Tarquinia, Itália: a cidade dos Etruscos e o que fazer por lá

Entre um dos passeios alternativos que fizemos na nossa viagem para Roma, eu e minha mãe escolhemos a cidadezinha de Tarquinia, Itália, como um dos bate-voltas programados. Por quê? Essa cidade tem um dos melhores museus sobre os Etruscos na Itália, além de uma necrópole que é Patrimônio da Humanidade, com tumbas de mais de 2500 anos.

Mesmo assim, se você procurar no Google vai perceber que poucos brasileiros visitam essa cidade: é até meio difícil achar informações em português sobre o local. O que é uma pena, porque além de tanta história, Tarquinia é uma cidade bem fofa, com suas torres medievais e vista do topo da colina. E o passeio a partir de Roma é bem simples de realizar, visto que são apenas 90km de distância.

A história de Tarquinia e dos Etruscos: o que fazer por lá

A civilização Etrusca é mais antiga do que a romana. Eram poderosos, avançados e refinados. Habitavam parte da Itália que conhecemos hoje, tinham língua própria, uma cultura rica e foram assimilados pela República Romana no século 4 a.C. Tarchuna (o nome antigo de Tarquinia) era uma das cidades mais importantes dessa civilização: rituais religiosos e cerimônias romanas derivaram dali.

Por volta do século 3 a.C., estava em guerra com Roma e, depois de alguns anos de conflito, acabou subjugada. Na Idade Média, a cidade antiga tornou-se um assentamento fortificado, com torres e muralhas, com o nome de Corneto. Em 1922, como uma homenagem aos primeiros habitantes Etruscos e os primeiros reis desses povos, o nome foi alterado para Tarquinia. Nos arredores da cidade foram encontrados, no século 19, milhares de tumbas etruscas e muitos artefatos bem conservados.

Uma dica que costuma ser muito importante quando se trata de cidades pequenas italianas é a seguinte: praticamente tudo fecha de 12h às 16h. E os restaurantes estarão fechados de 14h às 16h também. Então, essa é uma boa hora para programar a visita a uma atração turística que tome mais tempo e que felizmente não estará fechada. Deixe a caminhada pela cidade e a visita às igrejas para outros horários. Eu descobri isso em Tarquinia.

Chegamos na cidade às 11h30 e resolvemos primeiro fazer o passeio pela cidade, depois almoçar e depois conhecer seus pontos turísticos mais famosos: o Museu Nacional Arqueológico de Tarquinia e a Necrópole Etrusca (dos quais falo mais logo ali abaixo). O resultado foi que fizemos o passeio por uma cidade que parecia fantasma, onde todas as igrejas estavam fechadas e onde foi difícil até achar algum lugar para almoçar por volta de 14h30 (felizmente, uma pizza sempre dá para encontrar na Itália).

Roteiro de 1 dia em Tarquinia

Minha sugestão de passeio é a seguinte: assim que chegar, vá ao posto de informações turísticas e pegue um mapa da cidade. O museu é quase em frente, então faça primeiro a visita, que deve durar de 1 a 2 horas, almoce e/ou tome um gelato na pracinha em frente ao museu e depois pegue o ônibus gratuito ou caminhe (são cerca de 1 km) até a Necrópole Etrusca, que fica fora do centro. Por fim, retorne para visitar o resto do centro cidade, que é bem pequenino. E o melhor é que está tudo bem sinalizado.

Aproveite também a vista: Tarquinia, tal como todas as cidades Etruscas, fica no topo de uma colina, com excelentes paisagens ao redor.

O Museu Nacional Arqueológico de Tarquinia

Considerado o melhor museu etrusco fora de Roma, esse espaço fica num prédio antigo, o Palazzo Vitelleschi, construído entre 1436 e 1439. São três andares que mostram melhor a história, em ordem cronológica, das tumbas e sarcófagos etruscos na região, o estilo e as artes desse povo, além de vários objetos e ferramentas tão antigos que chegam a Idade do Bronze. A minha parte favorita? Os potes desenhados, importados do Egito e Grécia Antiga.

