Transilvânia. Não tem uma pessoa que vá nessa região da Romênia sem se lembrar de seu personagem mais famoso, o Conde Drácula. O protagonista dos livros de Bram Stoker era um misterioso vampiro, que habitava um castelo da região dos Montes Cárpatos.
Esse ar de mistério, de contos de terror, é provavelmente o que muitos esperam encontrar quando viajam para lá. Porém, há uma enorme distância entre as histórias e a realidade.
A começar pelo fato de a Transilvânia ser muito mais colorida do que sinistra. E também pelo fato de o homem que teria inspirado o Conde Drácula não ser exatamente da região.
Vlad Draculea, o homem que virou lenda, nasceu em 1431, em Sighişoara, na Transilvânia. Ele era filho do governante da Valáquia, Vlad Dracul, que estava exilado ali na época do nascimento do filho.
O nome significa “filho do dragão”, já que seu pai havia se juntado a uma ordem religiosa chamada Ordem do Dragão. Para completar, Dracul significa diabo em romeno.
Naquela época, boa parte da Romênia era dominada por outros países. Grande parte do Sul, onde fica a Valáquia e a capital atual, Bucareste, foram anexados pelo Império Turco.
E o norte, onde fica a Transilvânia, era parte do Império Húngaro. Vlad, foi obrigado a viver com os turcos, junto com seu irmão, sendo uma espécie de refém de luxo, para garantir que seu pai não se revoltaria contra o status quo.
Quando Vlad já era adulto e seu pai morreu em uma batalha, ele retornou ao poder da Valáquia. Eram tempos difíceis, em que era preciso negociar com dois inimigos poderosos.
A maior parte do reinado de Vlad Draculea ocorreu entre 1456 e 1462. Foi exatamente nessa época que ele ganhou o apelido de Vlad Tepes, ou em português, Vlad, o Empalador.
A verdade é que Vlad Tepes decidiu duas coisas muito importantes para seu governo:
1. Que ninguém, além do seu próprio povo, ia dominar sua região.
2. Que todo e qualquer crime cometido ali, pequeno ou grande, seria punido pra lá de exemplarmente.
O resultado dessa equação é que Vlad mandava punir exemplarmente seus inimigos e os criminosos do reino, do exército turco aos ladrões de galinha.
Por punir exemplarmente, entenda que ele tinha um método de tortura favorito: empalamento. Ou seja, enfiar uma lança de madeira – embebida de banha de porco (para ofender ainda mais os turcos/árabes) – via ânus, através da espinha da pessoa, de forma que cause uma dor terrível e uma morte bem lenta.
Essa não só era a punição preferida do governante, como ele também criou uma espécie de floresta de empalados, no caminho que levava a seu castelo, em Poenari. Reza a lenda que ele matou cerca de 100 mil pessoas assim.
A fama do sadismo de Vlad Tepes se espalhou, já que acrescentavam à lenda o fato dele se banquetear enquanto os prisioneiros eram torturados. Ou, versão piorada do boato, de que ele bebia o sangue dos inimigos.
Mesmo com sua morte – ele acabou sendo capturado, foi prisioneiro durante anos e assassinado numa batalha – o mito não se esgotou.
Não se sabe nem ao certo onde o corpo dele foi enterrado: dizem que foi em Snagov, mas a verdade é que escavações ali só encontraram ossos de animais.
“Desculpe, estamos procurando pelo tesouro de Vlad Tepes” – piadinha em Sighisoara
Algumas centenas de anos mais tarde, o escritor irlandês Bram Stoker, que pesquisou durante anos sobre a mitologia do Leste Europeu, decidiu usar essa região como pano de fundo para a mais famosa história de vampiro de todos os tempos. Então, apesar dele nunca ter pisado na Romênia, foi a terra de Vlad que ele escolheu como seu cenário.
Apesar de não ser 100% confirmado, não há como negar que Vlad Draculea e o Conde Drácula têm nomes bem semelhantes. Também não é só coincidência que hoje o castelo que atribuem ao castelo do Drácula fique em Bran, cidade com nome tão parecido com o de Stoker. Dizem que o autor viu a foto do lugar em um livro.
Castelo de Bran
Um fato engraçado é que Vlad Tepes nunca morou no Castelo de Bran, mas talvez tenha ficado preso ali por algumas noites.
A Transilvânia nunca foi sua verdadeira terra. Na Valáquia e a vizinha Moldávia, ele é lembrado como uma espécie de herói, que ajudou a expulsar os turcos. Também a ele é atribuída a fundação da atual capital da Romênia, Bucareste.
