Bodrum, na Turquia, hoje é um balneário famoso pelas águas límpidas do mar Egeu e vida noturna animada. Há mais de dois mil e trezentos anos atrás, porém, era Halicarnasso, uma cidade persa governada por Mausolo e sua irmã e esposa Artemísia. Amantes das artes, construíram sua capital com templos, esculturas e prédios de mármore. Quando Mausolo morreu, em 353 a.C., Artemísia resolveu fazer em sua homenagem a tumba mais incrível que o mundo já tinha visto. Foi assim que o termo mausoléu surgiu, em associação à tumba de Mausolo, que tornou-se uma das 7 maravilhas do mundo antigo.
De todas as 7 maravilhas do mundo, termo que teria sido cunhado por um poeta grego chamado Antípatro de Sídon, apenas uma resta de pé: a Grande Pirâmide de Queóps, em Gizé, no Egito. Mas isso não quer dizer que não seja possível visitar algumas das ruínas e memórias desses lugares tão incríveis e que ainda geram curiosidade mesmo milhares de anos depois.
Eu já estive frente a frente com três delas – ou o que restou: a pirâmide de Queóps, o Mausoléu de Halicarnasso e o Farol de Alexandria. Essas foram, inclusive, as três maravilhas que conseguiram chegar até a Idade Média.
Olímpia era uma cidade popular na Grécia Antiga. Ali eram realizados os Jogos Olímpicos da Antiguidade e acreditava-se, inclusive, que o semi-deus Hércules foi um dos primeiros a participar da competição. Em Olímpia também ficava o grandioso Templo de Zeus, construído entre 470 e 456 a.C, com muitas colunas e esculturas. A principal delas era uma monumental estátua de Zeus, esculpida pelo escultor Fídias. Feita de ouro e marfim, tinha 12 metros de altura.
Infelizmente a Estátua de Zeus foi destruída num incêndio, e o templo caiu num terremoto.
Ainda dá para visitar o sítio arqueológico em Olímpia, que fica a 290 km de Atenas, e o trajeto precisa ser feito de carro – fica entre a capital e a ilha de Zakynthos. No blog Sala de Embarque eles contam um pouco sobre como é o trajeto e a visita. Em Olímpia, há escavações do Templo de Zeus e os demais templos e santuários, além do estádio e outras estruturas dos jogos. A cidade também conta com um Museu Arqueológico.
Foto: Elzloy/Shutterstock
Como ambas ruínas ficam na Turquia, é possível combinar a visita numa mesma viagem. São cerca de três horas entre Bodrum e Izmir/Selçuk, onde fica Éfeso. Muitas agências de viagem oferecem esse passeio. Izmir tem um aeroporto.
A história do Mausoléu de Halicarnasso eu já contei no primeiro parágrafo. Não contei, porém, que ele ficou 16 séculos de pé, até mais ou menos 1400, quando um terremoto fez desabar a estrutura. A base ainda sobreviveu, mas no século 15 os cavaleiros que construíram o Castelo de Bodrum usaram o mármore da tumba para reforçar sua fortaleza. Ainda assim, é possível visitar as ruínas em Bodrum, que têm as pedras da fundação e um pequeno museu com a história do local. Ainda, várias esculturas do Mausoléu também estão no Museu Britânico, em Londres.
Já o Templo de Ártemis, foi construído em Éfeso – na época era parte dos domínios Gregos e hoje está no território da Turquia. O templo para a deusa da caça era o maior do mundo antigo, construído no século 6 a.C, com 127 colunas de mármore e mais de 20 metros de altura. Ele chegou a ser destruído por um grande incêndio e foi reconstruído por Alexandre, o Grande. Mais tarde, acabou sendo saqueado pelas invasões bárbaras dos Godos.
Hoje do templo resta apenas uma única coluna, que foi colocada de pé no século 19 por uma equipe de arqueólogos alemães. Apesar de não ter sobrado muito das ruínas do Templo de Ártemis, a cidade de Éfeso tem as principais ruínas históricas de toda a Turquia. Você pode descobrir mais sobre esse passeio no blog Turista Profissional. Além disso, muitas das ruínas do templo foram recuperadas numa expedição e estão exibidos na “Sala Éfeso”, no Museu Britânico, em Londres.
