O Douro, em Portugal, foi a primeira região geograficamente demarcada do mundo. Isso lá em 1756, época do Marquês de Pombal. O que faz do Vinho do Porto um dos primeiros produtos do mundo a ser considerado típico de uma região e somente poder ser comercializado se for produzido ali, segundo padrões de qualidade. A região do Douro fica no Norte de Portugal, acima do Porto, abaixo do Minho e Trás-os-Montes, ao longo do vale do rio de mesmo nome.
O Alto Douro Vinhateiro é considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e é possível fazer cruzeiros pelos rios, passeios de locomotiva, visitar as quintas que produzem o vinho: cidades como Peso da Régua, Alijó, Torre de Moncorvo, Lamego, S. João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa fazem parte desse circuito. Essa é uma região que produz vinhos há provavelmente 2000 anos.
Crédito: Joaomartinho63 – CC BY-SA 3.0
Mas o que o tal Vinho do Porto tem de tão diferente de um vinho comum? Se você já provou um vinho do Porto, sabe que o teor alcoólico é muito mais alto e o sabor é muito mais doce, tipo licoroso: vinho do Porto normalmente acompanha sobremesas. O motivo do sabor diferenciado? É que quando o vinho ainda está no início da fermentação, ou seja, cheio de açúcares que ainda não viraram álcool, acrescenta-se aguardente de uva no vinho. Já um vinho seco fermenta até o final e boa parte do açúcar some no processo.
Esse método de produção de vinhos já era utilizado desde a época do Descobrimento. Era armazenado dessa forma para ajudar a conservar mais tempo durante as longas viagens. Claro, tem alguns produtores ingleses que atribuem a si mesmos, por volta do século 17, a criação do vinho do Porto, quando os mercadores britânicos começaram a adicionar brandy ao vinho do Douro para evitar estragar.
A verdade é que a bebida se popularizou na Inglaterra bem nessa época, o que levou a necessidade de proteger a zona de produção, as castas de uva utilizadas e a criação de diversas caves em Vila Nova de Gaia, responsáveis pelo armazenamento e distribuição.
Outra diferença em relação ao Vinho do Porto e o vinho comum é a forma como ele envelhece. Para começar, normalmente o vinho do Porto não envelhece na garrafa, como acontece com vinhos comuns (e alguns tipos de Vinho do Porto especiais, que eu explico ali embaixo). Ele passa, antes de ser engarrafado, por um processo de choque de temperatura que para o envelhecimento. É por isso que um vinho do Porto pode ser aberto e consumido por muito mais tempo, enquanto um vinho comum, depois de aberto, só dura um ou dois dias.
Existem quatro tipos principais de Vinho do Porto: Ruby, Tawny, Branco e Rosé. Porém, as diferenças não param por aí. O Ruby é um vinho mais jovem e com sabor mais frutado. Ele também pode ter as categorias Reserva, Late Bottled Vintage (LBV) e Vintage (essa é a ordem de qualidade). Os dois últimos podem envelhecer em garrafa e são feitos de colheitas especiais.
Já o Tawny é um vinho que envelhece mais tempo em tonéis de carvalho menores, com isso pega mais o sabor da madeira. E quanto mais tempo passa envelhecendo, mais claro fica. Suas categorias são Tawny, Tawny Reserva, Tawny com Indicação de Idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos) e Colheita.
O Vinho do Porto Branco se diferencia pela doçura: seco, meio seco e doce (chamado de Lágrima). Quando mais antigo um vinho branco, mais escuro ele fica, ao contrário do Tawny. Por fim, o Rosé é obtido pela maceração menos intensa de uvas tintas e que não sofrem oxidação. São os vinhos do porto que precisam ser consumidos mais rapidamente e podem ser utilizados para fazer drinks.
Se vocês quiserem mais informações sobre tipos, categorias, uvas e todas essas questões, recomendo visitar o site do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
Apesar do vinho ser do Porto, as caves (ou seja, as vinícolas onde o vinho é armazenado e engarrafado) ficam em Vila Nova de Gaia, a cidade com mais litros de álcool por metro quadrado no mundo. Chegar em Gaia é muito simples, basta cruzar a ponte Luis I. Com tantas opções, pode ser complicado escolher qual cave visitar. Tenha em mente que quanto mais perto do rio, mais turística é a visita. Há várias famosas, como a Taylor’s, Cálem, Ramos Pinto, Cockburn’s, Sandeman e Ferreira.
Leia também: Vila Nova de Gaia, a cidade do vinho do Porto
Uma das visitas mais informativas e tranquilas que eu fiz (visto que foi lá que eu tirei boa parte das informações aqui do post) foi a Poças. Criada em 1918, é uma das únicas casas de vinho do Porto que ainda é familiar e pertence aos portugueses descendentes do fundador.
A visita rola todos os dias, das 10h as 19h. O passeio mais simples custa 18 euros, inclui a prova de três vinhos e visita guiada pelo processo de produção depois de chegar das vinhas no Douro. Também é bem legal porque eles são uma das poucas caves que tem, dentro do prédio, um tanueiro, artesão responsável por reparar os barris de carvalho num processo artesanal.
A Poças fica na Rua Visconde das Devesas 224, a dois quarteirões da estação de trem Gaia Devesas – é preciso pegar um comboio urbano da Estação São Bento ou Porto Campanha. Outra opção é ir de uber ou táxi. A corrida do centro do Porto fica em torno de 5 euros.
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Visitei a cave da Graham`s Port Lodge que fica na parte alta de Gaia e foi uma tarde maravilhosa , incluindo a prova de vinhos ruby, tawny e vintage . Depois ficamos no bar / restaurante vendo aquele belíssimo visual de Gaia .Somente lembro que a subida a pé é para quem está bem preparado fisicamente . Ab
obrigada pela dica Marcus
Estive recente na cidade do Porto...estou la ainda q decvolta ao Brasil!cidade linda pessoas bonitas vinho e comidas deliciosas e um belo rio tb...me leve de volta Luiza!
Namastê!
Obrigada por comentar Maria