1. Você vai descobrir mais coisas sobre você: boas e ruins
Sabe quando você viaja com outra pessoa e descobre várias coisas sobre ela, como aquelas manias irritantes ou coisas do gênero? Pois é, viajar sozinha é um exercício excelente de autoconhecimento e introspecção, todo mundo já deve estar careca de ouvir isso. Mas, de fato, você se dá conta daquelas coisas sobre você que podem irritar os outros. Ou coisas que você sempre tentou negar sobre si mesma, mas quando está só com a sua própria companhia durante tanto tempo, passou a ter que aceitar. Por exemplo, eu tento ser mais autossuficiente e independente que o necessário. Do tipo: eu evito o máximo possível pedir ajuda para alguém sobre como chegar num lugar. Eu sempre fiz isso em viagens acompanhada, onde acabo sendo a guia (ou o mapa) da galera, mas isso acaba parecendo ser bem autoritário e irritante da minha parte. Estando sozinha, eu percebi isso com mais clareza, principalmente porque eu vi que não faz mal pedir ajuda, que eu não preciso saber tudo sozinha. Essa viagem foi um exercício de, acreditem ou não, tentar ser menos independente e mais aberta a ouvir outras pessoas. Mas se tem uma coisa que eu continuo não querendo pedir ajuda é para tirar fotos. Gente, que desastre! Isso até gerou uma discussão bem legal no Instagram, com dicas de como tirar fotos melhores ao viajar solo. A maioria das fotos de viagem que tenho são selfies ou fotos com o timer da câmera.
Foto que pedi pra alguém tirar pra mim

Foto tirada com o timer da câmera
2. Meu estilo de viagem é só meu e não devo julgar os outros
Eu tenho meu estilo de viagem: gosto de planejar meu roteiro prévio antes de embarcar, mas nunca planejo o que fazer nas cidades até chegar lá. Gosto de ficar muito tempo numa cidade como base e fazer vários bate-voltas nos lugares ao redor. Gasto algumas horas por dia, ou um dia inteiro, trabalhando – afinal, viajar não é desculpa para eu não trabalhar. Por isso, acabo ficando mais tempo em alguns lugares que o necessário. Nesses quase dois meses viajando, me deparei com pessoas com estilos de viagem completamente diferentes: gente que não tem trajeto nem nada reservado e decide aonde vai só no dia seguinte. Gente que acha que viajante de verdade só viaja de carona. Gente que faz todo o roteiro a pé ou de bicicleta. Gente que fica um dia num lugar e já pega o avião no final da tarde para outro.
3. As pessoas acham que você é muito corajosa, mesmo que você não se sinta assim
“Mas você está aqui sozinha?” A frase, seguida de uma cara de incredulidade, foi ouvida algumas vezes durante o trajeto. Quando eu dizia: Sim. Eles respondiam: “nossa que legal, como você é corajosa!” Esse espanto foi bem maior na Romênia e na Bulgária, países que os europeus consideram perigosos (leia-se, têm certo preconceito). Eu, em geral, sorria e dizia que não era nada de mais. A verdade é que eu não estava mentindo. Sim, eu me sinto orgulhosa por viajar sozinha para países que eu não falo a língua e mal consigo interpretar os hieróglifos que eles chamam de alfabeto, mas não me sinto muito corajosa e nem especial por isso. Tem um monte de viajantes fazendo a mesma coisa, basta ir em um hostel para conhecê-los. Eu não me meto em grandes aventuras, não pulo de lugares altos e certamente evito a maior parte dos perigos que eu posso, como andar sozinha em lugares escuros ou entrar em ruas ou florestas sinistras. A minha tal coragem vem de não seguir os padrões supostos para uma mocinha, de sair por aí com uma mochila nas costas e uma mala de rodinhas, do tamanho de cabine, e me propor a explorar os lugares o máximo que puder. Sem ninguém para me acompanhar.