Kenneth Dedeu (Esq) e Fokke Baarssen (Dir) / Shutterstock
Rodes é uma ilha grega que fica muito próxima à costa da Turquia e que foi dominada por Mausolo e Artemisia, os governantes de Halicarnasso. Mas a maravilha do mundo que se encontrava nessa ilha do Dodecaneso é cerca de 70 anos mais jovem. O Colosso de Rodes era uma estátua do deus do Sol, Hélios, construída com os metais fundidos das armas que o exército do rei da Macedônia, Demétrio, deixou para trás quando perdeu a batalha pela conquista da ilha.
A estátua, feita de ferro e bronze, tinha 30 metros de altura – a altura aproximada da Estátua da Liberdade. Em 226 a.C., um terremoto destruiu o Colosso, que nunca foi reconstruído. As ruínas da estátua, porém, ficaram por mais de 800 anos no chão e, de tão impressionantes, ainda atraíam viajantes. Plínio, o Velho, observou que mal dava para uma pessoa envolver os braços no polegar caído, de tão grande. Por fim, em 653, quando as forças árabes tomaram Rodes, os restos da estátua foram derretidos e vendidos.
Não se sabe exatamente onde ficava o Colosso de Rodes. Muita gente acredita que era perto da entrada do porto e a figura da estátua, representada entre a cidade e o mar, está em pinturas e até inspirou a cidade de Braavos, na série Game of Thrones. Porém, alguns historiadores, como Ursula Vedder, sugerem que na verdade o Colosso ficava era na acrópoles de Rodes, no alto de uma colina. Existiu, em 2015, um plano de um grupo de arquitetos para a construção de uma estátua inspirada na original, mas isso acabou não indo para frente.
Foto: Philippos Philippou / Shutterstock
A ilha de Rodes, apesar de não contar mais com nenhum resquício do Colosso, tem diversas ruínas do mundo antigo e também das conquistas medievais. Saiba mais no blog Fragata Surprise.
Em 2013, a Dra. Stephanie Dalley, especialista em Mesopotâmia da Universidade de Oxford, colocou em cheque a localização dos tais jardins. Não seriam da Babilônia, afinal. Daley acredita que foi, na verdade, o rei Senaqueribe quem construiu os Jardins e que eles estavam em Nínive, perto de Mosul, no Iraque. Essa mudança de localização também significaria que os Jardins Suspensos seriam da Assíria, não da Babilônia. O problema da confusão seria também porque o rei Senaqueribe chamava Nínive de nova Babilônia. Algumas escavações perto de Mosul comprovam, de certa forma, as teorias da Dra. Dalley. Mas, por conta do Estado Islâmico, o estudo está suspenso.
Apesar de não ser possível visitar os Jardins ou suas ruínas, dá para ter uma ideia de como eram essas civilizações muito antigas da Mesopotâmia. Em Berlim, no Museu Pergamom, ficam um dos portões da antiga cidade da Babilônia. No museu do Louvre em Paris, há uma grande coleção de arte mesopotâmia.
Além disso, apesar de no Iraque o regime de Saddam Hussein e os militares dos estados Unidos não terem ajudado muito na preservação das ruínas, é possível visitar partes da antiga Babilônia perto de Bagdá.
Foto: Jukka Palm / Shutterstock
Essa é uma das regiões mais perigosas do mundo, ainda em guerra. No entanto, se você quiser saber mais sobre viagens ao Iraque, o blogueiro português João Leitão esteve lá por duas vezes.
Alexandria foi uma das várias cidades com esse nome fundadas por Alexandre, o Grande. O lugar era uma vila de pescadores quando ele dominou o Egito Antigo e foi ali, nessa vila a beira do Mediterrâneo, que o líder macedônio decidiu construir a capital egípcia do seu império, apesar de ter morrido antes de vê-la pronta. Seu sucessor, Ptolomeu I, e toda a dinastia que se seguiu, contribuíram para grandes obras da cidade, incluindo o Farol de Alexandria, de 280 a.C. Ganhou o título de maravilha do mundo, entre outros motivos, por ser o prédio mais alto do planeta na época – e nos vários anos que se seguiram. Tinha 137 metros!
