Shiraz, Irã: o que fazer e onde ficar na cidade dos poetas

Shiraz está para o Irã assim como a Bahia está para o Brasil. Bom, talvez não no quesito praia, mas certamente no quesito cultura e estilo de vida. Frequentemente chamada de “Cidade dos Poetas, Vinho e Rosas”, a região já foi o centro do Império Persa e tem uma população conhecida por sua personalidade alegre e relaxada.

Shiraz é o coração cultural do país e famosa por seus jardins persas preservados, arquitetura belíssima e uma herança literária de respeito. Além disso, é o ponto de partida para visitar as ruínas de Persépolis e Pasárgada, duas cidades famosas da era Persa.

Nesse texto, você vai ler mais sobre a cultura e descobrir o que fazer em Shiraz, além de dicas de onde ficar na cidade. Vamos lá?

Como chegar a Shiraz

Localizada no sudoeste do Irã, Shiraz é bem conectada por voos internacionais e domésticos, além receber ônibus vindos de muitas partes do país. Leia também: Como planejar seu roteiro de viagem pelo Irã.

A cidade oferece meios transporte local eficientes para facilitar a locomoção dos visitantes.

Voos Internacionais e Domésticos para Shiraz

  • Voos Internacionais: O Aeroporto Internacional de Shiraz (SYZ) é o principal ponto de entrada para visitantes estrangeiros. Ele opera voos diretos de várias cidades importantes ao redor do mundo, incluindo Dubai, Istambul e Doha. Companhias aéreas como Iran Air, Qatar Airways e Turkish Airlines oferecem frequentes conexões internacionais, tornando Shiraz facilmente acessível a partir de diferentes continentes.
  • Voos Domésticos: Para quem já está no Irã, voar para Shiraz a partir de Teerã, Isfahan ou outras grandes cidades é a opção mais rápida e conveniente. Companhias aéreas locais, como Mahan Air, Iran Air e Kish Air, oferecem múltiplos voos diários, garantindo que você encontre um horário que se encaixe em seu plano de viagem. Esses voos são geralmente curtos, variando de uma a duas horas, dependendo da cidade de origem.

Leia também: O que fazer e onde ficar em Teerã, a capital do Irã

Transporte Local em Shiraz

Uma vez em Shiraz, deslocar-se pela cidade é bem fácil. Eu preferi usar táxis e caminhar, já que estava em um hotel próximo à zona turística.

  • Táxis e Aplicativos de Transporte: Táxis estão disponíveis em Shiraz e são uma maneira conveniente de se locomover. As tarifas são baratas, mas é recomendável acordar um preço antes de iniciar a corrida. Aplicativos de transporte como Snapp (equivalente iraniano do Uber) também são populares e oferecem uma forma segura e eficiente de viajar pela cidade.
  • Transporte Público: Shiraz possui um sistema de transporte público que inclui ônibus e uma linha de metrô. Os ônibus são uma opção econômica para explorar a cidade, embora possam ser um pouco confusos para os não-locais devido à barreira do idioma. A linha de metrô, embora limitada em extensão, é moderna e pode ser uma boa alternativa para se locomover entre os principais pontos da cidade.

O que fazer em Shiraz: principais atrações turísticas

1. Mesquita Nasir al-Mulk, a Mesquita Rosa

Shiraz é conhecida por abrigar uma das mesquitas mais deslumbrantes do mundo: a Mesquita Nasir al-Mulk. Conhecida como a “Mesquita Rosa”, o local é um dos grandes destaques da arquitetura islâmica mundo afora.

Mas o que faz dela tão famosa? É que o lugar é adornado com vitrais coloridos que criam um espetáculo de luzes e cores no interior do templo, tornando-a um destino imperdível (e provavelmente o mais instagramável) para qualquer visitante de Shiraz.

Para ver a mesquita no auge da sua beleza, é preciso visitá-la pela manhã. É que é nessa parte do dia que os raios de sol incidem sobre os azulejos, criando um caleidoscópio de cores sobre o tapete persa que cobre o chão. Este efeito é impressionante durante os meses de inverno, quando a luz do sol está em um ângulo mais baixo, intensificando as cores.

Mas não é só a parte de dentro da mesquita que merece sua atenção. A fachada externa é ornamentada com azulejos coloridos que exibem padrões geométricos e florais complexos, uma característica da arquitetura Qajar.

