A lancha vai abrindo caminho em meio ao rio, a cidade vai ficando para trás, o vento vai batendo no rosto. Você automaticamente fecha os olhos, inspira e expira devagar. Modo avião ativado. Abre os olhos e vê ao longe um farol se projetando do alto de um morro. Após 30 minutos, chegamos na ilha de Morro de São Paulo.
Logo na chegada, um portal nos dá boas-vindas, seguido de uma escadaria não muito grande, mas pra quem está com alguns quilos de bagagem, a subida é sofrível. O que você encontra a seguir é uma vila extremamente aconchegante, uma pegada meio neo-hippie, e, a parte mais legal de todas: sem carros.
Sim, na parte turística da ilha não existem carros e nem ruas, apenas ruelas onde todos disputam espaço com carrinhos de mão utilizados para transportar bagagens. CO2 ali é apenas das pessoas bufando e subindo as ladeiras. Esta foi nossa segunda vez em Morro, e mesmo assim a ansiedade para experimentar tudo aquilo ali de novo era grande.
Conhecer lugares novos é bom, voltar em algum lugar que muito se gostou nos dá a sensação de ser ainda melhor, desfrutar de tudo com mais calma e desbravar aquelas coisas que passam despercebidas em um primeiro olhar (pra ser bem sincero eu voltaria fácil em todos os lugares que visitei até hoje). Pelas ruelas seguimos e encontramos todo tipo de gente, todo tipo de restaurante, todo tipo de lojas, e assim do nada eis que surge:
Poxa vida, assim de supetão é muito para meu coração. Sim, mesmo já quase tendo caído pra trás da outra vez. Pausa para um mergulho, água quentinha. A parte mais urbana da ilha possui algumas praias, onde cinco delas são denominadas por ordem: Primeira, Segunda, Terceira, Quarta e Quinta Praia. Assim mesmo, sem cerimônia.
Outras delas são a de Gamboa e Garapuá. Após um almoço à beira-mar, seguimos até a Terceira Praia, onde é possível alugar caiaque e pranchas de standup. Seguimos para um mergulho livre na Ilha do Caitá. A transparência da água impressiona, a vida marinha é um show e a vista da ilhazinha também. Voltamos outro dia para andar de standup e descobrimos que próximo à ilha existe uma parte bem rasa, onde dá pra pular da prancha e ficar lá de boas.
Para nós, o ponto alto de qualquer viagem é ir em busca do pôr do sol. Em Morro, a foz do rio é extensa, e a ilha fica exatamente na ponta, ou seja, você vê todo aquele sol se pondo rente ao rio, formando um espetáculo fenomenal. Descendo a escadaria notamos que o céu estava com cores vivas. E, ao virar para um bar, qual foi nossa surpresa ao nos depararmos com isso:
340 metros de comprimento separam o Farol de um tibum maravilhoso na Primeira Praia, através da Tirolesa. Este é um daqueles programas obrigatórios de quem visita a Ilha. Se você tiver um peso adequado, assim digamos, o tibum dentro d’água é certo. Agora, se você for mais leve, vai ficar sem o tibum e com as pernas balançando, mas tudo bem, de qualquer forma fica um responsável pelo “brinquedo” que te puxa caso isso aconteça ☺
Por trás do Morro do Farol, bem ao lado do Forte, encontramos nas andanças uma prainha pouco frequentada. Na verdade, uma grande piscina natural que na maré baixa fica sensacional para mergulho. Além do mais, por ser menos frequentada, dá aquela sensação de paz de espírito que só a composição barulho das ondas + água + sol + vento consegue oferecer.
Como não somos fãs de passeios de barco (aqueles que te prometem tudo quando na verdade apenas te carregam em um barco durante um dia inteiro), optamos por conhecer a praia de Garapuá de carro. Fechamos um passeio de um dia num jipe Troller (claro, com mais gente), e nos aventuramos pelas estradinhas esburacadas.
Primeiro conhecemos a Quinta Praia, também chamada de Encanto, aquele praião mesmo a perder de vista, sossegada, show! Depois chegamos em Garapuá, onde tem uma vila de pescadores. Ali tomamos um barco e seguimos até as piscinas naturais. A praia tem um formato de ferradura, muitos coqueiros e bem lá no meio você salta do barco com água no joelho, cheio de recifes, água quentinha.
A maré vai baixando e várias piscinas naturais vão se formando. Nem preciso dizer que a melhor coisa a se fazer é deitar por ali mesmo e se esquecer da vida. O sol vai te tostar, mas a única coisa que você vai querer é que te esqueçam por ali, ou talvez nem esteja em condições de pensar muito sobre qualquer coisa.
O sunset mais famoso da ilha fica na Toca do Morcego, um lounge bar bem no alto do Morro com vista para todo o rio. O sol vai se despedindo de uma forma tão bacana que aquele conjunto formado por ele, o céu, as nuvens, rio, mar, árvores, almofadas, mesinhas, deephouse do bom e uma cerveja no jeito, parecem te teletransportar para… ah, nada de teletransporte nem de outro lugar. Eu quero é ficar por aqui mesmo! Vibe das boas…
Como disse no início, a vontade de voltar não passou. Inúmeros são os casos que conhecemos de pessoas que foram, se apaixonaram pelo lugar e mudaram de mala e cuia. Às vezes bem que dá vontade de fazer o mesmo…
Talvez exista uma palavra que defina Morro: inesperado. Mesmo indo uma segunda vez, descobrimos tantas coisas e ainda não conhecemos tudo. Na verdade, esse conceito de viajar para conhecer tudo está um pouco defasado, quando na verdade a parte boa é deixar que o lugar te leve para conhecer à maneira dele, e no tempo que ele bem entender. Morro de saudades.
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Que relato delicioso de ler. Morro é isso e muito mais, um paraíso encantador na Bahia, que nos coloca literalmente em ‘modo avião’ só para curtir a vibe surreal que esse lugar tem. Fui uma vez e desde então não vejo a hora de voltar! E depois de ler esse relato, a vontade aumentou tanto que já estou me programando para voltar este ano 🙂
PEssoal, tudo bem?
Quantos dias vocês acham que são necessários para Morro de Sp? 4 noites são suficientes?
Julio, boa tarde.
Poderia fazer um breve relato com relação a valores(hospedagem, comida, etc…) ? Muito legal seu relato.
Abraço
Pessoal, que lugar lindo né? Vou para Morro agora dia 26 e tenho uma perguntinha: vocês acham que é ok eu levar minha câmera semi profissional (ela não é muito grande) para as praias? Queria tirar fotos lindas mas não sei se vai ser mais uma preocupação, ou se vai chamar muita atenção.. o que acham? Beijos!
Sem problemas Lais!
Lá aparecem turistas com todo tipo de câmera.. rs
Abraços!