Ônibus Hop On Hop Off: por que eu acho uma furada

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Eu raramente planejo o que vou fazer numa cidade antes de chegar nela. Tem uma coisa que eu amo, que é abrir um mapa de um local desconhecido e ir descobrindo o que vou fazer por lá, nem que seja por um dia só. Talvez, por esse perfil de viajante, os ônibus hop on hop off, aquela categoria de ônibus turísticos de dois andares, podem parecer uma excelente opção: uma chance de ter uma primeira vista da cidade em poucas horas e depois conhecer o que realmente interessar.

Mas, sinceramente, é um tipo de passeio que eu não curto. E tenho meus motivos. Não curto gastar horas dentro de um ônibus enquanto eu poderia estar explorando tudo de perto. Não gosto de gastar muito dinheiro num ônibus se o transporte público é mais barato. E não tenho a menor paciência para esperar por meia hora outro ônibus vir, se eu resolver descer. Depois de muito torcer o nariz, eu experimentei uma das linhas turísticas em Viena e só confirmei tudo o que eu já pensava.

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Mas vamos deixar clara uma coisa: você não tem que concordar comigo. E nem é um viajante melhor ou pior por curtir esse tipo de passeio. Então, assim como vou listar os contras que me fazem torcer o nariz para os ônibus turísticos de dois andares, também busquei pela internet motivos que fazem as pessoas amarem o passeio. Ou seja, dá para cada um pesar o que acha melhor para si.

Vamos ao tema do título? Por que eu acho ônibus Hop On Hop Off uma furada:

1. Em geral, há sempre um ônibus de transporte público que circula pelos principais pontos turísticos da cidade e custa 1/5 do preço

Muitas cidades acabam tendo linhas de ônibus que circulam exatamente pelos mesmos trajetos que o ônibus turístico faz. Quem vai te contar isso é o cara da recepção do hotel, o Google ou blogs de viagem. Ou seja, um pouco de pesquisa aqui e conversa ali e você vai economizar muito para circular do mesmo jeito.

É preciso levar em consideração, porém, que os Hop On Hop Off tem sempre o deck superior, que permite fazer fotos boas, sem o vidro para atrapalhar. Sem dúvida, é um ângulo de foto melhor, mas só se o tempo estiver bom: nenhuma foto vai prestar com frio e chuva e você no topo do ônibus. Além disso, o próximo ponto é importante.

2. Caminhar pela cidade é uma forma melhor de conhecê-la do que circular de ônibus

Mesmo que você só tenha, sei lá, seis horas de conexão numa cidade, caminhar pelas ruas, praças e atrações costuma ser bem mais interessante do que fazer isso dentro de um ônibus, mesmo que você esteja no deck superior. Sem contar que as ruas fechadas para o trânsito, que em geral são as mais bonitas, não serão vistas no passeio pelo transporte. Eu prefiro pegar um mapa e andar (ou me juntar a um Free Walking Tour) que entrar num ônibus e ficar lá três horas vendo as atrações de longe.

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Crédito: Shutterstock

Claro, um ponto que eu não tinha levado em consideração é o pessoal que por qualquer motivo está com mobilidade reduzida, seja por ser mais velho ou por ter uma perna quebrada (foi o caso que eu li no Viajando no Blog). Nesse caso, realmente, o ônibus turístico é uma mão na roda.

3. É muito caro

Um passe de 24h horas nos ônibus turísticos custa no mínimo uns R$80,00 (algo em torno de 20 euros nas cidades europeias). O mesmo passe da transporte público, com acesso a ônibus, trams e metrô sai muito mais barato. Sem contar que, dependendo da quantidade de vezes que você usar o transporte público, nem vale a pena comprar o passe, é melhor comprar o bilhete unitário.

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Vamos usar como exemplo Lisboa. Uma das empresas de ônibus turísticos oferece um bilhete de 24h por 18 euros, que inclui duas linhas que fazem as principais atrações da cidade (onde circula ônibus, né). O mesmo bilhete de 24h, válido para toda a rede de transporte público, que inclui ônibus, metrô e ainda os bondes (elétricos) custa 6 euros. Três vezes mais barato, com muito mais oferta de transporte e que vão demorar muito menos tempo para passar.