4. Nada contra hostels, mas gente me cansa
Durante essa viagem, eu tentei balancear os hostels e hotéis, além da casa de amigas, de forma que meu orçamento não ficaria muito comprometido, mas eu também teria períodos de descanso. Meu problema com hostels é que sempre tem muita gente. E várias vezes, depois de um dia inteiro explorando uma cidade sozinha, tudo o que eu quero é ficar sozinha. Eu assassinei mentalmente muitos grupos de australianos, argentinos e coreanos que ficavam conversando alto do meu lado enquanto eu tentava trabalhar, ler, comer ou fazer qualquer coisa que não envolvia conversar com pessoas. Quem aí também cansa de conversar, levanta a mão nos comentários! E vocês lembram que eu fiquei bastante tempo em quase todas as cidades que me hospedei? Em geral, sempre mais do que três noites. Isso quer dizer que, nessas cidades, eu acabava saindo beeem mais cansada do que chegava. Então, meu aprendizado nesse caso – além do fato óbvio que eu estou ficando velha e chata – é que eu preciso evitar dormitórios pela minha própria sanidade. O problema é que quartos individuais, na maioria das vezes, são muito caros ou inexistentes. Deviam criar um site de busca chamado Room Alone. Se alguém quiser investir na minha ideia, manda um email. 😉
Me identifiquei com absolutamente tudo que você escreveu. Tenho 24 anos e fiz um mochilão sozinha pela Europa (passando, inclusive, por Porto). Foi a melhor experiência da minha vida! Viajar sozinha é realmente viciante… A cada país que passava as pessoas diziam : “nossa, como vc é corajosa! ” ou “vc é louca por viajar sozinha ” , “deve ser muito chato viajar sem companhia, eu não faria” . Mas como vc falou, não me sinto corajosa por isso, no caminho conhecemos pessoas fazendo o mesmo.. A verdade é que viajar sozinha se torna algo tão natural, pq é quando vc mais se conecta com quem vc é, é o melhor exercício de autoconhecimento.
Adorei a leitura. E me vi enqto lia. Tb gosto de viajar sozinha , mudar tudo que planejei para aquele dia é fazer completamente diferente. É tb adoro no fim do dia curtir meu quarto, rever as fotos tiradas e até jantar , sozinha. Gosto da minha companhia rs. Bjs.
Cara, que post real! Depois de andar o dia todo ainda dar de cara com farra no hostel é complicado. E no dia antes de voltar pra casa que você quer dar aquela espalhada nas coisas pra planejar o espaço da mala/mochila e só tem a cama de solteiro do hostel? Fora a questão de fazer o que quer sem ter ninguém preferindo “ir no shopping ver se tem perfuminho com preço bom”.
Viajar sozinha é uma oportunidade maravilhosa de descobrir uma série de qualidades que te servirão em diversos momentos, de diversão ou seriedade.
Viajei sozinha pela primeira vez para Lima no Peru. Peguei um Uber pra ir embora e o motorista fez um tour comigo e me levou pra tirar fotos em locais que não imaginei que existiam lá. Me ajudou com as malas no (caótico) aeroporto em Callao. A gente trocou os contatos. Ficamos amigos. Em julho de 2017 eu volto pra lá para batizar a primeira filha dele 🙂
Seu blog é sensacional!
Maravilhoso post!
Esse ano fiz minha primeira viagem internacional solo 🙂 Fiz Montevideo – Colônia – Buenos Aires e nunca me identifiquei tanto com um post como agora! Em todos os itens super me vi, até mesmo no tópico sobre hostels, que eu gosto, mas que, por algumas vezes, eu tinha que dar uma fugida pra ficar mais sozinha. Mas, pesquisando muito, tanto em Montevideo quanto em Buenos, consegui ficar num hostel mais tranquilo, sem festa ou muita badalação. Mas, claro, sempre tem aquele grupo introsado demais com todo mundo.
No mais, é muito difícil encontrar um quarto de hotel que se encaixe numa viagem de baixo custo, amaria um site nesse formato que você propôs!
Enfim, admiro o seu poder de resumir coisas essenciais sobre viajar só e já estou me planejando pra próxima!
Bom eu tinha uma viagem para Santiago hj. Perdi o vôo, eu ia sozinha e me enrolei pq n sabia se ia ou n ia..medo de me decepcionar, de não me surpreender.. seria a primeira vez q eu iria ver neve.
