O que você sabe sobre camelos? Provavelmente que ele é aquele bicho que anda pelo deserto e que é trocado por mulheres em países árabes. E tem uma ou duas corcovas, dependendo da espécie. E consegue viver e andar muito tempo sem água ou comida. Mas provavelmente você nunca chegou muito perto de um camelo e nem deu uma voltinha com ele no deserto. Pois bem, essa foi mais uma das nossas aventuras.
Subir num desses bichos, que tem cerca de 2 metros de altura, não é tarefa fácil. A Naty, por exemplo, quase caiu na primeira tentativa – porque o dromedário resolveu levantar antes de ela estar preparada. Primeira regra sobre camelos: para subir ou descer você precisa se inclinar para trás e segurar firme. E tente não fazer muita cara de medo no processo: isso ajuda seu orgulho próprio.
O próximo passo não é se acostumar ao trote e ao balancê, mas sim ao fedor. Pois é colega, por baixo daqueles 75cm de corcova que, ao contrário do que muitos pensam, não serve para armazenar água, tem um cheirinho difícil de aguentar. Além disso, os queridos animais estão cagando e andando para você, literalmente. O tempo inteiro. Não é das coisas mais agradáveis de se ver, mas enfim, para que foi inventada a paisagem se não para ser observada nessas horas?
Os camelos podem andar uns 3 ou 4 dias consecutivos e alcançar uns 65km/h. Mas não foi esse o objetivo do passeio que a gente fez. Porque afinal, olha para a nossa cara de aventureiros da natureza. Em um dia e meio, saímos de jipe de Jaisalmer até o ponto onde os camelos ficam, depois passeamos pelo deserto até as dunas, acampamos, comemos e dormimos lá e depois voltamos pro local inicial.
E isso foi o suficiente para nós. Isso tudo em baixo de muito sol, então a próxima regra é se vestir apropriadamente, mesmo que isso signifique embarangar-se. Chapéu: check. Lenço: check. Calça folgada que cobre a perna toda: check. Óculos escuros: check. E como diria o Pedro Bial, não se esqueçam do filtro solar. E um casaco para o frio noturno do deserto.
Mas é claro que o destino me reservava um passeio com mais emoção. Nossos camelos se chamavam Sonia (Rafa), Papu (Naty) e Romeu (Luíza). O nosso guia, desconhecendo meu talento para desastre e destruição, além de me dar as rédeas do Romeu, enquanto o resto do grupo era puxado pelos guias, não me contou que o camelo era maluco. Resultado: gritos quando Romeu me deixava para trás de todo mundo. Gritos quando minha cela começava a cair de lado. Gritos quando Romeu corria do nada. E por fim, ele resolveu ir em direção as árvores e estragar minha calça.
Guias preparando nosso jantar no deserto
Fora isso, correu tudo bem. Não há como descrever como o céu no deserto é impressionante. Dormir na areia (num colchonete) e acordar com o nascer do sol também é uma experiência sensacional. E mesmo que o Deserto de Thar não fosse lá aquele deserto de areia e se parecesse mais com o sertão nordestino, com plantas e bodes, o passeio permite ver, ouvir e sentir algo que nós nunca havíamos experimentado.
Em Jaisalmer, no Rajastão, existem diversas agências e hotéis que oferecem esse tipo de passeio. As opções vão de andar por meio dia e jantar no deserto, pernoitar e até passar períodos mais longos no lombo dum dromedário.
Quanto custa
Os preços variam de acordo com o tipo de passeio escolhido e com o local. Para jornadas como a nossa, de um dia e meio, existem passeios que vão por lugares mais movimentados e custam mais barato (cerca de 800 rúpias) ou que passam por lugares mais vazios e limpos, como o que a gente escolheu (sai por cerca de 1500 rúpias). Vale pesquisar bastante e barganhar o preço.
A logística do safári não é das mais fáceis, porque se você resolver não fechar o tour com o hotel em que está hospedado, é preciso fazer check out para não pagar pela noite em que você vai dormir no deserto – mas, e onde deixar as malas e tomar banho depois?
