Luíza-pés-doendo. Esse foi o apelido que o Rafa me deu quando viajávamos pela Europa (da primeira vez). Não sem razão. De fato, meus pés costumam doer muito, não importa o sapato. Eu até comprei palmilhas, daquelas tipo Dr. Sholl, numa farmácia em Roma, para ver se melhorava a dor. Não melhorou. Então, passei o aperto de explicar para uma atendente de farmácia na Champs-Élysées, em Paris, que eu queria alguma coisa similar ao Gelol, para tentar aliviar a dor que já tinha subido dos pés para as pernas.
Madrid foi nossa primeira parada da volta ao mundo, em 2011. O câmbio naquela época estava bem melhor do que agora, tanto que deixei para comprar algumas coisas na Europa, entre elas um tênis de caminhada. Eu não consigo imaginar como eu poderia ter sido mais burra nessa história, mas só de falar isso já sei que estou ofendendo o animal: ele não merece ser comparado à minha total falta de inteligência.
Hoje me pergunto por que diabos eu pensei que seria uma boa ideia comprar um sapato novo e usá-lo pela primeira vez numa viagem em que eu andava uma média de oito horas por dia. Não bastasse isso, é claro que eu escolhi o modelo que achei mais bonito e não necessariamente o mais confortável ou adequado para caminhar. Gênia.
Na primeira hora de caminhada eu já comecei a avaliar minhas decisões numa perspectiva mais realista. Nesse momento, o tênis começava a incomodar, apertando meu pé em todos os pontos estratégicos, como dedão e calcanhar. Na segunda hora, pedi para os meninos pararem comigo numa farmácia, onde comprei Band Aid e coloquei em todos os lugares onde o tênis supostamente poderia me machucar. Na terceira hora, eu já estava quase chorando de dor, porque o suor, combinado com o atrito da caminhada, fazia o curativo se deslocar e não me proteger nada. Deve ter sido aí que começaram a se formar as bolhas.
Pausa para o almoço, respira fundo, penso o que fazer. Não dá para voltar pro hotel e trocar de sapato. Eram só 48 horas em Madrid e já estávamos no segundo tempo. Enquanto eu reclamava incessantemente e andava feito uma pata, tive a ideia de tirar a parte do tênis do calcanhar e andar pisando em cima dela. Isso melhorou o calcanhar, mas não ajudou o dedão e nem no modo que eu estava caminhando – à essa altura, mancando e me arrastando.
Foi quando chegamos ao CentroCentro. Tinha algumas mesinhas lindas, com pufes ao redor. Sentamos para descansar. Alívio. Tirei os sapatos. Nunca senti tanta alegria na vida (pelo menos, foi o que pensei naquele momento). Tanto que, um tempo depois, quando decidimos voltar ao passeio, eu perdi completamente a noção, a dignidade e a vergonha na cara. Guardei os tênis mais ou menos dentro da bolsa e passei a circular pelo local só de meia, evitando que os guardas me vissem. Felizmente, minha meia era preta, então dava para disfarçar (soquenão).
Terminado o passeio, voltamos um pouco para o sofá, antes de partir. Nesse momento, em que eu estava com o pé no pufe, só de meia, celebrando meus 10 minutos de alívio antes de voltar para a tortura, o guarda me avistou. Ele se aproximou rispidamente e me disse que eu não estava na minha casa. Eu pedi desculpas, envergonhadíssima e calcei novamente os sapatos, refletindo que se eu estivesse na minha casa (o hostel, no caso), eu pelo menos teria chinelos.
Planeje sua viagem: Saiba onde ficar em Madrid

E esse foi o grande aprendizado da minha viagem. Poucos dias depois, em Roma, no dia que visitamos o Vaticano, eu levei meus chinelos na bolsa. Depois de todo o circuito pelos arredores, incluindo Praça de São Pedro e Catacumbas, meus pés já pediam socorro. Foi quando saquei minhas havaianas roxas da bolsa e circulei pelo Estado do Papa cometendo o maior pecado – fashion – possível: usando meia e chinelo. Brega sim, confortável, sempre que possível.
Momento mico internacional
Eu fiz isso no aeroporto de Fortaleza, indo pra Brasília – com conexão em Recife de 2h.
E olha, meias são o que há! Andei os dois aeroportos e depois fui pra casa do carinha que nos hospedou de ônibus e meia! Até paramos no caminho pra almoçar =D
O pior é que minhas meias eram cor-de-rosa bem chamativas, e por onde eu andava olhavam pros meus pés.
