Imagine o seguinte: 30 pessoas fecham uma importante avenida. Em forma de protesto, eles colocam pneus no meio da via e ateiam fogo. Além disso, espalham uma série de blocos de concreto pela avenida.
Esse protesto foi real. Ocorreu na última terça-feira, no Barreiro, região de Belo Horizonte. E não foi por conta da falta d’água. Tampouco contra a violência ou por causa da baixa presença do governo (seja municipal, estadual ou federal) na vida daquela comunidade. Nada disso. O protesto foi contra uma obra pública. Foi contra a instalação de uma ciclovia de pouco mais de um quilômetro. Comerciantes e moradores protestaram porque vagas de estacionamento iriam desaparecer, entre outros argumentos.
Enquanto as ciclovias são apontadas por especialistas como uma das soluções para resolver o problema do trânsito nas grandes cidades de todo o mundo, no Brasil impera o ódio. Faça um teste: digite “Ciclovias Protesto” no Google e veja o que você vai encontrar. “Moradores vão à delegacia contra ciclovia (e fazem boletim de ocorrência)”. “Moradores prometem protesto e luta contra ciclovias”. “Motoboys fecham avenida em protesto contra ciclovias”.
Até aí tudo bem. Por mais que esses protestos estejam muitas vezes na contramão do que defendem engenheiros de trânsito, ainda é o uso do legítimo direito de expressão. Viver em sociedade é assim – todos têm direito a mostrar seus argumentos. Mas não são incomuns os casos em que o ódio contra as ciclovias é transformado em ódio contra o ciclista.
No bairro Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, ciclistas já foram surpreendidos por tachinhas espalhadas na ciclovia, resultando em pneus furados e dor de cabeça. Isso para não falar dos ciclistas que são diariamente atropelados, muitos deles enquanto pedalam por faixas exclusivas para bicicletas. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, um ciclista morre por semana na cidade.
É óbvio que projetos de ciclovias que sejam defeituosos e com erros de planejamento merecem protestos da população, principalmente dos próprios ciclistas, os maiores prejudicados em situações assim. Mas, como fica evidente pelos exemplos listados acima, não é isso que motiva muitos dos que lutam contra as ciclovias.
As ciclovias são uma boa ideia?
Um meio de transporte limpo e que ocupa muito menos espaço que outras opções. Além disso, a bicicleta comprovadamente faz bem à saúde, afinal tira pessoas do sedentarismo e ajuda a diminuir a poluição atmosférica. Junte isso ao preço mais baixo – seja para implantar uma ciclovia ou comprar uma bicicleta – e pedalar parece ser uma boa alternativa para resolver o problema do transporte público nas grandes cidades.
E é mesmo. Só não é o único. O investimento em faixas exclusivas para ônibus e num metrô eficiente também são fundamentais na criação de um sistema de transporte público de qualidade. “Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público. Cidades assim não são uma ilusão hippie. Elas já existem”, costuma dizer Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá e responsável por realizar uma intensa mudança na cara da cidade, nos anos 90. Numa entrevista recente para a Folha, ele completou o pensamento: “Quando falamos de bicicletas, não estamos falando que vão substituir os ônibus, os trens nem nada disso. Mas as bicicletas podem chegar a ter um percentual importante nas viagens”.
Para Jan Gehl, arquiteto e professor universitário que se tornou famoso ao melhorar a qualidade de vida na Dinamarca, as ciclovias são uma das respostas para um dos maiores problemas das grandes metrópoles: os engarrafamentos. “Se todas as cidades desenvolverem um sistema de ciclovias e de transporte público eficiente, se reduzirem a ênfase do transporte privado, conseguirão reduzir o trânsito”, diz ele
Ciclistas em Budapeste (Foto: becherpig, Wikimedia Commons)
É evidente que ciclovias não são a saída para todo mundo e nem em todas as ocasiões. Um idoso pode ter dificuldade de pedalar, uma pessoa que precisa fazer compras no supermercado pode não querer ir de bicicleta. Mas nem por isso elas deixam de ser uma saída para muita gente – mesmo que não a sua – em várias situações.
Um trabalhador que mora longe do centro pode optar por percorrer alguns quilômetros até a estação de metrô mais próxima, guardar a bicicleta lá, pegar o metrô para o trabalho e fazer o percurso inverso no fim do expediente. Uma pessoa que precisa ir até a padaria pode fazer isso pedalando, evitando usar o carro para distâncias nem tão grandes assim.
