliana, uma viagem que leva de 3 a 4 horas. Também é possível encontrar viagens de ônibus saindo de cidades próximas como Zagreb ou Viena.
Também é simples o deslocamento entre as cidades turísticas da Eslovênia, como chegando em Bled por exemplo: há opções de trem e ônibus.
Tenha em mente que o carro torna possíveis paradas rápidas em cidades lindas na beira da estrada. Uma coisa inteligente das estradas da Eslovênia é que há placas indicativas a cada cidade, com uma imagem do principal cartão-postal e uma frase que explica o que você vai achar ali. É só desviar para incluir paradas breves e que não estavam no roteiro inicial. Então minha dica é: se puder alugar um carro, faça isso.
Liubliana
Esse roteiro inclui alguns dos principais cartões-postais do país:
Com pouco tempo, o melhor é você se hospedar os três dias em Liubliana e de lá fazer um bate-volta para Bled (54 km, 40 minutos). Já Predjama está convenientemente no meio do caminho entre Liubliana e Veneza, então funciona como pit stop.
Deixe Veneza cedo e siga para Liubliana. Na parte italiana do percurso você seguirá pela A4, uma autoestrada duplicada e com pedágios, que corta todo o norte do país, de Turim até Trieste, já na fronteira com a Eslovênia. Há pedágios: você pega o bilhete no posto de entrada e paga no posto de saída, em euros ou com cartão de crédito. Nem sempre há atendentes no guichê e você pode ter que fazer o pagamento numa máquina.
Já na parte eslovena o percurso é pela A1, rodovia que leva até a capital e depois segue sentido Hungria. Aí o pedágio é o Vignette, que deve estar afixado no para-brisa do carro. A fiscalização é eletrônica.
Castelo de Predjama
Cerca de duas horas depois de sair de Veneza você chegará na altura do Castelo de Predjama – você pode optar por parar ali na ida ou na volta. Faça o desvio e conheça o castelo encravado na rocha e que foi mencionado pela primeira vez em 1274! Dá para só vê-lo por fora (foi o que fizemos), mas quem quiser pode também visitar a exposição que fica dentro do prédio.
Para quem tiver tempo, pode valer incluir no roteiro as Cavernas Postojna, que estão a 10 km do castelo e são um dos maiores complexos do tipo no mundo. A visita custa 27 euros e dura 1h30. Está em Liubliana, mas sem carro? O Get Your Guide tem uma excursão que sai da capital, vai para esses dois locais e que já inclui os ingressos.
Depois da parada, retome o caminho até Liubliana. Deixe o carro no hotel e siga para o rio Liublianica, que corta a cidade. Ali estão vários bares e restaurantes, além das principais atrações da capital. Assim como o restante do país, Liubliana é uma cidade pequena: são menos de 300 mil habitantes. Os principais pontos de interesse turístico estão às marges do rio, que é o coração político e histórico da cidade.
Liubliana
Não há atrações obrigatórias, o que torna o passeio ainda melhor. Gaste seu tempo percorrendo as ruas de Liubliana sem direção e você naturalmente vai conhecer tudo – a catedral, as pontes, os museus e prédios históricos. Depois, suba de funicular até o Castelo de Liubliana, que paira sobre a cidade.
Está pronto para conhecer a paisagem mais bonita da Eslovênia? E não só: o Lago de Bled é um daqueles lugares quase inacreditáveis. Torça por um dia bonito, sem nuvens, e o passeio vai justificar a fama.
De Liubliana são 54 km pela rodovia A2, que segue o alto padrão das estradas do país. Não há grandes subidas ou curvas. Se você viajar no verão, vá cedo, porque Bled é um balneário e fica lotado nessa época, o que complica o trânsito e dificulta a tarefa de encontrar estacionamento.
Bled
Por falar nisso, há vários estacionamentos na cidade, todos com custo por hora e com parquímetro: você para o carro, insere o dinheiro relativo ao tempo que pretende usar a vaga e pega o comprovante, que deve ser deixado dentro do veículo, em local visível. Espere pagar em torno de dois euros por hora. Ahh, e não se esqueça de anotar o nome do estacionamento ou, melhor ainda, marcar a localização dele no Google Maps.
O principal passeio em Bled é caminhar pela orla e curtir o visual. No verão, há atividades aquáticas por ali, com direito a clubes na beira do lago. Também é possível fazer o passeio de barco e descer até a ilha no centro do lago, onde está uma igreja. Se o dia estiver bonito, invista seu tempo na trilha até o Morro Ojstric, de onde é possível ter a vista (e a foto) clássica de Bled! É uma subida de 20 minutos.
Vista de Bled a partir do Morro Ojstric
Depois, pegue o carro e suba até o Castelo de Bled, que fica no alto de um morro. Há estacionamento no local e a entrada vale mais pela vista do que pela construção em si. O restaurante no castelo, inclusive, tem um janelão com vista memorável.
Nos arredores de Bled há mais trilhas, um rio e até atrações sazonais, como um tobogã que é montado todo verão, um passeio de rafiting num rio que está a 5 km do centro da cidade ou uma pista de esqui que nasce todo inverno.
