O nome é San Cristóbal de las Casas, mas pode chamar de San Cris, muito prazer. Capital cultural e turística do Chiapas, estado no sul do México que faz fronteira com a Guatemala, essa cidade histórica está repleta de igrejas, bons restaurantes e casarões coloniais.
Acrescente também a forte cultura indígena da região – parte da população nem fala espanhol -, o clima tranquilo e as belezas dos arredores. Pronto, você vai entender por que San Cristóbal de las Casas é o tipo de lugar que transforma turistas em moradores.
Com apenas 180 mil habitantes, a parte turística de San Cris é pequena e pode ser percorrida em um dia ou dois. Deixe suas malas no hotel e dedique seu tempo a fazer o segundo melhor passeio da cidade – caminhar sem rumo. O primeiro, bem, depois eu te conto qual é.
Separamos as principais atrações de San Cristóbal de las casas em um roteiro de três dias pela cidade. Você pode tanto utilizá-lo na ordem sugerida abaixo, quanto criar sua própria programação. Se tiver qualquer dúvida, deixe um comentário!
Como é tradição no México, tudo começa no Zócalo, a praça central, que já teve oito nomes oficiais, mas acaba mesmo sendo conhecida pelo apelido. Em San Cris, ele tem sido o coração da cidade desde sua fundação, em 1528!
É ali que está a Catedral de San Cristóbal, assim como o Palácio de Governo, onde funciona o MUSAC, um dos mais importantes museus da cidade e que conta a história de San Cris e do estado de Chiapas.
Ali, na praça e nos arcos do museu, costumam ocorrer eventos e uma feirinha de comidas e doces. Atrás do museu está o Parque de los Arcos. E também na mesma área e em frente à Catedral está a Praça da Paz, onde há um cruzeiro e que fica cheia de gente, dia e noite.
Há também uma variedade de restaurantes, cafés e vendedores ambulantes que batem ponto por ali. Provar o tradicional café de Chiapas ou experimentar os tamales e quesadillas vendidos nas barracas de rua é uma experiência imperdível.
Esse é o centro de San Cris. E dali e para ali que tudo acontece – e é perto dessa região que você deve se hospedar.
Eu fiquei a três quadras do Zócalo, no Hotel Mansion Del Valle, e paguei cerca de R$ 150 no quarto duplo. Outras opções bem localizadas são o Las Escaleras by Inmense e o Plaza Gallery Hotel & Boutique.
Voltando ao turismo, uma das partes mais legais de San Cristóbal são ruas só para pedestres, também chamados de andadores turísticos. Veja quais são eles:
Siga por sete quadras pela Calle Real de Guadalupe, até o ponto em que a rua volta a receber trânsito de veículos, e você chegará ao pé da escadaria que leva até a Igreja de Guadalupe.
Esse é um dos pontos mais altos de San Cristóbal de las Casas. Vale subir para observar a vista, sobretudo perto do pôr do sol.
Esse é um importante local de peregrinação, especialmente durante as celebrações da festa da Virgem de Guadalupe, padroeira do México, no dia 12 de dezembro.
Provavelmente o templo mais bonito da cidade, a construção tem a fachada num estilo barroco que é típico dessa parte do México.
Na frente dessa igreja funciona uma feira de artesanato ótima – achamos lá almofadas em formato de caveiras coloridas que tivemos que trazer para casa, mesmo que as compras fossem meio grandinhas e complicadas de colocar na bagagem.
Parte do complexo do convento agora abriga o Museu de los Altos de Chiapas e o Centro de Textiles del Mundo Maya.
Desse ponto, seguindo em frente pela rua General M. Utrilla, você chegará ao antigo mercado de San Cris, outra parada interessante.
Você vai perceber que chegou pela grande movimentação de pessoas e pela feira de rua que funciona em frente. Historicamente, o mercado tem sido um ponto central para as comunidades indígenas e locais, funcionando como um espaço de troca econômica e cultural.
Muitas das mercadorias vendidas ali são produzidas pelos povos indígenas da região e ajudam a fomentar as economias dessas comunidades.
A 10 minutos de caminhada dali, na mesma direção, está o Museu da Medicina Maya, uma instituição dedicada a preservar e divulgar o conhecimento tradicional dos povos indígenas maias sobre medicina e práticas de cura.
O lugar conta um pouco sobre a rica herança cultural e as práticas de saúde holísticas que têm sido transmitidas oralmente de geração em geração e ajuda na documentação e preservação di conhecimento médico tradicional.