Para especialistas, esse é o grande segredo das ciclovias: a maioria das pessoas não vai usá-las para percorrer grandes distâncias, mas para fazer trajetos mais curtos. O detalhe é que uma grande quantidade de deslocamentos dentro de grandes cidades é para distâncias assim. Segundo Guilherme Wisnik, professor de Arquitetura e Urbanismo da USP, “25% do congestionamento que temos hoje (em São Paulo) se deve a percursos curtos feitos de carro – menos de três quilômetros”.
Vou repetir: 25% dos deslocamentos dentro de nossa maior metrópole são para curtas distâncias. Um em cada quatro carros. O que impede esses motoristas de pedalar? Embora sempre existam os casos em que o carro, mesmo para distâncias curtas, é necessário, uma pesquisa do Ibope mostrou que 63% dos paulistanos que nunca usam bikes fariam isso se houvesse mais segurança. Antes que alguém diga que falta de segurança é algo muito amplo, 27% dos entrevistados indicaram expressamente que essa falta de segurança reflete uma necessidade de ciclovias.
Apesar desses dados, basta ler os comentários de qualquer texto sobre esse assunto para perceber que muitos leitores se apressam a afastar a possibilidade de usarem as ciclofaixas, que são chamadas de “aberração”, “populistas” e “coisa de pseudoprogressistas jovens que não têm compromissos sérios e só sabem vadiar”. Para essas pessoas, gente séria não pedala. É por isso que em Amsterdam não tem gente séria.
São Paulo
“São Paulo não é Amsterdam”
“Mas São Paulo não é Amsterdam! Lá é tudo plano, não tem morro, não faz calor, você não chega suado no trabalho”, garantem muitos dos que protestam contra as ciclovias. E eles têm um ponto: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, enfim, nenhuma das nossas cidades é Amsterdam. Começando pelo clima.
Se o Brasil é o país do verão de 40 graus, partes da Europa são dominadas pelo inverno rigoroso. Não tem sentido usar o clima para argumentar que o uso maior de bicicletas como meio de transporte é inviável no Brasil. Holandeses e dinamarqueses pedalam para ir ao trabalho mesmo com temperaturas muito baixas, chuva e vento contrário. E, como diz o Daniel, autor do blog Ducs Amsterdam, “o vento é a subida da Holanda – é sempre contra”. Só quem nunca viveu em lugares onde o inverno é rigoroso diz que o calor de 40 graus é pior que o frio congelante. E com vento contrário.
Amsterdã
Sobre chegar suado ao trabalho, quem resolve pedalar até a empresa costuma tomar banho por lá, antes de começar o expediente, principalmente quando uma grande distância é percorrida ou o calor é muito intenso. Isso é inviável? Provavelmente não – e atualmente muitas empresas já são pensadas com banheiros adaptados para isso. Mas exige uma mudança de comportamento das pessoas.
Se a falta de morros ajuda a vida de ciclistas de cidades como Amsterdam, lugares nem tão planos também provam que as ciclovias podem fazer parte do transporte urbano. Um bom exemplo é São Francisco, nos Estados Unidos, frequentemente apontada como uma das melhores cidades do planeta para pedalar. E que é famosa por seus morros e colinas. Já Bogotá, na Colômbia, prova que a implantação de ciclovias não é coisa de países ricos, algo distante da realidade de países em desenvolvimento.
O jornalista André Trigueiro, da Rede Globo, chamou atenção para esse ponto numa entrevista para a CBN, que você pode escutar aqui: “Por mais absurdo que o paulistano hoje em dia diga: ‘Imagina se uma cidade desse tamanho, do jeito que está, um dia vai oferecer conforto, segurança para o ciclista? Duvido!’ Bom, é a parte do copo vazia. Todo mundo tem o direito de ser pessimista, de ser cético. Agora, Bogotá, eu não estou falando de Europa, estou falando de Bogotá, aqui pertinho, estou falando da Cidade do México, do lado de cá, nossos irmãos latinos, mexicanos, e a Cidade do México é uma cidade que lembra muito São Paulo, em certos aspectos, tomaram a decisão, assumiram e custearam políticas públicas para abrir espaço para a bicicleta e não se arrependeram”.
E ele completa: “Não é inteligente, para uma cidade saudável, abrir mão da bicicleta, da bicicleta sem estar ligado ao lazer e ao entretenimento”.