Horários de Visitação e Dicas

  • Horários de Visitação: A mesquita está aberta todos os dias, exceto durante as principais festividades religiosas islâmicas. O melhor horário para visitar é de manhã cedo, logo após o nascer do sol, quando a luz atravessa os vitrais e cria os famosos padrões de arco-íris no interior.
  • Entrada: Há uma pequena taxa de entrada para visitantes estrangeiros. Certifique-se de levar dinheiro em espécie, pois nem sempre é possível pagar com cartão.
  • Vestimenta: Como em qualquer local de culto islâmico, é importante vestir-se modestamente. Túnicas apropriadas estão disponíveis para empréstimo na entrada.

2. O Jardim de Eram

Também conhecido como Bagh-e Eram, o Jardim de Eram faz parte do Patrimônio Mundial da UNESCO, reconhecido por sua importância histórica e estética. O nome “Eram” se refere ao paraíso no Alcorão, e em uma visita ao jardim você logo entende o porquê dessa associação celestial.

Sua origem é incerta, mas acredita-se que ele tenha sido estabelecido durante a dinastia Seljúcida (século 11-12) e redesenhado durante a dinastia Qajar (século 19). O jardim passou por várias modificações ao longo dos séculos, cada uma refletindo o estilo e as preferências da época.

Uma característica marcante é a imponente mansão Qajar, situada no centro, que combina elementos da arquitetura persa tradicional com influências europeias.

O Jardim de Eram está aberto todos os dias, das 8h às 20h30.

3. Mausoléu de Hafez

No coração de Shiraz encontra-se o túmulo de um dos poetas mais venerados da Pérsia, Hafez. O Mausoléu de Hafez, também conhecido como Hafezieh, é um local de grande importância cultural e espiritual, atraindo visitantes de todo o mundo que vêm prestar homenagem a este mestre da poesia.

O poeta nasceu em 1315 e viveu a maior parte de sua vida em Shiraz. Ele é conhecido por seus versos que capturam a essência do misticismo, amor e sabedoria. Sua coleção de poemas, conhecida como Divan-e-Hafez, é considerada uma das maiores obras literárias em língua persa e é amplamente lida e estudada até hoje.

Suas poesias não são apenas recitadas em cerimônias literárias, mas também são uma presença constante nas casas iranianas. Sua obra é tão importante que muitos iranianos consultam seus poemas em momentos de dúvida, usando seus versos para obter orientação espiritual, em uma prática conhecida como “fal-e-Hafez”.

4. Bazar Vakil

Não dá para ir a uma cidade iraniana e não passar pelo bazar, não é mesmo? Em Shiraz, o Bazar Vakil foi construído durante o reinado de Karim Khan Zand, que governou o Irã no século XVIII.

Ele fez de Shiraz sua capital e empreendeu a construção de várias obras importantes, incluindo esse mercado. O bazar foi projetado para ser um centro comercial próspero, onde mercadores de todo o Irã e de além de suas fronteiras poderiam se reunir para negociar e trocar bens.

O design do Bazar Vakil reflete a grandiosidade e a sofisticação da era Zand. E ele é de fato um dos mais bonitos do país, com seus corredores amplos e altos, tetos em abóbada que permitem a entrada de luz natural e paredes adornadas com tijolos decorativos e azulejos coloridos que exibem padrões tradicionais persas.

O bazar é dividido em várias partes, cada uma dedicada a diferentes tipos de mercadorias. Isso inclui tecidos, tapetes, especiarias, joias, cerâmica e muito mais.

E se você está à caça de presentes e lembrancinhas do Irã, anota essa lista:

  • Tecidos e Tapetes: O bazar é famoso por seus tapetes persas de alta qualidade. Tecidos finos, como seda e algodão, também estão disponíveis.
  • Especiarias e Ervas: Cúrcuma, açafrão, cardamomo e outros temperos são vendidos a granel.
  • Artesanato: Cerâmicas, objetos de cobre e artesanato em madeira são apenas alguns dos itens que os visitantes podem adquirir. Cada peça é um testemunho da habilidade e criatividade dos artesãos locais.
  • Joias: O bazar também é um excelente lugar para comprar joias tradicionais, incluindo peças feitas de prata e pedras preciosas.

