Nos últimos 15 dias, troquei de cidade sete vezes. Passei a noite em quatro delas. Olha a timeline: dia 23 de fevereiro eu me mudei de casa, mas não tive a chance de viver nem uma semana no apartamento novo, porque no dia 27 eu embarquei para Berlim.
No dia 6, voltei da Alemanha, passei a noite em Porto – porque nunca se sabe quando a Ryanair vai atrasar o voo e te fazer perder o último trem/ônibus. No dia seguinte, peguei um trem de manhã para Coimbra e fui direto para aula do mestrado, de mala e cuia. Nem tive tempo para conversar com as amigas do mestrado, porque na manhã do dia 9 já embarquei num ônibus para Lisboa, que me levou para o aeroporto e uma jornada de 10 horas, com escala em Munique, até chegar em Dresden, na Alemanha de novo, de onde escrevo este post (estou participando de uma blogtrip aqui, dá para acompanhar em tempo real no nosso Instagram)
Essa rotina faz parte do contrato imaginário que eu assinei quando topei fazer deste blog de viagem minha forma de sustento e me tornar uma nômade digital. E antes que você se pergunte, “mas você é nômade digital com apartamento?”, eu explico: no meu ponto de vista, ser nômade digital está mais ligado à minha liberdade para poder escolher me mudar para Coimbra (ou qualquer outra cidade no mundo com acesso wi-fi) e estudar lá por um tempo. Se eu decidisse me mudar de país ou continente novamente daqui um mês, eu poderia. Enfim, é tudo uma questão de liberdade nas escolhas. E finalmente tenho isso.
Eu em Funchal, na Ilha da Madeira
Mas não quer dizer que seja uma rotina fácil. A gente já falou muito aqui no 360 sobre como a ideia de trabalhar na praia, de frente para o mar, que muita gente tem quando se fala em viver de blog ou ser nômade digital, é um tanto quanto exagerada. Na realidade, serão muito mais horas no computador do que com o pé na areia. E, várias vezes, muito mais horas em aeroportos, aviões, trens e ônibus do que de fato aproveitando um destino.
No final do ano passado, chegou no nosso email um convite para nos inscrevermos num workshop para blogs de viagens, um evento relacionado à maior feira de turismo do mundo, a ITB Berlin. Em novembro recebemos a confirmação da seleção do 360meridianos. Esse foi o motivo do meu primeiro embarque para a Alemanha.
East Side Gallery, em Berlim
“Mas seu blog já é grande e profissional, por que você vai participar de um blogcamp?”, foi o que perguntou uma das representantes da Visit Berlin. Aprender nunca é demais, eu respondi para ela, e também quero conhecer mais blogueiros do resto do mundo. O ITBBlogcamp foi organizado por dois blogueiros alemães, que também são nômades digitais e tratam seus blogs como negócios, o Sebastian do Off the Path e a Connie do Planet Backpack. Durante dois dias, de 8h às 18h, vinte blogueiros de viagem do mundo inteiro se sentaram para discutir temas como marketing, SEO, design, conteúdo, branding e monetização.
Nós já falamos muitas dessas coisas na nossa série de posts sobre como viver de blog. Mas, baseada na minha resposta para o Visit Berlin, segue uma listinha de coisas que aprendi nessa semana de workshops e feira de turismo.
Dicas para quem quer viver de blog
Nunca pare de estudar
Entrada da ITBBerlin
Não estou dizendo que para ser blogueiro você precisa voltar para escola, fazer graduação, mestrado ou nada disso. Mas se você quiser ter um blog legal e viver dele, vai ter que sempre buscar novas informações sobre o mercado, sobre as mudanças na internet, sobre as coisas que você não é tão bom. Vamos combinar, ninguém é bom em tudo.
Por exemplo, modéstia de lado, eu acho os textos do 360 muito bons, mas na parte de marketing e personal branding nós ainda engatinhamos. A sorte é que a internet é um poço sem fim de informações, basta saber filtrar o que é relevante. Cursos online, cursos presenciais, tutoriais no Youtube, artigos informativos. Corra atrás de tudo o que te faça crescer.
Qual é seu valor?
Muitas vezes a gente começa um blog para compartilhar nossas histórias de viagem. Ele cresce, começa a ser lido por mais gente e nos esquecemos de refletir a respeito do que isso significa. Alguma vez você já se perguntou qual é o valor do seu conteúdo nesse mar de informações que é a internet? E não estou falando de valor financeiro.
Quais problemas você soluciona para seus leitores? O que é único sobre seu blog? Para quem você está escrevendo? Muita gente fala de nicho e em como encontrar seu nicho é a receita para o sucesso na internet. Mais do que isso, acho que é preciso ter bem claro quais são seus valores, sua filosofia de vida, quais emoções você transmite com seus textos e fotos.
Atenção com seu layout
Um layout bonito, limpo e prático já é um bom começo para seu blog ter sucesso. O layout comunica para outras pessoas quem é você e pode atrair ou afastar leitores. Nem sempre é necessário pagar alguém para fazer o design do seu blog, principalmente se você estiver começando agora. Existem layouts gratuitos ou bem baratos espalhados pela internet.
Também tenha humildade de ouvir críticas alheias: você pode adorar um fundo vermelho com listras azuis e texto branco, mas isso não quer dizer que essa seja a melhor decisão para seu blog. Sim, ele é seu espaço pessoal, mas se você também quer transformá-lo na sua fonte de renda, escute o que outras pessoas têm a dizer a respeito.
