Na escola, um dos meus assuntos favoritos era a história inglesa, muito por conta das tramas medievais que hoje são usadas como inspiração em Game of Thrones. E também pela proximidade com a mitologia do rei Arthur, que me fascinava em As Brumas de Avalon. Então, quando eu estava dentro da York Minster, a gigantesca catedral de York, na Inglaterra, e vi estátuas de basicamente todos os reis medievais que figuravam as ditas aulas de história, eu confesso que fiquei um pouco histérica. Histérica a ponto do meu namorado perguntar se eu tinha visto alguma coisa relacionada a Harry Potter.
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Essa pequena introdução foi para tentar explicar a importância histórica de York no Reino Unido. Mas esse não é o único motivo para ir até lá: essa é provavelmente uma das cidades medievais mais fofas para você visitar. Ela é cercada pelas muralhas mais bem preservadas da Inglaterra – dá até para caminhar por toda a extensão delas; tem a maior catedral do Norte da Europa, a York Minster; ruelas medievais com casinhas tortas e alguns museus interessantes, visto que os romanos e os vikings também fizeram de York parte de seus domínios.
York foi fundada pelos romanos e era a capital da Britânia Inferior no tempo de imperadores como Adriano e Constantino, que, inclusive, foi coroado na cidade. Na época, seu nome era Eboracum. Com a queda do império, vieram as invasões bárbaras. York, por volta de 866, tornou-se uma cidade viking e a dominação dinamarquesa/norueguesa durou quase 200 anos. Nesse tempo, o nome da cidade era Jorkvic (o J pronuncia com som de I). Os vikings permaneceram governando York e o resto da Inglaterra em sete reinos, que acabaram se unificando. Isso até o século 10, quando ocorreu a invasão normanda, por Guilherme I.
Por volta de 1400, a Inglaterra já tinha passado pela Guerra dos Cem Anos, contra a França, e York era uma cidade importante, onde os reis mantinham outra corte. Foi então que o Duque de York, também conhecido como Ricardo III, vilão da peça de mesmo nome de Shakespeare, assumiu o trono. Isso deu uma confusão que virou a Guerra das Duas Rosas, entre a dinastia dele, a Plantageneta, e a dos Lancaster.
Em 1836, a chegada da ferrovia e a localização estratégica entre Londres e Edimburgo, firmou York como um hub ferroviário e industrial, sendo o chocolate uma de suas maiores indústrias até hoje. Atualmente, York é uma das cidades mais visitadas da Inglaterra, junto com Londres e Manchester.
A York Minster é a maior catedral gótica do Norte da Europa, um prédio com uma história que remonta ao século 8. Além de visitar toda a catedral, também é possível subir os 275 degraus até o alto da torre, mas isso depende do bom tempo: eu não consegui subir, visto que estava fechado graças ao vento. Também há visitas guiadas e tours especiais.
Ainda, é possível participar de uma missa por lá. A entrada custa 10 libras para a visita ou 15 libras para visita+torre. Consulte os horários de abertura e missas no site oficial.
Muitas das ruelas do centro histórico de York estão fechadas para carros, de forma que nós, pedestres e turistas, podemos aproveitar bastante para caminhar, tirar fotos e apreciar a beleza e a fofura da cidade, que, como já contei, ainda tem memórias romanas, vikings e medievais. O ideal é andar ali sem pressa, descobrir as vitrines e as fachadas.
A rua mais famosa de todo centro é a The Shambles (foto acima): a rua mais estreita da cidade, com construções do século 14, quando esse era o endereço dos açougueiros. Ah, uma dica: é na Shambles que fica a loja “The shop that must not be named“, que é focada em produtos oficiais do Harry Potter.
Ali pelo centro também dá para procurar as pequenas passagens e ruelas por dentro de prédios, chamadas Snickelways of York.
As muralhas de York datam da época romana e ali existem mais quilômetros de muralhas intactas do que em qualquer outra cidade inglesa. Elas têm quatro grandes portões, chamados de “bar”: Bootham Bar, Monk Bar, Walmgate Bar e Micklegate Bar, além de dois menores. É possível caminhar no topo das muralhas das 8h da manhã até o anoitecer, o que significa que o horário varia ao longo do ano: a foto acima foi tirada às 16h de uma tarde de novembro.
