O que fazer em Sabará, a cidade histórica mais próxima de BH

Em Sabará (MG), é só cruzar a esquina para ficar difícil de segurar o queixo – prova que o cartão-postal mais famoso da cidade, a Igreja de Nossa Senhora do Ó, tem o nome correto. Ela é pequenina, tem uma torre só e está na parte antiga dessa cidade colonial que foi fundada em 1675.

E que está pertinho de BH: são apenas 25 quilômetros, distância que pode ser percorrida de ônibus urbano, com tarifas de R$ 4,50, ou até mesmo de Uber, 99 ou Cabify – a corrida sai por R$ 50, em média.

Tanta facilidade torna difícil explicar por que eu, belo-horizontino, demorei 31 anos para colocar os pés em Sabará. E se o povo de BH faz isso, imagina o restante do Brasil? A consequência é que Sabará, que foi transformada em vila em 1711, ainda é desconhecida pelo viajante nacional, pelo menos na comparação com cidades históricas como Ouro Preto, Mariana ou Tiradentes.

Igreja de Nossa Senhora do Ó

A proximidade com a capital trouxe uma urbanização desordenada, o que faz com que casarões coloniais dividam espaço com construções modernas. Sabendo disso, confesso que eu nem esperava muito do centro histórico da cidade, o que rendeu um fator surpresa ótimo. Foi só descer na Rua Pedro II (os dois imperadores do Brasil visitaram a cidade e se hospedaram ali) para me deparar com um monte de casarões, várias igrejas e ruas de pedra. Ó:

Sabará, MG: pontos turísticos e o que fazer

Percorremos Sabará sem pressa e com zero intenção de fazer um checklist. E foi assim que, uma a uma, as principais igrejas da cidade apareceram pela frente. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi planejada e erguida pelos escravos, que desejavam um local para sua fé. Embora uma capelinha tenha surgido ali em 1713, a construção do templo mesmo começou só em 1768, sendo interrompida com a abolição da escravatura.

Outra igreja importante é a de Igreja Nossa Senhora do Carmo, da irmandade de mesmo nome. Aleijadinho, símbolo máximo da arte barroca brasileira, trabalhou no coro, no púlpito e na decoração em pedra-sabão da fachada do templo, entre outras coisas.

Destaque também para a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, erguida entre 1714 e 1720 – essa é uma das que vale a pena você entrar, por conta da decoração. Por fim, vale citar as igrejas de Nossa Senhora das Mercês, de São Francisco e da simpática Capela do Senhor Bom Jesus.

Se já estiver cansado da caça a igrejas, pode ser a hora de começar a busca por chafarizes. O mais famoso é o Kaquende, que desde 1757 abastece a cidade com água de uma nascente do Morro de São Francisco. Como toda cidade tem sua lenda, tá aqui a de Sabará: é beber da água desse chafariz e garantir que você voltará ali um dia. Outros chafarizes importantes são o do Rosário e da Confraria.

Ao passear sem rumo pelas ruelas não deixe de prestar atenção nos casarões. Alguns deles têm função no comércio – viraram farmácias e lojas de eletrodomésticos, conservando as fachadas e pinturas originais. Outros são usados como espaços públicos e que recontam a história de Sabará.

Tipo a antiga Casa de Intendência e Fundição do Ouro, que, no período colonial, era para onde todo o ouro extraído na região deveria ser levado. Lá, o metal era fundido e, claro, taxado. Hoje funciona ali o Museu do Ouro.

Na Rua Dom Pedro II está o Solar do Padre Correa, erguido nas últimas décadas do século 18 e onde mais tarde se hospedou o Imperador. A Casa de Borba Gato, o Sobrado de Dona Sofia e a Casa Azul são outras famosas, mas, numa boa, tem um monte de casarão anônimo e bonitão por ali. Por falar nisso, anote o horário de funcionamento padrão para as atrações de Sabará: as coisas abrem das 9h às 17h, mas fecham para almoço (11h às 13h). Muitas cobram entrada de R$ 3.

Ainda nessa parte da cidade está o Teatro Municipal, que é lindo e tem acústica impressionante, além de ser o segundo mais antigo do Brasil em funcionamento. Depois de anos de obras, o Teatro foi reaberto ao público no final de 2019.

Mas o ponto alto da cidade está mesmo na Igreja de Nossa Senhora do Ó, construída no século 18 e apontada por alguns historiadores como um dos grandes exemplos do barroco mineiro. O interior da igreja guarda uma das curiosidades de Sabará, presente também em outros templos da cidade: a influência chinesa na decoração, como pinturas e painéis. Uma das explicações para isso seria a presença de artistas de Macau, que na época, assim como Goa, na Índia, era controlada por Portugal.

Dois festivais também movimentam a cidade. O da Jabuticaba ocorre em novembro, enquanto o de Ora-pro-nobis, de gastronomia, é sempre em Maio, num distrito de Sabará chamado Pompéu.

Como chegar em Sabará

O ônibus 9030, que passa na Rua dos Caetés, no centro de Belo Horizonte, deixa em Sabará. A passagem custa R$ 4,50. Outra opção é o 4986, que custa R$ 7,30, passa por várias ruas do centro e para na rodoviária.

Como eu disse no começo do texto, também dá para ir e voltar de uber/99/cabify. Pode valer a pena, principalmente para quem viaja em grupo. Foi o meu caso: pagamos cerca de R$ 50 por trecho, um ótimo custo/benefício.

Quem optar por ir de carro precisa apenas seguir pela Avenida Cristiano Machado e depois pela BR-262, sentido Vitória. Espere gastar entre 30 e 40 minutos na viagem.

Onde ficar em Sabará

Exceto durante festivais, quando pode compensar ficar mais tempo, acho que Sabará é o caso ideal para um bate-volta. Se preferir, porém, há opções de hospedagem por lá.

Você acha uma lista com algumas das pousadinhas de Sabará aqui.

Sabará combina com…

É fácil combinar Sabará com outras cidades históricas: Caeté, Catas Altas e Santa Bárbara. O Santuário de Nossa Senhora da Piedade fica em Caeté, a 60 quilômetros de Sabará, e tem uma vista incrível da região.

Depois, siga para o Santuário do Caraça, uma das maravilhas da Estrada Real. Se hospede no hotel que funciona dentro do Santuário, que está numa área de reserva ambiental. No dia seguinte é só seguir para Catas Altas, a 30 km do Santuário.

E, para quem tem tempo, dali é fácil continuar até Mariana e Ouro Preto. Por mais que seja possível fazer grande parte desse roteiro de transporte público, essa é uma viagem bem mais simples para quem está de carro. Veja aqui como alugar um veículo com bom custo/benefício.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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