Confesso que na primeira vez que fui a Praga não gostei muito da cidade. Achei sua beleza inegável, mas tantas desventuras ocorreram – como ter que mudar de um hostel para um hotel de tão ruim que o lugar era ou o restaurante que tentou “dar o tomé” cobrando bem mais do que de fato eu havia consumido – que não consegui me encantar pela cidade.
Além dessa birra gerada desde as primeiras horas (parecia que tudo dava errado), estava viajando com pouquíssimo dinheiro e, por isso, praticamente não aproveitei os cafés, restaurantes e a vida noturna da cidade.
Dois anos depois, em junho deste ano, voltei à capital tcheca em uma viagem com minha mãe e um amigo. Para a minha surpresa, foi definitivamente um dos lugares favoritos de todo o trajeto. Além de visitar novamente os pontos turísticos habituais da cidade e fazer um Free Walking Tour realmente bom – começa todos os dias, às 10h30 ou às 14h na rua Na Příkopě esquina com Panská -, pude ir a cafés, restaurantes, bares e algumas baladas, sendo que alguns destes são a razão pelo atual e inesperado amor pela cidade.
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De modo geral, comer em restaurantes e cafés é em conta, principalmente, se comparado a cidades turísticas do ocidente europeu. É possível achar uma grande variação de preços e qualidade. Em relação a cerveja, de acordo com os moradores com quem tivemos contato, o preço normal e aceitável seria algo entre 28-40 coroas tchecas (3-5 reais) por 500 ml (um pint) de cerveja.
Os bares com preços muito acima dessa faixa são considerados caros pelos locais, como também abusivos se considerarmos que a qualidade da cerveja é geralmente a mesma. Os bares, pubs e inferninhos normalmente não cobram entrada, mas existem sim lugares com entradas que pesam no bolso e que por isso eu me recusava a ir.
Onde Comer e Beber em Praga
1. U Tří Zlatých Lvů (Uhelný trh 420/1)
É um restaurante/bar que serve comida tradicional tcheca e com pratos tão bons que chegamos a ir mais de uma vez no mesmo dia. Além da qualidade da comida, o preço é muito em conta (definitivamente o mais barato do mesmo estilo que encontramos). E a cerveja, como de praxe no país famoso por sua produção, é ótima e também com preços amigáveis.
Do cardápio, vale ressaltar o Goulash, que é uma sopa de batata com carne servida dentro de um pão crocante (custa 69 coroas tchecas, o que dá em torno de 8 reais) e as “Costelas de porco assada”, uma das especialidades da casa, que consiste em uma tábua com 900 gramas de costeletas de porco picantes, pão de alho e dois tipos de molho (189 coroas tchecas, ou seja, uns 22 reais). O restaurante abre todos os dias, das 11h às 24h, e está localizado no miolo do centro, em frente a uma pequena praça chamada Uhelný.
2. Vzorkovna (Bartolomejska)
Meu lugar favorito na cidade, sem dúvida alguma! É um bar super alternativo que descobri sem querer (graças ao meu amigo Didi). Estávamos procurando um bar gay perto do hostel e sentimos um cheiro familiar (mais conhecido como maconha), ouvimos também uma música legal e decidimos achar de onde vinha. Como ainda era cedo, o lugar estava fechado, mas pelas janelas dava para perceber que parecia um bar bem diferente e resolvemos voltar mais tarde.
Quando voltamos, simplesmente nos apaixonamos pelo lugar cuja decoração foi feita com reaproveitamento de materiais. Por exemplo, portas que viraram bancos e móveis antigos ou usados. Além da música ambiente, na sala mais ao fundo há um palco com um piano, que pode ser utilizado por músicos que queiram ensaiar ou qualquer um afim de tocar, como uma menina que começou a tocar do nada uma das músicas da trilha de Amélie Poulain.
O dono do bar tem dois cachorros gigantes (mas super dóceis) que sempre estão presentes. Dizem que, antes deles, os mascotes eram dois porquinhos pretos. A cerveja do lugar é muito boa e barata. Eles ficam abertos até mais tarde, por volta das duas da manhã.
3. Mamacoffee (Vodičkova 6)
Se você é vegetariano e gosta de lugares politicamente corretos, irá amar esse café, pois o Mama vende somente cafés e chás com certificado Fairtrade e todos os seus salgados e tortas são feitos sem carne. Quando um produto tem esse tipo de certificado quer dizer que faz parte de um tipo de “comércio justo”, baseado em responsabilidade social, sustentabilidade e competitividade para os pequenos agricultores.
A ideia é que o produtor seja pago diretamente por quem irá comprar seus produtos, acabando com os atravessadores, aumentando o lucro do pequeno produtor e tornando o comércio internacional mais justo. Além disso, são também estabelecidos valores mínimos para a venda e um “prêmio” por unidade, que deverá ser utilizado para investimentos na comunidade local do respectivo produtor.
Quando fui ao café, pedi uma torta de batata com espinafre e minha mãe uma fatia de quiche – os dois estavam uma delícia. O visual do lugar é muito fofo (decoração bem pensada e descolada), o pessoal que lá trabalha fala inglês e há WiFi (e computadores) para uso gratuito. A ideia do lugar deu tão certo que existem outras cinco unidades em Praga (há também uma em Londres) e uma loja online que vende café. Nesse endereço eles abrem de segunda a sexta, das 8h às 22h, enquanto aos finais de semana o funcionamento é das 10h às 22h.