Ciclistas em São Franciso ( Foto: Mwparenteaur, Wikimedia Commons)
Mesmo cidades com relevo montanhoso, como Belo Horizonte, têm vales e áreas planas, locais que podem ser transformados em áreas de circulação de ciclistas. E subidas de menor intensidade podem ser encaradas pedalando, como qualquer site especializado no assunto costuma mostrar. E nas subidas muito íngremes, como fazer? Bem, se nem todo mundo vai encarar um morro acima pedalando, tem quem encare morro abaixo. Para voltar, basta fazer outro percurso, optando por ruas menos íngremes.
A questão dos morros é algo que exige do poder público planejamento na hora de implantar ciclovias, mas ainda ficam no ar as questões: por que cidades brasileiras que são planas não fazem uso da bicicleta como meio de transporte? Por que há oposição contra a instalação de ciclovias mesmo em áreas planas?
Assim como no Brasil, a implantação de ciclovias em cidades da Europa e dos Estados Unidos (entre outros lugares) não foi algo que nasceu da noite pro dia, mas ocorreu por conta de muita luta da sociedade e de diversos governos.
Copenhague, Dinamarca (Foto: Leif Jørgensen, Wikimedia Commons)
De onde vem tanto ódio?
Ninguém gosta de ser tirado da própria zona de conforto. Quando uma ciclovia é instalada na porta de uma casa, é provável que esse morador se incomode caso não possa mais parar seu carro em frente à residência. Só que não há mudança sem impacto. Ou, melhor dizendo, não há mudança sem mudanças.
É claro que muitas vagas de estacionamento irão desaparecer por conta das ciclovias. É claro que motoristas e pedestres terão que se adaptar, aceitando essa nova realidade. Com o tempo, muitos deles tendem a aderir ao uso, mesmo que ocasional, das bicicletas. Segundo uma pesquisa do Ibope, o uso de bicicletas na capital paulista subiu 50% em 2014.
Além de uma questão de costume, algo que vem com o tempo, o aumento do número de lugares para guardar as bicicletas, o aumento da segurança do ciclista, a conclusão e interligação de todas as ciclovias nos grandes centros urbanos e a criação de campanhas de conscientização pelos direitos do ciclista tendem a fazer esse número aumentar ainda mais.
Belo Horizonte
O que não pode ser feito é transformar o assunto numa questão partidária. Não é. Em São Paulo é o PT, de Fernando Haddad, que acredita na implantação das ciclofaixas. Em Belo Horizonte, o prefeito Márcio Lacerda, do PSB e aliado de Aécio Neves, do PSDB, dedica esforços em seu segundo mandato para a implantação de ciclofaixas, com gastos que podem chegar a 50 milhões de reais – o plano é alcançar 380 km de ciclovias até 2020. E na capital mineira o diretor da BHTRANS, empresa que cuida do transporte e do trânsito em Belo Horizonte, está no cargo dentro da chamada cota do PSDB.
Não importa qual seja o partido ou político por trás das ciclovias, ele enfrenta oposição, sempre com os mesmos argumentos. E não só aqui no Brasil. No exterior também foi assim. Na Alemanha as ciclovias foram implantadas ao longo da década de 1980. Lá também houve protestos contra o fechamento de ruas e perda de vagas de estacionamento, alguns deles violentos e com demonstração de ódio contra ciclistas.
Em Copenhague, na Dinamarca, aconteceu algo parecido. Quando a prefeitura resolveu fechar o trânsito para carros numa das principais ruas da cidade, população e jornais bradaram: “Não somos italianos”. “Usar espaços públicos é contrário à mentalidade escandinava”. Essas manchetes lembravam que, ao contrário da Itália, na Escandinávia faz muito frio. Quem iria querer enfrentar o inverno pedalando?
Copenhague (Foto, Wikimedia Commons)
Ao contrário do que pregavam os céticos, muita gente. Hoje 36% dos deslocamentos dentro da cidade são feitos de bike, número que ajuda Copenhague a ser a capital europeia com menores índices de engarrafamento. Mudou só o continente: quem protesta contra ciclovias no Brasil não se cansa de garantir que não somos holandeses ou dinamarqueses.
E Nova York, até ela, também fechou ruas e tirou espaços dos carros para criar ciclovias. A partir de 2007, NYC criou 320 quilômetros de ciclovias, não sem muita polêmica e reclamação popular. Segundo John Orcutt, ex-diretor de transportes da cidade, a aceitação só veio seis anos depois. “Criticar o governo é o esporte favorito da população de Nova York. A rede de ciclovias foi um desses projetos. Construímos 320 km e surgiram brigas por causa delas. Em 2011, algumas pessoas ameaçaram nos processar por causa das ciclovias”, disse ele (entrevista completa aqui).
