O túneis e ossuário no subterrâneo de Brno, na República Tcheca

Dentre as coisas que mais gostei em Brno, sem a menor dúvida digo que foram os bares e os túneis no subterrâneo. A segunda maior cidade da República Tcheca é muito antiga, mas só descobriu recentemente sua história por baixo da terra. Como eu já escrevi um post com todas as dicas do que fazer por lá, incluíndo os meus bares e pubs favoritos, dedico esse post ao que você não vê em Brno a primeira vista.

Em 1999, os primeiros túneis e adegas foram descobertos no subsolo de Brno. Em 2001, um enorme ossuário embaixo da igreja St. James foi descoberto. E então foram mais de 10 anos de trabalhos de construção e restauração para tornar os espaços seguros e acessíveis ao público, em três fases. Eu tive a chance de conhecer os dois desses lugares. Compartilho agora com vocês um pouco dessas histórias.

Labirintos abaixo da Zelný trh

O curioso desses labirintos é que eles não costumavam ser labirintos na Idade Média. A verdade é que no século 13, abaixo de praticamente todas as casas nessa região do mercado havia uma cave ou adega. Tipicamente, eram usados parar armazenar comida, maturar a cerveja ou o vinho e esconderijos contra guerra. Também era “quartos frios” perfeitos para armazenar as carnes e vegetais vendidos no mercado que ficava na rua acima.

A existência desses porões foi desconhecida pela população de Brno durante séculos, até a descoberta anos atrás. No período de escavação e renovação, eles foram todos conectados numa rede de caves e corredores e por isso, criou-se o labirinto. Uma parte do labirinto é hoje usada para eventos sociais e culturais. A outra parte é onde rola o tour para turistas, que passa por diversos espaços e embaixo de casas históricas da cidade.

Parte deles foram mantidos como eram: refrigeradores medievais! Com isso, há uma exibição de como eram as diferentes fontes de luz na época. Também estão em exibição vários itens encontrados durante as pesquisas arqueológicas. Numa outra parte, os espaços foram utilizados para criar cenas da vida medieval, como um laboratório de um alquimista, um antigo pub, uma sala de tortura e histórias de antigos habitantes legendários de Brno.

Só é possível visitar os Labirintos numa visita guiada, que leva no máximo 25 pessoas a cada hora (de junho a setembro, a cada 30 min). Há audio guides disponíveis em inglês, alemão, italiano, russo e francês. O endereço é Zelný trh 21. Custa 160 czk (cerca de 26 reais). Aberto de terça a domingo, das 9h às 16h. Fecha nas segundas-feiras.

Ossuário abaixo de Igreja de St. James

Cerca de 50 mil restos mortais de pessoas que pereceram durante o período medieval, com a peste, cólera, batalhas e cercos. Foi isso que pesquisadores encontraram com surpresa em 2001, descobertos durante uma reforma da praça ao lado da Igreja. Quatro metros abaixo, havia salas e mais salas cheias de ossos, algumas lotadas até o topo.

Naquela região, no século 13, existia um cemitério. Como um problema medieval comum, o cemitério começou a crescer mais do que as muralhas da cidade davam conta e o resultado era que alguns anos depois do enterro, os restos do morto eram removidos e guardados em ossuários num subsolo para dar espaço aos próximos mortos.

No século 17, uma cripta com três cômodos foi construída abaixo da igreja. Porém, em 50 anos, o número de mortos por conta das epidemias e guerras cresceu exponencialmente. Em 1741, foi feito a primeira expansão do ossuário, para a área abaixo do cemitério, em conexão com a já existente cripta da igreja. O problema foi que em seis anos, o local já estava lotado novamente. Um novo plano de expansão foi feito, mas não chegou a ser completado.

Acontece que em 1784, o então imperador, Joseph II, mandou fechar o cemitério da igreja por razões de higiene. Os demais ossos do cemitério foram para a cripta, a escada para a cripta, na igreja, foi fechada com uma placa de pedra e uma inscrição em latim e a área do cemitério pavimentada. Resultado, passados alguns anos, ninguém mais lembrava o que o lugar tinha sido, nem onde estavam aqueles ossos.

Os pesquisadores estimam que, se o lugar não tivesse sido descoberto nos anos 2000, mais cedo ou mais tarde, o mofo e a humidade teriam destruído os ossos e causado um colapso na hoje movimentada rua que fica acima do ossuário. Logo, foi necessário um extenso trabalho de revitalização que envolveu a retirada de todos os ossos, para limpeza e reorganização dos espaços.

Hoje, o ossuário de Brno é um dos maiores do mundo, não em extensão, mas em quantidade de restos humanos. Fica aberto a visitação de terça a domingo, das 9h30 às 18h. O endereço é Rua Jakubské, ao lado da Igreja de St. James. Não estranhe se a porta estiver fechada. Basta aguardar um pouco, é que a porta só é aberta a cada 30 minutos, que é quando saem os tours guiados. Custa 140 czk (cerca de 23 reais).

A Cave do Mestre das Moedas (Mincmistrovský sklep)

Crédito: Divulgação

Eu não visitei essa cave, sua história também é interessante. Essa foi a primeira cave medieval descoberta em Brno. Esses cômodos e corredores ficavam localizados exatamente abaixo da casa do então Mestre das Moedas, ou seja, o responsável por cunhar as moedas na época. Por lá, foram instaladas exibições que retomam como era feita essa antiga arte de fazer o dinheiro de metal e também apresentações audiovisuais sobre a história da cidade.

O endereço é Dominikánské, 1. A entrada custa 80 czk (cerca de 13 reais) e os horário de abertura são de Quarta a Segunda, das 9h30 às 18h.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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Luiza Antunes

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