Fiz uma viagem para Argentina ano passado meu cartão de crédito, apesar de eu ter desbloqueado no banco, não funcionou. Fiquei com medo que acontecesse algo parecido
Que maravilhoso esse texto por reforçar que 1. a gente realmente não se sente muito corajosa mas sempre acaba ouvindo isso, 2. tem muito mais gente viajando sozinha do que a gente sabe (boas surpresas pelo caminho) e 3. é normal se cansar das pessoas! hahaha Eu sempre me canso das pessoas, mas viajando sozinha a gente acaba se “cobrando” mentalmente de conhecer gente, né?
Vou embarcar na minha primeira aventura sola em Junho e curti as reflexões 😉
Comecei a viajar sozinha acerca de 3 anos e só tem uma coisa que acho ruim: não ter começado a fazer isso antes! Já viajei por várias cidades no Brasil, Argentina e Chile. E essas foram as melhores experiências de viagem que já tive. E, como você Luiza, eu adoraria um site de hospedagem mais em conta para viajantes solo. Eu também não curto muito quarto coletivo, mas a diferença de preço de um hostel para hotel é enorme. E, sério: eu topo muito contribuir/investir num projeto de hospedagem para viajantes solo.
Olá!
É muito bom ler sobre as impressões de outra viajante solo!
Ainda causamos espanto, mas, a verdade é que depois que se viaja sozinho uma vez se sabe o quanto isso é uma coisa importante para o nosso crescimento pessoal!
Parabéns pelo post!
Oi Luiza,
Conheci seu blog ontem e já estou adorando suas dicas. Apesar de já estar meio velhinha, fiz 58, só agora vou começar meu sonho de viajar que tive que guardar por todos esses anos bem no fundo da gaveta. E ainda por cima, vou começar sozinha! Tenho que confessar que apesar de estar planejando a viagem só pra abril, já sinto vários friozinhos na barriga, só no planejamento. Rsrs estou pensando em começar por Portugal, pois li em outro blog que eles incentivam a ida de brasileiros aposentados para que possam viver lá. Acho que poderia ser uma experiência interessante! Então começo por lá e depois saio visitando outros países. Não consigo me imaginar num quarto coletivo e dividindo o banheiro.rs você indica algum hostel em Lisboa que tenha quarto com banheiro privativo e que fique num bom ponto da cidade? Um abraço.
Boa…
Não gosto de hostel! Mas esse aqui realmente é de tirar o chapeu. So pela localização ja vale, fica dentro da estação Rossio, centro do centro de Lisboa … individual não rola, mas tem quarto twin por 64 EUR!
https://destinationhostels.com/index.php?pagina=4&menu=14
Eu de novo! rsrsrs
Minha viagem está chegando e começando a dar um frio giganteee na barriga, Luiza!
Tenho uma duvida que está me consumindo: segurança nos hostels, por mais que a classificação dele seja muito boa, coloquei a doleira e senti o passaporte, docs e dinheiro meio que me incomodando..rsrs.
Como tem as praias no entorno de lisboa, como faço então se preciso ficar com ele 24 horas do tempo por segurança?
Beijos
Cris, prefiro não arriscar. Uma vez no Stayokay Voldelpark eu um canadense deixamos notebook e Smartphone carregando, havia um asiatico no quarto que durante a madrugada entrava e saia do quarto diveeeersas vezes, fato que nos deixou desconfiado e acabamos perdendo a paciencia e recolhendo nossos aparelhos, magicamente ele parou com as entradas e saidas! Ou seja, pessoas mal intencionadas tem em todos os lugares… Lookers, podem ser violados, principalmente aqueles que temos que colocar cadeados.
Tambem não vai ficar para cima e para baixo com toda a sua grana da viagem. Eu gerelmente compro um courrency card nas lojas de cambio e pago tudo com ele (como se fosse um cartão de debito em conta. Se perder o cartão basta ligar para um numero (0800) e vão te indicar um lugar para pegar um novo cartao e cadastrar uma nova senha. Para pequenas despesas voce pode usar este cartão e sacar dinheiro em especie … deixa sempre uns 150 eur em dinhero vivo com voce quando acabar voce saca de novo em qualquer ATM.