Criar ciclovias é uma tendência em muitas metrópoles do mundo, independente do partido ou posição política que está no governo. No entanto, mesmo gente inteligente parece não perceber isso, como a professora de semiótica da PUC, Lucia Santaella, que no ano passado disse que as ciclovias de São Paulo são vermelhas não por conta do vermelho ser a cor usada em quase todo o mundo para ciclofaixas, mas para fazer propaganda do PT.
O pior tipo de ódio é o político, aquele que só existe contra as ações de determinado partido, mesmo que essas ações sejam positivas e necessárias para a sociedade. A pessoa não é contra algo por acreditar nisso ou ter argumentos. É contra pelo simples fato de se opor. O comentário de um leitor num texto sobre ciclovias, na Veja São Paulo, ilustra o problema: “Eu andava de bicicleta antes, mas depois que isso virou modinha de esquerdopata filhinho de papai, parei. Não quero ser confundido com estes idiotas.”
Não concordar ou querer fazer uso das ciclovias é um direito válido. Ser contra por mera oposição política é idiotice.
*Imagem destacada: Hora do Rush em Copenhague, Mikael Colville-Andersen (Wikimedia Commons)
Inscreva-se na nossa newsletter
Rafael, parabéns pelo seu artigo, principalmente as referências copiladas.
Obrigado, Diego.
Abraço.
Oi, Rafael! Gostei muito do seu post, pois acho que é uma questão que tem que ser debatida com mais profundidade e não só pelo velho “não gosto porque muda tudo então não deve ser bom”.
Eu sou super a favor de bicicletas e ciclovias, mas acho que a forma como elas estão sendo feitas em SP… Não vejo muito estudo de impacto, de utilidade, de trajetos… tem ciclovia de duas quadras que começa do nada e acaba em nada… isso eu acho complicado, até mesmo p/ ciclistas que não têm uma ciclovia bem estruturada…
E outra questão que me incomoda: alguns ciclistas só querem os direitos, não querem os deveres. Cansei de ver ciclista atravessando farol vermelho, em detrimento dos pedestres que estão na faixa e com farol aberto… Já testemunhei também um grupo enorme de ciclistas que simplesmente fecharam o cruzamento entre a Augusta e Av. Paulista para que o grupo não se separasse, independentemente do farol estar fechado ou não p/ eles. Isso eu já não consigo concordar.
No mais, acredito que todas as mudanças são complicadas para as pessoas aceitarem, veja o exemplo da faixa exclusiva de ônibus, que no início, teve tantos opositores e hoje, que o pessoal já se habituou mais, a maioria concorda que foi um benefício p/ sociedade como um todo.
Do mesmo jeito a ciclovia. Bicicleta é sim meio de transporte e pode aliviar uma parte do nosso trânsito caótico! Precisa só ter um planejamento decente p/ nossas ciclovias!
Oi, Bárbara.
Obrigado pelo comentário. E (principalmente) por ser tão educada até mesmo na hora da discordância.
Concordo com você nessa questão da falta de educação de ciclistas. Realmente, já vi muitos deles não pararem para pedestres. Isso precisa de ser trabalhado melhor.
Abraço! 🙂
Sinceramente, esta veiculação política das ciclovias a este ou aquele partido acabará sendo um tiro pela culatra. Primeiro porque não oferecem alternativas viáveis para melhorar o trânsito. Os mesmos que são contra as ciclovias, são contra as faixas exclusivas de ônibus. Qual a alternativa que sobra? Manter tudo como está ou imaginar que é possível solucionar o trânsito criando mais espaços para os carros. Em segundo lugar, ao ligar as ciclovias com um partido e criticá-las, a impressão que transmitem é de que os partidos adversários são contra as ciclovias. Não é o modo mais inteligente de se fazer oposição política, veiculando-se com negativismo do que com a proposição de soluções.
É a forma mais burra de fazer oposição política, Frederick.
E o pior é que não se limita às ciclovias. É assim com quase tudo. Inclusive com as faixas de ônibus.