Além disso, esse é também um excelente local para experimentar a culinária local. Vários restaurantes e cafés estão espalhados pelo bazar, oferecendo pratos tradicionais iranianos.

  • Kebabs: Não deixe de experimentar os famosos kebabs iranianos, que são grelhados à perfeição e servidos com arroz ou pão fresco.
  • Doces Persas: Os visitantes podem saborear doces tradicionais, como baklava e halva, que são preparados com ingredientes locais e técnicas antigas.
  • Chá Iraniano: Aproveite para relaxar em um dos chás típicos do bazar, onde você pode apreciar uma xícara de chá iraniano fresco, que é servido com açúcar em cubos ou doces.

Dica: Na praça em frente ao Bazar está meu restaurante favorito em todo o Irã, o Café Julep (Taleqani St, District 8, Opposite Vakil Bath).

5. Vakil Bath

O Vakil Bath é um tradicional banho público persa, ou hammam.

Durante a era Zand, os banhos públicos eram uma parte importante da vida cotidiana, servindo como locais de encontro e interação social. E o Vakil Bath foi um dos maiores e mais luxuosos da época, ainda hoje impressionando por sua arquitetura.

Embora não funcione mais como um hammam, o edifício foi preservado e transformado em um museu, então dá para ter uma ideia da sua beleza arquitetônica e histórica.

6. Mesquita Vakil

Outra mesquita pra lá de fotogênica em Shiraz é a Vakil, também construída durante o reinado de Karim Khan Zand. Estaremos aqui lidando com um caso de megalomania?.

Provavelmente. Aliás, o nome “Vakil”, que batiza as três últimas atrações desse texto, significa “regente”, refletindo o título de Karim Khan como o líder da Pérsia. E, sim, a mesquita faz parte de um complexo maior que inclui o Bazar Vakil e o Banho Vakil.

Na época de sua construção, esse complexo acabou criando um centro próspero de vida comercial e religiosa na cidade.

  • Pátio Principal (Sahn): O pátio é ladeado por arcadas e decorado com ladrilhos coloridos. No centro do pátio, há uma grande fonte de ablução, usada pelos fiéis para se purificarem antes das orações.
  • Entrada Monumental (iwan): A entrada principal da mesquita é adornada com mosaicos brilhantes e inscrições caligráficas que glorificam Deus. O iwan é um exemplo clássico da arquitetura islâmica, com seu arco alto e majestoso.
  • Salão de Oração (Shabestan): O salão de oração é enorme e suportado por 48 colunas esculpidas em pedra. O teto abobadado é decorado com azulejos coloridos que formam padrões geométricos e florais.
  • Mihrab e Minbar: O mihrab, que indica a direção de Meca, é decorado com azulejos e inscrições caligráficas. Ao lado do mihrab, o minbar (púlpito) de mármore é utilizado para os sermões das sextas-feiras.

7. Citadela de Karim Khan

Outro grande feito do reinado de Karim Khan Zand, esta fortaleza serviu como residência real e centro administrativo. Mas como nada com ele era simples, a fortaleza foi projetada para combinar as funções de um palácio luxuoso e uma fortificação defensiva, refletindo o poder e a autoridade do principal residente.

Após a morte de Karim Khan, em 1779, a citadela passou por várias fases de uso e abandono. Durante a dinastia Qajar, serviu como prisão, e foi somente no século 20 que o local começou a ser restaurado e preservado como um patrimônio histórico.

  • Muros e Torres: A citadela é cercada por altos muros de tijolos, que se estendem por cerca de 12 metros de altura. Nas quatro esquinas, torres cilíndricas proporcionam uma visão panorâmica dos arredores. Uma das torres é inclinada, tipo a torre de Pisa.
  • Banhos Reais (Hammam): Dentro da citadela, os banhos reais mostram toda a finesse da corte de Karim Khan. Com mármores polidos e intricadas decorações, o hammam era um espaço de relaxamento e purificação.

8. Lago Rosa

O Lago Rosa é também conhecido como Lago Maharloo e fica nos arredores de Shiraz. Como o próprio nome já diz, suas águas tem uma cor rosa vibrante criando uma paisagem diferentona.