O museu abre de 8h30 às 19h30, mas fecha nas segundas-feiras. O ingresso custa 6 euros a inteira. Porém, é possível comprar a entrada combinada do museu e necropolis por 8 euros. Mais informações no site oficial.

A Necrópole Etrusca em Tarquinia

A primeira vista, quando você chegar na Necrópole pode se perguntar o que diabos é esse lugar. Vai ver um grande gramado com umas casinhas estranhas. Não se engane, descendo as escadas de cada um desses “predinhos” e apertando um botão para acender a luz você encontrará exemplos das primeiras pinturas italianas. Túmulos pintados com cuidado e muito bem preservados, alguns mais do que outros, principalmente se pensarmos nas idades dessas pinturas: datam do século 7 a 1 a.C. Parece bobagem, mas é bom lembrar que a contagem “antes de Cristo” é feita de forma decrescente. Logo, uma tumba pintada do ano 600 tem 2617 anos.

Na colina Monterozzi, nos arredores de Tarquinia, ficava uma necrópole gigante, com mais de 6 mil tumbas subterrâneas e suas pinturas que representam a vida na época: caçadores, pescadores, músicos, dançarinos, atletas, mitologia, riqueza, símbolos de status social.

Existem 20 tumbas abertas para visitação, mas algumas delas estavam fechadas para reforma quando estive lá. Logo na entrada é fornecido um mapa que explica a história e fotos de cada uma delas. Do lado de fora de cada casinha também tem uma placa com mais informações sobre a tumba. Se houver audioguia disponível, vale a pena contratar.

Ah, bem na entrada há uma série de pedras arranjada de forma organizada: tratam-se de urnas pré-históricas, do período de 1000 a.C.

A Necrópole Etrusca de Tarquinia fica aberta de 8h30 até o pôr-do-sol e também fecha às segundas.

Como chegar em Tarquinia a partir de Roma

Das estações Termini, Ostiense, Trastevere ou San Pietro, em Roma, pegue o trem com direção a Pisa e pare em Tarquinia. O trem custou €5,40 cada trecho, saindo de San Pietro (saindo de Termini o valor é €6,9). A viagem demora 1h15. Não precisa comprar com antecedência.

Uma vez chegando na estação, basta esperar no ponto de ônibus. Ele levará para o centro da cidade, que é relativamente afastado da estação. Compre o bilhete diretamente com o motorista, custa 1 euro. Na volta, basta fazer o mesmo percurso.

Como explicado antes, dentro da cidade é fácil se locomover a pé e ainda é possível pegar ônibus gratuito até do centro até a Necrópole.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Não sei se me estou a repetir, mas……. aí vai:

    Muito Obrigada pela dica! Quem sabe não irei visitar Tarquinia brevemente, porque fica próximo de Civitavecchia.
    Gostei muito de ler a sua informação sobre esta localidade.
    Grata.
    MM

  • linda vc: OBRIGADA. Irei em julho p tarquinia e tuas orientações foram UTILISSIMAS. GRAZIE!

  • Muito obrigado pelas dicas. Chegarei a Civitavecchia numa segunda-feira (vou de cruzeiro), portanto o Museu já era. Assim mesmo valem as dicas para o resto da cidade.

  • Olá Luiza, ontem visitamos Tarquinia. Deu tudo certo graças às suas dicas! Chegamos às 11:30 na estação. Visitamos o museu e depois almoçamos em um restaurante em frente. Resolvemos ir à pé até a Necrópole. Foi uma caminhada ótima e realmente, nesse horário, a cidade parece fantasma. Quando voltamos fomos visitar a cidade, que é uma graça. Adoramos tudo! Obrigada por compartilhar!

  • Adorei a matéria Luiza!
    Acho o máximo conhecer lugares que antes só tinha visto em livros de história da arte!
    Com certeza vou tentar incluir essa cidade no meu roteiro quando visitar Roma novamente! =)

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Luiza Antunes

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