“Você não está na Índia”. Essa foi a frase que mais escutamos de diferentes colegas do mundo inteiro, referindo-se a Chandigarh, cidade no norte do país onde nos propusemos a morar por seis meses. Chandigarh, de fato, é diferente do resto da Índia. A começar pela história: foi toda planejada pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier, no início dos anos 50. Enquanto os grandes centros indianos, como Mumbai, estão lá desde 250 A.C.
É conhecida como The City Beautiful por ter menos lixo, menos vacas e um trânsito menos caótico. Reparem minha ênfase no menos, pois não se engane, ainda existe tudo isso para te chocar bastante, só que nem tanto quanto nos outros lugares do país. Aqui tem até sinal de trânsito e faixa de pedestres que são respeitadas eventualmente.
Muito mais buzinas
A cidade tem várias opções de áreas verdes e parques, tudo planejado por Corbussier. Mas provavelmente, ele não contava que os habitantes de Chandigarh se orgulhariam de um título não ambientalmente positivo: é a cidade com mais carros per capita da Índia.
O fato de ser também a cidade com a maior renda per capita do país faz com que carro seja o sinônimo máximo de status para os habitantes. O nosso vizinho de baixo, por exemplo, tem três. Pelo que já conversamos por aí, a preocupação com o ar cada vez mais poluído não existe. A única alternativa para os não motorizados é pegar um o tuk-tuk, porque sistema de transporte público é praticamente uma lenda. E os engarrafamentos são sempre longos.
Chandigarh é dividida em setores. Inicialmente, eram para ser 30 – com a exclusão do setor 13, por superstição. Cada setor tem seu próprio centro comercial e algum tipo de venda específica. Descobrimos isso quando chegamos: “quer comprar coisas para casa, vai lá no 22”; “celular, acho que é melhor o 17”. Mas a população, planejada para não passar de 500 mil habitantes (sim, na Índia e seus bilhões) obviamente cresceu muito. Atualmente já são mais de 50 setores, além das cidades satélites próximas, onde moramos.
Pausa para a história
Com a fim da colonização inglesa, em 1947, a Índia foi dividida e parte se transformou no Paquistão (um dos motivos da rivalidade eterna e da guerra, em 1971, entre os dois países). Com isso, a capital do estado de Punjab passou para o outro lado e os indianos precisaram de uma nova cidade que fosse bem localizada. A decisão foi construir uma cidade moderna e diferente dos padrões do país, daí a escolha de um arquiteto modernista.
Isso tem seus pontos positivos, e, é claro, negativos. É comum andar em Chandigarh e se sentir em Brasília. Os vários setores, áreas residenciais e comerciais são parecidos entre si, o que pode te deixar perdido. Faltam calçadas para os pedestres, que têm que andar pela rua desviando das vacas, bicicletas, motos e carros que buzinam enquanto passam. Praticamente um videogame na vida real.
Fora isso, a cidade é de fato moderna, tem boas casas e avenidas largas. E é sede de um parque tecnológico referência em Tecnologia da Informação – nosso ambiente de trabalho – , que abriga algumas multinacionais famosas, como IBM, Dell e Infosys.
O que fazer em Chandigarh
Chandigarh tem algumas opções interessantes e que não exigem mais do que um dia de viagem. O passeio vale para o turista que, por exemplo, segue de Delhi para o norte e para as montanhas do Himalaia.
O Rock Garden abriga uma coleção de esculturas feitas de diversos materiais num clima meio Indiana Jones para anões. Não estou brincando, as belas paisagens do parque são divididas por áreas que só podem ser adentradas por portinhas tão pequenas que só dá para entrar uma pessoa de cada vez, passando meio agachado. Leia nosso post completo sobre o Rock Garden de Chandigarh.
Logo ao lado fica o complexo de prédios governamentais planejado por Corbusier como a “cabeça” da cidade, em uma lógica meio orgânica de planejamento. Ali, além dos prédios, fica o Monumento da Mão (The Hand Monument), o símbolo da cidade e imagem obrigatória nos souvenirs.
Também a uma curta distância de caminhada está o Lago Sukhna, artificial, enorme, cheio de indianos se divertindo e andando de pedalinho. Esse é um bom lugar para fazer um piquenique ou dar uma pausa para descansar.
Para terminar a caminhada no setor, vá ao memorial das guerras indianas que fica no Bougainville Park. Além disso, quem quiser ver mais espaços verdes, a cidade oferece o Rose Garden, o Botanical Garden, o Leisure Valley, o Rajendra park, o Shanti Kunj, o Hibiscus Garden, o Garden of Fragrance, o Botanical Garden, o Smriti Upavan, o Topiary Garden e o Terraced Garden. Ou seja, é jardim que não acaba mais.
Quem é mais chegado nas compras pode aproveitar as ótimas pechinchas no Cheap Market, no setor 22. Ou fazer bom uso dos bom preços e da rúpia desvalorizada para comprar marcas famosas a preço de banana (para o Brasil, pelo menos) no setor 17.
