Um dos trens mais altos do mundo, o Trem das Nuvens, na Argentina, faz um trajeto incrível a partir da cidade de Salta e passa pelo viaduto La Polvorilla, a mais de 4.200 metros de altura.
A primeira vez que eu ouvi falar do Trem das Nuvens foi em uma reportagem da editoria de turismo de algum portal. O artigo listava algumas das maravilhas do norte da Argentina, uma região pouco explorada pelos brasileiros. O tal trem que deixava a gente mais perto do céu despertou minha curiosidade e eu guardei a informação com carinho na minha bucket list mental.
Quando decidimos que nossa viagem por terras hermanas nos levaria para aqueles lados, eu logo comecei minhas pesquisas para garantir o passeio no roteiro. Mas havia um problema: descobrimos que há anos a ferrovia por onde passa o trem entrou em reforma. E não conseguíamos confirmar se já estava reaberta por nada desse mundo.
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Foto: Governo da Argentina/Divulgação
Munidos de um punhado de informações truncadas que encontramos na internet – alguns lugares afirmavam que o trem tinha voltado à ativa, outros diziam o contrário – embarcamos para Salta com a esperança de que a sorte sorriria pra gente. O Trem das Nuvens era, sem dúvida, o passeio que mais ansiávamos no norte argentino.
Inaugurado em 1948, o Trem das Nuvens servia, inicialmente, para ligar o norte argentino ao porto de Antofagasta, no Chile. Mas com o tempo ele perdeu essas funções menos poéticas e passou a transportar apenas turistas encantados pelas paisagens matadoras que surgem nas janelinhas.
O passeio de ida e volta, a partir de Salta, é uma programação pro dia inteiro: percorre 434 quilômetros em 15 horas de estrada. No trajeto, a locomotiva atinge uma altura de 4.200 metros quando, com sorte, é possível ver nuvens abaixo dos trilhos. Para dar conta de subir esse tanto, os engenheiros que projetaram essa maravilha tiveram que buscar inspiração na natureza.
Estudando o comportamento das cabras, eles desenvolveram um sistema de subida em zigue-zague que pode ser observado em dois trechos do caminho. Um dos pontos mais famosos da viagem é o gigantesco viaduto La Polvorilla, com 64 metros de altura e 224 de extensão, além de montanhas como o Nevado Chañi, o Vulcão Tuzgle, o Nevado Cachi e o Vulcão Llullaillaco (o mesmo das múmias de Salta).
Foto: Alicia Nijdam (CC BY-SA 2.0) / Véronique Debord-Lazaro (CC BY-SA 2.0)
Os trilhos pelos quais passa o trem das Nuvens ficaram por anos fechados para manutenção, inclusive durante nossa visita. Não foi fácil esconder nossa decepção quando o dono do hostel nos informou que não seria possível fazer o passeio naquela ocasião.
Desde 2016, no entanto, o trecho próximo a La Polvorilla, que parte da estação de San Antonio de Los Cobres, voltou a funcionar normalmente e já é possível ter a experiência de viajar pertinho do céu.
O trem sai da estação de San Antonio de los Cobres às 11h45, todos os dias.
É possível comprar somente as passagens de trem, sem traslado a partir de Salta, por $ 3.250 pesos argentinos em 2020 (53 dólares). San Antonio de los Cobres fica a 160 quilômetros de Salta, o que dá umas 3 horas de carro, caso você esteja planejando fazer o trajeto por conta própria.
É possível comprar os ingressos nos escritório físico localizado na Galería Baccaro, loja nº 33, em Salta, ou pelo site oficial. Se você pretende alugar um carro para ir de Salta a San Antonio de los Cobres, recomendamos o buscador RentCars, que busca entre as principais locadores e te ajudam a encontrar os melhores preços e condições de aluguel.
Quem não quiser dirigir não precisa se desesperar. É possível contratar uma agência de turismo em Salta que vai cuidar de toda a logística para você curtir o passeio com o Trem das Nuvens. Os passeios custam cerca de 59 dólares e em geral incluem:
É possível contratar o tour com antecedência através dessa página.
