Turismo acessível: viagens possíveis para todos

Por

É muito fácil, de uma posição de privilégio, não perceber como às vezes pequenas coisas podem mudar a vida de outras pessoas para muito melhor. Uma das coisas mais legais deste blog é que com os comentários de vocês eu aprendo muito sobre questões que antes eu ignorava. Foi graças a um comentário, por exemplo, que nós deixamos de justificar os textos. Nem sei se todos vocês repararam isso, mas certamente os leitores com dislexia nos agradecem. Foi um deles que sugeriu essa mudança, que nós acatamos.

Também foi graças a um comentário de outro post que tive a ideia de escrever este texto. Eu fiz uma lista com pequenas alegrias do mundo viajante, coisas simples que nos fazem muito felizes. Você pode ler esse texto aqui. O comentário foi o seguinte:

turismo acessível placas

Crédito: Shutterstock

“Luiza, três pequenas alegrias que você descreveu têm a ver com acessibilidade. A da acessibilidade para pessoas com deficiência, a das placas bilíngues (acessibilidade linguística) e a porta do banheiro que abre pra fora. E eu queria dizer apenas que toda acessibilidade facilita o mundo de todo mundo. Um mundo pensado de maneira acessível recebe e acolhe as pessoas em suas pequenas necessidades. Pensar num mundo acessível é tentar enxergar o outro e as necessidades dele. Obrigada pelo post. Abs, Sônia”

Acesso. Uma palavra tão simples e tão complexa ao mesmo tempo. Outro dia eu ouvi um professor especializado em linguagem gestual afirmar que o problema é que a sociedade cristaliza como normal apenas uma “categoria” de pessoas e por isso é tão difícil criar condições mais acessíveis a quem é tão normal quanto nós, só que com uma ou outra capacidade limitada. Afinal, para mim a porta do banheiro que abre para fora é uma facilidade por conta da mala. Mas, para uma pessoa cadeirante, é essencial que para que consiga utilizar o banheiro sozinha.

Essas pessoas não precisariam ser vistas como quem vence obstáculos se a sociedade não impusesse muitos deles a elas. Mas, infelizmente, o mundo ainda não é tão acessível como deveria.

Para escrever essa reflexão, fui atrás de algumas das coisas que torna viajar de fato um direito de todos e uma possibilidade real para todas as pessoas, sejam elas idosas, cegas, surdas, cadeirantes, obesas, com mobilidade reduzida, entre outras. Eu encontrei essa lista do site Turismo Acessível, desenvolvido pelo Governo Brasileiro, com coisas que precisamos nos preocupar (e que estabelecimentos e governos precisam fazer) ao procurar um destino turístico acessível.

turismo acessível cadeirante

Crédito: Shutterstock

turismo acessível vaga cadeirante

Crédito: Shuttestock

*Crédito Imagem Destacada: Shutterstock

Avalie este post
Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Confira todos os posts escritos por

Deixe seu comentário
7 comments

Adorei o texto!
Estive recentemente no Egito e vi alguns lugares pouco acessíveis para carrinhos de bebe e deficientes. Isso me incomodou profundamente.

Resposta

Paaaaaarabéns maravilhosos! Muita alegria em ler um texto como este num site, blog, que eu amo tanto. Vocês, e no caso, especialmente você, Luiza mostram o quanto são sensíveis e especiais. Porque, não só por dedicar um post inteiro para esse assunto, mas também por, de verdade, ouvirem seus leitores! Sou cega e faço uso de leitor de tela para ler todos os conteúdos na internet, em fim, no computador. E quantas vezes já deixei comentários referente a algo que pudesse ser modificado na comunicação de tantos sites e nunca houve, se quer uma resposta, que dirá uma modificação na forma como os autores pensavam ou executavam o site. Mais uma vez meus parabéns e muita gratidão. com certeza com atitudes como estas teremos um mundo verdadeiramente melhor para todos.

Resposta

Aliás, muito bacana vc ter usado meu comentário =)
Obrigada!

Resposta

Ei Luiza. Mais uma vez mto bacana o tema abordado aqui.

Tenho pensado muito sobre as pessoas que usam cadeiras de rodas e o acessos às cidades históricas (MG, RJ, BA, por exemplo), elas não direito de irem nestas cidades? O acesso às ladeiras, às ruas de pedra é praticamente impossível para cadeira de roda. E na maioria dos museus ou igrejas as adaptações não são permitidas por causa do tombamento. Alguma coisa precisa ser feita. E não to dizendo que precisamos reconstruir os lugares, mas precisamos começar a pensar: quem é o turista que visita nossa cidade? Nosso museu? Nosso cinema?

Muitas pessoas não sabem, mas o surdo não lê e não escreve a língua do país como um nativo. A língua do surdo, em geral, é a língua de sinais (no nosso caso a Libras). E quando ele acessa o português (para lê ou escrever) o faz como um estrangeiro. Portanto, a leitura deste blog (que eu tanto adoro) pode não ser acessível para este público (e olha que eu conheço muitos surdos que tem tanto wanderlust quanto eu), não sei se eles conseguem entender as dicas, orientações, e os comentários do 360°. Mas ficar atenta às diferenças e tentar contemplá-las é um grande começo.

Mais uma vez, ótimo post.

Abraços,

Sônia

Resposta

Muito legal esse texto!
Estive no México recentemente e, em Playa del Carmen me chamou muito a atenção de que Playa havia se tornado a primeira praia acessível para deficientes (em 2013).
Tem rampa de acesso até a praia, chuveiros acessíveis e cadeiras de rodas à prova d’água.
Felizmente não tenho nenhuma restrição desse tipo, mas achei a iniciativa super legal.

Resposta

Excelente tema abordado!
Muito reflexivo.

Resposta