E quem acha que na Índia não é permitido beber se engana, já que aqui existem várias boates e bares. E segundo um colega indiano, o estado de Punjab também carrega o título de maior consumidor de álcool da Índia. Em Chandigarh há diversos lugares para conhecer a exótica vida noturna indiana, como a boate Kava, no setor 26.
Onde ficar em Chandigarh
De preferência fique nos setores mais centrais: 16, 17, 22, 23 e outros nessa área estão bem localizados e contam com ótimas opções de hospedagem. Clique aqui e veja opções de hotéis em Chandigarh.
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Olá,meu esposo está indo morar e trabalhar em Chandigarh ele é Coach de Jiu Jitsu é recebeu uma proposta de um Projeto para trabalhar e morar lá! Estamos muito ansiosos com tudo e se Deus permitir estarei indo a passeio em Dezembro com a minha filha de 3 anos! É Seguro ???
Olá Shirley! Que legal! É seguro sim! Será uma grande aventura para sua família!
Oi Luiza! Estou pensando em passar um dia sozinha em Chandigarh.. Vou para Agra com o meu marido agora em Outubro, mas ele tem apenas o final de semana livre e vai a Bangalore a trabalho, para onde sigo viagem depois também. Devo ter algum receio em pegar um avião ou trem de Agra/ Delhi e passar o dia sozinha em Chandigarh? Sou arquiteta e não queria perder a oportunidade.. Mas tenho um pouco de medo depois dos seus relatos sobre a India em geral.. Obrigada!
Oi Nathalia,
Olha, eu não acho que chegue a ser um problema passar um dia sozinha em Chandigarh. Muitas mulheres viajam sozinhas pela Índia. De todas as cidades que visitei lá, foi uma das mais tranquilas.
Sobre como ir, o ônibus de Delhi para Chandigarh levava 5 horas. O mais recomendado seria fazer o trajeto de avião de Delhi para lá é só 1 hora.
Oi Luiza! Adorei o texto e amo esse blog, que já acompanho a um tempinho. Parabéns pra todos vocês, são experiências maravilhosas!!
Estou pensando em ir pra Chandigarh em Dezembro pela AIESEC, mas em meio a tanta opção, tô ficando maluca! Você recomendaria um intercâmbio de 2 meses em Chandigarh?? Obrigada!!
Oi Isabela,
Obrigada!
Olha, eu gostei do meu intercâmbio em Chandigarh, mas pelas pessoas que conheci lá (outros intercambistas), não pelo trabalho e nem pelo CL da AIESEC lá.
A cidade é agradável e é a menos chocante da Índia – mais limpa e organizada que as demais. Não é nada turística, mas dá para viajar nos finais de semana, pelo norte, o que é bom… Agora, o CL lá é um horror, são algumas das piores pessoas que conheci na vida. Eles não tinham o menor cuidado com os traines, colocavam 20 pessoas numa casa com um banheiro, entre outras coisas ruins. E o pessoal do trabalho voluntário chegava lá e não tinha o que fazer.
É isso que posso te contar. Lá também faz bastante frio nessa época. Então, se for para Chandigarh, leve casacos para enfrentar inverno rigoroso, ok?
Se tiver mais dúvidas, podemos conversar!
bjs
Oi, Luiza,
Estou com uma proposta de morar em Chandigarh pelo intercambio corporativo da AIESEC.
Depois do seu comentário, fiquei com um pouco de receio. Parece que a sede de lá não tem muita credibilidade, é isso?
Poderia me explicar um pouco mais?
Obrigado 🙂
beijoss
Oi Jonatas,
Tivemos muitos problemas mesmo com o pessoal da Aiesec Chandigarh. Mas eu não desistiria do intercâmbio por causa disso. Primeiro porque a rede de intercambistas acaba se ajudando. E segundo porque eles são tão ausentes que o que conta são as suas experiências mesmo.
Dito isso, não vá esperando nenhuma ajuda deles. Por mais que as coisas possam ter melhorado desde 2011, eu ainda teria um pé atrás.
Lu, tô gostando muito dos seus textos pro blog! Toda vez que começo a ler um dos seus, já sei: “este é da Luíza”. 🙂 Estou gostando do estilo solto, mas sem deixar a informação de lado e do tom pessoal que você está dando aos posts.
Um beijo, com saudades aumentando visto a proximidade do nosso Explosion de Natal.
Que lugar INCRÍVEL!
Gente, muito interessante tudo isso !!!Eh experiencia pra vida toda.Agora, cuidado com essas aguas poluidas e essas coisinhas esquisitas . Vai saber, ne hahaha Bjs e sucesso !!!
Tirando algumas coisinhas chatas, como lixo, vacas e trânsito caótico, a cidade é bem bacana. Gostei de saber que tem até sinal de trânsito e faixa de pedestre…ainda bem, fico mais tranquila.
quando começou a falar da parte boa o texto acaba! quero saber dos bares e das boates!!!!!