Roteiro de 7 dias na Toscana, de carro ou não

Com exceção da comida, nada simboliza melhor a Itália do que a Toscana. Essa região no centro do país é repleta de colinas, oliveiras, construções medievais, vinhedos e cidades históricas – o tipo de paisagem italiana que, não importa em que canto do mundo você viva, provavelmente já viu. Culpa das figuras históricas que viveram ali, algumas das mais importantes do Renascimento, e também da infinidade de livros, filmes e afins que se passam nessa parte da Itália. Para te ajudar a largar a ficção e desembarcar de verdade lá, vamos montar um roteiro de 7 dias na Toscana?

Embora existam várias cidades históricas e vilas que mereceriam uma visita, o tempo é curto. Por isso, o roteiro incluirá os seguintes lugares:

  • Florença
  • Siena
  • Pisa
  • Lucca
  • San Gimignano
  • Cortona
  • Arezzo

Montepulciano (Foto: Por Jaroslaw Pawlak, Shutterstock.com)

Onde fica a Toscana

A pergunta parece boba, mas é a dúvida de muita gente. A Toscana é um estado da Itália. Fica no centro do país – um pouco acima do joelho da bota, vamos dizer assim. É menor que Alagoas e maior que Sergipe, os dois menores estados brasileiros.

A capital da Toscana é Florença, onde viveram figuras como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri e a família Medici. Cerca de 25% da população da Toscana vive na região metropolitana de Florença, que por isso mesmo e pela riqueza histórica e cultural é a base para quase todo mundo que desembarca nessa parte do país.

Veja também: 12 roteiros de viagem pela Itália
Quanto custa viajar para a Itália

Como chegar e como se locomover na Toscana

Há um aeroporto em Florença, mas em geral os turistas chegam lá de trem, a partir de Roma e Milão – as principais portas de entrada do país – ou mesmo num roteiro mais amplo e que envolva cidades como Veneza e Bolonha. Você não precisa estar de carro para conhecer Florença e nem para fazer alguns dos bate-voltas mais tradicionais, como Pisa e Lucca, facilmente acessíveis de trem.

Por outro lado, o veículo é um facilitador para perambular com calma pela Toscana e conhecer cidades e vilas menores, como Volterra. Te dá mais liberdade na hora de montar o roteiro e, vamos concordar, é um dos grandes charmes da viagem por uma região que sabe fazer estradas bonitas.

Você não precisa ter carteira de motorista internacional (a PID) para dirigir na Itália – basta sua CNH brasileira, com foto atual e válida. Também é preciso ter mais de 25 anos e um cartão de crédito no nome do motorista. Há alguns macetes para alugar um veículo com bom custo/benefício e sem cair nas pegadinhas de certas locadoras, como explicamos no link abaixo.

 Alugar carro na Itália: dicas e cuidados necessários

E, não custa lembrar, caso alugue um carro é importante verificar se o hotel tem estacionamento. Em algumas cidades pode ser necessário evitar hotéis dentro do centro histórico justamente por isso. Outra saída é reservar um hotel sem vagas para carros, mas garantir que há estacionamentos públicos, mesmo que pagos, nos arredores.

Sugestão de roteiro na Toscana

Florença (três dias)

O papa Bonifácio VIII, em 1300, disse que o mundo não tinha quatro, mas cinco elementos: Terra, Fogo, Água, Ar e os Florentinos. A frase dá uma ideia da importância de Florença para a História – e de quantos lugares interessantes existem por ali, como a Ponte Vecchio e o Duomo di Firenze, os dois grandes cartões-postais da cidade. Também não faltam museus. A Galleria degli Uffizi é um dos maiores museus de arte do mundo e a Galleria dell’Accademia guarda a estátua original de Davi, de Michelangelo.

Veja também: O que fazer em Florença – os pontos turísticos
Onde ficar em Florença, Itália: dicas de hotéis e bairros

Como dito antes, não é preciso estar de carro para conhecer Florença – o aluguel só é recomendado quando você partir para o interior. O tempo necessário em Florença varia. Se você for do tipo de gosta de museu, finque base por ali por pelo menos três dias inteiros. Se preferir encaixar mais cidades no roteiro e não ligar de ter uma viagem corrida, reserve dois dias para Florença. E estamos falando de dias inteiros – evite considerar no roteiro o dia que você chegar de viagem, principalmente se for de um voo intercontinental.

Em termos de hospedagem, o sonho é ficar no centro histórico, nas ruas que mudaram – das mais variadas formas – a história. Por ali, o Stanze del David Place é uma das opções mais bem avaliadas, assim como o La Maison du Sage. Outras ótimas alternativas são o B&B Le Stanze del Duomo e o Hotel Bretagna.

