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Sobre aprender a cozinhar e se apaixonar por isso

Quem morou comigo na Índia, nos Estados Unidos ou em São Paulo sempre dava como certo que eu não sabia e não gostava de cozinhar. Eu sabia fazer uma coisa ou outra, tipo macarrão, misto quente, brigadeiro e pratos que não demandassem muito tempo e habilidades. Qualquer uma dessas pessoas se surpreenderia hoje ao me ver falar de temperos, ideias de receitas ou dando sugestões de como preparar um prato de forma diferente.

Sim, o mundo dá voltas e eu e a cozinha somos uma grande prova disso.

Tudo começou quando eu ainda morava em São Paulo, finalmente deixei meu trabalho de 9h às 18h e comecei a me dedicar somente ao 360meridianos. Eu estava morando sozinha e trabalhava em casa o dia inteiro. Me acostumei a sentar para ver TV enquanto almoçava frango grelhado com salada pronta e via programas de culinária.

Como eu tinha bem mais tempo disponível, passei, pouco a pouco, a aprender algumas técnicas que os cozinheiros famosos ensinavam e a aplicar na comida que fazia, só de curiosidade. Além disso, sem vergonha nenhuma, também comecei a pedir receitas de comida para minha mãe via Whatsapp.

Aula de culinária italiana

Numa aula de culinária em Bolonha, 2013. Eu quase não consegui quebrar o ovo sem ajuda. Verdade!

Chamei amigos para jantar lá em casa e preparei um macarrão com um molho diferente e um pouco mais difícil de fazer. Teve gente que duvidou que eu que tinha feito. Quando voltei para Belo Horizonte, alguns meses depois, fiz uma carne assada que rendeu muitos elogios das minhas irmãs. Na vez seguinte, a carne também foi acompanhada de uma receita de risoto que aprendi na internet. Desde que me mudei para Portugal, em 2014, passei a cozinhar não só para mim diariamente, mas com amigas, para os amigos, como terapia, como diversão. Quem diria?

bolo de aniversário - aprender a cozinhar

Bolo de aniversário e docinhos que fiz

A verdade é que meu amor pela culinária não foi assim fulminante como meu amor por comer bem – foi uma conquista aos poucos, que, quando eu assustei, já estava completa e perdidamente apaixonada. Reparei que curtia muito mais canais de culinária no Youtube que de viagens. Que várias páginas no Facebook que ganharam meu like eram vídeos de receitas rápidas. Até o Snapchat, veja só, eu só gosto mesmo de abrir para ver o canal do Tastemade.

Feijão tropeiro

Eu hoje penso que, na verdade, não era que eu não gostava de cozinhar e não queria aprender, como eu costumava dizer. É que eu não gostava mesmo era da ideia de chegar em casa depois de trabalhar fora o dia inteiro e ainda ter que cozinhar uma janta e/ou o almoço do dia seguinte. Com o home office veio não só a necessidade óbvia de ter que me alimentar em casa por uma questão de economia e praticidade, como também eu ganhei várias horas, já que não tinha mais que gastar tempo de deslocamento e horas ociosas do trabalho.

Assim, continuo preguiçosa para seguir receitas que são muito certinhas. E também não dou certo com coisas que tenho que perder horas e horas fazendo. Minha comida é do tamanho da minha fome e não consigo gastar muito mais tempo cozinhando do que apreciando a refeição.

aprender a cozinhar chili com carne

Chili com carne

Mas aprender a cozinhar me tornou muito mais disposta a provar coisas que eu torcia o nariz antes. E também me tornou muito mais apreciadora e curiosa com o que as pessoas comem mundo afora. Não é mais estranho me encontrarem feliz da vida atrás de um fogão, no supermercado fazendo compras para uma receita nova ou discutindo numa mesa de bar como preparar alguma coisa. É que eu sempre amei comer tanto quando eu amo viajar. Só que agora eu sei fazer o que eu como – ou pelo menos tenho gosto em tentar aprender. E vocês?

*Imagem destacada: Shutterstock

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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5 comentários sobre o texto “Sobre aprender a cozinhar e se apaixonar por isso

  1. Adorei ler esse texto, estou passando tão por isso ultimamente! Não há nada melhor que Tastemade, tanto que já pulei pros canais do Japão e descobri um tastemade só de comida judaica que se chama Jewlish, que estreei hoje no almoço e ficou muito bom 😀

  2. Eu tenho pensado bastante nisso agora que estou planejando embarcar numa vida nômade levada mais a sério. Pretendo ir aprendendo receitas locais. Adoro cozinhar, mas acabei não praticando tanto por comodidade!

    Quero ver esse Master Chef de viajantes kkk

    Beijos Lu

  3. Muito bom e além do mais cozinhar e compartilhar refeições uni as pessoas, é também uma forma de passa tempo e se divertir com amigos.
    😉

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