Visita ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia

Pano de fundo de clássicos do cinema como A Lista de Schindler, A Vida é Bela e o Pianista, Auschwitz talvez seja o maior símbolo do sofrimento causado pelo holocausto. A história das pessoas que passaram – e morreram – dentro dos limites das cercas de arame farpado que representam uma das maiores tragédias humanitárias do século 20 já foi retratada inúmeras vezes no cinema e na literatura contemporânea. Mas o que, afinal, tornou o campo de concentração próximo a Cracóvia, na Polônia, famoso entre todos os outros campos nazistas espalhados pela Europa?

Inaugurado em maio de 1940, o campo de concentração de Auschwitz, também conhecido como Auschwitz-Birkenau, em referência a um segundo campo construído anexo ao principal, anos mais tarde, para abrigar as câmaras de gás, foi o primeiro a adotar o que os nazistas chamavam de “solução final”. Em outras palavras, a exterminação sistemática de judeus com o objetivo de eliminar esse povo da Europa.

A política assassina de Hitler deu origem a dois tipos de campos: os de concentração, destinado a presos políticos e pessoas consideradas impuras pelo regime, como os próprios judeus, comunistas, homossexuais e Testemunhas de Jeová; e os campos de extermínio, que tinham como objetivo causar a morte em massa de seres humanos nas câmaras de gás. Todos os campos de extermínio nazistas foram implantados na Polônia e, deles, Auschwitz foi o primeiro e mais importante.

Quando um prisioneiro desembarcava dos trens que de tempos em tempos paravam nos portões de Auschwitz e fazia a melancólica travessia dos portões de ferro, sabia que dificilmente sairia dali com vida. Estima-se que ali dentro morreram entre um milhão e uma milhão e meio de pessoas durante os cinco anos em que esteve em funcionamento. Os judeus eram a maior parte das vítimas, mas o campo também matou ciganos, poloneses e soviéticos. Além do extermínio em massa nas câmaras de gás, muitos também sucumbiram pelas condições de extrema insalubridade às quais eram submetidos assim que chegavam ao campo. Epidemias e fome eram outras armas nazistas para destruir os espíritos dos prisioneiros e levá-los à morte.

O campo foi desativado em 1945 pelos soviéticos, com o fim da Segunda Guerra Mundial, e hoje está aberto para visitação como uma lembrança amarga de tudo o que passou ali. Como disse uma reportagem do El País sobre os 70 anos da liberação do campo, em 2015, “na prática cotidiana dos campos se realizava o ódio e o desprezo difundidos na propaganda nazista. Aqui não estava presente somente a morte, mas também uma multitude de detalhes maníacos e simbólicos que tendiam a demonstrar que os judeus, os ciganos e os eslavos eram resíduos, animais, sujeira”.

Como visitar os campos de Auschwitz-Birkenau

Você pode visitar o memorial de Auschwitz por conta própria ou com tour guiado, que é a maneira mais cômoda, porém menos econômica. Os tours são vendidos em tudo quanto é canto de Varsóvia e é bem provável que você possa contratá-los já na recepção do seu hotel ou hostel, pagando um preço que varia entre 120 e 200 zl, com guia. Uma van te busca na porta do hotel pela manhã e percorre os 70km que separam Cracóvia do campo. O trajeto de volta ocorre em torno das 17h. A grande vantagem de contratar esses passeios é, na verdade, não ter que enfrentar as largas filas que se formam na entrada do campo, já que grupos têm prioridade para passar.

Se você preferir ir por conta própria, você precisa reservar sua vaga no site oficial, pois há um número limitado de vagas por dia para visitantes individuais, mas a entrada é grátis. Para chegar lá, pegue um trem pela manhã na estação central de Cracóvia. O primeiro trem rumo a Oswiecim, estação mais próxima de Auschwitz, sai às 7h da manhã e chega em Cracóvia às 9h. O bilhete sai por 12 zl. e você pode comprar na hora. De lá, você pode caminhar por 2 km até o campo ou pegar um ônibus que sai de um ponto bem em frente à estação.