4. Popocafepetl (MIchalská 15)
Na primeira noite em Praga, meu amigo e eu queríamos sair para dançar e beber, mas sem ter que gastar muito dinheiro ou perna. Isto é, precisávamos de um lugar perto, barato e que conseguisse agradar nossos gostos musicais (bem) distintos. De todas as dicas que a recepcionista do hostel deu, o Popo era o mais perto e resolvemos ir lá. Gostamos tanto que voltamos três vezes. É uma espécie de bar/inferninho com três ambientes: um bar, uma pista de dança e uma área com mesas.
A galera que frequenta é bem misturada, em sua maioria na faixa dos 20 e algo. Sempre víamos muitos estrangeiros e quem trabalha lá fala pelo menos o básico de inglês. A música na pista de dança variava muito de estilo na mesma noite: pop mais antigo (como Backstreet Boys e Britney Spears), house, rock (lembro de tocarem The Clash, White Stripes e Queen) e música pop mais atual. Não importava o que estivesse tocando, o pessoal sempre dançava até o chão (daquele jeito europeu que sempre acho engraçado).
Não é cobrada entrada, as bebidas do bar são realmente baratas (uma cerveja custa em torno de 3 reais) e, por ser super central (fica perto da Old Town Square), não é preciso gastar dinheiro com transporte.
5. Chapeau Rouge (Jabuská 2)
Adoro pegar dicas de moradores da cidade sobre lugares legais para sair a noite, principalmente se a pessoa tiver bom gosto musical. Foi assim que achei o Chapeau Rouge. Por fora, já se percebe que não é um bar/balada comum: suas vitrines exibem objetos bizarros, como cérebro e bonecas dentro de potes com um líquido.
E isso condiz com a decoração interna (feita por artistas e grafiteiros locais) e com o clima underground dentro do seus três ambientes: um bar no térreo – onde não é cobrada entrada e é frequentado por muitos estrangeiros -; a pista de dança (Dance Klub), que fica em um dos níveis subterrâneos e onde geralmente pode-se ouvir e dançar ao som de house, dubstep e r’n’b; e o último espaço quando se desce a escada – o Live Underground – que é o ambiente dedicado a apresentações de DJs e bandas alternativas.
Nesses dois últimos, é cobrada entrada. Quando estive lá foram 80 coroas tchecas (ou seja, uns 9 reais), o que não pesa muito no bolso. Está localizado no centro da cidade, logo atrás da praça principal. O bar abre todos os dias, a partir de meio dia, de segunda a sexta, e das 16h nos finais de semana. Já os ambientes subterrênos funcionam somente de quinta a domingo, com os shows (no underground) começando às 20h. Não se esqueça de levar algum documento que prove sua idade, pois os bares de lá cobram isso (o que não é muito comum na cidade).
6. Cafe Alfredo (Havelská 512/1)
Tenho o hábito, principalmente quando viajo, de beber café depois do almoço para dar uma acordada e ter ânimo para andar pela cidade “tiritando”. No caso desse café, fui muito além do simples expresso pós refeição, pois o balcão tinha uma vitrine cheia de tortas lindas e apetitosas que jamais passariam despercebidas ao meu estômago.
A proposta do Alfredo é realmente servir cafés, tortas e sanduíches (na baguete), não havendo muito além disso no cardápio. É preciso ter certa paciência se estiver cheio, pois a mesma pessoa que te atende faz o café, serve e é o caixa. Quando fui, comi um pedaço de torta de frutas vermelhas com suspiro em cima que estava maravilhosa. O lugar tem um visual aconchegante e sofás que dão vontade de ficar lá sentada descansando. O café fica perto da feira a céu aberto de produtores locais e funciona todos os dias até às 19 horas.
7. Pizzaria Corto (Havelska 15)
Quando viajo, sempre prefiro experimentar ao máximo a culinária local, principalmente quando esta é bem diferente do que estamos acostumados. Mas nos dias em que esse espírito aventureiro não está tão aguçado, procuro algo que sei que será apetitoso ao meu paladar e, quase sempre, acabo comendo a mesma coisa: pizza ou kebab.
No caso de Praga, dos lugares que fui que servem pizza, de longe o que mais gostei foi essa pizzaria localizada na mesma rua do Café Alfredo. A massa é daquelas fininhas e crocantes e o recheio ótimo, sem firulas, na quantidade suficiente e com ingredientes de qualidade. Não deixe de perguntar qual é a pizza especial do dia (aquela com preço mais barato) e tente relevar o jeito não muito simpático e bem prático dos garçons.
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*Imagem Destacada: Valerii Tkachenko – (CC BY 2.0)
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Para quem gosta de música eu recomendo o Jazz & Blues Club U ZIate Trumpety. Eu já tinha comido, mas as bebidas tinham um preço justo e o show foi ótimo!
Quando estive em Praga eu ainda não tinha o blog então não registrei tudo como faço hoje, mas adorei a cidade. Viajamos meu marido e eu, não curtimos a vida noturna porque andamos muito durante o dia e o pique pesava, mas comi o tradicional Goulash e tomamos uma Stella Artois pela primeira vez. Adorei suas dicas, adoro comer bem e fugir de fast foods, mas claro quando isso não pesa tanto no orçamento da viagem.