Veja outras opções de hospedagem em Florença

Florença (Por muratart, Shutterstock.com)

Pisa e Lucca (um dia)

As ruas de Lucca testemunharam o encontro de três dos mais importantes líderes de todos os tempos: Marco Licinio Crasso, Cneu Pompeu e Júlio César, o chamado Primeiro Triunvirato. Foi essa reunião que colocou Roma no caminho do Império e deu ao mundo a forma que ele tem hoje.

Se visitar Lucca é perambular por ruas que viram César nascer, Pisa é famosa pelos quase quatro graus de inclinação da torre torta mais conhecida do mundo. As duas cidades cabem perfeitamente num dia do roteiro pela Toscana. Se estiver sem carro, é fácil percorrer esse trecho de trem, que parte da estação Firenze Santa Maria Novella e segue até a Pisa Centrale – não é preciso comprar com antecedência. Depois de caprichar nas fotos à moda de Pisa, siga para a estação Pisa San Rossore, de onde saem os trens para Lucca, que está a 30 minutos dali.

Os dois destinos funcionam como um bate-volta a partir de Florença, mas pode ser interessante fazer as malas e passar a noite num deles – recomendo Lucca, pelo charme da cidade murada. Se optar por isso, o Eurostars Toscana é uma boa escolha para quem vai de carro, já que tem estacionamento, está ao lado da estrada e a 15 minutos do centro de Lucca. Se preferir já dormir dentro das muralhas, o B&B Residenza Di Via Fontana e o B&B Antica Corte dei Principi são muito elogiados.

Conheça Lucca, a cidade murada na Toscana Saiba mais.

Veja outras opções de hospedagem em Pisa e Lucca

San Gimignano e Volterra (um dia)

Com vestígios de civilização desde a pré-história, com os etruscos, e mais tarde dominada pelos romanos, Volterra é uma das cidades mais charmosas que você pode conhecer na Toscana. Já San Gimignano é a Manhattan da Idade Média – as famílias ricas dali ergueram 72 torres, algumas delas de até 50 metros de altura. 14 sobreviveram e são elas que fazem de San Gimignano um dos destinos mais concorridos do interior da Toscana.

San Gimignano está a 55 km (pouco mais de uma hora) de Florença. De lá, siga no mesmo dia para Volterra, que está a 30 km (ou 40 minutos) mais a frente. Esse é um trecho que o carro não só ajuda, mas acrescenta, já que as estradas são lindas. Se resolver dormir em San Gimignano, o Hotel La Cisterna e o Leon Bianco são bem avaliados. Já o Le Romite tem estacionamento para hóspedes e fica no prédio de um antigo mosteiro.

Em Volterra, destaque para o Chiostro Delle Monache Hostel Volterra, que também funciona num antigo mosteiro do século 15, e do Hotel San Lino. Os dois têm estacionamento disponível.

Veja mais hotéis em San Gimignano
Veja mais hotéis em Volterra

Siena (um ou dois dias)

Patrimônio da Humanidade segundo a Unesco e dona de um centro histórico bonitão, Siena é outra parada estratégica num roteiro pela Toscana. Chegar ali é fácil, seja de trem, de ônibus ou de carro. Uma vez lá, o grande programa é perambular pelas ruelas, becos e praças dessa cidade medieval, mas cuja história rivaliza com a de Roma – a lenda garante que Siena foi fundada pelos filhos de Remo, um dos irmãos que criaram a Cidade Eterna.

Por conta da localização, Siena é a outra base para quem se aprofunda na Toscana. Se pular de hotel em hotel é o tipo de coisa que você evita, uma solução é dividir esse roteiro em duas bases, com quatro dias em Florença e três em Siena e conhecer as outras cidades no esquema bate-volta a partir dessas duas. Em Siena, o Hotel Alma Domus e o Hotel Duomo são dois dos mais bem avaliados do centro histórico, ambos perto da catedral. Já o Albergo Chiusarelli fica ao lado de um estacionamento público (pago).

Veja mais opções de hospedagem em Siena

Cortona e Arezzo (um dia)

Na divisa com outro estado italiano, a Úmbria, Cortona tem 20 mil habitantes e uma história de milhares de anos. Se já era uma parada interessante no roteiro de viajantes há tempos, após o lançamento de Sob o Sol da Toscana, da escritora norte-americana Frances Mayes, essa cidade entrou de vez para o mapa turístico.

