Parreirais que alcançam o horizonte, colheita de uvas que atrai milhares de pessoas e uma vinícola atrás da outra. Esse cenário, que brasileiros correm para ver na Argentina, no Chile ou na Europa, também existe no Brasil. Conhecê-lo é fácil e, melhor ainda, não é caro. Assim é o Vale dos Vinhedos, região de vinícolas da Serra Gaúcha que está a 130 quilômetros de Porto Alegre e envolve as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
Sabe aquele boato que diz que o Brasil, por conta do clima de praia, não sabe fazer vinho? Mentira das grandes. Só fala isso quem, por falta de oportunidade ou informação, nunca tomou um vinho à moda gaúcha. Eu já fui desses, confesso. No ano passado, ao escrever sobre as viñas chilenas, lamentei o clima pouco propício para vinícolas em solo verde e amarelo. Fui (devidamente) desafiado – “pegue um avião e vá conhecer o Vale dos Vinhedos antes de escrever bobagens”, comentou um leitor. Fui. E parei de escrever bobagens – quer dizer, pelo menos essa bobagem.
Alguns meses depois da viagem, só me resta agradecer ao leitor que se ofendeu com minha falta de informação. Isso e sonhar com a volta. Isso e entender que o setor de vinhos do supermercado com produtos da Serra Gaúcha merece atenção – basta olhar para as garrafas que estão ao lado das chilenas e das argentinas.
Elas estão lá, não mordem, escondem segredos ótimos e só precisam que os consumidores superem a preferência pelos importados para serem descobertas. Os produtores da região do Vale dos Vinhedos receberam, em 2012, o registro de Denominação de Origem e produzem quase 10 milhões de garrafas de vinhos e espumantes por ano.
Mas vamos falar da viagem? Alugue um carro em Porto Alegre e siga para Bento Gonçalves – nesse texto aqui explicamos como garantir a diária do veículo com melhor custo/benefício. Com pouco mais de uma hora de estrada o cenário começará a mudar. Sai o jeitão típico de uma região metropolitana, começam as casinhas coloniais, os parreirais e uma sucessão quase infinita de restaurantes convidativos.
Num estado que entende a arte de fazer pórticos, o portal que marca a entrada de Bento Gonçalves merece destaque. Em formato de pipa, aquela estrutura enorme usada na produção de vinhos, o cartão de visitas de Bento deixa claro a especialidade da região.
Entrada de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul
Largue as malas no hotel e corra para os parreirais. Até existem vinícolas dentro da cidade – a Aurora, também conhecida pelo suco de uva, é a maior delas. Mas boa parte das vinícolas do Vale está espalhada na região entre Bento e Garibaldi. Tem quem percorra os vinhedos de bicicleta e até existe um projeto para ligar as bodegas por ciclovias, mas a maior parte dos turistas faz o trajeto de carro. Tá aí uma ótima road trip. Só cuidado com a regra do se beber não dirija.
São dezenas de vinícolas, dos mais variados tamanhos. Há cooperativas, empresas com produção enorme e pequenas produções familiares, onde tudo é quase artesanal e a produção é limitada. Entre umas e outras – vinícolas e taças de vinho – o visitante tem o modelo já tradicional desse tipo de turismo mundo afora, com explicação do processo, visita guiada e, claro, degustação.
Friozinho, casas coloniais e comida boa completam a lista de atrações da região, que foi colonizada por imigrantes europeus, principalmente italianos, no fim do século 19 e ainda guarda grande influência do Velho Continente. A Toscana tupiniquim pode não ter a história da italiana, mas não perde o charme.
Veja também: Bento Gonçalves, o que fazer na capital do enoturismo brasileiro
Vale dos Vinhedos – passeios, vinícolas e comida (muito) boa
Onde ficar em Bento Gonçalves – 11 hotéis para sua viagem
Vinícolas da Serra Gaúcha: além dos vinhos, história
Cansou dos vinhos? Percorra os Caminhos de Pedra, uma pequena estrada repleta de casarões coloniais e que já foi importante na malha rodoviária do sul do país. Quando outra estrada surgiu, o fluxo de veículos se mudou dali e o abandono chegou. Bom para o turismo, que reinventou a região. Restaurantes dividem lugar com moinhos, cenários lindos, queijarias e os mais diversos tipos de produções coloniais.
Comer bem, beber bem e um milhão de cenários lindos para contemplar. Tem como pedir mais? Três dias depois de chegar, fiz as malas, com direito a garrafas de vinhos, e resolvi começar outra polêmica aqui no blog: Gramado e Canela que me desculpem, vocês são sim incríveis, mas a região mais interessante do Rio Grande do Sul é o Vale dos Vinhedos.
Deixa o Brasil inteiro descobrir isso. Deixa todo mundo saber que Gramado, Canela, Bento e os Caminhos de Pedra cabem na mesma viagem. Mendoza vai ganhar um baita concorrente.
Oi gente, amei o site parabéns pelo trabalho de vocês. beijos Cris :*
Rafael, que matéria ótima!
Nunca fui ao sul do Brasil, mas em novembro resolvi ir a Gramado e Canela com meus pais e acabei incluindo Bento Gonçalves na viagem, justamente por conta do Vale dos Vinhedos.
Lembro que vi umas fotos e fiquei encantada (e também um pouquinho meio sem acreditar que aquilo era, de fato, no Brasil, hahaha).
É engraçado como viajamos para o exterior à procura de paisagens e vistas que, muitas vezes, existem aqui mesmo no nosso país…
Enfim, fiquei feliz em ver que acertei na minha programação de viagem!
Parabéns pelo blog!!!
= D
Grata pelas maravilhosas informações de viagens e muitas dicas valiosas.
Abraços
Adorei! Já está na minha lista. Dica: colocar o ícone de impressão para as matérias. Elas são tão boas que quero imprimir todas e fazer uma pasta física.
Se tiver tempo ainda dá pra incluir os canyons dos Aparados da Serra hahah
Parabéns pela matéria!
Fica a dica para trocar o aeroporto de porto alegre pelo de Caxias do Sul, a metrópole da região, como fica a 35km de Bento da pra aproveitar muito mais os dias de ida e de volta da viagem.
Parabéns pela matéria!
Moro em Porto Alegre no RS e em meus 46 anos fui visitar pela 1°vez este vale dos vinhedos tão belo e tão delicioso somente agora em maio/2016.
Reamente é um passeio necessário aos apreciadores do bom vinho.
Aqui temos tudo de bom !
Parabéns pela matéria… excelente