Essa cor é resultado das altas concentrações de sal e da presença de micro-organismos, como a alga Dunaliella salina, que produzem um pigmento vermelho chamado beta-caroteno (aquele mesmo, da cenoura) que se intensifica em condições de alta salinidade e temperaturas elevadas, especialmente durante os meses mais quentes do ano.

Por esse motivo, a melhor época para visitar é entre junho e setembro, mas nada impede de ir em outros meses.

Localização e Acesso

O Lago rosa fica a cerca de 27 km a sudeste de Shiraz. A viagem de carro até o lago é linda, com vista das montanhas e da paisagem rural da região. O passeio cabe em um bate-volta.

9. Mesquita Shahecheragh

Provavelmente o local religioso mais impressionante que eu já pisei na minha vida, a Mesquita Shahecheragh é também um dos lugares de peregrinação mais importantes do Irã.

O nome “Shahecheragh” significa “Rei da Luz” em persa, e lá dentro você vai entender o motivo! Dedicada a Seyyed Mir Ahmad, o irmão do Imam Reza, um dos profetas do Islã Xiita, o lugar tem um interior todo decorado com milhares de pequenos espelhos que refletem a luz de maneira impressionante, criando um efeito de caleidoscópio.

Esta técnica, conhecida como “ayeneh kari”, é uma especialidade da arquitetura iraniana e confere ao santuário uma atmosfera celestial.

A cúpula também é digna de nota, toda revestida com azulejos coloridos e mosaicos de vidro que brilham à luz do sol. Ela é visível de vários pontos da cidade e serve como um ponto de referência na cidade. Eu escrevi sobre ela aqui.

10. Qavam House

A Qavam House, também conhecida como Narenjestan-e Qavam, é uma casa histórica que relembra a riqueza e a elegância da aristocracia da era Qajar, no século 19.

Rodeada por jardins e decorada com mosaicos, pertencia a um político importante da família Qavam, uma das mais influentes e poderosas de Shiraz na época. A casa serviu como residência privada e centro administrativo, além de ser um local de recepção para dignitários e convidados importantes.

O lugar também serve de museu e exibe alguns artefatos e pinturas históricas.

11. Qur’an Gate

No extremo nordeste de Shiraz, fica um dos marcos históricos mais emblemáticos do Irã: o Qur’an Gate, ou Portão do Alcorão. Este portal, está situado na saída da cidade em direção ao Monte Allahu Akbar e é um símbolo de proteção, espiritualidade e boas-vindas.

Lá pelos idos do século 10, dois volumes do Alcorão eram colocados em uma pequena sala no topo do portão, com a crença de que todos os viajantes que passassem por baixo dele seriam abençoados e protegidos pela leitura sagrada.

12. Jardim de Jahan Nama

Este jardim histórico é um dos mais antigos e bonitos da cidade e remonta à era pré-islâmica. Mas foi durante a dinastia Zand que o jardim ganhou seu esplendor atual, transformando-o em um espaço de lazer e contemplação para a nobreza.

O nome “Jahan Nama” significa “Mostrador do Mundo”, e a ideia era que ele refletisse a beleza e a diversidade do mundo natural.

  • Caminhos Simétricos: O jardim é organizado em torno de caminhos simétricos que se cruzam no centro, criando uma sensação de ordem e equilíbrio. Esses caminhos são ladeados por fileiras de árvores e arbustos bem cuidados.
  • Piscinas e Fontes: No centro do jardim, há uma grande piscina refletora e várias fontes. A água é um componente essencial dos jardins persas, simbolizando a pureza e a vida.
  • Flora Variada: O jardim é famoso por sua diversidade de plantas e flores. Destaque para as árvores frutíferas, como laranjeiras e romãzeiras, e as flores coloridas que florescem em várias épocas do ano.
  • Pavilhão Central: No meio do jardim, há um elegante pavilhão decorado com azulejos coloridos que serve como local de descanso.

13. Jardim Delgosha

Mais um jardim persa para a lista! Não é à toa que Shiraz é conhecida como cidade dos jardins, não é mesmo?

Também de origem pré-islâmica, mas reformado durante a dinastia Qajar, o nome “Delgosha” significa “Coração Alegre” em persa, o que reflete a intenção de quem o construiu de proporcionar alegria e serenidade aos visitantes.