Pela sua resposta, comprovou-se que houve um patrulhamento. Pois parece que NÃO GOSTOU, de eu ter postado o que escrevi. Só digo que sou a favor das ciclovias, como as da baixada santista, as de outras cidades do interior de SP. Não dessas meia boca, malfeitas, feitas recentemente a torto e a direito na cidade de SP. E que só prejudicaram a cidade provavelmente continuarão sempre desertas. Pois não passam de propaganda política demagógica, pro pior prefeito que a cidade já teve, dizer que tá fazendo alguma coisa. De outros locais do mundo, não vou me manifestar, pois não as conheço. Não se preocupe, não vou mais me manifestar, sei que sofrerei censura. E você claramente demonstrou não ter gostado de ter sido discordado.
Eu aceito discordância de qualquer pessoa e de qualquer tipo. Só quero que a pessoa tenha a boa educação e a coragem de dar o nome real dela. Você provou não ter nenhuma das duas coisas. E olha que não estou pedindo muito.
Se eu quisesse censurá-lo, não teria nem aprovado seus dois comentários, já que você violou as regras do blog em ambos, ao postar com um perfil fake. Volte aqui, poste o que quiser, fale o que quiser, vamos ter um debate saudável. Mas dê seu nome. Meu nome está aqui, pra todo mundo ver. Por que você teme dar o seu?
Não se dê ao trabalho de responder caso seja com esse perfil fake. Se encontrar sua educação em algum lugar, volte e discutimos.
Rafa,
Muito bom seu texto, como sempre!
Tenho três coisas para acrescentar:
Quem diz “Eu não vou pro trabalho de bike para não chegar suado e por isso sou contra a ciclovia” (e todos os outros argumentos desse tipo) não pensam no coletivo. Eu por exemplo, trabalho há 6 km da minha casa, sou obrigada a pegar um ônibus porque faltam 2 km de ciclovia. Eu poderia ser uma pessoa a menos no ônibus lotado, poderia (caso tivesse) ser um carro a menos. “Você” ser contra uma ciclovia porque “você” não vai usar é um pensamento um pouco imediatista.
Não sei nas outras cidades, mas aqui no Rio, quando começaram a instalar as bikes do Itau, todo mundo duvidou que iria dar certo. Eu duvidei! Mas eu sou o tipo que duvida calada, rs. Eu espero pra ver como vai ser. E hoje a bike é quase um simbolo da cidade!! Todo mundo vai pra la e pra com ela.
E para finalizar, se Amsterdã, Paris, Londres etc tiveram essa iniciativa que deu certo, quem somos nós para dizer que é uma ideia ruim?? Podemos dizer que o Brasil não vai se adaptar, sim podemos, mas dizer que a ideia é ruim? Acho um pouco demais. E como você mesmo escreveu, Bogotá tá aí pra mostrar que quando todo mundo quer, acontece. As vezes acho que as pessoas são contras algumas atitudes (não necessariamente esse caso) só para poderem continuar a reclamar do problema, ninguém quer solução.
Beijos beijos
Concordo com tudo que você disse, Isabel. Principalmente com a questão de termos que parar de pensar só na gente, de forma egoísta. Está na hora de pensar no coletivo. 🙂
Beijos.
Eu sempre fui a favor das ciclovias. Mas alguém já escutou a expressão. “Sabe aquela mulher tão criticada, tão difamada, vai ver o que ela tem a dizer”
Pra mim ciclovias eram o que eu via na baixada santista, ou em cidades do interior de SP. Ou como aquela que fizeram na Av. Faria Lima, Av. Sumaré, e a ciclofaixa da marginal pinheiros. Realmente úteis e que só são benéficas à cidade.
Mas vejam o que esse prefeito imbecil fez.
Ele fez na cidade inteira umas ciclovias meia boca(e dizem que custaram caríssimo, 650 mil o km). E em locais onde havia trânsito e comércio intenso e pouquíssimos ciclistas.
Só atravancaram ainda mais o trânsito, prejudicaram o comércio local, os moradores locais e tem apenas uma utilização ínfima, a maioria nem isso, estão desertas. Vcs acham certo isso?
Antes de ter implantado as mesmas, deviam ter feito um impacto em cada local, pra ver se realmente seriam úteis. Pois a maioria se revelou inútil ou no máximo pouco útil. Sim sou a favor de ciclovias. Mas não sou a favor de demagogia barata, que essas ciclovias meia boca implantadas a torto e a direito e caríssimas, foram pra cidade e entendo a revolta de muitos. Elas em sua grande maioria se revelaram, não um benefício, mas um malefício à cidade.
Cinco coisas:
1- Todo argumento é válido, desde que respeitadas as regras do blog. Isso é um debate. Não fosse, não estaria aberto para comentários. Não acho que sou dono da verdade e entendo que podem existir argumentos contrários e válidos.
