5 vulcões para conhecer no Equador

Sempre fico intrigado quando vejo pessoas morando tão perto do perigo, como em encostas, lugares com frequência altíssima de terremotos ou risco de tsunamis. Entendo que, muitas vezes, viver assim é mais uma questão de falta de opção. De todo jeito, nada me surpreende mais do que encontrar gente vivendo nas proximidades de um vulcão ativo.

No Equador, chega até a ser um pouco difícil escapar disso. Um em cada três equatorianos mora perto de um vulcão. Tem mais de 60 cavidades vulcânicas espalhadas pelo território nacional, que é um pouco maior que o estado de São Paulo e menor que Minas Gerais, para se ter uma ideia. Onze desses vulcões estão em atividade. Alguns estão adormecidos faz tempo, e ao redor deles foram criados complexos turísticos. É lindo demais ver de perto essas formações geológicas que não existem no Brasil.

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Mas eu sempre me aproximo com um pouquinho de medo. Vai que a natureza surpreende, né?

Na minha estadia no Equador, em fevereiro, pude ver de perto e de longe alguns dos vulcões mais interessantes do país. E, com a ajuda de um guia turístico local, o Juan, selecionei os que mais valem a visita.

Visitamos Quito a convite da Gol, que em dezembro de 2018 inaugurou uma rota de voos diretos de São Paulo para lá. São três voos semanais em cada direção: saem toda terça, quinta e domingo, às 19:25, da capital paulista. Já o trecho Quito – São Paulo é toda segunda, quarta e sexta, com saída 00h20. 

1. Cotopaxi

Por Pavel Svoboda Photography / Shutterstock

Tem tanto vulcão no Equador que eles ganharam uma rua só para eles. É a Avenida dos vulcões, uma linha que se estende por 400 km, pela Cordilheira dos Andes, e que passa por oito vulcões em atividade. Um deles é o Cotopaxi.

Sua silhueta simétrica e coberta de neve é um dos símbolos do país. O Cotopaxi tem 5897 metros e é um dos vulcões ativos mais altos do mundo. Ele fica a uns 50 km de Quito, mas dá para vê-lo da capital, dependendo de onde você estiver.

A última erupção grande do Cotopaxi foi em 1877, mas vira e mexe ele expele umas fumaças que deixam todo mundo em estado de alerta. Afinal, a cidade de Latacunga, que fica a 25 km dali, já foi destruída duas vezes pelas lavas do vizinho.

Os fortes podem fazer um tour e subir por trilhas até o cume do vulcão. É preciso contratar um tour específico, ter condicionamento físico e trajes adequados. Os menos fortes podem aproveitar o Parque Nacional Cotopaxi, onde dá para visitar uma lagoa e andar a cavalo no pé da montanha. Os sem-tempo ou preguiçosos, grupo no qual eu me incluo, podem se contentar em ver de longe o gigante gelado mais perigoso do Equador (foto acima).

2. Chimborazo

Achou a altura do Cotopaxi pouca coisa? O Chimborazo é maior. Com 6310 metros de altura, ele já foi considerado o ponto mais alto no mundo. Se pensarmos na distância entre o cume e o centro da terra, ele é mais “alto” que o Everest, porque o formato achatado do planeta faz com que a superfície esteja um pouco mais distante do núcleo na linha do Equador.

Por Santiago Salinas / Shutterstock

Não há risco de erupção – o vulcão é extinto. Mas há outros obstáculos pelo caminho. A subida é fria e difícil, com várias fendas, riscos de avalanches e outros desafios que são só para quem é treinado.

Quem tiver vontade de subir, pode acessar o vulcão pelas cidades de Riobamba ou Ambato. Todos os guias avisam: para chegar lá em cima, é preciso sair de madrugada de casa. E ainda há o risco de pegar um dia nublado, o que pode estragar um pouco a experiência.

Mas não se deixe desencorajar pelas palavras de um blogueiro que não tem experiência com montanhismo. O Chimborazo é um colosso incomparável, e merece toda a sua atenção.

3. Cayambe

Por David Ceballos / Flickr

O Cayambe nem sempre aparece nas listas de vulcões mais legais do Equador. Mas apareceu no top 5 do Juan, nosso guia, e quem sou eu para contrariar, né? Comparado com o Chimborazo e o Cotopaxi, a silhueta dele é meio sem graça. Não é um cone perfeito e está mais para uma corcova de camelo. Mas escalá-lo não é a coisa mais fácil do mundo, por causa das tempestades e avalanches.