14. Imersão com a tribo nômade Qashqai

Leia nosso post completo sobre a imersão com a tribo Qashqai.

A experiência mais legal que eu tive no Irã foi passar um dia com o povo Qashqai, uma tribo nômade de origem túrquica que vive nas montanhas da Cordilheira de Zagros, nos arredores de Shiraz.

Essa é uma das maiores – e uma das poucas – tribos que ainda preservam o estilo de vida nômade nessa região. Eles são auto-suficiente e vivem de seus rebanhos e da venda de tapetes e produtos lácteos que são famosos pela qualidade, chegando a ser exportados para partes da Europa.

A estrutura social dos Qashqai é baseada em clãs, cada um liderado por um chefe (khan). A vida deles é regida por migrações sazonais entre as terras altas, onde passam o verão, e as terras baixas, onde passam o inverno. Esta migração, conhecida como “Kooch”, é essencial para o pastoreio de seus rebanhos de ovelhas e cabras, que são a principal fonte de sustento da tribo.

A Experiência de Imersão

  • Hospitalidade Qashqai: Os Qashqai são famosos por sua hospitalidade. Os visitantes são recebidos como membros da família e têm a oportunidade de passar um dia participando de atividades com os nômades, compartilhando refeições, histórias e tradições.
  • Tendas de Lã: Os nômades Qashqai vivem em tendas feitas de lã de ovelha, chamadas de “alachs”. Essas tendas são confortáveis e funcionalmente projetadas para a vida nômade, proporcionando abrigo contra o calor do verão e o frio do inverno. Se você optar por passar a noite, vai dormir em uma dessas tendas.
  • Culinária Tradicional: As refeições no acampamento Qashqai são simples, mas preparadas com ingredientes frescos e locais, incluindo pão caseiro, carnes grelhadas, arroz, iogurte e chá.

É preciso alertar que algumas agências de Shiraz oferecem a experiência com pessoas que não vivem mais, de fato, como nômades. São famílias que podem ser descendentes dos Qashqai, mas já se assentaram e somente fazem uma “encenação” do que seria o estilo de vida nômade.

Para garantir que você terá a experiência autêntica, procure pessoas que oferecem o passeio com base nas diretrizes do turismo de base comunitária. Veja aqui essa opção de passeio.

Além disso, tenha em mente de que, devido aos fluxos migratórios, só é possível fazer a vivência com os nômades no outono ou na primavera, abril a junho e de setembro a novembro, quando eles estão descendo ou subindo a montanha.

Se você quer uma experiência ainda mais rica, investigue se há algum festival ou evento cultural acontecendo durante o período da sua visita. Isso pode oferecer uma visão mais profunda da cultura Qashqai.

Onde ficar em Shiraz: dicas de hospedagem

O centro histórico é a melhor escolha de região para se hospedar em Shiraz. Ficando por ali, você estará perto das principais atrações da cidade.

Essa é também uma região bem animada, cheia de lojas, cafés e restaurantes.

Para aqueles que procuram conforto e luxo, o Zandiyeh Hotel oferece proximidade às principais atrações e serviços de alta qualidade.

Para uma experiência mais autêntica e histórica, o Niayesh Boutique Hotel foi o local em que eu me hospedei e acredito que seja uma excelente escolha. Ele funciona dentro de uma enorme (e labiríntica), casa tradicional no centro histórico e conta com dois restaurantes que servem comida iraniana.

Dicas de hotéis em Shiraz

  • Zandiyeh Hotel: O mais famoso e luxuoso hotel de Shiraz. E a melhor parte é: as diárias começam em 75 euros.
  • Alan Boutique Hotel: Outro best seller na cidade, funciona em uma bela casa tradicional completamente renovada. Diárias a partir de 30 euros.
  • Niayesh Boutique hotel: Minha hospedagem no Irã, o lugar perfeito se você busca por uma estadia confortável e autêntica, em uma casa histórica tradicional. Café da manhã típico incluído. Diárias a partir de 23 euros.

Encontre mais hotéis em Shiraz

Bate-Volta até Persépolis e Pasárgada, saindo de Shiraz

Você provavelmente já ouviu falar delas, mas Persépolis e Pasárgada ficam pertinho de Shiraz e podem ser visitadas em um passeio bate-volta combinado!