Cortona está a 110 km de Florença e 70 km de Siena. Mas vir de Florença não é complicado: de trem é uma viagem de 1h30 até a cidade de Camucia, onde é preciso descer e pegar um ônibus para seguir em frente. Camucia está no pé do morro onde fica Cortona. De carro é ainda mais simples, principalmente a partir de Siena, e facilita o deslocamento para outros vilarejos da região.

Em geral, a combinação mais comum é com Arezzo, que está a 30 km de Cortona (também dá pra chegar de transporte público). Arezzo é um pouco maior, com 100 mil habitantes, e também é uma vila etrusca que mais tarde foi conquistada pelos romanos. E Arezzo tem um filme que a colocou no mapa turístico: A Vida é Bela, do diretor italiano Roberto Benigni, teve locações ali.

Você pode dormir em Siena, fazer um bate-volta a partir de Florença ou resolver fincar base numa dessas cidades, talvez a melhor solução para quem faz uma road trip e quer conhecer a noite de vários lugares da Toscana. Localizado num prédio de 700 anos, o Palazzo Bostoli Guest House é uma boa escolha no centro histórico de Arezzo. Em Cortona, o Le Residenze Ristori é uma alternativa que também funciona num prédio centenário e que é muito bem localizada. Ambos estão próximos de estacionamentos públicos.

Veja mais opções de hospedagem em Arezzo
Veja mais opções de hospedagem em Cortona

Quando ir para a Toscana

Como no restante da Europa, a alta temporada vai de junho e setembro. Feriados, em especial de fim de ano, também são concorridos. Para quem quer fugir de multidões e das baixas temperaturas do inverno, abril, maio, fim de setembro e o mês de outubro são boas opções.

As diárias dos hotéis seguem a alta temporada – e ficam mais em conta no inverno, em especial em novembro e dezembro. Se escolher viajar nessa época, vá preparado para o frio – as temperaturas podem não ficar abaixo de zero, mas nem por isso são das mais amigáveis.

Vai viajar? O Seguro de Viagem é obrigatório em dezenas de países da Europa e pode ser exigido na hora da imigração. Além disso, é importante em qualquer viagem. Veja como conseguir o seguro com o melhor custo/benefício e garanta promoções.

Imagem destacada: Por S.Borisov, Shutterstock.com. Este texto tem links para programas de afiliados. Ao fazer sua reserva por aqui, nós ganhamos uma comissão – e você ajuda a manter o blog. 

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Primeiramente parabéns e obirgado pelo site...ajuda demais!rs
    Ficaremos uns dias em Florença e a ideia é alugar um carro e partir para o interior da Toscana, tendo como primeira parada Siena.
    Minha duvida é: qual melhor local para retirar e devolver o carro em Florença sem passar pelas ZTL.

    Obrigado desde já!
    Deus abençoe!

    • Oi, Victor. Eu peguei o carro no aeroporto, justamente para evitar isso e também pq o horário das locadoras lá é melhor. Fui e voltei de tram, que parte do ponto ao lado da estação Santa Maria Novella. A viagem custa pouco, coisa de dois ou três euros, e dura uns 20 minutos. No aeroporto há o transfer para as locadoras, que ficam num estacionamento ali pertinho.

  • Olá, fiquei interessada em fazer o roteiro de carro. Além da dificuldade de estacionamento, teríamos algum outro cuidado para evitar problemas? Ouvi falar em zona restrita de tráfego.

    • Em algumas cidades você não vai poder entrar no centro de carro, Jussara. O veículo fica do lado de fora e dali pra frente é a pé.

  • Olá...
    Vou pra Itália em breve e tenho uma MEGA dúvida...
    Vcs dizem que não é necessária a PID na Itália, já pela internet, afirmam que é preciso SIM.
    Fica a dúvida... se preciso ou não da PID. E se não é necessária, onde encontro de fato esta afirmação para que eu imprima.
    Vou fazer a Toscana de carro e quero tudo em dia...
    Abraços e obrigada

    • Então, o 360 já alugou carro na Itália e não teve problemas. A convenção de Viena dispensa a carteira internacional. Por outro lado, há, na internet, relatos de quem alugou sim, sem dificuldades, mas depois teve problemas com a polícia - o guarda da esquina pode nem saber o que é a convenção de Viena, né?

      Nesse caso, uma saída é simplesmente fazer a PID, permissão para dirigir. Também tem a opção de fazer uma tradução juramentada do documento, quando você já estiver na Itália.

      Mas é aquilo: a maioria das pessoas aluga o veículo, dirige e não tem problema nenhum. Mas nunca é demais fazer tudo certinho, como você disse, tomando todos os cuidados.

      Abraço.

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Publicado por
Rafael Sette Câmara

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