No dia em que cheguei em Dublin, eu havia combinado de me encontrar com uma de minhas amigas que já viviam lá para tomar uma pint de boas vindas. Como a minha acomodação era em um local distante de onde ela morava, marcamos de nos encontrar no centro, em um tal de Spire. Ali fica o marco zero da cidade, aquele lugar que todo mundo sabe onde está e o que significa, mas, recém-chegada, eu não tinha a menor ideia de nada disso. Eu era do tipo de intercambista que de Irlanda só conhecia o U2, a Guinness, o Whiskey e os Leprechauns.
Você não precisa fazer como eu. Reuni algumas dicas e aprendizados que coletei durante o tempo que vivi lá para que você já chegue à Irlanda muito bem informado.
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Dublin não é das maiores cidades da Europa, tem pouco mais de 1.8 milhões de habitantes na região metropolitana, mas há algumas peculiaridades na capital irlandesa quando o assunto é transporte público, principalmente se você mora em uma grande cidade no Brasil.
Por exemplo, se você estiver na balada e passar da meia-noite, muito provavelmente a sua carruagem vai virar abóbora. É que 95% do transporte público para de rodar depois desse horário. A sua alternativa será voltar pra casa a pé, de táxi ou de bicicleta. Do contrário, só se tiver muita sorte e morar na rota do ônibus noturno que passa a cada hora.
E não ache que a estratégia de ficar na balada até o dia amanhecer funciona por ali, por que os pubs fecham por volta de 3h da manhã. Mas não se assuste, pois esse não é um problema pra quem quer sair de casa, acredite. Em alguns feriados, os meios de transporte costumam não funcionar, assim como o comércio. As tarifas são calculadas conforme a distância percorrida.
Confortável ônibus municipal, de dois andares, com wifi e aquecedor
A pé – muitos dos bons pubs, restaurantes, praças, parques e cinemas ficam no centro da cidade. E chegando lá você vai descobrir que caminhar é a principal forma de locomoção;
Luas – é o trem que anda nas ruas, dentro da cidade. É a ligação mais eficiente entre os bairros mais afastados e o centro. São duas linhas, a verde e a vermelha, que ligam os principais pontos.
Dublin Bus – o ônibus é o meio de transporte que liga todas as partes da cidade. Eles são confortáveis, com dois andares, wifi liberado e ar condicionado. Tem horários bem reduzidos na madrugada, finais de semana e feriados;
Dublin Bike – por ser uma cidade basicamente plana, a bike é a queridinha da galera, principalmente dos intercambistas. A cidade conta com faixas exclusivas para ciclistas. Para quem não quer comprar uma bike, pode fazer um cartão anual de aluguel das bicicletas, o Dublin Bike. São vários pontos espalhados pela cidade para retirada e entrega;
Dart – é o trem que liga toda a ilha. Meio de transporte muito utilizado para quem quer ir para as praias nos arredores de Dublin ou pra quem quer atravessar o país;
Leap Card – É o cartão do transporte público que pode ser usado nos ônibus, Luas e Dart. Para quem for estudante, há descontos nas tarifas. É só carregar um valor específico por semana e pode usar o meio de transporte quantas vezes você quiser. Se não quiser pagar o valor maior, pode pagar por dia ou por trajeto.
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De acordo com o censo de 2016, nos últimos cinco anos o aumento no número de brasileiros na Irlanda foi de mais de 50%. Isso significa que, oficialmente, agora somos mais de 15 mil brasileiros vivendo ali. Somos a segunda maior comunidade de estrangeiros por lá, atrás apenas dos poloneses.
Por isso, é normal ter vários brasileiros na sua escola, no seu trabalho, nos supermercados, nas baladas e até na sua casa. Muita gente prefere correr pra bem longe dos compatriotas, coisa bem difícil de se conseguir, na verdade. Mas, vai por mim, somos uma ótima comunidade, que se ajuda muito e se diverte mais ainda.
E sem falar que, com os brazucas, você consegue diminuir a saudade. E o que não vão faltar são motivos para você se sentir em casa: tem restaurante brasileiro, mercado brasileiro e brasileiro cozinhando e vendendo de tudo por lá.
Uma das minhas melhores lembranças do intercâmbio é de uma viagem de três dias, de carro, com amigos brasileiros que eu conheci na minha acomodação temporária. Alugamos um carro e rodamos toda a ilha. De Cork, no sul da República da Irlanda, até Belfast, Capital da Irlanda do Norte.
É claro que você irá conhecer gente de todos os cantos do mundo e em pouco tempo vai descobrir que é possível ter amigos de verdade na Tailândia, México, Croácia, Polônia e outros lugares que você nem conseguiria imaginar.