Na exposição, você vai encontrar:
De volta ao Zócalo, pegue o Andador Eclesiástico no sentido oposto, na parte sul. O primeiro monumento que você verá é a Igreja e Arco Torre del Carmen, construído no século 17, para servir como uma das portas de entrada da cidade e como campanário da igreja e parte de um convento.
Esse é outro monumento icônico da cidade, considerado patrimônio histórico local.
Dali, siga pela rua Hermanos Domínguez. Logo você avistará uma escadaria com outra igreja no topo, a de San Cristobalito, também conhecida como a Igreja de San Cristóbal Mártir.
Ela foi construída do século 18, em homenagem ao padroeiro da cidade e foi colocada no topo da colina para proteger as terras ao redor. Devido a sua localização, a Igreja conta com vistas incríveis! Vale subir para admirar a vista.
Ainda desse lado da cidade está o Mercado de Dulces y Artesanias, outro ponto interessante para compras.
Quando der aquela vontade de adoçar a boca, experimente provar as cocadas, tamarindos cristalizados, palanquetas (barras de amendoim com mel), cajeta (doce de leite) e frutas cristalizadas.
Esses doces são feitos com receitas tradicionais que foram passadas de geração em geração.
Já se o que você quer é artesanato, não deixe de olhar os têxteis bordados à mão, cerâmicas pintadas, joias de âmbar, brinquedos de madeira e peças de couro.
San Cris também tem alguns museus. Confesso que só fui em um, o do Ambar, que fica ao lado da Igreja de la Merced e de uma praça bonita, de mesmo nome.
O museu valeu porque o dia estava chuvoso e não dava para fazer muita coisa ao ar livre. Se esse não for o caso, o melhor é curtir a cidade fora de quatro paredes. Outros museus da cidade são o de Culturas Populares de Chiapas, o de Jade e o Na-Bolom.
E a lista de atrações não acaba por aí, claro. San Cris tem outras igrejas, para Ouro Preto nenhuma botar defeito: são mais de duas dezenas de templos, e isso só contando os com séculos de existência. Se visitar igrejas é uma coisa que você gosta, vale fazer uma checklist.
Há diversas atrações que valem a pena conferir nos arredores de San Cristóbal de las Casas. Se você for incluir algumas delas nos roteiros, lembre-se de considerar dias extrar no seu planejamento.
Em geral, conhecer San Cris toma um dia inteiro, e os demais dias podem ser usados para explorar os arredores.
O passeio bate-volta mais tradicional de San Cristóbal de las casa é pelo Cañion del Sumidero, que está a uma hora da cidade e é um baita cartão-postal: paredões de até mil metros emolduram o Rio Grijalva.
A região é um parque nacional e os passeios para lá partem de San Cris e incluem duas ou três horas de navegação.
Nossa ideia, quando colocamos essa parte do México no roteiro, era conhecer o Cânion, mas o tempo ruim nos forçou a alterar os planos. Uns meses mais tarde, outra blogueira do 360meridianos fez o passeio em boas condições de clima e escreveu sobre ele aqui.
Curtiu? Veja aqui então como você consegue reservar o passeio guiado com antecedência!
Outros passeios nos arredores envolvem as Cascatas El Chiflón, um complexo natural composto por várias cascatas, sendo as mais notáveis El Suspiro, Ala de Ángel, Velo de Novia, Arcoiris e Quinceañera.
Dá para nadar nas piscinas naturais e também descer em um tiroleza. Esse passeio também é oferecido por diversas agências em San Cristóbal e custa a partir de 27 dólares. Dá para reservar por aqui.
Uma visita a um acampamento Zapatista, movimento revolucionário que marcou os anos 90, tendo tomado San Cristóbal e chamando assim a atenção mundial, é outro programa possível.
Para chegar até lá, é preciso pegar um ônibus ou um táxi no Mercado Velho de San Cristóbal de las Casas. Basta perguntar se a linha para em Oventic. Chegando lá, é preciso pedir autorização para entrar. Eles podem negar a entrada, mas em geral só o fazem se estiverem muito ocupados com trabalhos internos.
Caso você seja aceito, será acompanhado por um guia, que poderá responder suas perguntas sobre o lugar.