Enfim, esse foi meu veredito. É o tipo de passeio que recuso sem dor no coração. E vocês? Curtem ou acham uma furada? Vamos conversar nos comentários!

*Crédito Imagem Destacada: Shutterstock

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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47 comments

Concordo iinteiramente com o texto! Também não é o meu género para conhecer um local e prefiro fazer metade ou menos a pé do que me “enfiar” numa lata de sardinha, super cansativo e saturante. Geralmente viajo sozinha e fora da época alta e é muito mais interessante ver “in loco” as coisas, sentir os cheiros, conversar com as pessoas, passar nas ruas, nessas alturas nem se sente o cansaço.
O desejo de felizes viagens.

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Na cidade do México usei este ônibus Turístico e realmente vc conhece muitos pontos da cidade, porém com muita demora entre um.ponto e outro, enfim não terminei o trajeto e desci para pegar o metrô e chegar onde queria, mais cada um cada um né, o importante é viajar.

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Para mim, a melhor maneira de se conhecer um lugar, seus costumes e o povo, é do modo tradicional e barato. A pé, caminhando muito, conversando, entrando no supermercado, lendo os nomes e preços. Melhor forma de aprender melhor um novo idioma. Mas em Portugal, tive que recorrer o ônibus turis tico, caso contrario, não teria aproveitado nada da viagem. Além da chuva e frio, uma distensão no joelho. Mudei meu pensamento e compartilho minha ótima experiência que foi bastante positiva, sem contar os diversos descontos que os ingressos nos possibilitam.

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Me parece uma alternativa bastante útil para manter-se o primeiro contato com uma grande cidade e desconhecida e também quando se tem mobilidade reduzida. Mas concordo plenamente que o melhor mesmo é andar, andar e andar muito.

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Somos idosos ( 63 anos) , mas não abrimos mão de bater perna. É maravilhoso sair do hotel e ir caminhando para um determinado ponto turístico descobrindo o local ou até mesmo pegar o metrô ou ônibus, saltar no lugar errado e nos virarmos. Peguei um desses ônibus em Lisboa, porque no dia havia uma greve no transporte público. Caminhar, caminhar preferencialmente sempre

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Excelente colocação e como foi dito….. opinião cada um tem a sua….. sou bem iniciante, não tenho quase NADA de experiência, mas é a primeira coisa que olho se tem no destino escolhido…. Andei só duas vezes e amei, acredito que não abrirei mão disso….. mas quem sabe quando estiver craque em idiomas e viagens eu faça um passeio mais em conta e mais independente…..por hora não abriria mão…. Andei em Dubai e em Buenos Aires….

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Eu acho bem interessante quando se trata de pouco tempo e lugares distantes. Eu usei, por exemplo, em Lisboa para ir a Belém, que é um bairro mais distante e tem poucas opções de transporte.
Também usei em Montevidéo porque tive apenas um dia na cidade e consegui ver bastante coisa e pude realmente decidir em quais pontos eu achava interessante parar.
É bem pessoal mesmo, e apesar de eu curtir esses ônibus, gostei muito do post! É um incentivo para que a gente não se ”acomode” e curta mais a cidade.

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Olá, Luiza!

No geral, também é um passeio que eu dispenso. Entretanto, faço coro com o pessoal que comentou sobre a linha de Turismo de Curitiba, realmente é muito boa e em conta. Estava viajando com meus pais na ocasião e o serviço compensou pelo preço e praticidade, cobrindo pontos que seriam inviáveis de se fazer a pé e com um tempo relativamente curto.

No mais, nada como bater perna!

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Realmente é pouco válido se você viaja sozinho, é jovem, tem pouca necessidade de comodidade e conforto e tem mobilidade favorecida… Mas nem todo turista tem esse perfil. Eu curto me perder pela cidade, mas achei muito válido usar os onibus nas grandes cidades, sobretudo usando o audio guia, as historias foram fascinantes. Mas achei ainda mais útil quando viajei com a minha mãe, que já é idosa…

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Só utilizei uma vez esse serviço no meu último dia em Cusco no Peru, paguei uma merreca pelo ingresso e confesso que gostei.. Passei por lugares que eu nem imaginava que existia.. Pra mim valeu… rsrs

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