Minha mãe me apresenta assim, toda vez que vou comer na casa de algum conhecido: “Não repara, não, que ela é fresca mesmo”. Já estou até acostumada. Sabe aquela pessoa chata que fica catando a cebola, pimentão e outras coisinhas e colocando de lado no prato durante uma refeição? Não me orgulho de falar isso, mas é a verdade e todo mundo que convive comigo já passou por alguma revolta com isso em algum momento.
O problema não seria tão ruim, se eu ficasse somente nisso, mas a lista de coisas que eu viro a cara é extensa. Vou logo mandando a bomba: eu não gosto de chocolate e viro a cara para 99% dos doces. A exceção fica por conta do brigadeiro, é claro. Afinal, é pecado ir em festa infantil e não curtir essa maravilha dos deuses. E entre tantos problemas, um sempre aparece – sou daquelas que vão pro litoral e não come frutos do mar, incluindo peixe. Prazer, eu.
Dá uma vontade de chorar quando o prato chega e vem peixe. Por mais bonita que a apresentação esteja. Não dá!
Há uma piada entre as minhas amigas de que na hora de escolher qual caipirinha a gente vai beber, ninguém nem precisa me perguntar. Será sempre de limão, pois qualquer outra fruta mais moderninha eu dispenso. Minhas restrições são tão grandes, que eu acho que já passei do nível paladar infantil. A Natália Becattini já até escreveu sobre o tema aqui no blog e dei uma leve risada enquanto pensava: sabe de nada, inocente!
Por mais difícil que seja o paladar, se juntar uma porção na outra, sai uma refeição. Carne de carneiro com arroz e banana, em São Luis
Eu já estou acostumada a separar comida no cantinho do prato e a pedir uma porção diferente do restante do grupo, mesmo que isso me saia mais caro na hora de dividir a conta. O que é realmente um problema é quando estou viajando e as opções ficam ainda mais escassas. Principalmente se a viagem for pelo litoral, afinal, além de tudo, eu também não como nada que venha do mar. Ou, como eu digo, nada que faça glub-glub. É chegar a hora de comer e eu já penso: E agora, José?
Venhamos e convenhamos, frutos do mar não são uma coisa que dá pra você separar no prato e deixar num montinho. O cheiro e o gosto do camarão, por exemplo, permanecem impregnados em tudo o que ele toca, por muito tempo. E quando você não gosta de algo, consegue sentir a quilômetros de distância. No supermercado, essa é a parte que eu costumo ignorar e passar correndo. Junto com os restaurantes japoneses.
Vale de tudo na busca por pratos sem frutos do mar. Na foto, um delicioso risoto com carne. Prato do chef Bruno Schmatz
Na praia, sou a rainha do queijo coalho. Nessas horas eu agradeço por ter nascido em Minas Gerais. E é sempre mais econômico do que comprar uma porção de camarão. Toma essa!
Mas e quando não tem queijo, bife, frango, ovo e nem a mãe pra fazer um prato especial só pra você? A alternativa, se não tiver nada sem frutos do mar no cardápio, é sair montando um prato e ver no que vai dar. Isso também chega a ser a solução pro pessoal vegetariano, pros veganos e para aqueles com outras restrições alimentares. Está longe de ser o ideal, mas é o que temos pra matar a fome.
Durante a minha ida para a Rota das Emoções, passei nove dias viajando pelo nordeste e, na maioria dos restaurantes, sempre tinha uma opção que levava frango, bife de boi ou, em último caso, o bom e velho ovo frito. Vale apelar e fazer cara do gato de botas e, assim como eu, soltar que tem alergia.
O chef Bruno Schmatz, do restaurante Siará, em Jericoacoara, fez questão de preparar pratos especiais para o nosso grupo, que, além de mim, tinha também duas pessoas que não comiam camarões e outros frutos do mar. Mas em outros lugares, com o cardápio bem mais restrito, tive que me contentar com um ovo frito. Em outro, arroz, feijão, batata frita e salada. Mas é isso, com o passar do tempo, a gente se acostuma e aprende que tá tudo bem. A gente se adapta.
Contando dos meus perrengues no nordeste, a Naty falou que no grupo dela da viagem pra Alter do Chão, também tinha uma pessoa que não comia frutos do mar. A alternativa foi sair procurando lugares que vendessem alguma coisa que a pessoa pudesse comer, mesmo que o grupo fosse comer separado.