Passeio de bike com os blogueiros internacionais
Outra dica que tenho é: pense no futuro e cuidado com o SEO. O layout do 360meridianos, por exemplo, anda nos dando várias dores de cabeça e estamos num processo de criar uma cara nova. No momento, esse design que vocês estão acostumados está nos impedindo de colocar em práticas várias ideias legais, assim como não é exatamente adequado em termos de otimização para o Google.
Tamanho não é documento
Lembra a questão do seu valor? Pois é, às vezes não importa se você tem 5 mil ou 100 mil visitantes mensais, mas como você interage e atinge essas pessoas. O mercado de turismo é enorme e ainda está engatinhando no quesito trabalhar com blogs. Na Europa as coisas estão levemente melhores. Finalmente as empresas e os destinos de lá estão começando a entender quem são os blogs e como eles podem ser influentes.
Na América do Sul, por outro lado, acho que dá para contar nos dedos as empresas que sabem trabalhar com blogueiros. Motivo para chorar? Não! Motivo para trabalhar duro e ajudar a “educá-los”. Esse é um trabalho em conjunto: felizmente, temos a Associação Brasileira de Blogs de Viagem e a Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem, dois grupos que ajudam muito a blogosfera brasileira a crescer e se fortalecer.
Voltando ao tamanho do blog: Seja a audiência grande ou pequena, leve seu trabalho a sério e dê valor para seu leitores e seguidores. Está cheio de proposta indecente por aí, por isso é importante aprender a dizer não na hora certa.
Cuide bem do seu conteúdo
Cada texto, cada imagem, cada vídeo que você posta, seja no seu blog, no Instagram, no Facebook, no Twitter ou qualquer outro meio, enfim, tudo importa. Não faça coisas “pros cocos”, como diria meu pai. Revise seus textos, tente fazer com que qualquer conteúdo seu, mesmo que seja sobre a coisa mais banal do mundo, seja interessante e relacionado com aquela missão, com o valor que você gera. Se você fizer as coisas com paixão, bem feitas, isso fica claro para todo mundo e vai te diferenciar no meio da multidão.
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É muito curioso a ignorância que eu tinha acerca desta montoeira de detalhes.
É respeitavel todo o trabalho dos blogueiros que leio mas honestamente a impressão que da (e senpre tive) é mesmo aquela coisa meio “Globo”: superfácil de viver e nada trabalhoso.
Lendo aqui e em outros blogs estou muito grata por ter todo este conteúdo de graça para enriquecer minhas viagens. Aliás não só enriquecer, mas monta-las mesmo.
Obrigada!
Muito obrigada por esse conteúdo maravilhoso e de todos os outros da série.
Eu criei meu blog na Segunda, já está sendo bem acessado (só no primeiro dia tive 3 mil visualizações) pq venho de um perfil ligeiramente grande no Instagram onde postava minhas viagens pessoais. Aliás, dêem uma conferida lá @laripastri 🙂
Estou entrando nesse mundo agora e está me dando muita dor de cabeça, até agora foram 20 dias sem sair da frente do computador e tendo quase todas as noites varadas para dar conta de apresentar algo de qualidade. Mas acredito que estou pegando a pratica e aos poucos vou otimizando melhor o meu tempo.
Por isso, gostaria de saber se vocês conhecem e indicam bons cursos na internet sobre alguns esses temas que vocês discutiram em Berlin: marketing, SEO, design, conteúdo, branding e monetização.
Aguardo o retorno.
Muito obrigada
Oi flor!
Me diz por favor, como faço para conseguir que algum blogueiro profissional leia (nem que seja um pedacinho) do meu blog e me passe um feedback?!
obrigada! 🙂
Estou aprendendo muito por aqui.
Mônica
Oi Mônica,
Dei uma olhada no seu blog.
Acho que você poderia mudar os títulos dos posts: do jeito que está não são atrativos nem para leitores, nem para o Google. É preciso pensar não só no SEO, mas também: o que as pessoas buscam? O que as faria ler esse texto?
Por mais que seja um formato de diário – o que é bem interessante, seu diário pode ter um títulos legais!
No mais, sugiro que você entre para a Rede Brasileira de Blogs de Viagem. Lá você terá vários colegas para tirar dúvidas e trocar informações.
Nossa, só vi a resposta agora.
Obrigada! 🙂
Estou aprendendo sobre essas coisas, o que eu entendo sobre TI e linguagens de programação tende a zero..rsrs
Mas estou me empenhando. Meu namorado, que é quem entende mesmo e é formado em ciência da computação está se ligando nisso tbm. Vamos pensar nesses títulos! E vamos alterar os nomes das fotografias postadas também, pois li hoje aqui que isso influencia nas buscas.
Olha, tentamos 4 VEZES fazer parte do RBBV, mas nosso pedido não chega à eles, cai no limbo…snif. Já até enviamos um e-mail para saber o que está acontecendo. Estamos aguardando resposta.
Olha, esse negócio de ser blogueiro dá uma trabalheira danada!
Mas é tão bom! (L)
Obrigada, flor!
Bom final de semana!
Att,
Mônica
Conseguimos!!
Agora somos membros RBBV!
Obrigada, Luiza! 🙂
Continuamos na luta e em busca de aprendizado!
levesemdestino.com
=D