A África do Sul abriu para mim as fronteiras do mundo. Foi ali que a lição começou. Descobri que viajar é possível e que em outros fusos a vida segue igual. Senti o gosto agridoce do choque cultural se formar pela primeira vez e vi como ele transforma a maneira com que vemos o outro, nós mesmos e nossa cultura. Aprendi que anos de preconceito e discriminação não se curam com uma canetada, mas que dá para ser feliz apesar das cicatrizes.
Na Espanha, descobri que a gente pode atravessar o oceano e mesmo assim encontrar gente muito parecida com a gente, e que algumas vezes as menores expectativas se transformam nas surpresas mais incríveis. Na França, que pessoas não são estereótipos e que a maior parte delas será gentil se você estiver disposto a ser também. Na Itália, vi tomarem vida as páginas dos livros de história e, no Reino Unido, as páginas dos meus livros favoritos de ficção.
A Índia me ensinou o verdadeiro significado de diversidade. Aprendi também que dá para ser feliz com muito pouco e que a gente se acostuma com tudo, basta estar disposto a isso e ter paciência. A Malásia foi um forte exemplo de como podemos ter visões completamente equivocadas sobre lugares onde nunca estivemos e que o único remédio para isso é ter o coração aberto e disposição para aprender. Já o Nepal me colocou no teto do mundo, e lá de cima eu vi que muitas vezes nos lugares mais pobres a gente encontra as pessoas mais generosas. Em Hong Kong e Cingapura vislumbrei o futuro, e a Tailândia me mostrou que um sorriso é sempre nosso melhor cartão de visitas.
Na Polônia, enxerguei abertas as feridas da guerra, e me dei conta de que quem vive de perto o conflito nunca mais é o mesmo. Na Turquia, vi a importância de se levantar todos os dias e se recusar a viver com medo, ainda que nos ataquem mil vezes. E nos Estados Unidos percebi que mesmo os países ricos e poderosos têm problemas sérios a serem solucionados. E que é justo quando o mundo se enche de obscurantismo e preconceitos que surgem também os focos de resistência mais ferozes.
Descobri na Colômbia, Aruba e Curaçao que o Caribe é um estado de espírito que transborda de azul. E Chile, Peru e Argentina me ensinaram a ter orgulho de ser latina e a chamar de casa todos os cantinhos desse enorme continente. A Catalunha não é uma país independente, mas Barcelona foi um capítulo especial. Ali percebi que, quando almas se encontram, as fronteiras caem por terra e fica fácil fazer amigos. Percebi também que o mundo pode andar meio torto, mas enquanto houver quem acredita, há esperança.
Estive em pouco mais de 30 países. Aprendi tudo isso e mais um pouco, mas ainda há muito a descobrir. Mal posso esperar pelas lições seguintes.
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as pessoas que viajam conhecem de tudo!
Gosto muito do jeito que você vê e descreve suas viagens, parabéns.
Olá Teresinha, muito obrigada! Fico feliz que você goste dos textos!
Volte sempre 🙂
Oi, Natalia! Quero te parabenizar de coração por esse texto incrível! Desde semana passada, tenho lido todos os artigos diários do 360 meridianos. Nunca sai do Brasil – o meu sonho, é conhecer a Escócia – mas uma das maiores bênçãos da internet é podermos viajar sem sair do lugar. Acompanhei o seu olhar especial – assim como de outros colunistas do blog – em relação a tantos lugares diferentes, tanta coisa linda…só tenho a agradecer ?. Nós aqui, do outro lado da tela do computador ou do celular, somos como aquele cego que aparece no filme da Amelie Poulain, ficamos deslumbrados com as narrativas do que não vimos, mas que conseguimos sentir no coração! Obrigada por permitir isso! Beijo e abraço apertado! ??
Olá Isabelly,
Muito obrigada por esse comentário tão carinhoso! Espero que você consiga realizar seu sonho de conhecer a Escócia (eu ainda não conheço tb e morro de vontade)! Enquanto esse dia não chega, fico feliz que nossos textos façam você viajar um pouquinho aí do outro lado da tela! Obrigada e volte sempre! 🙂
Um grande abraço!
BOA TARDE, tudo bem? trabalho com marketing de afiliados, e gosto de trabalhar no segmento de viagem turismo, artes em geral, e moda, alem das redes sociais criei um blog para me relacionas com meu publico, caso queira que eu replique seu conteudo, sentirei enorme prazer em veicula-los OBRIGADO .
Olá, Natália! Boa tarde! SIMPLESMENTE ADOREI sua crônica! Nêstes dias/tempos de TANTO OBSCURANTISMO, VIOLÊNCIA E AMEAÇAS (DIRETAS OU VELADAS) ÀS LIBERDADES E AO LIVRE PENSAMENTO, suas palavras são um bálsamo regenerador, uma brisa suave num dia de calor! PARABÉNS! Um grande abraço, Sylvio.
Olá Silvio! Que alegria, fico feliz que tenha gostado! 🙂