Templo Budista no Brasil? Existe sim!

Uma placa que diz para tomar cuidado para não pisar em formigas, um templo no meio das montanhas, uma sensação de paz imensa. Isso poderia ter sido no Nepal ou Índia, mas era no Brasil, mais exatamente em Três Coroas, Rio Grande do Sul. Uma cidade que fica a 40 minutos de Gramado. O Templo Budista de Três Coroas, ou Chagdud Gonpa Khadro Ling, segue as tradições budistas tibetanas e foi fundado em 1995 pelo Rinpoche Chagdud Tulku.

Khadro Ling, o nome do Templo, significa algo como “Morada das dançarinas do céu”. E Chagdud Gonpa é o nome de uma rede internacional de centros tibetanos cuja origem é um monastério no Tibete, fundado no século 15. Já Riponche significa precioso e é o título dado para professores especiais que têm uma realização espiritual elevada. S.Ema. Chagdud Tulku Rinpoche viveu de 1930 a 2002, nasceu no Tibet, passou pelo processo da invasão chinesa e fuga para a Índia.

Leia também: McLeod Ganj: a cidade em que o Dalai Lama vive em exílio na Índia

Nos anos 80 ele se mudou para os Estados Unidos, onde passou a disseminar os ensinamentos budistas pelo continente americano e, por fim, nos anos 90, instalou-se de vez no Brasil, onde fundou o Khadro Ling.  Hoje, sua viúva, Chagdud Khadro é a diretora espiritual do templo e conta com o auxílio de Lama Sherab Drolma, que foi tradutora e assistente pessoal do Riponche.

Toda a área do templo e monumentos estão abertos para visitação, independente das crenças ou tradições religiosas. Fica numa área montanhosa e só é acessível de carro ou a pé (mas é preciso de um preparo físico razoável). Por falar nisso, se você resolver alugar um carro em Porto Alegre – eu fiz isso em uma ocasião – nesse texto aqui explicamos como garantir a diária do veículo com melhor custo/benefício.

Chegando lá, a primeira instrução é assistir a um vídeo que explica melhor sobre o local e a história do Rinpoche:

É uma área relativamente grande. A primeira vista fica o Grande Templo Vermelho, o la kang, que foi construído no estilo tradicional budista tibetano, com murais com as imagens da deidades e trechos da história do Buda. Dentro do templo há espaço para meditação. É preciso desligar o celular, tirar sapatos e chapéu para entrar no templo.

Um pouco afastado, fica a Terra Pura de Guru Rinpoche, um local lindo e bem calmo. Aberta a visitação somente nos finais de semana, onde ficam estátuas das várias manifestações de Guru Rinpoche (que foi o mestre indiano que levou o budismo vajrayana ao Tibete e pinturas nas paredes com a história de vida de outros mestres importantes). Também é ali dentro, numa estupa, que estão as cinzas do fundador do Khadro Ling.

Na área externa ficam oito estupas e duas grandes estátuas, criadas pessoalmente pelo S. Ema. Chagdud Rinpoche: o Buda Akshobia, cuja intenção é purificar da raiva e outras desvirtudes; e outra estátua do Guru Rinpoche.

Ainda, o Jardim das 21 Taras, com 21 estátuas de pedra que representam a manifestação feminina da mente iluminada, a Arya Tara.

Tal como em qualquer templo budista tibetano, também encontram-se ali grandes Rodas de Oração, que giram continuamente e estão cheias de orações em rolos de papel dentro. Acredita-se que espalham bençãos: a forma correta de girar a roda ou circundá-las é no sentido horário.

Já as bandeiras de oração são pedaços de tecido onde são impressos mantras e preces: ficam dispostos ao vendo, para espalhar as bençãos.

E, por fim, a Casa das Lamparinas, onde tanto praticantes quanto visitantes fazem oferendas em busca de benção. Não é permitido entrar na casa, para evitar riscos de acidentes.

A entrada é gratuita e é permitido tirar foto das área externas – nunca dentro dos templos. Também há espaços que não são permitidos aos visitantes, porque são os locais dedicados às pessoas que vivem ali.

As visitas podem ser feitas de quarta à sexta, das 9h30 até 11h30, e das 14h às 17h. Nos sábados e domingos, das 9h00 até 16h30. No domingo há uma meditação para Tara Vermelha aberta ao público das 9h às 10h, para participar basta chegar com 10 minutos de antecedência, porém é preciso conferir no site oficial sobre possíveis mudanças nos horários por conta de retiros espirituais e outros eventos realizados no templo.

Pela minha experiência, que foi num domingo de janeiro, mês das férias, é recomendável chegar cedo, assim que o templo abre. Chegamos às 8h50 e eu consegui fazer a visita com muita calma, ficar quase 20 minutos meditando sozinha e depois tirar fotos. Mas lá para as 11h, o lugar já está bem cheio, nem todas as pessoas são respeitosas como deveriam, o que pode atrapalhar um pouco a experiência.

Retiros no Templo Budista

Quando eu estive lá o Templo estava fechado para um retiro de um mês entre os praticantes mais avançados. Foi por isso também que não teve a meditação pública. Segundo me informou uma responsável, há diversos tipos de retiros, desde aqueles voltados para pessoas sem qualquer conhecimento até aqueles que exigem práticas específicas e iniciações.

Quem tem interesse pode cadastrar o email para receber informações sobre os próximos retiros

Outros templos e centros budistas no Brasil

Existem vários centros budistas espalhados pelos estados brasileiros, mas nem todos seguem a tradição tibetana (existe também o budismo chinês e o japonês). Você pode conferir quais são os centros Chagdud Gonpa no Brasil nessa lista. Já para uma lista com todos os centros no Brasil clique aqui.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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  • A primeira vez que eu fui lá no templo budista foi com a escola, na oitava série (vai fazer quase dez anos isso HAHAH), é maravilhoso mesmo! Pretendo voltar logo porque quando eu fui não vimos tudo, não sei se por ser dia de semana, mas o Jardim das 21 Taras eu não conheci. Quando eu fui não tinha mais ninguém lá além de nós, talvez por ser durante a semana, dia útil e em novembro. Tudo lá te deixa com uma sensação de paz, até mesmo as pessoas que trabalham lá, que são super educadas. Até os cachorros que ficam lá (acho que o pessoal do templo adota eles da rua, não sei)tem essa vibe zen! HAHA. A vista também é linda!

  • Quando eu fui as estupas estavam sendo restauradas, agora devem estar ainda mais lindas. Adorei a experiência "alternativa" no meio de tanto fondue, vinho, chocolate. A meditação coletiva foi bem legal, mas realmente nem todo mundo se comporta como deveria. Vale muito o passeio!

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Luiza Antunes

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