O Farol de Alexandria sobreviveu, aos trancos e barrancos, as invasões de vários povos e forças da natureza, sendo até 1480 a terceira maravilha do mundo sobrevivente. Mas então os povos árabes decidiram usar as pedras das ruínas do farol para construir a Cidadela de Qaibay, no mesmo lugar do monumento.
Nos anos de 1990, arqueólogos franceses descobriram alguns restos do farol na região do Porto Oriental de Alexandria. Desde 2015, o Ministério de Estado das Antiguidades do Egito tem planos para construir um museu subaquático das ruínas submersas da antiga Alexandria – e quiçá reconstruir o Farol.
Mesmo sem o farol por perto, a visita a Alexandria é um convite a mergulhar na história do Egito, tendo em vista que além das ruínas dos períodos de dominação Grega e Romana, a Biblioteca de Alexandria também ganhou uma nova roupagem. Leia nosso post sobre a visita à cidade.
E terminamos com ela, a mais antiga das 7 maravilhas do mundo antigo, com mais de 4 mil anos, e também a única que sobreviveu de pé para contar a história. Mesmo sendo saqueada, a Pirâmide construída para o rei Queóps, em 2600 a.C. continua lá, no platô de Gizé, com toda a sua glória.
Na antiguidade, o monumento era revestido de pedra calcária polida que refletia a luz do sol e chegava a ter 146,5 metros de altura. Hoje, a grande pirâmide, cercada de suas irmãs, Quefren e Miquerinos – que não são maravilhas do mundo – só tem 138.8 de altura. É possível visitar uma sala da pirâmide.
Ninguém sabe ao certo como as pirâmides foram construídas ou o que havia dentro delas. Se você quiser saber mais sobre os mistérios que rondam a construção das pirâmides do Egito, leia esse post. Também escrevi um guia completo sobre a visita à Necrópole de Gizé e todo o complexo de templos e pirâmides.
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Luiza,
Adorei esse seu texto sobre as 7 maravilhas do mundo antigo. Vou me organizar para conhecer a pirâmide e algumas ruínas que ainda sejam possíveis visitar. Você tem alguma publicação sobre as maravilhas do mundo moderno? Tenho um sonho em fazer a volta ao mundo e tenho trabalhado muito para realizá-lo, ainda não tenho data, porém não quero fazer de bengala, você tem algum roteiro para indicar?
Bjos! Parabéns.
Oi Wanira,
Não temos texto sobre as maravilhas do mundo moderno, mas é uma boa ideia! Vamos pensar em fazer.
Sobre volta ao mundo, temos diversos textos: https://www.360meridianos.com/tag/volta-ao-mundo
Luiza, mais uma vez parabéns e obrigada por mais essa primorosa matéria. Na verdade, como me delicio nas suas leituras tenho 2 curiosidades sobre seus textos que tanto gosto: Pra que eles "nasçam" como vc seleciona fontes confiáveis de informação. Outra coisa que me pergunto eh, o quanto dessas informações, imagens e relatos que vc compartilha com a gente, o quanto deles vc tem guardados na memoria mesmo. Não sei se fui clara... rs. Amo viajar também (apenas como lazer) mas fico frustrada as vezes por não lembrar de historias dos lugares que já fui (nunca faço diário, não sobra tempo)
Beijão, sucesso e obrigada
Oi Bianca,
Vamos às respostas:
1. Eu sou jornalista formada pela UFMG. Acredito que esse treinamento profissional me ajuda bastante na seleção de fontes confiáveis. Eu sempre faço muitas pesquisas em lugares diferentes e checo a mesma informação entre diferentes sites, notícias, artigos científicos ou trechos de livros.
2. Dos lugares em que eu estive, eu tento manter pequenas anotações das informações, que eu faço no celular mesmo. Agora, o que mais me ajuda é que eu sempre busco tirar fotos de informações importantes. Sabe aquelas plaquinhas de explicações ou mapas de exposição. Eu sempre fotografo tudo - isso é uma boa forma para lembrar das coisas sem ter necessariamente que anotar. E trago comigo panfletos e folders de museus. Assim, quando vou escrever os textos, não tenho que recorrer apenas à memória!