Essa é outra visita que eu mesmo não fiz, mas a Natália Becattini, aqui do blog, conseguiu. Ela escreveu sobre a experiência em um post completo sobre como é a visita à comunidade zapatista Oventic. Veja um trechinho do post dela:
Visitar uma comunidade zapatista é, em grande medida, pisar em uma utopia. Tudo ali é pensado para o coletivo e o bem comum. Impressiona ver como eles mantêm, sozinhos, uma sociedade funcional e autônoma.
Também é dos arredores do Mercado Velho de San Cris que partem as vans que levam até San Juan de Chamula, uma comunidade que merece ser visitada e onde ocorrem cerimônias religiosas que são um misto da antiga cultura maia com a dos conquistadores espanhóis.
A cidade tem um grau significativo de autonomia em relação ao governo mexicano, permitindo que os Tzotziles preservem suas práticas culturais e religiosas. As autoridades locais, conhecidas como “mayoles”, são eleitas pela comunidade e desempenham um papel central na manutenção das tradições.
Esse é um dos passeios mais imperdíveis de San Cris. Espere gastar a metade de um dia por ali. Dá para ir acompanhado de um guia loca, o passeio custa menos que $30. Veja aqui!
Contamos mais sobre a experiência no post: San Juan Chamula: rituais maias no sul do México.
Veja algumas das nossas escolher de hospedagem em San Cristóbal de las Casas:
Veja também: Onde ficar em San Cristóbal de las Casas, México
Comer bem é o melhor programa que você pode fazer em San Cris – mais até do que perambular sem rumo pela cidade. E não tenha dúvidas: corra para o La Lupe Cocina de Maíz y de Agave. Esse foi, sem exagero, um dos melhores restaurantes em que estivemos no México.
O destaque fica por conta de uma mesa cheia de temperos, de coentro a pimentas diversas, disponível para os fregueses. Uma boa refeição por ali, com bebida, custa entre 200 e 250 pesos. O restaurante fica na Calle Real de Guadalupe, no trecho só para pedestres, nº 23.
Na mesma rua estão o La Viña del Bacco (n°13), que tem taças de vinhos por preços ótimos e serve tapas de pipoca de cortesia; e La Artesanal (n°7), uma boa opção para quem quer provar cervejas mexicanas.
Para o café da manhã, que no México nem sempre está incluído na diária dos hotéis, uma boa alternativa é o Namandi, que fica na Av. Diego de Mazariegos, 16. Eles também servem almoço e jantar, mas o café da manhã foi de longe a melhor refeição do estabelecimento.
Já o El Caldero é um restaurante pequeno e que está quase sempre lotado. No menu estão alguns dos pratos mais típicos do México, tudo por preços justíssimos. Fica na Calle Insurgentes, 5A.
Veja também: Comida mexicana: pratos típicos do país
O aeroporto mais próximo fica em Tuxtla Gutiérrez, a capital de Chiapas. Por isso, quem chega de avião precisa percorrer um trecho de quase 80 quilômetros até San Cristóbal de las Casas. A Ado, mais importante empresa de transporte do México, oferece o transfer entre o aeroporto e a rodoviária de San Cris, que está pertinho do centro da cidade.
Reserve com antecedência, pois as passagens costumam se esgotar – aconteceu comigo. A viagem custa 242 pesos cada trecho. É possível reservar online, mas também dá para comprar na loja da empresa, na Calle Real de Guadalupe.
Um táxi entre San Cristóbal de las Casas e o Aeroporto de Tuxtla Gutiérrez custa entre 600 e 800 pesos. É bom negociar com o taxista. Por fim, não vale a pena pegar o ônibus até Tuxtla, a cidade. Mesmo sendo mais barato, você precisará pegar outro transporte de lá, já que o aeroporto está a 30 quilômetros do centro. Quando eu estive em San Cristóbal de las Casas, em junho de 2017, não havia Uber ou outros aplicativos de transporte.
Também é possível chegar em San Cris de ônibus, a partir de várias cidades mexicanas.
O período de chuvas começa em maio e vai até setembro, sendo que os meses mais chuvosos são junho e setembro.
Eu fui em junho e comprovei isso, com dias quase sempre nublados e chuvas ocasionais. Não chegou a atrapalhar a viagem, mas com isso optamos por não fazer o passeio de barco pelo cânion.
Entre novembro e abril praticamente não chove. Como San Cristóbal está a mais de dois mil metros de altitude, em geral as temperaturas são amenas. Fique pelo menos três noites e três dias para ver tudo com calma.
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