Glaciar Hermoso, Cayambe, 5790 metros. David Ceballos / Flickr

Mas sobram características que o deixam mais interessante. Situado a um pouco mais de 70 km de Quito, o Cayambe está em plena linha do Equador, em meio a uma reserva ecológica lotada de espécies endêmicas, de bichos e plantas. Por lá também tem sítios arqueológicos onde se pode visitar templos pré-Incas. E a cidade de Otavalo está bastante próxima.

Saiba mais: Metade do Mundo, o parque cortado pela Linha do Equador
O mercado indígena de Otavalo

4. Antisana

Outro gigante nevado muito legal é o Antisana, um dos vulcões mais próximos de Quito. Apenas 50 km separam a capital do Equador até a montanha. No caminho, você passa pelos maravilhosos páramos, descampados típicos da região andina. São muitas paisagens de encher os olhos e os cartões de memória da câmera.

Por David Ceballos / Flickr

O Antisana foi formado por dois vulcões, um acabou engolindo o outro ao longo da história. Há quatro cumes na cratera. O acesso é um pouco mais difícil e com menos estrutura que os vulcões anteriores, mas a subida tem até uma dificuldade aceitável para quem é treinado. Sua última erupção grande foi em 1802. Então, quanto a isso, é até relativamente seguro ficar por perto.

5. Quilotoa

Por mbrand85 / Shutterstock

Se montanhismo e caminhada no gelo não são sua praia, o Quilotoa vai te agradar mais do que os outros vulcões desta lista. Isso porque você não precisa subir a pé – dá para chegar lá no alto de carro, tem muitas lojinhas, restaurantes e outros estabelecimentos de apoio no caminho. E, quando você chegar, prepare a câmera.

De lá, vê-se uma cratera de 250 metros de altura e um lago de tons inacreditáveis de verde e azul, de três quilômetros de diâmetro. Com tanta beleza, é fácil esquecer que você está diante de um vulcão. Cada um dos mirantes vai te dar um ângulo diferente, e costuma haver filas para tirar fotos nos pontos mais bonitos. Apesar de a espera valer a pena (as fotos ficam lindas), nenhuma imagem faz jus à beleza da laguna.

Por: Rinaldo Wurglitsch / Flickr

Se ver de longe não for o bastante para você, dá para descer até a margem do lago e até alugar uns barquinhos para dar uma volta nele. Mas não é recomendado nadar, por causa da concentração de minerais na água, que não fazem muito bem à saúde.

Dá para chegar ao Quilotoa a partir de Latacunga, ou de Quito mesmo, com um pouquinho de paciência (são cerca de 175 km, e muitas, muitas ladeiras e curvas no caminho).

Menção honrosa:

Está sem tempo, irmão? Se você estiver em Quito, é só pegar o teleférico, a 6 km do centro da cidade, e já estará aos pés do Pichincha. Depois de 18 minutos de viagem, você terá acesso a mirantes a quatro mil metros de altitude, de onde se pode ver diversos vulcões das proximidades.

Quem está só de passagem por Quito, ou não tem muita afinidade com as aventuras, escaladas, caminhadas ou passeios mais difíceis, pode ter uma boa impressão da Avenida dos Vulcões dos Andes Equatorianos. Se você tiver sorte, o dia estará aberto e sem nuvens.

Mas, se tiver azar, poderá acontecer o mesmo que ocorreu em 2004: o Pichincha vai despertar e despejar toneladas e toneladas de cinzas sobre a capital do Equador. Mas o Juan, o guia que me acompanhou na viagem ao Equador, garante que é muito seguro. Afinal, disse-me ele, “a natureza é linda e imprevisível”.

*Todos os passeios foram organizados e pagos pela Gol.

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Otávio Cohen

Cresci lendo muitos livros e assistindo a muitos filmes. Deu nisso: hoje vivo de contar histórias. Por coincidência, algumas das melhores acontecem longe de casa. Por isso, de vez em quando, supero o medo de avião e a saudade do meu cachorro para ir em busca de uma nova história.

Ver Comentários

  • Olá boa tarde,

    Eu e meu namorado estamos indo para o Equador em Janeiro de 2020. E estava pegando umas dicas em seu blog.
    Vi que voce menciona 2x do guia Juan. Então gostaria de saber se seria possível voce passar o contato dele, e-mail ou whatsapp para contatar o seviço dele. Voce recomenda né?

    Obrigada pela sua atenção,

    Gaby

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Otávio Cohen

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