“Um homem com mais de 26 anos, dentro de um ônibus, pode se considerar um fracassado”. A autoria dessa frase é um assunto polêmico. A versão tradicional garante que a bobagem foi dita por Margaret Thatcher, então Primeira-Ministra do Reino Unido, em 1986. Outras versões contestam isso. A frase seria de alguém da nobreza e nunca teria saído da boca de Thatcher.
No fundo, saber se a Dama de Ferro disse isso ou não importa pouco. Ou melhor: não importa. Independente da autoria, a frase mostra o papel do carro, mesmo em sociedades desenvolvidas, como um símbolo de status, uma prova de que determinada pessoa é bem sucedida.
A declaração de Thatcher, apócrifa ou não, está prestes a fazer 30 anos. Assim como eu, que completo a terceira década de vida este mês. E sem carro. Thatcher, pode me chamar de fracassado. Não dou a mínima. E, ao que tudo indica, muita gente também não.
Avenida do Contorno, Belo Horizonte
Meus anos motorizados
Não foi sempre assim, confesso. Aos 18 anos eu lutei para conseguir minha carteira de motorista. “Fiquei mais tenso que no dia que fui fazer vestibular”, contei para o fiscal do Detran, assim que ele me informou que eu tinha sido aprovado.
Com a carteira em mãos, ter um carro passou a ser um dos meus principais objetivos de vida. Uma obsessão. Uma prova de que eu era adulto. E essa prova, óbvio, demorou a chegar: foi em 2008, aos 23 anos, já formado e em meu primeiro emprego, que entrei numa concessionária e comprei meu primeiro carro.
Era um carro simples. Um Celta com três anos de uso, quatro portas, vidro elétrico e promessa de muita alegria. E o carro, de fato, me deu isso. Ganhei independência, passei a me deslocar com mais facilidade e até a viajar de carro. Em pouco tempo eu não queria mais usar transporte público – me dava uma baita preguiça ir para o bar de busão, por exemplo. Voltar de táxi? Nem pensar. Doía no bolso, afinal manter o carro era tão caro que eu não queria gastar dinheiro com táxi.
Tudo mudou em 2011, quando vendi o carro, dei uma volta ao mundo e mudei meus conceitos. Hoje, vivendo novamente em Belo Horizonte, um carro é a última coisa que eu quero ter. E dou minha razões.
São Paulo
Vamos calcular o custo?
Entre parcelas do financiamento, gasolina, IPVA, seguro obrigatório, seguro, manutenção e estacionamento, para não citar a depreciação normal do veículo, metade do meu salário era dedicado ao sonho de ter um veículo próprio. Metade.
A Exame tem uma caculadora online que permite ver qual seria o seu gasto mensal com um carro popular, digamos que avaliado em 25 mil reais. Só de seguro você pagaria 5% do valor do veículo, ou R$ 1250 por ano. Outros R$ 1000 são necessários para quitar o IPVA (4% do valor do carro). O DPVAT consumiria outros R$ 100, enquanto o gasto médio com manutenção e gasolina pode chegar tranquilamente nos R$ 800 por mês.
Coloque a depreciação do veículo e o valor da parcela do financiamento na conta: o custo mensal de um carro popular fica na média dos R$ 1400 por mês, ou R$ 17 mil por ano. Vale a pena? Depois de viajar o mundo por um ano com R$ 23 mil, eu concluí que não, não vale.
Veja também: Como eu economizei dinheiro ao viajar pelo mundo
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É preciso colocar outros números nessa conta. Se você não vai se deslocar de carro, como fará isso? O gasto com transporte público entra no lugar. Ou então o gasto com o custo de vida mais caro de regiões centrais. E ainda tem o táxi da madrugada, usado tradicionalmente depois do bar. Mesmo assim, eu garanto que não ter um carro é mais barato. A diferença é absurda.
Hoje, eu uso o dinheiro que seria do carro para viajar. Foi assim que viajei praticamente uma vez por mês, ao longo de todo o ano. Lençóis Maranhenses, Maragogi, Pará e Rio Grande do Sul: o valor que gastei em cada uma dessas viagens foi menor do que eu gastaria mensalmente com um veículo próprio.