A capital romena teria sido fundada por Vlad Tepes e lá, na Cidade Velha, você encontra as ruínas de um dos castelos do governante, assim como uma estátua erguida em sua homenagem.
Saiba mais: O que fazer em Bucareste, Romênia: Roteiro de 2 ou 3 dias
Nessa pequenina cidade fica o tal castelo, que teria inspirado Stoker a escrever a morada de seu personagem. O castelo é bem pequeno, mas parece um labirinto por dentro, o que o torna mais interessante. Lá dentro há algumas explicações sobre a história.
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• Castelo de Bran, na Transilvânia e as origens do Drácula
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Essa cidade na Transilvânia tem um dos centros medievais mais bem conservados da Europa, incluindo a casa onde Vlad Tepes teria nascido e que hoje é um restaurante.
Saiba mais: Sighisoara, Romênia: a cidade onde nasceu Vlad, o Empalador
É lá que fica o Monastério de Snagov, numa ilhota dentro de um lago, onde acreditam estar enterrados os restos mortais de Vlad Tepes. Porém, esses tais ossos nunca foram encontrados. O pessoal do Andarilhos do Mundo tem a melhor história de como chegar até lá.
Foto: Shutterstock
A antiga fortaleza de Vlad Tepes, do século 15, hoje está em ruínas, mas é possível visitá-las após fazer uma longa caminhada até o topo da montanha.
Foto: Shutterstock
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Ótima reportagem , espero que consigam recursos para produzir mais histórias como essa .
Eu. Gostei dos texto e uma informacao muito oportuna para ser. Mais. Especificas e normas pra todos ai na romenia essa uma eu historia muito espesifica para as coisas mais legais e muito interesa para quem tem muita. Curiosidades sobre o. A. Sunto
Luiza, tudo bem?
Meu nome é Elis e pretendo fazer um mochilão de 20 dias para o Leste Europeu. Tenho muito interesse em conhecer a Romênia e mais alguns países que ainda preciso pesquisar. Talvez Bulgaria e Alemanha, porém fico na dúvida em relação à distância que demandaria mais tempo. Por qual país vc recomendaria o início do mochilão, tendo esses três paises como base: Alemanha, Romênia e Bulgaria? E quais lugares não devo deixar de ir?
Oi Elis,
Da Romênia e Bulgária tenho posts bem completos sobre quais cidades ir e roteiros, aqui ó:
https://www.360meridianos.com/dica/turismo-romenia-roteiros-dicas-de-viagem
https://www.360meridianos.com/dica/como-organizar-um-roteiro-de-viagem-pela-bulgaria
A Alemanha temos vários textos também, mas só conhecemos Berlim, Munique e Dresden: https://www.360meridianos.com/atlas/alemanha
Eu dedicaria 10 dias para cada país. Sobre a ordem, numa boa, tanto faz se será Alemanha, Romênia e Bulgária ou Bulgária, Romênia e Alemanha. A questão é de onde você vai conseguir voos mais baratos!
Luiza, acho que vc deveria ter recomendado também a cidade de Brasov, que pode servir de base para conhecer a região da Transilvânia. Recomendo muito essa viagem! No Halloween do ano passado viajei até Brasov e visitei os castelos Peles e Bran! A viagem de ônibus durou 18 horas saindo de Zagreb, mas valeu muito a pena pois lá conheci meu namorado e estamos juntos até hoje! Transilvânia para sempre no meu <3
Oi Nathália,
Eu também fiquei em Brasov como base e vou escrever sobre lá, mas nesse post quis concentrar exatamente os lugares que tinham relação com o Vlad Tepes.
Obrigada por comentar e adorei saber da história com seu namorado! =D
Oi, Luiza! Que post interessante! Sempre tive vontade de conhecer a terra do Drácula, seu post bem informativo só aumentou essa vontade!
Parabéns!
PS: Muito medo desses bonequinhos empalados na entrada do Castelo Poenari!
Oi Bárbara,
Eu adorei a Romênia! E, tirando esses bonequinhos aí, você não vai ver mais nada de sinistro, rs
Adorei! Parabéns! Vonatde de viajar para lá!
=D
Luiza, que post sensacional =)
Taí um tema que me fascina, mesmo existindo uma distância enorme entre a ficção e a realidade (que é conhecida), não dá para tirar o magnetismo da história. Eu preciso muito explorar mais o leste europeu, em outubro eu começo a sanar a minha dívida.
Mais uma vez, parabéns pelo post.
Obrigada Fabrício!