Há outras opções de passeios que fazem um trajeto parecido com o do Trem das Nuvens, mas mais perto do chão. O tour custa cerca de 50 dólares e incluí outras paradas, como um passeio por San Antonio de los Cobres, Salinas Grandes e o Cerro de los Siete Colores, em Purmamarca.
Por isso, essa é uma boa opção para quem não tem muito tempo e quer ter um gostinho do trem das nuvens, mas não abre mão de ver outros cantinhos belíssimos dessa região da Argentina. O passeio também pode ser reservado com antecedência por aqui.
San Antonio de los Cobres herdou esse nome de seu passado como um pequeno acampamento mineiro para as minas de cobre e prata que eram abundantes na região. Embora ainda estejam lá, quase todo o mineral já foi extraído e o acampamento, desfeito. Por isso, a vila que hoje tem apenas cerca de 2 mil habitantes mantém um ar de abandono em meio à paisagem árida da região.
Equivalente argentino ao Salar de Uyuni, na Bolívia, – porém bastante mais modesto – as Salinas Grandes são formadas por uma crosta de sal com cerca de meio metro de espessura, resto de um lago que se secou há milhares de anos.
Ocupa uma região de 12.000 hectares bem no meio da rota 52, que liga a Argentina ao Deserto do Atacama. No caminho você vai ter a chance de ver lhamas, vicunhas, condores e suris, animais típicos dos Andes.
Contratar um bom seguro de viagens é essencial em qualquer viagem. Mesmo que seja assim, pertinho de casa. Afinal, tudo que a gente menos quer é ficar na mão no país dos outros, não é mesmo? Aqui explicamos porque contratar, damos dicas de como encontrar o melhor custo benefício e citamos opções que custam menos de R$10 por dia, com cupom de desconto!
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Ver Comentários
Loucaa para fazer esse passeio. É ida e volta de trem????
Olá Sheila, em teoria dá pra fazer ida e volta, sim, mas não sei como está a situação do trem atualmente...
Abraços!
Estive na semana passada na Argentina e desejava muito fazer o passeio no trem das nuvens, mas, fui informada que ele ainda estava sem funcionar e sem previsão de retorno.
05 de janeiro de 2017
Que pena, Tania! Espero que reabram algum dia!
nouss! adorei o blog! Dá até um comichão hehe
uma dica " não desanime, dizem que os trilhos voltam a funcionar até a semana santa "... de que ano? rsrs tive que rolar a tela pra cima pra ver a postagem. Acho que seria legal colocar um parenteses "até a semana santa (2015)..." Já que as notícias ficam aqui pra a gente ler depois... :D
Rafa, era de 2015 mesmo, ano da publicação do post ;)
Abraços!
Olá! Para aproveitar o passeio e conhecer Salinas Grandes e o Cerro de los Siete Colores somente de carro? O trem não permite isso?
Carolina, o trem não faz essa rota. Da pra ir de carro ou contratar um tour em salta.
Abraços
Pessoal, eu também tenho muita vontade de fazer esse passeio e tenho acompanhado com bastante atenção tudo o que se publica sobre o trem.
Ano passado houve um acidente e o governo argentino impediu a empresa de realizar os passeios. Agora a iniciativa está nas mãos do governo que está realizando os passeios normalmente desde abril. Existe um site https://www.trenalasnubes.com.ar/ que é oficial, e tem todas as informações a respeito do passeio, inclusive informando as datas disponíveis e os preços para estrangeiros e argentinos.
Entrem lá.
Abraços
Obrigada pela contribuição, Josafá!
Abraços
Olá! Li seu relato e sempre tive muita vontade de fazer esse passeio. Vou em abril agora, mas li em um site que o trem está desativado! Não consigo informações oficiais.É isso mesmo? abs!
Ei Priscila, como eu já disse no texto, o trem está desativado e a previsão de retorno mais recente que eu li é para a semana santa.
Abraços
Cara que legal. Eu adoro trens, tenho muita vontade de fazer um passeio assim. Sou daqueles que brigam pra ficar no assento da janela nas viagens haha!Gostei da dica, vou deixar anotada e Salta parece uma cidade bem legal pra turismo.
haha já vi que você ia amar Salta, Gabriel! Espero que consiga conhecer um dia (e que o trem já esteja rodando).
Abraços