Depois, ache um restaurante ou bar com vista, escolha algo no cardápio e aproveite o visual. Retorne para Liubliana após o pôr do sol ou, se sobrar tempo, dirija por mais 30 km até chegar ao Lago Bohinj, que também é lindo.
Para quem está sem carro, há também um tour guiado, saindo de Liubliana, que passa por Bled e pelo Lago Bohinj, com direito a passeio de barco e entrada no castelo.
Gaste o terceiro dia em Liubliana, aproveitando para conhecer os lugares que você não conseguiu visitar na tarde do dia 1.
Tem uma semana? Eu dividiria o tempo assim: três noites em Liubliana, uma em Bled, que agora não seria mais um bate-volta, e três em outra(s) parte(s) do país. Algumas opções:
Piran
Também dá para combinar a Eslovênia com destinos em outros países:
Zagreb, capital da Croácia, está a 138 km (1h30) de Liubliana.
A fronteira com a Hungria está a 230 km (2h14) e Budapeste fica a cerca de quatro horas de estrada. A distância até Viena, na Áustria, é parecida.
Já Belgrado, na Sérvia e Sarajevo, na Bósnia Herzegovina, ficam a cerca de 500 km de distância, uma viagem de 5 horas.
Saiba mais:
O que fazer em Viena: roteiro de 3 dias e outras dicas
O que fazer em Budapeste: roteiro de três ou mais dias
O que fazer em Belgrado, Sérvia: roteiro completo de viagem
O que fazer em Sarajevo, Bósnia: guia de viagem completo
Se for seguir viagem por esses países, lembre-se de verificar antes se a seguradora permite a viagem. E também se há necessidade de pagar alguma taxa de pedágio, como o Vignette, o adesivo/pedágio cobrado pelo governo esloveno.
Se você está de carro, o ideal é buscar por hospedagem com estacionamento gratuito. Para conseguir isso, em Liubliana vai ser necessário ficar um pouquinho afastado do centro. Nada que assuste: há bons hotéis e apartamentos assim e que estão a caminhadas curtas do coração da cidade, menos de 10 minutos a pé.
Se preferir ficar num hotel sem garagem, tente descobrir a localização de estacionamentos pagos. Há vários pela cidade. O único problema dessa estratégia, principalmente para quem viaja na alta temporada, é o risco do estacionamento mais próximo ao seu hotel estar lotado.
Veja também: Onde ficar em Liubliana, na Eslovênia – dicas de hotéis
Como Bled é uma cidade pequena, é bem mais fácil achar pousadas bem localizadas e com estacionamentos gratuitos. É o caso nas três opções abaixo:
Escolha uma das três cidades (Piran, Izola ou Koper) no litoral e vá para as outras a partir da sua base: os deslocamentos são curtíssimos (menos de 20 km). Paramos em Piran porque a cidade nos pareceu a mais bonita.
A Eslovênia está dentro da zona do euro, o que facilita muito a viagem – alguns dos países vizinhos, dos Bálcãs, têm suas próprias moedas. Por conta disso, a dica é comprar euros em espécie antes de começar a viagem, considerando toda sua aventura europeia. No mais, é possível e seguro pagar muita coisa com cartão: restaurantes, bares, lojinhas, atrações turísticas e, claro, hotéis.
Para temperaturas mais amenas, vá entre março e maio, a primavera eslovena. Se quiser calor, viaje entre maio e outubro, época que corresponde ao verão e ao outono. Esse é também o período em que chuvas ocasionais podem atrapalhar seu passeio. Julho e agosto, tradicionalmente alta temporada na Europa, trazem mais turistas – e os preços acompanham a demanda.
Janeiro é o mês mais frio, período em que a neve é uma constante em várias partes do país. Mas isso não significa que a viagem seja inviável. Pelo contrário, a Eslovênia é um ótimo destino de inverno. Perto do Natal, Liubliana fica lotada de feiras de comidas típicas e os moradores saem para as ruas em busca de vinho quente. Para quem gosta de esquiar, é alta temporada nos Alpes! Neste link há um passeio de meio dia por uma estação de esqui, com transporte, instrutor e passe.
Com exceção das festas de fim de ano, o inverno é uma época de poucos turistas e preços mais em conta. Eu estive no país nessa estação, no começo de dezembro, e gostei bastante. Leve agasalhos e o frio fica fácil de aguentar. O único problema – comum para quem viaja pela Europa nesse período – é que os dias são bem mais curtos, com o pôr do sol ocorrendo por volta das 16h. Planeje-se pensando nisso, evitando um roteiro muito corrido.
Assim como em boa parte da Europa, o seguro viagem é obrigatório para entrar na Eslovênia, com exigência de cobertura mínima de 30 mil euros. Em geral, um seguro desse porte custa R$ 15 por dia de viagem.
Nos recomendamos que você faça a busca num comparador, a Seguros Promo. Lá você consegue ver os preços nas principais seguradoras, avaliar qual a melhor cobertura para você e ainda inserir nosso cupom de desconto (360meridianos05), que dá 5% off. Quem paga com boleto garante outros 5% a menos.
Veja também: Como escolher o melhor seguro de viagem para a Europa
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