2 – Como eu digo no começo do texto, “É óbvio que projetos de ciclovias que sejam defeituosos e com erros de planejamento merecem protestos da população”. Não estou dizendo que concordo com você e que esses erros existem, veja bem, mas que isso é algo a ser considerado. Se existirem, que sejam feitos protestos.
3 – Você leu o texto? Porque algumas das coisas que você fala estão no texto também, com argumentos contrários.
4 – Não importa o país em que as ciclovias foram implantadas, em todos elas começaram desertas. Todos. Por que a implantação das ciclovias exige uma mudança de comportamento das pessoas. E isso só ocorre em anos – vai demorar para as ciclovias serem usadas mesmo. A reclamação de que o trânsito e o comércio pioraram também existe em todos os países em que as ciclovias foram implantadas. Aconteceu até em Nova York, na década passada. Mas, com o tempo, a partir do momento em que elas caíram no gosto popular, o comércio passou a faturar mais e o trânsito melhorou. Você vai ver isso acontecer.
5 – Você violou as regras do debate (https://www.360meridianos.com/politica-comentarios-360meridianos) deste blog e até a constituição brasileira. “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Sabia disso? É por esse motivo que eu não vou aceitar os próximos comentários que você fizer, a não ser que você volte para o debate ético e correto, colocando seu nome, sobrenome e e-mail válidos.
É até irônico. Você usa um e-mail dizendo “abaixo o patrulhamento”, mas me parece que o que você está fazendo é justamente isso: patrulhar a internet em busca de pessoas que não pensam como você, mas sem a coragem de entrar num debate saudável e ético, onde todos sabem com quem estão falando. Volte no site com outro nome, o seu. Participe da discussão. Mas como um pessoa real, não como um patrulheiro das opiniões dos outros.
Abraço.
Excelente post! Em Londres, desde 2004, tem-se investido muito em ciclovias, e a prefeitura, com apoio de um banco, também colocou bicicletas à disposição da população a preços muito baixos (pra alugar). Claro que, no começo, muita gente esteve contra, mas hoje em dia é cada vez mais comum ver ciclistas nas ruas. E assim como na Holanda e na Escandinávia, empresários e funcionários usam a bicicleta pra ir ao trabalho, muitos deles pedalando distâncias de até 30km cada trajeto pra manter a forma. O problema do Brasil é que carro ainda é um objeto de status, e não um meio de transporte qualquer. Espero que as coisas mudem num futuro muito próximo, pois esse ódio contra ciclista (jogar tachinha na rua? Pelamordedeus!) beira a infantilidade.
Exatamente, Pedro: carro no Brasil é status. Um monte de gente se surpreende quando eu digo que não tenho e não quero ter um carro novamente.
E não me faz a menor falta, numa boa.
Obrigado pelo comentário.
Eu não entendo a ligação que brasileiro tem com o carro…é demais! Conheço muitas pessoas que usam o carro para distância de menos de 1 Km!!!! Pessoas, que vivem de aluguel a vida toda, mas trocam de carro todo ano!! Enfim, eu amo bike, mas como aqui em AJU é MUITOOOO quente uso mais o ônibus! Mas dentro do meu bairro uso mais a bicicleta e minhas pernas =D
Dizem que Aju tem muitas ciclovias? É verdade?
O calor deve ser enorme mesmo. 🙂
Eu moro na Alemanha há 3 anos e aqui também é super comum ir trabalhar de bicicleta, independentemente de chuva ou neve. É claro que mesmo que a cidade seja pequena todas as ciclovias são interligadas nas partes de maior movimento. Eu acredito que a base de um bom funcionamento é uma boa estrutura e pelo menos um pouco de respeito da parte de pedestres, motoristas e dos próprios ciclistas.
Eu fiquei impressionado com as ciclovias da Alemanha também, Milena.
O Brasil ainda está começando por esse caminho, mas um dia fica melhor.
Post perfeito! O que mais tem é gente criticando, mas felizmente eu vejo cada dia mais bicicletas nas ruas de BH. Ainda são poucas, mas o número está aumentando. Perto da minha casa tem até muitas ciclovias, mas ainda estou esperando os dias que elas serão interligadas. Aí sim vai ficar bom!
Estou em Porto Alegre agora e estou impressionado, Camila.
Sim, as ciclovias não estão cheias, mas já tem muita gente de bike nas ruas, principalmente gente mais nova.