E há mais números para provar isso. Segundo uma pesquisa encomendada pela locadora Alugue Brasil, com o dinheiro gasto anualmente com um veículo 1.0 (já quitado) é possível alugar um carro todo final de semana, durante nove meses, ou 72 diárias. O cálculo já inclui a gasolina que você usará nas viagens.
A situação também é boa para quem troca o carro pelo táxi. Segundo uma matéria do Bom Dia Brasil, é mais barato andar 15 km por dia de táxi do que ter um carro. Já essa matéria da Superinteressante sobe o número para 20 km por dia. As contas foram feitas na comparação com a compra de um carro à vista. Se você parcelar (e pagar juros), o táxi fica ainda mais econômico.
E, claro, ninguém pega táxi todo dia. Desde que vendi meu carro, passei a fazer boa parte dos meus deslocamentos a pé. Para isso, escolhi morar – tanto aqui em BH como em São Paulo, no ano que passei lá – em bairro centrais, próximos ao meu trabalho ou do transporte público.
Isso é um tendência, garante essa reportagem da Revista Época. O sonho atual da classe média, a mesma que já colocou o carro como símbolo máximo do status, é viver perto do transporte público. Segundo uma pesquisa do ramo imobiliário citada pela Época, “63% dos futuros lançamentos residenciais em São Paulo estarão a até 1 quilômetro de uma estação do metrô”.
Mas falta falar de outro ponto, algo que foi ainda mais importante para minha escolha de viver sem carro.
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A tal da qualidade de vida
Eu acordava menos de uma hora antes do expediente, me aprontava e andava até o trabalho: eram 20 minutos de caminhada. Foi meu período morando em São Paulo, entre 2012 e 2013, que me fez perceber definitivamente as vantagens de não ter um carro. Era possível fazer muita coisa a pé. Com isso, eu caminhei mais, me tornei menos sedentário e tive mais contato com a cidade. Quando a distância era muito grande, a saída era simples: bastava usar o metrô ou pegar um ônibus.
O metrô passou a ser parte diária da minha vida quando passei a trabalhar numa empresa mais distante. Foram dois meses, mas dois meses que me fizeram lamentar ter trocado de trabalho. Os 20 minutos a pé se transformaram em 1h40 de trem por dia. Embora eu saiba que meu caso não é regra, o deslocamento para o trabalho se transformava num inferno quando eu, por algum motivo, tinha que ir de táxi, que tomava quase o dobro do tempo que eu gastava no metrô.
No geral, o tempo médio gasto no trânsito varia muito pouco entre quem vai de carro e quem usa transporte público. Segundo uma pesquisa recente do Ibope, o paulistano que usa carro no dia a dia gasta inacreditáveis 2h48 no trânsito. Quem vai de transporte público perde 2h56 do dia.
Números que revelam duas coisas, além do óbvio problema que é o trânsito nas grandes capitais brasileiras. A primeira é que as pessoas não chegam mais rápido em casa ou no trabalho por irem de carro, pelo menos não na média geral. E realmente vale a pena morar perto do local onde você tem sua principal atividade diária (trabalho, estudo, etc). Vale até pagar mais de aluguel ou subir seu custo de vida, já que o ganho com deslocamentos e em qualidade de vida é muito maior. Sei, claro, que isso é um privilégio, não a realidade da maioria da população. E, se você colocar na ponta do lápis, verá que esse custo de vida maior é compensado pelos gastos que você teria com um veículo próprio – e ainda sobra uma grana.
Veja também: Transporte público no Brasil é castigo?
Hoje eu não tenho que dirigir. E só quem dirige (e se estressa) no trânsito de uma grande cidade sabe o alívio que isso representa. Dirigir para o trabalho me tornava uma pessoa pior. Uma pessoa mais nervosa, pronta para discutir com o motorista do carro ao lado e que se enfurecia facilmente – e olha que no geral eu sou um cara calmo.
Você se lembra daquele desenho do Pateta em que ele vira outra pessoa assim que entra no carro? Eu acho que estar livre disso não tem preço.
“O homem comum é uma criatura de hábitos estranhos e peculiares”
Preocupação ambiental: cada um precisa fazer a sua parte
Não adianta fechar a cara. Sim, é hora de entramos naquele papo de ecochato. O transporte rodoviário tem um papel gigantesco na poluição das grandes cidades e no aquecimento global, fatos que refletem no seu dia a dia e na sua saúde. Segundo dados da ONU, 24% das emissões de CO2 nos Estados Unidos são causadas por esse método de transporte.
