Não há muita informação sobre Frances Trollope nem mesmo nos confins da internet. Seu filho, o renomado escritor Anthony Trollope, é quem fez a fama da família, mas Frances e sua escrita sustentou a família durante a mudança da Inglaterra para os Estados Unidos e a falência do marido.
Trollope também foi uma escritora da Era Vitoriana bastante renomada, com uma carreira que foi de 1832, quando escreveu seu primeiro livro, até 1860. Publicou 34 romances, 6 diários de viagem e uma livro de poesias. Seu trabalho influenciou mais do que seu próprio filho: Charles Dickens, Charlotte Brontë, William Thackeray, George Eliot, Harriet Beecher Stowe também leram e se inspiraram no trabalho dela.
Nascida Francis Milton, em Bristol, na Inglaterra, em 1780, filha de um pastor. Sua mãe morreu quando ela ainda era criança e ela foi alfabetizada com literatura inglesa, francesa e italiana. Aos 23 anos, mudou-se para Londres, onde o irmão trabalhava no exército. Seis anos depois, casou-se com um advogado, Thomas Anthony Trollope, com quem teve sete filhos.
Acreditando nas promessas de riqueza e na terra das oportunidades, em 1827 a família Trollope embarcou de mala e cuia para os Estados Unidos. Inicialmente foram viver numa comunidade utópica de Fanny Wright, a Comunidade Nashoba. Era um lugar em que se pretendia promover a igualdade e a liberdade, visto que sua fundadora era abolicionista e feminista. Porém, em menos de três anos o projeto deu errado. Ao mesmo tempo, o marido faliu e toda a família mudou-se para o estado de Ohio. Lá, Frances buscou formas de sustentar a si e a família sem sucesso.
Assim, eles retornaram para o Reino Unido e, aos 52 anos, Trollope lançou-se na carreira de escritora para salvar a família do buraco. O tema do seu primeiro livro? Suas viagens e experiências como expatriada: Domestic Manners of the Americans ou Maneiras domésticas dos Americanos, uma crítica satírica sobre a vida no “novo mundo” e seu horror com a escravidão, com a influência da religião na vida das pessoas, com a falta de liberdade das mulheres e outras questões sobre o dia a dia e os maus modos que a inglesa vira no país que havia se tornado independente do seu.
Claro, um livro com tamanha polêmica vendeu igual água e Frances Trollope, apesar das críticas polarizadas, salvou sua família e seguiu com a carreira. Seus livros variavam de gênero – iam da ficção, ambientadas tanto nos Estados Unidos como na Europa, com histórias influenciadas por suas experiências de viagens para esses lugares, assim como romance sobre problemas sociais como a escravidão, o trabalho nas fábricas, questões anti-católicas e anti-protestantes, feminismo, etc.
Além de usar suas viagens e experiências de mundo como viajante como pano de fundo, as viagens de Trollope em si também foram tema de seus livros publicados, como Belgium and Western Germany in 1833 (A Bélgica e a Alemanha Ocidental em 1833), Paris and the Parisians in 1835 (Paris e os Parisienses em 1835), Vienna and the Austrians (Viena e os Austríacos), A Summer in Western France (Um Verão no Oeste da França) e A Visit to Italy (Uma visita a Itália). Alguns desses livros são encontrados gratuitamente na internet através do Projeto Gutenberg, que reúne ebooks que já estão em domínio público.
Ilustração do livro Paris e os Parisienses em 1835
Como muitas mulheres antes e depois dela, as obras de Frances Trollope foram esquecidas pelos críticos modernos, talvez pelo sucesso de seu filho Anthony, talvez porque ela era mulher. A falta de atenção ao seu trabalho não muda a percepção geral de sua capacidade de expressar a moral e ética do seu tempo e seu talento narrativo para lidar com questões sociais importantes e misturar ficção e realidade.
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luiza, vc devia incluir um artigo sobre a escritora brasileira julia lopes de almeida, a história dela é super parecida com essa, também escrevia muito bem, era grande viajante e foi esquecida. Detalhe: não pode figurar como fundadora da academia brasileira de letras por ser mulher.
Tem uma tese de mestrado sobre ela e vários livros na amazon.com.br e no site domíniopublico, e o neto dela é vivo e receptivo.
Júlia lopes merece ser redescoberta! Os livros dela são excelentes, leia e veja como ela descreve o Rio na “A Falência”.
Oi Denise,
Muito obrigada pela dica! Vou procurar mais sobre ela e colocar na lista de próximos posts da série!
Muito interessante esse artigo sobre Frances Trollope. Através de informações como essas, podemos descobrir a trajetória das mulheres escritoras através dos tempos. Obrigada e continue escrevendo.
Obrigada pelo carinho Luciana!