Sou Guilherme Soares Dias, jornalista, empreendedor e viajante. Estarei aqui nas terças-feiras do mês de junho para falar sobre pessoas negras no mundo das viagens. Vamos aproveitar esse momento em que o mundo discute sobre racismo para abordar as peculiaridades pelas quais os viajantes negros passam.
Quando decidi fazer um mochilão e saí turistando pelo mundo durante um ano, percebi que a quantidade de pessoas tirando um sabático era muito grande. Mas encontrei pouquíssimos viajantes negros pelo caminho.
Também senti na pele que ser um negro viajante tem desafios que os brancos nem imaginam. Durante a viagem, fui abordado por policiais nas ruas de Veneza e Jerusalém. Em diferentes fronteiras por onde passei, também fui revistado e bastante questionado. Toda vez que ia de um país a outro temia pelos processos que iria passar.
Fui percebendo o quanto era peculiar ser um negro viajando. Na Austrália, fui escolhido ‘aleatoriamente’ para um teste anti-bomba. Essas experiências foram marcantes na viagem. Percebi o quanto minha presença era ‘diferente’ em alguns lugares. Em restaurantes mais turísticos, em hotéis, em alguns monumentos, só brancos em volta.
Uma das faces mais terríveis do racismo é colocar nós negros nas estatísticas ruins: maior número de desempregados, nos presídios, em situação de rua, entre outros. E nos tirar das estatísticas positivas, como pessoas com graduação, em cargos de chefia e até mesmo viajando.
Talvez seja difícil para quem não é negro entender ou captar todas as subjetividades desse relato, mas é importante entender que isso acontece e impacta de muitas formas as pessoas negras viajantes.
Para além das dificuldades de superar as estatísticas, nós negros podemos e devemos sonhar em ser viajantes, nômades digitais, turistas e frequentadores de lugares que também podem e devem ser nossos.
Aliás, viajar com outras pessoas negras e desbravar mais sobre a nossa história e cultura negra são uma das formas que temos encontrado para fazer um turismo que tenha a ver conosco e que nos valoriza e inclui.
Mas esse papo sobre turismo étnico ou afroturismo é pauta para a semana que vem.
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Fico feliz por iniciativas como esta dando visibilidade ao nosso povo negro. Somos de cor diferente da maioria no entanto somos parte de um todo. Merecemos respeito, não estamos nas senzalas.
Descobri esse blog e site somente hoje. Estou adorando, como é bom ler as publicações. Quero participar mais.
Muito obrigada por representarem os viajantes de todas as raças.
Fiquei muito satisfeita de ver essas fotos de todos esses viajantes desbravando o mundo.
Parabéns pela iniciativa!!!!
Olá Guilherme, gostei da sua abordagem, eu nunca havia me atendado a essa questão! Embora em todas as vezes que pude viajar, notei poucas pessoas pretas nas viagens. É algo que temos que militar (não sei se seria este o termo mais exato) para que mais pessoas pretas caiam na estrada. Por outro lado, todas as vezes em que viajei e sempre só, sempre fui criticada de o porque não guardar o dinheiro e comprar um carro?E eu gostaria de apenas sugerir/informar/corrigir (desculpe, eu não soube o melhor meio de fazer)(desculpe-me se soou grosseiro) a questão que você coloca como “cor negra”, eu trabalho com dados governamentais, e o termo para se referir a cor de pele é “preto”. Eu sou preta, por isso tomei a liberdade de falar. Nos dados temos as cores: branco, preto, amarelo, pardo e indígena.
Parabéns ótima matéria.