Viajar é simples

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Viajar é simples, quem complica é a gente. Você não precisa de nada além de um passaporte, uma mala pequena, uma passagem e um canto para dormir. Tem quem banque até desembarcar em um destino sem ter lido uma linha sobre ele antes, mas isso não é pra todo mundo.

Extremos de lado, tem hora que eu vejo tudo ficar grande demais, difícil demais, detalhado demais. E eu até entendo: muitas vezes, aquela vai ser a única viagem que a pessoa vai fazer em um ano. Junta a expectativa, a ansiedade, a vontade de ser perfeito e você tem prato cheio para a complicação.

Orla Colonia del Sacramento

Vejo gente preocupadíssima porque não conseguiu descobrir qual o exato local de parada do ônibus que leva do ponto A ao ponto B. Ou que vasculhou os confins da internet em busca da programação mais eficiente e não encontrou, porque isso não existe.

Por mais que você tente, não dá para desvendar um destino inteiro de frente para a tela do computador. Mas, chegando lá, as coisas se desenrolam, acontecem e na maior parte das vezes são mais fáceis que a gente previu

Sem perceber, a gente transforma uma experiência que deveria ser leve em mais um foco de estresse, em mais uma variável pra gente controlar e perder a chance de dessa vez, só dessa vez, deixar a vida fluir. Sim, é bom saber um pouco sobre o destino e o seu roteiro para evitar comer mosca. Não, você não precisa ter cada detalhe da sua viagem esmiuçado em uma planilha, cronometrado, anotado e decorado.

floresta - arvores -mulher

Não tem segredo na receita: compre passagens, embarque e explore. Programe-se para ver as atrações que mais te interessam, mas deixe espaço na agenda para o acaso. Permita-se acordar sem despertador na maior parte dos dias. Ou ler um livro em uma praia ou parque por uma tarde inteira sem sentir que você está perdendo alguma coisa. Sem pensar que você não vai conseguir ver aquela atração lá do outro lado da cidade e que, no fundo, você nem queria ver tanto assim, mas parece quase uma heresia não cumprir o top 10 turístico daquele guia.

Fotos: Pixabay e 360meridianos

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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23 comments

Parece que tem pessoas que pensam, ou que vão morrer logo após regressarem de uma viagem, ou que o lugar visitado vai desaparecer, ou que nunca mais vão poder viajar ou repetir um destino. Então, querem ver tudo numa única oportunidade! Gosto do modo lento para viagens e de não esgotar um destino, assim me sobram motivos para voltar a vê-lo!

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Oi Natália! eu vou fazer uma viagem em setembro e vou visitar algumas cidades, queria saber se vc acha melhor comprar as passagens antecipadas aqui do brasil ou deixar pra comprar tudo lá? tenho uma amiga morando na Irlanda que compraria pra mim também..o que me diz? to pesquisando pra não gastar dinheiro que poderia economizar..mas não entendo dessas coisas hahah.. obrigada 🙂

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cidades na europa*

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EU sou a favor de planilhar, pesquisar, fazer mil e um roteiros e na hora do vâmo vê fazer somente aquilo que me der vontade 🙂
Gosto de estar preparada pra tudo (inclusive postei sobre meu planejamento no blog ontem) até mesmo pela questão financeira e tal, mas não gosto de ficar presa a isso.
Ótimo texto, Natália! (como sempre)
Um beijo!

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Concordo plenamente, Nati! Lembro que na minha primeira viagem, Belfast, fiz um roteiro super gigante te vi todo correndo….dai fui aprenedndo..hoje, 15 paises depois…ja sei que mais vale a experiencia de estar la e seguir um roteiro leve e gostoso, do que sair batendo cartao em ponto turistico.. continuo tendo roteiros, mas beeem mais leves e adaptaveis.

Adorei o texto! Passa no meu blog qdo puder, blogo sobre a Irlanda (nao Dublin, sligo)

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Oi, Naty, ótima reflexão! Confesso q sou do time da tabela de excel, listas de roteiros infindáveis e do mote “dormir só em casa” rsrs
Mesmo que isso seja um pouco exagerado, adoro essa parte do planejamento, de ler tudo sobre o lugar que vamos, fazer uma programação, até p/ evitar algumas questões como acordar no dia e resolver ir em algum lugar q esteja fechado, por exemplo.
Tento achar um equilíbrio entre a minha programação espartana e a espontaneidade, pois mesmo com todo planejamento milimétrico, é importante saber que imprevistos acontecem e muitas vezes é o q torna a viagem ainda mais prazerosa – como diz meu marido, encarar o plano B como plano A e aproveitar ao invés de se lamentar pq não saiu como o planejado.
E ainda se permitir mudar o planejamento pq quer estender ou até repetir uma experiência. Nessa última viagem que fizemos a Portugal, eu e meu marido pretendíamos ir à Évora um dos dias, mas estávamos tão apaixonados por Lisboa que resolvemos ficar mais um dia curtindo a cidade e deixamos Évora p/ uma próxima oportunidade, sem crise! E assim vou aprendendo a não tornar a viagem uma obrigação de completar uma checklist!
No fim, meu comentário ficou gigante, mas essa é uma reflexão sempre presente nas minhas viagens hehehe adorei o post!
Bjos!

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Mas a pesquisa pré-viagem também é muito boa de fazer! 🙂
Desde que seja feita de forma tranquila.

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Fantástico!
Eh por isso q adoro o blog de vocês, q trazem esse tipo de reflexão tão simples e tão pertinente!
Por uma vida mais simples!!!!
Beijos

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Eu mesmo sofria com isso, justamente por viajar pouco. Aquela euforia de querer aproveitar cada segundo acaba causando um estresse realmente desnecessário.

E não só nas viagens. Vejo muita gente que, em um dia de folga, fica muito mais estressado que em um dia de trabalho.

E são situações assim que quero tirar da minha vida e da vida de outras pessoas.

As coisas já estão mudando, e pra melhor!

Mais uma vez, parabéns pelo texto.

Abraço!

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Vou fazer minha primeira viagem ao Peru e Bolívia e estou ansiosa demais. Por insegurança e tempo de viagem acabei reservando a maioria das coisas por aqui, mas acredito que na próxima quero ter mais tempo livre e menos “stress” pra organizar tudo. Obrigada pelo texto! 😉

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Você disse tudo Natália!!!
Estou embarcando agora em maio para minha primeira viagem à Europa e faço questão de NÃO fazer um roteiro fechado para os lugares que quero visitar. Não quero nada de estresse ou coisas desse tipo. Vou apenas listar lugares que quero visitar, mas se não der tempo, tudo bem também. Não vou nem comprar ingressos antecipados para nenhuma atração, pois não quero ficar presa à um determinado horário … quero que as coisas fluam baseado na minha vontade e disponibilidade no momento.
Com as minhas viagens estou aprendendo tudo isso que vc citou nesse texto e concordo com tudo que disse!!!! QUERO É PAZ E LIBERDADE EM MINHAS VIAGENS!!!!

Bjs 😉

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