Outra boa lembrança são dois amigos que moravam comigo, um alemão e a outra francesa. Nós mantivemos contato e estamos planejando um encontro em terras tupiniquins. No ano passado, antes de voltar pra casa, visitei essa amiga na cidade dela, Nancy, na França.
Fernanda e a amiga Pauline, na cidade dela, na França
No Brasil, dos amigos que fiz por lá, tenho um pedaço da minha história e um monte de gente bacana pra reviver boas lembranças, seja em Goiânia, Cosmópolis, Guarulhos, Tubarão, Balneário Camboriú e alguns outros CEPs.
Então esteja preparado para ter um abrigo em qualquer parte do mundo, do Brasil ao Japão.
Eu nunca tinha parado para pensar que esses dois nomes teriam, de fato, alguma conexão. E não é que têm?
Foi só lá na Irlanda que descobri que o livro dos recordes foi criado em 1951, por um dos diretores da cervejaria Guinness, o Sir Hugh Beaver. Ele estava em uma caçada quando teve uma dúvida: qual pássaro era o mais rápido da Europa, o “Golden Plover” ou o “Grouse”? Como até então não havia nada que respondesse a essa e a várias perguntas, ele teve a ideia de criar um livro que reunisse todas essas curiosidades.
Foi assim que ele procurou uma agência de busca de fatos em Londres e, juntos, fizeram a primeira edição do Guinness Book. Dizem que o livro foi primeiramente utilizado como brinde, mas que por conta do enorme sucesso, passou a ser comercializado e acabou virando um dos livros mais lidos no mundo.
Já a cerveja Guinness, que é um dos maiores símbolos da Irlanda, é bem mais antiga que o livro. Ela foi criada em 1759, por Arthur Guinness. Mas muito se engana quem pensa que ela é uma cerveja preta. Se olharmos bem de perto, percebe-se que a Guinness, de fato, é VERMELHA! E famoso “gosto de café” da cerveja é por conta da torrefação da cevada. Então acredite, ela não é feita com café. Tanto sucesso faz com que a Guinness Draught seja a cerveja stout mais consumida no mundo.
Há uma lenda de que a versão irlandesa é diferente da que é consumida ao redor do mundo, justamente para que a galera vá para a Irlanda pra beber a versão original.
Infelizmente, não podemos saber qual o recorde para quem consegue beber mais Guinness em menos tempo. É que, desde 1991, os registros envolvendo bebidas alcoólicas foram banidos do livro.
Leia também: O que fazer em Dublin: principais atrações para ver na cidade
Antes de qualquer coisa, se você, assim como eu, ama uma boa cerveja, a Irlanda é o seu lugar. Eu sou de BH, cidade reconhecida como a capital mundial dos bares, e Dublin não fica muito atrás.
Seja para uma reunião de negócios, almoço ou o famoso happy hour com os amigos, o pub sempre será um ponto de encontro por lá. Há uma tradição entre os brasileiros que diz que, no seu primeiro dia de intercâmbio, você precisa tomar uma pint. Se dá sorte ou não, ninguém sabe, mas é melhor não arriscar e encher logo a primeira pint de Guinness.
Ah, uma curiosidade: pint é o copo de cerveja, que tem 568ml.
É na Irlanda que se encontra o pub mais antigo do mundo. Segundo o Guinnes Book, o “Sean’s Bar”, datado de 900 d.C. é o mais antigo do qual se tem notícia. Ele fica em Athlone, bem no centro da ilha e a 120 quilômetros de Dublin. Para quem também quiser curtir uma boa noite de música irlandesa, esse pub é uma boa oportunidade.
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É a parte mais engraçada e mais desafiadora de aprender inglês na Irlanda. O sotaque deles é bem forte e, pra quem está acostumado com o inglês norte-americano, é bem diferente. É como comparar o sotaque de um cearense com um mineiro, por exemplo. A diferença é nítida.
Assim como os mineiros, eles também costumam comer o final de algumas palavras. “What”, por exemplo, no clássico sotaque irlandês vira algo parecido com “UÁ”, comendo o T no final da palavra.
Com o passar do tempo a gente se acostuma e, quando menos espera, tá falando que nem eles. Se prepare para falar “sorry” em qualquer ocasião. Essa é palavra chave pra desculpas, pedido de licença e qualquer situação que você se sinta desconfortável. É quase igual a um mineiro dizendo “trem” em todas as ocasiões.
Sempre tive um pé atrás com o Tinder e derivados. No Brasil, eu os via como só uma forma de conseguir sexo casual. Não que na Europa as pessoas não o utilizem também com essa finalidade, mas no meu tempo por lá, consegui, acima de tudo, usar para praticar o meu inglês. E confesso que me ajudou muito.