Ninguém me chamou atenção, mas que dá aquele medo dos seguranças… ah, isso dá!
Muito Legal!
Gostei, Parabéns Pelo Blog.
hahahaha, sou dessas que tira o sapato no meio do caminho mesmo e ando descalça também viu Luiza?
Adorei a ideia do absorvente! Acho que o absorvente é algo que dá pra usar pra outra finalidade também quando acaba o algodão pra fazer as unhas eu rasgo um absorvente e pego o algodão de dentro (maluquice né? Mas funciona!)
Beijos
No meu primeiro tour pela Europa fui salvo pelo Tandrilax, um relaxante muscular. Parecia que as pernas levitavam…e dava pra aguentar a onda pro próximo dia.
Eu também sofro muito com isso, mas na hora de montar a mala deixo de lado a vaidade e capricho no tênis confortável (de preferência um tênis de corrida com um bom amortecedor).
Vale investir num tênis desse 🙂 dependendo da marca, pode durar anos e viajar para todo canto com você. Em Londres eu tive que jogar fora o meu tênis de seis anos de idade. O pobrezinho, de tão velho e moído que estava, perdeu completamente a sola no meio do caminho 😛
Aquelas sandálias feiosas de trecking também são bem confortáveis para pés cansados como os nossos, mas elas são muito feias hahahaa tadinhas!
Mas o que é que Londres tem que acaba com os tênis de todo mundo? O meu companheiro também perdeu a sola lá! Sorte que eu já tinha providenciado um outro na primeira parada da viagem.
Luíza, eu e meu marido estávamos conversando exatamente sobre isso hj! Ele sempre reclama de dor nos pés quando está de tênis, mas tem uma bota de trekking ótima. Mas como a gente vai pra Asia na próxima viagem, ele vai morrer de calor se for com a bota (de cano longo!). O jeito é comprar uma outra de cano curto, pq as sandálias ele não usa nem amarrado!
Eu sou mais de boa… Afinal, pé de mulher já sofre todo dia no salto!
Abração!
hahahaha… adorei o Post Luíza!! 🙂
Mas vem cá.. nada melhor que Havaianas!! Agora.. vc é adepta do tal do Crocs?? Esse calçado sim que, na minha humilde opinião, é bem feinho… hehehehe… mas dizem que é confortável!
Bom, o 360meridianos virou uma página diária pra mim! uol, e-mail, face (pq ninguém é de ferro!) e o 360meridianos!! Parabéns pelo ótimo trabalho!!! bjs!
kkk,meus crocs conhecem bem Roma e Buenos Aires…
hahaha putz, é ruim mesmo ter que andar com os pés doendo! eu sempre ando bastante em viagem também, em Buenos Aires levei uma botinha, que não aguentava mais de 1h de viagem, só usei uma vez lá, e um tênis que usava sempre, era até confortável só que no fim da tarde meus pés já começavam a doer.
no Peru, em 11 dias de viagem, também andei muuito, mas dessa vez levei um tênis mais tipo trilha/aventura/trekking, e me surpreendi, foi MUITO confortável, andava o dia inteiro, não machucava, não doía e nem apertava. só tirava do pé pra dormir mesmo.
em um dos dias fui colocar um tênis normal, só pra variar um pouco, e claro… só aguentei ficar uma manhã com ele, logo começou a doer.
Que perrengue, hein! Uma vez, passei por algo parecido, mas acabei desenvolvendo uma técnica milenar chinesa sensacional: forrar o sapato com absorvente! Fica super confortável! Se tiver abas, melhor ainda, pois fica ainda mais firme dentro do calçado. Mas, para isso o sapato não pode estar muito certinho no pé, senão acaba apertando… O conforto pode estar a apenas uma farmácia de distância! Boa viagem, Luíza!
Olá Luzia! Quem nunca passou por um perrengues desses! Isso também aconteceu comigo, meus pés ficaram sacrificados por tanto andar e às vezes já saía do hostel de chinelas mesmo! Adoro as suas histórias! Abraços
hahahaha uma vez perdi 1 pé de chinelo numa enxurrada rs Mas não tava viajando, sorte que já tava voltando pra casa e descer com chinelo em um pé só foi ok. Quanto a viagens nunca tive um perrengue assim, mas minhas havaianas estão sempre a postos rs