A gente estava com esse problema e achamos uma agência que resolvia essas questões. Chegamos até ela por indicação de amigos que tinham feito o safári antes. O nome dela é Adventure Camels. Mas como eu disse no tópico anterior, pesquisar e barganhar continuam sendo tarefas imprescindíveis na Índia.
Safari de Camelo na Índia from 360meridianos on Vimeo.
Esse parágrafo é uma atualização do post, escrita beeem depois que nós tivemos a experiência do safári de camelo. Acontece que passamos a refletir cada vez mais sobre a ética em atrações com animais e, claro, alguns leitores vieram nos questionar a respeito desse Safári. O passeio que nós fizemos pareceu muito correto tanto no sentido do tratamento dos animais, quando no emprego de moradores locais em todo o processo, e ainda na escolha de uma rota alternativa, menos turística, com cuidados com a produção de lixo e tudo mais. Por outro lado, tivemos relatos de que não é sempre assim e que os camelos sofrem bastante durante alguns passeios – portanto, cabe refletir se vale a pena.
Não consideramos todas as atrações com animais erradas e, no caso desse passeio específico, não vivenciamos uma situação que nos pareceu alarmante. Até porque o uso de camelos domesticados pelas comunidades indianas é tão milenar quanto os uso dos cavalos pelos ocidentais, e de certa forma, fundamental ao modo de vida deles. Mas estamos abertos a saber qual a sua opinião sobre o tema. Por favor, compartilhe com a gente nos comentários!
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Ver Comentários
Oi! Parabéns pela postagem e pelo blog, estou indo pra Índia em dezembro e sempre foi um sonho fazer um safári assim pelo deserto, dormir vendo as estrelas... Mas tenho uma preocupação muito grande em relação à exploração animal e pelo o que eu vi, vocês também tem... Por isso surgiu uma dúvida, vocês recomendam esse passeio? Não acham que os animais sofrem maus tratos ou algo do tipo? Muito obrigada!!
Oi Ana,
Realmente temos uma grande preocupação com exploração dos animais e desencorajamos qualquer tipo de passeio que tenha relação com maus tratos.
Porém, eu já pesquisei bastante e não encontrei nada sobre sofrimento ou maus tratos do camelo/dromedário (inclusive, se você já leu alguma coisa sobre isso, peço que nos envie!).
Essa empresa que a gente indica no final do post é bem séria, tem um cuidado com o meio ambiente e com os bichos.
Abraço
Oi, xará de nome! Eu também me chamo Luísa, com S, mas também Luísa, haha. Eu amo o Blog e sigo vocês em todas as redes sociais que eu posso. Sou apaixonada pela Índia e planejo uma viagem para lá. Eu queria saber se nesse Safári de Camelo tem opção de fazer o Safári e voltar para a cidade ou se só existe a opção de dormir no deserto. Aguardo muito ansiosa por resposta! Obrigada!
Oi Luísa,
Tem a opçõa só de ir ao Safári. Eu inclusive achei que era essa que ia escolher, mas o pessoal da agência nos convenceu a dormir no deserto e vou te falar: MELHOR DECISÃo.
é uma experiência muito legal e praticamente imperdível. Andar de camelo nem tem tanta graça assim, a parte de dormir embaixo de um milhão de estrelas foi muito mais emocionante.
Olá, estou planejando minha viagem pra índia no final de 2015, pretendo ficar pelo menos 20 dias lá, estou montando meu roteiro e além do triangulo dourado estou pensando em ir a jaisalmer andar nos dromedários e em varanasi, vc sabe se na ìndia existem passeios em elefantes ?? dei uma pesquisada e parece que em agra tem, mas as informações não pareciam mt confiáveis !
OI Marcus
estou indo para a India proximo janeiro.
se voce vai ainda fazer esse roteiro por favor me deixa um meio de saber como foi para eu pegar dicas com voce.
Agradeço desde já.
Olimpio
Oi Marcus,
Não recomendo você fazer passeios de elefante na Índia. A situação lá de maltrato aos animais é tão ruim quanto na Tailândia
https://www.360meridianos.com/dica/passeios-elefantes-tailandia
Abraço