Os enormes barcos coloridos lotam os estreitos canais Xochimilco. As trajineras, como são conhecidas, transportam flores, lembrancinhas de viagem e mariachis que, com sua voz potente, fazem as canções tradicionais mexicanas ressoarem pelas ramificações do rio. Cada uma delas recebe um nome: Alejandra, Paola, Valentina, e são pintadas em vibrantes tons de azul, vermelho e amarelo, compondo um cenário digno de cartão-postal.
Quem sobe desavisado a um desses barcos dificilmente vai adivinhar que as trajineras de Xochimilco têm origem em tradições pré-hispânicas. Bem antes da chegada dos dominadores espanhóis, a capital dos Mexicas – povo que comandava o Império Asteca – e que hoje conhecemos como Cidade do México, foi construída em uma ilha no centro de uma série de lagos interconectados por pontes que serviam, ao mesmo tempo, como via de acesso e mecanismo de defesa contra invasores que tentassem chegar ao centro político do Império.
Nas margens desses lagos, os povos originários desenvolveram um sistema agrícola de cultivo intensivo que consistia em plantar legumes e flores em pedaços de terra colocados sobre raízes das árvores ahuejotes, que são endêmicas da região e sempre nascem nas beiras de rios e lagos. Esses blocos de terra eram conhecidos como chinampas. Com o tempo, as chinampas passaram a ocupar grande parte da área inundada, alterando a disposição dos cursos de água.
O resto você já sabe: chegaram os espanhóis, o crescimento urbano, a globalização e hoje os canais de Xochimilco são o último resquício dessa forma de produção. A região foi declarada Patrimônio da Humanidade da Unesco, para tentar protegê-la da ferrenha expansão da metrópole. Ainda é possível observar as chinampas em suas margens e muitas delas ainda são usadas para a plantação de flores e frutas.
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As trajineras só foram introduzidas no início do século 20, quando o lugar passou por um reflorestamento do Bosque Nativitas e cais foram construídos ao longo dos canais, já com a intenção de aproveitar o potencial turístico da região. Hoje, Xochimilco está repleto das embarcações coloridas que desbravam o rio todos os dias. O passeio de uma hora custa entre 300 e 500 pesos (entre R$ 60 e R$ 100) por barco. Ao longo dos canais, há pessoas que passam vendendo lanches e souvenires e até mesmo barcos que levam mariachis para pertinho de você – eles podem cantar a canção que você escolher por 150 pesos (R$ 30).
O mais interessante é que, ao contrário de outros passeios de barcos que eu já fiz por aí, as trajineras de Xochimilco não são restritas ao turismo estrangeiro. Famílias e grupos de amigos na Cidade do México alugam os barcos para ocasiões especiais, como aniversários e casamentos, e fazem a festa enquanto passeiam pelos canais. Algumas delas contratam até mesmo grupos de Mariachis para animar o encontro. Nas tardes de sexta, também é comum ver grupos de universitários festejando o happy hour regado a álcool barato e reggaeton.
Como chegar: Xochimilco fica em uma região afastada das atrações centrais da Cidade do México e o trajeto até lá pode chegar a mais de uma hora. A forma mais fácil é pegando o metrô até a estação Taxqueña. Dali saem os trens rápidos em direção a Embarcadero. Desça na estação final e pegue um táxi ou siga os avisos que te guiam em direção ao cais. As ruas do bairro são cheias de vida e seguras para caminhar e o trajeto a pé dura cerca de 20 minutos.
Como contratar: Fizemos o passeio com a Vero, da empresa Mi Lindo Xochimilco. O preço cheio da tarifa é de 500 pesos por hora, mas se você reservar com antecedência ela deixa por 300. Também é possível alugar trajineras por uma tarde inteira. Nesse caso, é preciso negociar o valor. Você pode entrar em contato com ela pela página de Facebook linkada acima.
Dicas espertas: No cais há diversas barraquinhas que vendem comida e bebida. É uma boa ideia comprar alguma coisa ali para um piquenique dentro dos barcos. A comida típica de Xochimilco é a carnita, servida com a onipresente tortilla de milho, mas também há quesadilla, frango assado, arroz com mole e outras delícias mexicanas ao gosto do freguês. Outra boa ideia é combinar o passeio com a visita ao Museu de Frida Khalo, já que estão no mesmo lado da cidade (porém não exatamente perto).
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