Obviamente usei para conhecer novos amigos e, claro, novos paqueras. Muitas das vezes a ideia era sair só para beber uma cerveja mesmo.
Conheci gente do Paquistão, Turquia, Romênia, Polônia, Suécia, Marrocos, da Irlanda e gente de outras nações. Alguns dos paqueras eu mantenho contato até hoje. Vale a pena pela interação cultural e para treinar os ouvidos para os diferentes sotaques. Alguns encontros são do tipo “isso é uma cilada, Bino”, mas, via de regra, dá pra se divertir bastante. Os apps mais utilizados são: Tinder, Happn, Loovo, POF e Badoo.
A cozinha não é o carro chefe irlandês, mas há algumas boas opções. Eu sou fã do Irish Breakfast, uma bomba calórica e que vale mais como almoço do que realmente como café da manhã. Nele há de tudo um pouco: feijão (que tem gosto adocicado por conta do molho de tomate), bacon, um tipo diferente de salsicha, ovos, o white pudding (um pudim de carne de porco), black pudding (o nosso famoso chouriço), tomate frito e torradas.
O breakfast roll nada mais é do que o Irish Breakfast, em uma baguete. É feito pra ser comido a caminho da escola ou do trabalho. Cena muito comum por ali é ver o pessoal comendo e andando ao mesmo tempo.
Sabe quando a gente chega da balada e a única coisa que a gente quer é assaltar a geladeira e comer qualquer coisa que estiver pela frente? Pois bem, essa parece ter sido a fórmula como foi criado o Crisps Sandwich, que nada mais é do que duas fatias de pão de forma e batata frita, no estilo Ruffles, juntos.
Criatividade para nomes não é o forte deles. Outro prato bem famoso é o Fish and Chips (batata frita com peixe), prato bem básico, mas, ao mesmo tempo, bem saboroso. É feito com o bacalhau fresco empanado, batata frita, ervilhas e maionese.
Claro que há outras combinações saborosas no livro de receitas da mãe irlandesa, mas essas são algumas das que mais você vai encontrar por lá.
Eu, como boa mineira que sou, não posso ver uma praia que fico toda boba. Imagina, então, morar em uma ilha! Era a minha vez de morar no litoral, certo? Ledo engano. Começo a rir sozinha toda vez que me lembro de como foi a primeira vez que eu coloquei o pé no Mar da Irlanda. Casaco, botas e calça comprida eram itens básicos da minha vestimenta praiana.
Muito desse frio se dá por conta do vento gelado, que parece cortar a pele. E o restante, porque sou friorenta mesmo. No natal, os irlandeses, que devem estar à base de muita Guinness na cabeça, entram no mar gelado, em pleno inverno. Eu não consegui fazer isso nem no verão. E olha que eu tentei! Mas as praias são lindas e valem a visita.
As minhas favoritas são: Dún Laoghaire, Bray, ambas no condado de Wicklow, Portmarnock, Skerries e Howth. Todas nos arredores de Dublin, portanto, dá pra ir de DART ou ônibus.
A Irlanda não faz parte do Espaço Schengen. Apesar disso é OBRIGATÓRIO o seguro de viagem internacional, assim como no restante da Europa.
Para chegar lá você passará pela imigração e terá que fazer todo o processo de entrada, mesmo vindo de outro país europeu. E um dos documentos que certamente irão de pedir ao entrar no país é o seguro viagem. Não sabe como fazer a imigração na europa e os documentos necessários para transitar no Espaço Schengen? Dá uma olhada nos nossos outros textos.
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Além de ser obrigatório para entrar em Dublin e te ajudar em caso de algum imprevisto médico, um bom seguro de viagem também inclui cobertura para problemas de viagem, como cancelamentos de voos ou perda de bagagem.
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Ver Comentários
Oi, adorei sua postagem, bem detalhada.Voce indica alguma empresa séria para fazer intercâmbio e quem sabe trabalhar ?
Olá, Adriana, tudo bem?
Antes de fechar com qualquer agência, dá uma olhada nos grupos do Facebook da Irlanda. Pq uma das coisas mais comuns por lá são as empresas que abrem, vendem os pacotes e depois vão à falência, deixando o estudante na mão. Procure por "classificados Dublin" no facebook e dê uma olhada nos comentários e recomendações!
Simplesmente, fantástico seu relato. Vou ler várias vezes até chegar dia 17/1. Pena que ficarei apenas 30 dias, mas valeu por suas dicas.
Obrigada! Como foi a experiência, gostou?
Aí que legal!! Vou para Dublin apenas em setembro e ficarei só 30 dias, mas amei as dicas!!
Tudo pronto pra viagem?