Quando ficou pronta, a Mesquita Azul não gerou apenas olhares admirados dos muçulmanos de todo o mundo, também provocou um dilema religioso. Os minaretes, ou torres, que compunham a bela obra arquitetônica eram quase uma insolência. Explico: no Islamismo, o número de minaretes de uma mesquita é proporcional a sua importância. É ali do alto que o almuadem chama os fiéis para as cinco orações diárias. Muitos templos se contentam com um, dois ou talvez quatro deles, mas algo tão grandioso quanto a Mesquita Azul necessitava mais. Necessitava seis.
A mania de grandeza foi longe demais. Ao erguer seis torres ao redor de sua obra, o arquiteto contratado pelo Sultão acabou igualando o número de minaretes – e, consequentemente a pretensa importância – ao da Grande Mesquita de Meca. Há quem diga que tudo não passou de um grande mal entendido: o Sultão teria pedido minaretes de ouro (altin) e o construtor teria entendido seis minaretes (alti). Mas como o estrago já estava feito, só tinha um jeito de lidar com ele: e lá se foi o arquiteto peregrinar até Meca e construir um sétimo minarete para a mesquita. Até porque derrubar uma das torres da Blue Mosque seria um sacrilégio arquitetônico.
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A obra foi fruto do desejo do jovem Sultão Ahmet que, com apenas 19 anos, idealizou um local de orações que competisse com a Hagia Sofia. Dizem que ele tinha tanta pressa em ver a mesquita pronta que, muitas vezes, ele próprio ajudava na construção. Por azar do destino, Ahmet morreu um ano antes o fim das obras, aos 27 anos.
Antigamente, a mesquita, que foi construída de 1609 a 1616, contava também com uma casa de estudos islâmicos, uma escola primária, um hospital, uma cozinha popular que servia sopa e, além das tumbas do Sultão, sua esposa e seus filhos. Porém a maior parte disso foi demolida durante o século 19.
Isso não impediu que o templo (e todo um bairro) fosse batizado com seu nome. Também conhecida como Sultanahmet Mosque, a Mesquita Azul pode causar estranheza numa primeira observação por não ser nada… azul. O nome, na verdade, não reflete a fachada da construção, mas sim seu interior, que é ricamente decorado com 20.000 azulejos (alguns deles estão ali desde o século 16), nos quais predominam os tons dessa cor e são iluminados pela claridade que entra das 260 janelas dispostas ao redor.
Mas isso não quer dizer que o lado de fora não mereça atenção. Localizada na Sultanahmet Square, provavelmente a mais incrível da cidade, o prédio fica em frente à Hagia Sofia, outra construção memorável de Istambul, e compõe um dos mais lindos cartões postais que você vai encontrar por ali.
A entrada principal, linda e imponente, é restrita ao acesso de fiéis. Visitantes devem procurar uma passagem lateral que os leva aos fundos, a uma entrada um pouco menor. A diferenciação é para proteger o ambiente sagrado. A visita é gratuita, free, na faixa, mas é bom ficar atento a possíveis filas no verão. Quando eu fui, em fevereiro, estava vazio – talvez por efeito dos atentados? -, mas já vi relatos de que lota lá para julho e agosto. Nesses casos, algumas pessoas vão tentar te convencer que podem te ajudar a furar a fila, mas em geral é gente querendo te vender algo, te levar a alguma loja ou tirar dinheiro de alguma forma. Ignore-os e espere sua vez.
No dia da visita, lembre-se de vestir respeitosamente. Evite vestidos, saias, shorts e bermudas (ok, meninos?). Mulheres podem levar um lenço para cobrir a cabeça na parte interior do edifício. Mas não se preocupe demais. Qualquer erro no modelito será apontado pelos funcionários do templo e corrigido com túnicas e lenços que eles disponibilizam para empréstimo, também sem custos. Na entrada, você precisará tirar os sapatos, mas pode levá-los com você para dentro da mesquita. Eles dão sacos plásticos para você guardá-los. Mas não coloque os sacos nos pés, entre descalço mesmo ou com meias.
Foto: Raphael Alexander / Journey Wonders
Como não-fiéis, nós só podemos circular por uma área restrita da Mesquita Azul, mas já é suficiente para admirar os mosaicos detalhados que formam o interior. É permitido tirar fotos à vontade, sem flash. A mesquita fica aberta todos os dias, todas as horas, mas não se pode visitá-la nos horários das cinco orações diárias da fé muçulmana.
Na saída, há um pequeno mercado de especiarias e artesanato que se estende na rua lateral. Segundo me contou um local que passava por ali, o lugar é de propriedade da mesquita, que aluga as lojas e utiliza o lucro na manutenção do templo, possibilitando assim o livre acesso de todos.
No verão, há um show de luzes e sons na mesquita em noites selecionadas, sempre às 21h, com duração de 20 minutos. Há performances em turco, inglês, francês e alemão. As datas, idiomas das apresentações e outros detalhes ficam em um quadro do lado de fora da mesquita.
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ME FOI MUITO ÚTIL.excelente histórico.
Parabens.
Obrigada, Carlos!
Adorei Istambul, a mesquita Azul, o mercado sensacional, as ruas labirintos (era uma luta chegar ao hotel…), a área portuária com restaurantes ótimos, as tendas de especiarias que parecem quadros coloridos, ah o suco de romãs vendido nas ruas… Apenas recomendo que nunca cheguem à noite, como fiz, pois os taxistas são mais desonestos que os desonestos que até então conhecia.
É Elias, chegar a noite é sempre mais complicado. Nesse caso, acho que o melhor é pedir um Uber…
Abraços!
Estive na Turquia durante o último período de Natal e Ano Novo. A mesquita azul é bem bonita mesmo. Só uma correção: ela não fica na praça Taksim, que também é do lado ocidental, mas do outro lado do Golden Horn. Parabéns pelo site!!!
Verdade Rafael, me confundi! Na verdade o nome da praça é Sultanahmet Square. Obrigada pelo toque, já arrumei!
Eu adoraria conhecer a Turquia,tomar banho turco e conhecer essas mesquitas famosas em Istanbul.Voar de balão na Capadócia.Assistir aos dervixes fazendo a dança do cosmos.
Conhecer o tumulo e os caminhos de Nasreddin Hoca.
Mas não é prioridade,assim como Porto Rico que está na minha lista.
Eu me lembro da musica “Istanbul(not Constantinople) do The Four Lads”,musicas historicamente educativas assim como “Xica da Silva do Jorge Ben” são musicas tão amaveis!
Pois é, Natália, há tanto lugar pra ver nesse mundo que se a gente não priorizar não dá conta hahah
Abraços!
Quero muito voltar a Istambul, cidade incrível e linda. Comer muitas baklavas, tomar banho turco, ao menos uma vez mais na vida!
Voltar também está nos meus planos, Cândida! Quero ver tudo com calma!