Eu já tenho experiência em pedalar depois de tomar algumas taças de vinho, mas até hoje não me acostumei com a beleza dos cenários que encontro quando resolvo fazer isso. É que, assim como em Mendoza, na Argentina, passeios de bike combinam com a degustação da vinícola Santa Rita, que fica a 50 quilômetros de Santiago, no Chile.
Além do verde, natural da vinícola, a Cordilheira dos Andes completa o cartão-postal. Fiz esse passeio em março, durante uma passagem de cinco dias pelo país. Antes de contar como foi pedalar dentro de uma vinícola chilena, que tal conhecermos um pouco da história da Santa Rita?
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Fundada em 1880, o produto mais popular da Santa Rita talvez seja seu velho conhecido: o vinho 120, presente nas prateleiras do Brasil. O que muita gente não sabe – eu, pelo menos, não fazia ideia – é que esse nome está ligado à Independência do Chile.
Mas como assim, já que o Chile conquistou sua independência em 1818, bem antes da fundação da vinícola? É que, décadas antes de produzir vinhos, o casarão e o terreno da Santa Rita já funcionavam como fazenda, na época gerenciada por uma certa Dona Paula. E foi essa mulher, meio que sem querer, que batizou o vinho mais conhecido da Santa Rita.
Recriação da história da Fazenda, atual vinícola Santa Rita
Em 1814, 120 homens do exército que lutava pela independência buscaram abrigo na fazenda. Entre eles estava o General Bernardo O’Higgins, que mais tarde se tornou o primeiro presidente do Chile pós-independência. A dona da fazenda teria protegido esses homens e evitado que eles fossem encontrados pelos soldados da Coroa Espanhola.
Quando o casarão virou vinícola, era fácil perceber que a história dos 120 heróis que se refugiaram ali poderia ser um bom nome para o vinho mais conhecido da casa. E isso é contado de forma criativa no casarão onde os soldados se refugiaram, num esquema parecido com o usado pela vinícola Concha y Toro para apresentar a história do vinho Casillero del Diablo. A casa colonial foi restaurada em 1993, e hoje também funciona como o restaurante da viña, o “La Casa de Doña Paula”.
Veja também: Visita à vinícola Concha y Toro, em Santiago
Jardins da vinícola
A Santa Rita oferece sete tipos de passeios aos visitantes. O tour clássico é, como o nome indica, semelhante ao que existe em qualquer vinícola do mundo. Você verá as uvas (se estiver na época certa do ano, claro), aprenderá sobre a produção de vinhos e visitará as instalações da vinícola, incluindo a famosa bodega dos 120 heróis da independência. Por fim, fará a degustação.
Grupos de até quatro pessoas podem fazer o tour clássico privado, enquanto o tour premium inclui uma caminhada pelos jardins da vinícola, incluindo uma igrejinha simpática e outras dependências que faziam parte da antiga fazenda da Dona Paula. Esse tour – que eu também fiz – tem ainda uma degustação de vinhos e queijos, o que é um diferencial em relação ao tour clássico.
interior da igreja da antiga fazenda
Degustação do tour premium
Se você curte relaxar em áreas verdes, outra opção é fazer um piquenique, também oferecido pela vinícola e que inclui uma seleção de vinhos e petiscos gourmet. O Winemaker Experience também parece interessante: permite que você produza vinhos por um dia. Já o Pedal Bar é uma espécie de bar móvel – você pedala enquanto toma os vinhos, num tour de aproximadamente 1h30.
Você se lembra que eu citei um passeio de bike, no título do texto, né? Pois é, eu fiz esse tour, além do premium. Ambos no mesmo dia. Fizemos o passeio com a Turistik, uma agência chilena que organiza diversos passeios e até gerencia o funcionamento de algumas atrações turísticas, como o Cerro San Cristobal.
O dia começou cedo, ainda no hotel, quando a van da empresa nos buscou. Cerca de 50 quilômetros separam a capital chilena da vinícola, então ainda dá para dormir um pouquinho antes de começar a pedalar. Assim que chegamos, pegamos as bicicletas e seguidos por entre os vinhedos. O percurso tem cerca de 10 quilômetros, mas não achei cansativo, porque não há muitas subidas. De tempos em tempos nosso grupo parava para tirar fotos, observar a vinícola e a Cordilheira dos Andes.
Foi numa dessas paradas que o guia nos explicou que as rosas, plantadas na vinícola, avisam se alguma praga está atacando as plantas. É que, nesse caso, as rosas são afetadas primeiro, o que dá tempo para os especialistas agirem, evitando um problema maior e a perda das uvas.
Segundo o guia, foi nessa região que a uva do tipo Carmenere, durante décadas considerada extinta por causa de uma praga, foi redescoberta. Isso foi em 1994 – até então elas vinham sendo confundidas com cepas de Merlot. Hoje o Chile é o mais importante produtor de Carmenere mundial e usa o vinho produzido por esse tipo de uva para promover o país.
Finalizadas as explicações, pegamos as bikes de novo. Depois de uma hora pedalando, chegamos no local da degustação. Era uma espécie de cabana, protegida do sol e no meio da vinícola. Já fiz muitas degustações, mas nenhuma numa cenário tão criativo.
Com o vinho devidamente apreciado, pegamos as bikes e seguimos nosso caminho. O passeio ainda reservava mais belezas – e muitas fotos. Acabamos o tour no fim da manhã, ainda em tempo de fazer o tour premium. Depois, seguimos para o restaurante da própria vinícola. É possível combinar os três programas, ficando um dia inteiro por lá.
Se você tiver menos tempo e não ceder ao sedentarismo, minha sugestão é que dê preferência ao tour de bike, de longe a mais diferente das opções, inclusive em comparação com passeios que já fiz em outras vinícolas. Você pode contratar por uma agência de viagem ou tentar agendar no momento em que chegar na Santa Rita.
Se você estiver de carro, o caminho é pela Autopista 5 Sul. Também é possível ir de transporte público, combinando metrô e ônibus. O trajeto é percorrido em pouco mais de uma hora.
Se optar por fazer isso, veja informações detalhadas de como chegar no site oficial da Santa Rita. Lá você também vai encontrar um mapa com orientações para quem deseja ir de carro. E a opção mais confortável, claro, é contratar um transfer.
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*O blogueiro viajou para o Chile a convite do Valle Nevado.
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Ver Comentários
Rafael, quando fez o passeio bike, você disse que fez a Premium. Depois você voltou pela turistik ou voltou de outra forma?
Rafael, quarta dessa semana irei realizar o bike Wine. Quando você fez deu tempo de fazer degustação Premium?
Pois a turistik logo retorna para Santiago.
Você voltou de outra forma depois?
Carolina
Os vinhos das degustações dos tours Clássico e Premium são os mesmos?! O
gostaria de saber se o passeio de bicicleta eles organizam cadeira para criança também.
Hamilton, você chegou a ver com a vinícola se tem cadeira ou carrocinha para copla na bike? De qualquer for,a vou mandar um e-mail para eles
Oi, Hamilton. Isso eu não sei dizer. Tenta entrar em contato com a empresa.
Abraço e boa viagem.
Show de bola o passeio.
Quanto custa os Passeios Rafael.
Cara, tudo relacionado a vinícolas no Chile é meio caro. A Turistik vende esse tour, já com o transfer, por R$ 190. é mais barato na própria vinícola, mas você tem que chegar até lá.