Estas duas cidades antigas, repletas de história, nos ajudam a entender melhor o passado do Império Persa.

Para aproveitar ao máximo sua experiência, recomendo partir de Shiraz cedo pela manhã. Dedique cerca de 2-3 horas para explorar Persépolis e mais 2 horas para Pasárgada.

Não esqueça de levar água, lanches e protetor solar, pois a região pode ser bastante quente, especialmente durante o verão.

É possível chegar em Persépolis por conta própria, pegando um táxi em Shiraz. Porém, como se trata de um sítio arqueológico, recomendo a contratação de um tour guiado para que você possa compreender ainda mais toda a importância histórica do lugar. Esse aqui custa apenas 30 euros por pessoa e inclui também as paradas na Necrópolis e em Pasárgada.

Primeira Parada: Persépolis

Distância de Shiraz: Aproximadamente 60 km (1 hora de carro)

Persépolis, a capital cerimonial do Império Aquemênida, é um sítio arqueológico muito bem preservado que impressiona todo mundo.

Fundada por Dario I em 518 a.C., esta cidade foi projetada para ser o epicentro das celebrações e rituais imperiais. Dario era pai de Xerxes, ele mesmo, o rei interpretado por Rodrigo Santoro no filme 300!

O que Ver em Persépolis:

  1. Apadana: Um salão de audiências com suas colunas imponentes e relevos detalhados. As esculturas das paredes retratam dignitários de várias nações trazendo tributos ao rei.
  2. Porta de Todas as Nações: Guardada por figuras aladas de touros, esta entrada monumental é um dos pontos mais icônicos de Persépolis. Ao passar por ela, é fácil imaginar os embaixadores e nobres que por ali caminharam há mais de dois milênios.
  3. Tumba de Artaxerxes III: Esta tumba escavada na rocha oferece uma vista impressionante do complexo de Persépolis. A grandiosidade do túmulo é um lembrete da reverência dada aos governantes persas.
  4. Salão das Cem Colunas: Este salão, que uma vez foi o maior de Persépolis, impressiona por suas colunas altas e maciças.

Segunda Parada: Pasárgada

Distância de Persépolis: Aproximadamente 80 km (1 hora e meia de carro)

Pasárgada foi a primeira capital do Império Aquemênida e foi fundada por Ciro, o Grande, no século 6 a.C. Não está tão bem preservada quanto Persépolis, mas por estar próxima, vale a visita.

O que Ver em Pasárgada:

  1. Tumba de Ciro, o Grande: O monumento mais famoso de Pasárgada é, sem dúvida, a tumba de Ciro. Simples mas imponente, esta estrutura em pedra reflete a grandeza e a humildade do fundador do Império Persa.
  2. Palácio de Ciro: As ruínas do palácio, com suas colunas remanescentes e pátios espaçosos, oferecem uma visão do luxo e da sofisticação da vida imperial.
  3. Jardins Reais: Um precursor dos jardins persas, os Jardins de Pasárgada mostram a harmonia entre a arquitetura e a natureza.

Roteiro de 3 a 5 dias em Shiraz

Veja agora uma sugestão de roteiros de 3 a 5 dias em Shiraz para você usar na sua viagem!

Roteiro de 3 dias em Shiraz

Dia 1: Centro Histórico e Cultura

Manhã:

  • Cidadela de Karim Khan: Comece sua visita com essa fortaleza do século 18. Explore as torres, os pátios e aprenda sobre a história da dinastia Zand.
  • Bazar Vakil: Caminhe pelo mercado, onde você pode comprar artesanato local, especiarias e tecidos. Almoce no Café Julep, que fica logo ali em frente, ou em alguns dos restaurantes dentro do mercado.

Tarde:

  • Mesquita Vakil: Admire a arquitetura e a decoração detalhada desta bela mesquita.
  • Banho Vakil: Visite este hammam tradicional persa para entender melhor a cultura de banhos públicos no Irã.

Noite:

  • Mausoléu de Hafez: Termine o dia no túmulo do famoso poeta Hafez. Desfrute da atmosfera serena e da poesia recitada pelos locais.

Dia 2: Jardins e Natureza

Manhã:

  • Mesquita Nasir al-Mulk (Mesquita Rosa): Acorde cedo e visite esta mesquita famosa por seus vitrais coloridos.