Inicialmente, essa parece uma atração infantil. Porém, trata-se de uma imersão em como era a vida durante o período viking em Jorvik, baseada em uma escavação arqueológica realizada nos anos de 1970, na rua Coppergate. Eles descobriram nove metros de níveis arqueológicos da era Viking, com edifícios de madeira, tecidos de roupas, sapatos de couro, plantas, ossos e outros materiais biológicos.
Com isso, eles construíram uma exibição, em que você segue dentro de um carrinho tipo teleférico e com um áudio-guia, que mostra exatamente como era a vida na antiga Jorvik. No final, também tem um museu clássico, com vários dos artefatos originais. A entrada no Jorvik Viking Center custa 11 libras para adultos, com descontos para crianças ou famílias. Consulte o site oficial para horários de abertura.
Entre o Rio Ourse e a Museum St., ficam os Museum Gardens, agradáveis jardins, onde você encontra as ruínas de um antigo convento beneditino, de 1088, que foi destruído no século 16. Também são nesses jardins, como você pode ter percebido pelo nome, que fica o Yorkshire Museum, que abriga uma coleção de achados arqueológicos e geológicos: desde fósseis pré-históricos, até mosaicos romanos originais e um elmo do período dos reinados dos anglo-saxões, descoberto nas escavações da Coppergate st.
A entrada no museu custa £7.50. Horários no site oficial
Essa torre foi construída por Guilherme, o Conquistador, o rei normando, no século 11. Por duas vezes foi queimada, e a construção atual é de Henrique III, do século 13. A torre tem esse nome por conta de um homem chamado Roger de Clifford, que foi executado ali por traição contra o rei: mandaram enforcá-lo com correntes pendendo das paredes da torre.
Dentro da torre não tem muita coisa além de uma maquete de como era a cidade na época da construção do prédio. Mas é possível subir até o topo e ter uma vista panorâmica de toda a cidade. A entrada custa £4.20.
Esse museu conta a história dos 200 anos das ferrovias na Inglaterra. Tem enormes galerias, onde cabem trens históricos inteiros, como a locomotiva mais rápida do mundo ou os salões dos trens reais da Rainha Vitória. O museu fica bem do lado da Estação de Trem de York. A entrada é gratuita. Para os horários, consulte o site do museu.
Você encontra em York outros museus, como o Castle Museum e a York Art Gallery. Há, também, casas históricas, tours focados em cerveja ou chocolate, exibições sobre as eras romanas e medievais, além de atrações nos arredores, para quem curte natureza e aventura. No site da Visit York tem uma lista completa com essas dicas.
York é um destino excelente por si só e se você tiver tempo, vale a pena passar pelo menos uma noite na cidade.
Porém, também é um bate-volta excelente para quem está visitando Manchester e Liverpool ou uma excelente parada entre Londres e Edimburgo, para quem viaja de trem. Dá para fazer boa parte das atrações listadas ali em cima, num roteiro de 1 dia por York. Foi o que eu fiz, mas não dá tempo de aproveitar tudo com calma.
Para escolher onde ficar em York, não tenha dúvidas, se hospede dentro das muralhas, ou, pelo menos, bem próximo a elas. Assim dá para fazer tudo a pé e aproveitar o clima de cidade pequena e medieval. Veja aqui todas as opções de hospedagem nessa região.
Para viajantes econômicos, recomendo o excelente Safestay York. Considerado um hostel boutique, com alguns quartos com decoração temática do Harry Potter, fica numa mansão tradicional georgeana e tem opções de quartos privados a partir de 30 libras a diária e dormitórios com diárias a partir de 12 libras.
Já para quem prefere conforto e custo benefício, a Barbican House é uma pousada tradicional com 4 estrelas e nota 9,4. Fica num prédio histórico vitoriano e diárias a partir de 75 libras.
Por fim, quem busca uma acomodação mais tradicional e luxuosa, uma opção excelente é o The Grand Hotel & Spa, que tem 5 estrelas, nota 9,3 e é possível encontrar diárias com preço justo: a partir de 150 libras.
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Ver Comentários
Oi Luiza
Manda sempre dicas de viagem
Adorei a de york.
Narcisa
Claro Narcisa, toda semana tem coisas novas =)
Oi Luiza. gostei muito da matéria sobre York.Para mim foi uma surpresa essa cidade medieval inglesa. Parabéns
De nada Vera! :)