Nas cidades a situação piora. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os carros são responsáveis por 90% da poluição do ar nas grandes cidades. Poluição que, ainda segundo a OMS, mata dois milhões de pessoas por ano.
São Paulo
Ainda assim, você pode tirar seu carro da garagem, abastecer e usá-lo todos os dias, pensando que, afinal de contas, a diferença que você faria nessa conta toda é muito pequena. E é mesmo.
Mas não fazer nada é muito pior. Para citar outra frase famosa que tem jeitão de ser apócrifa, “o mal triunfa sempre que os bons não fazem nada”. Ou, como diria Gandhi, cabe a cada um ser um pouco da mudança que queremos ver no mundo. Não adianta nada cobrar de governos, reclamar do trânsito, ficar puto com a poluição e se tornar um revoltado virtual. A mudança começa em cada um de nós.
Não é preciso eliminar o carro de uma vez da sua vida e nem eliminá-lo completamente, mas será que não é possível reduzir o uso do veículo de forma gradual até um patamar mais aceitável? Será que você não pode deixar o carro em casa e ir caminhando até a padaria? É preciso mesmo ir de carro para o trabalho todos os dias? Ir de carro na farmácia, que fica a dois quarteirões da sua casa, é a única solução possível?
Caminhar mais, principalmente dentro desses pequenos deslocamentos, já ajudaria a diminuir os males causados pelo carro. E muito. Segundo um professor de Arquitetura e Urbanismo da USP, “25% do congestionamento que temos hoje (em São Paulo) se devem a percursos curtos feitos de carro – menos de três quilômetros”. Ou seja, deixar o carro de lado apenas nos deslocamentos curtos já ajuda a diminuir uma grande quantidade do problema. E de quebra nós deixamos de ser pessoas tão sedentárias.
E não adianta negar: a questão central é que não há outra saída. Não há. Ponto. Ou nós andamos menos de carro ou nós iremos só parar, literalmente. Você se lembra que o paulistano gasta, em média, 2h48 por dia dentro do carro? A consultoria Ernst&Young estimou o tempo que gastaremos no trânsito das grandes cidades em 2050. Se o cenário não mudar, o tempo gasto no trânsito dobrará e você ficará cinco dias inteiros do ano preso no engarrafamento. Sei lá vocês, mas eu prefiro gastar esses cinco dias na praia.
O cenário otimista, também traçado pela Ernst&Young, prevê como será 2050 caso os governos façam algo para mudar a situação da mobilidade urbana. O gasto mundial com transporte tende a cair pela metade e 180 mil vidas seriam salvas por ano, uma multidão que morre por conta de acidentes de trânsito.
Como eu disse antes, essa é uma mudança que não pode mais esperar. A questão é se você fará parte dela, ajudando o mundo a seguir em frente, ou se nadará contra a corrente da mudança, que fica cada vez mais forte.
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O tal do Espírito do Tempo
Não adianta reclamar das faixas exclusivas de ônibus ou das ciclovias. Você pode até dizer que a execução delas, organizada por determinada prefeitura, não foi planejada adequadamente, mas a existência delas é tendência mundial.
Sabe aquela ideia que surge no tempo certo? É disso que nós estamos falando. É o espírito do tempo. Quase 200 cidades do mundo estão implantando os corredores exclusivos para ônibus – a mudança ocorre em Belo Horizonte, São Paulo, Chicago e Los Angeles, entre outras. Mudança que em muitos sentidos começou em Bogotá, na Colômbia.
“Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público. Cidades assim não são uma ilusão hippie. Elas já existem”. A frase é de Enrique Peñalosa, que foi prefeito de Bogotá na década de 90. E ele completa o raciocínio, ao comentar sobre as polêmicas ciclovias, que não estão ali para substituir totalmente ônibus, metrô ou mesmo os carros, mas como ‘outra alternativa importante de transporte’.
Existe uma razão para os jovens serem os maiores apoiadores das ciclovias e de investimentos no transporte de massa. Somos nós que pagaremos a conta, quando 2050 chegar. As cidades do futuro precisam ser construídas para essa geração, uma geração que já percebeu que carro não é mais símbolo de status. Uma geração que tira carteira de motorista mais tarde e que não coloca montadoras de veículos nas listas de empresas favoritas.
