Andaluzia, a alma da Espanha

Se você recebesse o desafio de descrever a Espanha com um quadro, provavelmente o resultado seria mais andaluz que qualquer outra coisa. O país é uma colcha de retalhos de diferentes reinos e culturas que um dia foram unidos sob uma única bandeira. Mas, por algum motivo, a Andaluzia é a região que se destaca para além da fronteira e empresta sua cultura para o estereótipo que criamos de hispanidade.

Berço do flamenco, dos campos de algodão, dos azeites, da gastronomia rica, dos leques bordados e dos vestidos vermelhos. Maior comunidade autônoma da Espanha, a Andaluzia combina belas paisagens e lugares históricos que ainda preservam a influência da era Al-Andaluz, a presença moura que emprestou personalidade à região antes de serem derrotados pelos cristãos e mandados de volta ao Marrocos.

A presença árabe é notável em todas as principais cidades andaluzes, em especial na arquitetura. As principais atrações de Córdoba, Sevilha e Granada são antigas mesquitas e palácios que, mais tarde, acabaram cristianizados e misturados a outros estilos que vieram depois, como o barroco e o gótico, mas sem nunca abandonar por completo suas raízes. Entre os principais cartões-postais de influência árabe da região estão a Alhambra, a Giralda e a Mesquita-Catedral de Córdoba.

A Alhambra, em Granada

É também da Andaluzia que vem o estereótipo mais comum da gente espanhola, aberta e de sangue quente. Mesmo dentro do país não é raro escutar referência às pessoas dali: alegres, festeiras, que falam alto e amam uma vida boa. Sabe aquela imagem típica da mulher espanhola e seus cabelos e olhos negros, intensa, sensual? É, na verdade, a imagem da mulher andaluz. Talvez esses estereótipos tenham muito a ver com o clima local: a Andaluzia tem verões quentes, com termômetros que passam dos 40ºC, e invernos mais amenos que no resto do país. Muito diferente da ideia que se tem dos espanhóis das frias e chuvosas terras do norte.

Real Alcázar de Sevilha

O flamenco, um dos principais símbolos da cultura espanhola, nasceu em Sevilha, da mistura de ritmos mouros, judeus e principalmente ciganos – e poucas coisas podem ser mais andaluzes que essa combinação. Dificilmente você vai encontrar apresentações da dança nas ruas da Catalunha ou da Galícia, mas nas grandes cidades do sul elas estão por todos os lados. O ritmo faz parte do cotidiano local, seja nas casas de shows, restaurantes ou nos artistas de rua que dançam nas praças em troca de contribuições dos passantes.

Foto: Shutterstock

A influência cigana, aliás, compete com a moura na formação da identidade cultural da Andaluzia. Povo nômade e de tradição oral, os ciganos se espalharam pela Espanha há muito tempo, vindos da Europa central, e a maior parte deles escolheu a Andaluzia para morar, contribuindo com suas tradições, hábitos, roupas e música para a cultura local. Foi deles que surgiram os primeiros ritmos que misturavam canto sofrido e batidas estrondosas no ferro quente – eles são conhecidos por serem exímios ferreiros – que foram a origem dos primeiros flamencos, cantados à capela.

Foto: Shutterstock

E não dá para falar da cultura andaluz sem citar a gastronomia local. Na Andaluzia come-se bem, muito e barato. Os bares de tapas se proliferam em todas as cidades, com destaque para os feitos com peixes e frutos do mar. Dizem que o melhor jamón serrano, um embutido defumado típico da Espanha, vem da região. Ali se destacam também as sopas frias, conhecidas como gaspacho, e a presença de doces de amêndoas e mel, outra herança árabe. A comida é sempre regada a azeite de oliva e aos vinhos da região, como o Xerez, típico da cidade Jerez de la Frontera.

Foto: Shutterstock

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Muito legal seu post, natália! Estive na andalucia este ano e é exatamente assim que vejo.
    Só faltou falar dos limões e das laranjas, rs rs rs

  • Maravilhoso sua pesquisa, eu como filha de espanhois de Granada e estudei um pouco de Flamenco , estou maravilhada e espero ir um dia para lá, vou guardar com carinho esta sua pesquisa, pois ainda vou lá.

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Natália Becattini

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