Já na entrada do campo, você deve optar por fazer a visita por conta própria – nesse caso, a entrada é gratuita – ou contratar um dos tour guiados oferecidos pela administração por 60 zl. Isso vai das preferências e estilo de viagem de cada um. Embora um guia vá te passar informações históricas que de outra forma você não obteria, estar em um grupo torna sua visita um pouco mais engessada. Uma vez lá dentro, você terá acesso aos campos de Auschwitz I e Birkenau, porém eles não estão tão próximos uns dos outros. Se você optar pela visita solo, deve pegar um ônibus gratuito que faz o transporte entre os dois campos, com saídas a cada 30 minutos.

Os tours estão disponíveis em várias línguas, incluindo inglês, francês e espanhol. O memorial de Auschwitz-Birkenau está aberto todos os dias das 7h30 às 15h no inverno e das 7h30 às 19h no verão. Vale a pena chegar cedo, pois há muito o que conhecer sobre esse registro de um dos períodos mais tristes da história recente.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Oii Natália, tudo bem?! Estive na Cracóvia em 2010 e gostei bastante. Visitei Auschwitz e realmente é uma experiência que mexe muito com a gente.
    Eu e meu marido estamos planejando as férias para início de Novembro. Vamos para Hamburgo visitar alguns amigos e queremos incluir mais duas cidade no roteiro com fácil logística a partir da Alemanha. A nossa dúvida é: além de Hamburgo, incluir Berlim e Varsóvia ou além de Hamburgo incluir Amsterdam e Bruxelas. O que você acha?? Estamos considerando 3 dias em cada uma dessas cidades...
    Em ambas as opções eu já conheço uma das cidades. Conheço tanto Berlim, quanto Amsterdam, mas meu marido não conhece nenhuma delas. Sei que a primeira opção é uma viagem mais de cunho histórico e a segunda é mais romântica.

    • Carolina, montar roteiro é muito pessoal, todas essas cidades têm seus atrativos... depende do que vocês querem ver e do clima da viagem, como você disse! Tenho certeza que qualquer escolha será incrível!

      Abraços!

  • Boa noite! Só gostaria de esclarecer se o preço da visita guiada à entrada é mesmo esse, se não varia de acordo com a disponibilidade. Eu vou lá no domingo mas no site oficial já não existem vagas para visita guiada, queria saber se fosse de comboio, havia a possibilidade de ainda participar numa visita comprada na hora...

  • Oi, Natalia, gostei do seu relato e estou levantado dados para uma viagem para lá no futuro. Gostaria de saber se o passeio por conta própria tem o auxílio de livretos ou material áudio visual, e se a gente perde muito de informações básicas se não fizer o passeio guiado. E qual a duração aproximada da visita.
    É possível ir até lá de carro?

    • Fernando, eu só fiz o guiado, então não sei te dizer se perde muito. Em geral eles sempre dão mapas e panfletos com informações na entrada... Você também pode pegar um audioguide.

      Abraços!

      • Valeu, Natália. Vou guardar essas infos, quando eu passar por lá, te aviso. Não sei se vai ser em 17 ou 18,....
        Muito obrigado!

        • Fernando, eu e meu esposo fizemos o passeio sozinhos em agosto/2016, fomos de ônibus de Cracóvia e lá no campo de concentração mesmo compramos um guia bem completo (por R$ 15,00 em inglês) com mapas e explicação de cada sala, se você quer economizar essa é uma boa opção.

  • Estive em Auschwitz em outubro, e foi uma das experiências mais dúbias que já senti na minha vida. Ao mesmo tempo que me sentia fragilizado pela constatação da crueldade humana, me sentia em profunda paz por estar em um local tão silencioso, apenas ouvindo passos e cantos de pássaros. Foi uma experiencia intrigante, mas não me surpreendi, pois o ser humano ainda não aprendeu a respeitar um ao outro e atrocidades como as da 2ª Guerra ainda acontecem. Por quantos Holocaustos passamos e passaremos ainda?

    Parabéns 360, pensei em me oferecer para contar algumas experiencias que passei na Polônia (Cracóvia, Varsóvia...) mas vocês já postaram muita coisa! Amo esse blog, cada vez mais completo!

    • Pedro, obrigada por comentar. Realmente é um experiência que mexe com nossos sentidos e sentimentos. Quando eu fui não senti essa paz não, acho que estava muito cheio no dia...

      Abraços!

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Natália Becattini

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