Jim Lentz, representante da Toyota nos Estados Unidos, chegou a escancarar o óbvio: “Temos de encarar a realidade crescente de que os jovens não parecem interessados em automóveis, como eram as gerações anteriores”. Até as fabricantes já perceberam isso e passaram a criar estratégias para contornar a situação.
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O carro, veja bem, não é o vilão. Eu não acho que seja e, embora não dirija no dia a dia e não tenha um veículo, pego o volante ocasionalmente, quando o carro é mesmo a única alternativa. Eu fui de carro para Macacos, cidade que fica ao redor de Belo Horizonte, no feriado. E costumo pegar um carro emprestado sempre que preciso levar ou trazer algo grande para casa. Além disso, há pessoas que precisam do carro e ponto final, muitas vezes por questão de saúde, como os idosos. A questão toda é o uso impensado e exagerado do veículo.
Mas se não é para usar o tempo todo, vale a pena ter um carro? A minha resposta você já sabe: não. Mas isso depende de você. Eu vejo com alegria a criação de sistemas que permitem o compartilhamento de veículos, nos moldes daquilo que já existe em cidades como Amsterdam. Funciona assim: um veículo fica disponível para aluguel e pode ser usado justamente no período que você precisa (e por um preço interessante).
É mais ou menos a lógica das bikes para aluguel, que invadiram o Brasil. Belo Horizonte deve ter um sistema de carros elétricos compartilhados em breve. E em São paulo um site para compartilhamentos de veículos da vizinhança foi lançado este ano. Existem sistemas assim até para viagens longas, como o BlaBlaCar, usado por muita gente que viaja pela Europa.
E você? Deixaria o carro de lado em alguma situação? O que acha dessas mudanças que estão tomando conta do mundo e mudando a forma como vemos a mobilidade urbana? O debate (educado e saudável) começa nos comentários. 🙂
Oi, Rafael
Adorei seu texto!Está cada vez mais comum ver pessoas mudando de estilo de vida, abandonando hábitos consumistas e tomando consciência do que é realmente ter qualidade de vida. Eu também já morei fora, vivi por dois anos em Dublin, na Irlanda, que tem um estilo de vida bem simples e todo mundo tem uma bicicleta para fazer tudo. Sempre vivi sem ter carro e agora não quero mesmo ter um. Quero poder viajar mais e conhecer o mundo! E por isso não quero nada que me prenda e só tenha custo! Em matéria de transporte, eu prefiro avião!
Estou há cinco anos desmotorizada e vivendo essa vibe de morar perto do trabalho e de quando precisar de um deslocamento mis longo só andar de táxi. Tenho pavor do transporte público de Belo Horizonte, pavor! Mas o pior é que nem os táxis aqui estão sendo muito interessantes, com a quantidade de taxista mal educado. Vai batendo um desespero e uma vontade de comprar carro de novo. 🙁 Daí a gente coloca na ponta do lápis e desanima mesmo. BH precisa de uma solução de mobilidade urbana urgente, mas já perdi a esperança de que vá acontecer durante essa geração. 🙁
Vai de Uber amigo!!
Vivendo em SP a vida toda, percebo que para qualquer região da cidade levo 1 hora utilizando trem, ônibus ou metrô.
Desta forma, não me sinto prejudicado, principalmente quando o tempo em cada meio de transporte é curto.
Um carro também foi meu sonho de consumo, porém decidi ir morar sozinho e essa liberdade ganha não tem preço.
Planejava comprar um carro nas próximas férias, porém percebi que se comprar um carro nas próximas férias, não viajarei.
Então, prefiro continuar usando o transporte público e viajar aos finais de semana que estão disponíveis e também para outros países nas férias (vale muito mais).
Perder tempo em trânsito me tornaria uma pessoa raivosa e essa filosofia de vida eu não preciso!
Quando eu quiser, poderei alugar um carro, viajar e ter o gostinho de dirigir, não é assim tão difícil né?
Muito bom o seu texto, Rafael!
Tenho carro, mas uso muito pouco, prefiro me locomover utilizando o ônibus e o metrô que funciona bem, aqui, no DF.