Alternativa para todos os gostos. Peixe à delicia e carne ao molho madeira. Agradando a gregos e troianos
A conclusão a que posso chegar, meu caro amigo, é a de que se você é daquelas pessoas que comem de tudo, que não como eu, que vai pro litoral e não come frutos do mar, PARABÉNS! Mas se você é da turma dos que colam comigo, então já deve estar acostumado a se adaptar, a sair procurando o primeiro sinal de um prato amigo ou simplesmente já está operando no modo: NÃO PERTURBE. No meu caso, depois que eu fiz 30, larguei a mão de qualquer vergonha e assumi o meu papel de quem tem um paladar exclusivo. E se alguém encontrar a minha mãe por aí, diga que eu não sou fresca, sou apenas diferenciada.
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Eu odeio é quase tudo. Não como peixe, carne cozida, frango, macarrão, legume cozido, etc.. E só como carne torrada, ai fica difícil até ir em um churrasco.
E quando é um casal que um come frutos do mar e outro não? Se for a mulher que não come sabe que nós homens, vamos ficar sem comer né…rsrsrs Temos sempre que fazer a vontade delas..rs
Ahhh entendo perfeitamente!! Amo o NE mas sofro um monte por isso…na Bahia então…odeio dende!! E la tem dende e cominho em td!! Aff!!Ja passei por situações que vinha de um jantar em que todos comeram camaroes fritos e outros, mas eu na volta pro hotel achei uma pizzaria pq estava morrendo de fome!!ACHO QUE FOI A MELHOR PIZZA DA VIDA!!!Embora coma algum file de peixe ou camarão, depende de como for preparado, o tipo, é complicado!! Normalmente não arrisco…Em casa se eu fizer não consigo comer mais nada pq parece que td fede!!kkkk Deixo a tarefa para meu marido e filha!! Minha filha diz que eu gosto de peixe que não tem gosto de peixe, pode? Aquele praticamente sem cheiro, sabor suave, quase um file de frango…Abs!!
Eu te entendo PERFEITAMENTE! Eu sofro o mesmo! Faço brigadeiro com o mínimo de achocolatado possível (odeio os que são feito com chocolate mesmo). O povo fala q o meu brigadeiro é, na verdade, doce de leite condensado haahaha
Sei bem como você se sente. Tirando alguns poucos frutos do mar, eu não comia quase nada que “fizesse glub glub” também hahaha Alguns poucos porque fui nascido e criado no litoral e acredito que seja impossível passar a vida imune a isso. Existia uma lista de coisas que eu não comia, incluindo cebola, pimentão, presunto, ovo, etc, etc, etc… Hoje, depois de estudar gastronomia e trabalhar como cozinheiro, posso dizer que, além de gostar de tudo o que citei acima, já comi mais coisas diferentes que a maioria das pessoas, incluindo orelha de porco, medula espinhal de boi, grilos, caracol e mais algumas iguarias de países que visitei. Tento não julgar pessoas que são “enjoadas” para comer porque já estive desse lado haha
Olá, Filipe! Espero chegar nesse nível um dia, de verdade! Queria muito ser uma pessoa que come de tudo. Eu até tento rsrs
Rsrs!!! Gosto e gosto né.
Diferenciada ou fresca, deve realmente ser difícil para alguém que trabalha com conteúdo sobre viagens. Embora eu seja o extremo oposto, o que come de tudo, eu respeito suas limitações de paladar…rs. Adorei o texto!!!!
É muito complicado! Eu até tento fazer um esforço, mas acredito muito mais na palavra dos coleguinhas qdo falam se o prato está bom ou não. Sei que o meu julgamento nem sempre é o mais isento.
Obrigada por gostar do texto!
Dessa lista, eu só comeria o bolinho de bacalhau. Também ouvia minha mãe dizer que eu tinha frescura para comer…
hahaha o engraçado é que sempre tem alguma coisa que entra na lista, né? Eu como o bolinho de bacalhau, mas não como a bacalhoada, por exemplo. Mas como todos os ingredientes da bacalhoada, se estiverem separados… rsrs
Eictha!!! Eu tb não como nada que faça glub glub. Nada do mar, do rio, da lagoa, do mangue etc
Tamujunta!!!!
hahha o jeito é comer mandioca, batata frita e qualquer opção de carne e baião de dois que tiver no cardápio. Mas com o tempo, já até acostumei a ser a “diferentona”