Tarde:

  • Jardim Eram: Passe a tarde neste belo jardim botânico, conhecido por sua vasta coleção de plantas e sua arquitetura persa.
  • Qavam House: Visite esta casa histórica cercada por jardins.

Noite:

  • Volte ao mercado e arredores depois do pôr do sol para ver como os iranianos se divertem nas casas de chá e restaurantes.

Dia 3: Cultura e História

Manhã:

  • Mesquita Shahecheragh: Explore este importante santuário islâmico, conhecido por sua arquitetura e pela decoração de espelhos que é única no mundo.

Tarde:

  • Excursão a Persépolis: Se tiver tempo, faça uma excursão de meio dia a Persépolis, a antiga capital cerimonial do Império Aquemênida, localizada a cerca de 60 km de Shiraz.

Noite:

  • Exploração Noturna: Aproveite a noite para caminhar pela cidade, experimentar a culinária local em um dos muitos restaurantes tradicionais ou simplesmente relaxar em um café.

Roteiro de 5 dias em Shiraz

Se você tem mais tempo para explorar Shiraz e seus arredores, considere estas atividades adicionais:

Dia 4: Excursões nos Arredores

  • Persépolis e Naqsh-e Rostam: Dedique um dia inteiro para explorar Persépolis, Pasárgadas e o sítio arqueológico de Naqsh-e Rostam, onde estão localizadas as tumbas de antigos reis persas.

Dia 5: Vida Nômade e Vilarejos

  • Imersão com a Tribo Qashqai: Experimente a vida nômade com a tribo Qashqai, participando de suas atividades diárias e aprendendo sobre suas tradições. Contrate o passeio aqui.

Qual a melhor época para ir para Shiraz

Para aproveitar ao máximo que Shiraz tem a oferecer, a melhor época para visitá-la é durante a primavera, de março a junho. Durante esses meses, o clima é ameno e agradável, com temperaturas médias variando entre 15°C e 25°C.

Além disso, a primavera coincide com o Nowruz, o Ano Novo Persa, que é celebrado com festividades e eventos culturais em toda a cidade. Além da primavera, o outono também é uma ótima escolha, pois as temperaturas voltam a ser agradáveis.

Assim como em todo o Irã, o verão em Shiraz é escaldante, com temperaturas frequentemente ultrapassando os 35°C, sendo agosto o mês mais quente. Não chega a ser impeditivo, mas certamente será uma viagem menos confortável.

O inverno em Shiraz é bem frio, especialmente durante a noite, quando as temperaturas podem cair para perto de zero. Durante o dia, as temperaturas variam entre 5°C e 15°C.

Quantos dias ficar em Shiraz

Programe-se para ficar entre 3 e 5 dias em Shiraz. Esse tempo é suficiente para aproveitar as principais atrações.

Em três dias, você pode visitar todas as atrações do centro histórico, incluindo mesquitas, jardins e o mercado.

Se tiver mais tempo, considere uma estadia de cinco dias para incluir excursões aos sítios arqueológicos de Persépolis e Naqsh-e Rostam, além de uma visita à antiga capital de Ciro, o Grande, em Pasárgada.

Outras experiências culturais, como uma imersão com a tribo nômade Qashqai ou visitas a vilarejos tradicionais nos arredores de Shiraz, enriquecerão ainda mais sua viagem.

Visto e seguro de viagem para o Irã

O visto do Irã é obrigatório para quase todas as nacionalidades (brasileiros e portugueses inclusos). Ele custa cerca de 85 e vale para 30 dias.

Para obter o documento, basta preencher um formulário no site oficial do governo com no mínimo 2 dias de antecedência da sua viagem (mas pessoalmente, recomendo fazer com um prazo maior).

Para evitar dor de cabeça, recomendo o serviço que usei, da 1stQuest, que cuida de toda a parte burocrática. Você só precisará ir retirar o visto no lugar escolhido. Para mais informações, leia o post abaixo.

O seguro de viagem também é obrigatório na chegada ao país e costuma ser exigido na hora da imigração.

O problema é que, por causa dos embargos, não são todas as empresas que operam por lá. Por isso, também contratei meu seguro pela 1stQuest. Em 2022, paguei 60 pela cobertura para 30 dias.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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Natália Becattini

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