O congestionamento dentro de um carro me deixava louca, cansada e angustiada, e depois que mudei esse hábito, dentro do bus aproveito para ler um livro, dormir, estudar… Muito melhor, qualidade de vida mesmo!
Abs
Cara! Vc me economizou um tempo!
Escreveu por mim tudo o que eu queria dizer !
Temos historias parecidas, depois de uma volta ao mundo em 2013 em que vendi meu carro para faze-la, voltei e nao sinto mais necessidade de ter um carro exatamente por tudo isso que tu descrevel claramente.
Texto ótimo, Rafael! E veio num momento oportuno pra mim. Tenho um carro, sabe. Por trabalhar em casa, eu o uso muito pouco. Já chegou a ficar 3 semanas sem ser ligado. Não tenho frescura com ônibus, ando muito a pé e, por mais deficiente que seja o metrô de BH, gosto muito de usá-lo. Ainda sonho com o dia em que vão expandi-lo rs. Cara, me dá um aperto no peito sempre que tem que pagar IPVA, Licenciamento, manutenção (dia desses paguei 1300,00 num par de amortecedores)…é foda, porque sempre penso: ah, Bruno, com essa grana cê poderia investir naquilo que mais te faz bem nesse mundo: Viajar. Mas ainda há salvação. Ano que vem devo passá-lo pra frente. Tenho certeza que serei um cara muito mais feliz, afinal, uma parcela de IPVA pode virar uma parcela de um bilhete aéreo, uma semana num hostel, e por aí vai rs. Abraço pra você, pra Natália e pra Luíza! #360NaVeia
Ótimo texto, legal ver que mais pessoas estão pensando assim ! Moro no Rio e trabalho em 2 lugares diferentes, um deles vou apenas 1 vez por semana e fica a 95 km da minha casa, e o outro fica a 20km. Tenho carro desde os 24, quando caí na ilusão de que não se vivia sem um no Rio de Janeiro. Há cerca de 2 meses tive um probleminha no carro e fiquei andando de transporte público (ônibus, trem, BRT) direto, até que resolvesse. Mas mesmo com o problema resolvido, percebi as inúmeras vantagens que tive ao abandonar o carro! A começar pela economia: meu gasto mensal caiu uns 60%! Fora que ando muito mais durante o dia, não fico tão estressada e me sinto até mais segura, porque nunca estou sozinha. Percebi que o que me impedia de abrir mão do carro eram preconceitos e desculpas que carregamos por comodismo. Tenho certeza que cidades grandes como Rio, SP e BH oferecem sim alternativa ao carro, pra quem está disposto a tentar, claro. Nem tudo são flores, algumas vezes levo mais tempo para chegar, mas colocando na balança não tenho dúvidas que etsou na vantagem sem carro!
Grande abraço!
Estou de acordo com tudo o que atrás li ou a quase tudo.
Tenho carro, mas não sou obrigado andar em filas de transito, tendo alternativa.
Tenha carta de condução e tenho prazer na condução, não considero uma maçada.
Tenho carro, é realmente uma despesa, tal como ir ao restaurante, como andar de avião, etc.
Tenho carro e gosto de dar bons passeios de carro.
Certo que existe a opção do aluguer, mas normalmente o aluguer é para passeios programados, caso contrário não resulta.
Só condeno é quem tem carro, sem ter possibilidades financeiras para tal.
Se tem desafogo financeiro, porque não ter carro
Eu nunca tive carro com meus 33 anos, apenas minha magrela. De tudo o que você disse, Rafael, a única coisa que acho triste é o lance dos lançamentos imobiliários nos arredores de lugares com infra-estrutura. Eu sinto isso na pele. Moro na Pompeia (zona oeste de SP) e vejo a velocidade em que estão destruindo casas e levantando prédios. A crise foi “boa” nesse sentido pois freou um pouco esse movimento, mas a perspectiva é nebulosa.
Um dos melhores textos que já li esse ano, uma verdadeira carta de alforria. Tenho 35 anos, nunca tive carro, nunca tirei CNH pq dirigir não era uma necessidade pra mim. Mas sinto que muitos me julgam como fracassada pela minha opção. Ao comprar meu apê, comprei um que fosse justamente perto do metrô. Só lamento que os apês mais próximos do meu trabalho sejam os mais caros tb.