Faz umas duas semanas que eu estive em Lisboa. Lá, visitei o Lisboa Story Center, um museu interativo (um pouco infantil) que conta a história da cidade desde os fenícios até hoje em dia. A minha parte preferida foi quando eles mostram como foi o Terremoto de Lisboa, no dia 1 de novembro de 1755, que resultou na destruição quase completa da cidade, principalmente da Baixa.
Como desgraça pouca é bobagem, além do terremoto com magnitude de 9,5 na escala Richter, a população também foi atingida por um tsunami e depois sofreu com múltiplos incêndios, porque o sismo ocorreu no Dia de Todos os Santos, quando missas e velas estavam acesas para todos os lados.
Estima-se que 90 mil pessoas morreram com a tragédia. Depois de ver toda a calamidade em multimídia no Story Center, eu fui às ruínas do Convento do Carmo e confesso que me deu muita agonia ver na vida real os resultados do que eu tinha assistido no filme.
Enfim, essa história toda é para introduzir um tema que tem me atraído desde que eu decidi que ia me mudar para Portugal, alguns meses atrás: como agir em casos de desastres naturais? Eu não sei bem por qual motivo eu só me preocupei com isso agora, mas acho que tem relação com o fato de eu não ter me preocupado em NADA com isso durante a volta ao mundo, quando eu morei no norte da Índia e depois visitei vários países que fazem parte de zonas de terremotos e vulcões ativos.
Meu cérebro custou a perceber que passei por alguns pequenos tremores em Chandigarh (apesar de não ter sentido), vivi uma ameaça de tsunami em Mamallapuram, vi várias placas sobre rota de fuga na Tailândia ou sobre atividade vulcânica na Nova Zelândia. Tanto tempo depois, percebi que se qualquer dessas coisas de fato tivesse acontecido, a chance de eu não saber o que fazer era 100%. E imagino que muitos viajantes, principalmente os brasileiros, também não saibam.
Então, antes de me mudar para Portugal, eu pesquisei o que pude sobre quais atitudes seguras tomar caso o país que você esteja sofra alguma catástrofe natural. Por mais que num momento de pânico a gente não seja tão racional, ser bem informado ajuda bastante. Em todas essas situações é prudente ter sempre seu passaporte por perto. E não se esqueça de contratar um seguro de viagem.
Como agir em caso de terremoto
Terremoto em Jacmel, Haiti. Imagem em domínio público
Primeira coisa: aquela ideia de ficar embaixo da soleira da porta é um mito para a maioria das construções. Tirando em casas muito antigas, não necessariamente a soleira é o local mais seguro. Fora que ali você pode acabar sendo atingido com força pela porta! Uma regra que eu achei fácil de seguir é: Agache, Cubra e Segure!
Basicamente, se a terra começar a tremer, se agache com joelhos e mãos no chão, o que te proteje de cair e permite se mover, se necessário. Cubra a cabeça e o pescoço, de preferência em baixo de uma mesa ou escrivaninha e segure a perna da mesa. Fique lá até que o movimento pare. Esteja preparado para se mover junto com seu abrigo, caso necessário.
Caso não tenha nenhuma mesa ou abrigo perto de você, se agache perto de uma parede do interior da construção, sempre protegendo a cabeça e o pescoço – as paredes exteriores e janelas são as áreas mais perigosas, assim como móveis e objetos pesados. Os maiores riscos de acidentes durante um terremoto ocorrem se você tenta se mover de um lado para o outro. Então, se estiver na cama, continue lá e cubra a cabeça com um travesseiro. Não tente sair de casa até que os tremores parem.
Se você estiver numa área aberta, não tente entrar num prédio: procure um lugar mais limpo, evite postes, árvores, construções e carros, por exemplo. Se for possível, o meio da rua é uma área mais segura. Não se esqueça de agachar assim que os tremores começarem e proteger a cabeça.
Se estiver dirigindo, pare o carro (longe de pontes, árvores e postes) e fique lá dentro até terminarem os tremores. Se estiver num lugar público, como um teatro, estádio ou museu, fique no seu lugar e proteja sua cabeça. Não tente sair até que os tremores parem. Então, ande devagar em direção a saída, tomando cuidado com objetos que possam cair em você.
Como agir em caso de tsunami
Tsunami em Minato, Japão. Crédito: Lance Cpl. Ethan Johnson (CC BY 2.0)
Se você está na costa e ocorreu um terremoto, mesmo que de pouca magnitude, há risco de tsunami. Se o tremor for forte e durar mais de 20 segundos, dirija-se imediatamente para uma área de maior altitude – não precisa nem esperar o aviso oficial. É necessário se mover pelo menos 3 km longe da costa ou para uma área pelo menos 30 metros acima do nível do mar.
Alguns países, como a Tailândia, têm placas indicando a rota de fuga em caso de tsunamis. É melhor andar rápido do que dirigir, para evitar trânsito ou outros problemas atrapalhando o trajeto.
Como agir em caso de erupção de vulcão
Vulcão em Sakurajima, Japão. Crédito: Kimon Berlin (CC BY-SA 2.0)
Vulcões costumam dar sinais da que vão entrar em erupção. Outras vezes eles simplesmente explodem… Se você está viajando para uma área que tenha um vulcão, ou vai se mudar para lá, pesquise antes como funciona o sistema de alerta. Assim, se ouvir sirenes, por exemplo, vai saber o que fazer.
A grande questão de um vulcão é ficar atento às recomendações das autoridades locais. Se mandarem você ficar num ambiente fechado, evacuar a área (e por aí vai). Sempre que você estiver num ambiente fechado, mantenha todas as janelas e portas lacradas, desligue ventiladores, ar-condicionado ou aquecedores.
Se estiver na rua, busque abrigo imediatamente. Se for pego numa tempestade de pedras, se agache e enrole o corpo para proteger a cabeça. Evite ficar próximo a pontes ou rios, já que essas são áreas mais perigosas da lava correr. Para se proteger das cinzas, procure áreas fechadas, use calças e blusas de mangas compridas, evite dirigir, já que as cinzas destroem o motor do carro.
Se você estiver planejando fazer caminhada perto de uma área vulcânica, mesmo que esse vulcão não tenha entrado em erupção em muito tempo, siga todas as instruções de segurança e leve com você todos os equipamentos recomendados, como goggles (aqueles óculos de proteção) e máscaras, além de muita água.
Como agir em caso de furações, tufões e tornados
Furação na Flórida, Estados Unidos. Imagem em Domínio Público
De todos os desastres naturais, esse é o mais fácil de ser previsto, uma vez que os países costumam ter uma temporada de tempestades mais graves. Claro, há uma grande margem para incerteza, mas a melhor ideia é evitar viajar para áreas que são afetadas por esse tipo de fenômeno na época que isso costuma acontecer. A gente tem um calendário de monções na Ásia e você encontra informações sobre todos os outros países do mundo na internet!
Enfim, se não tiver como evitar ou se você for viver em um lugar assim, fique atento a alertas para possíveis tempestades mais graves. Em geral, você pode ter tempo de preparar um kit de emergência e estocar água e alimentos. Fique dentro de casa, com todas as janelas e portas fechadas e cortinas cerradas. Desligue todos os equipamentos eletrônicos da tomada e a eletricidade geral da casa (se você estiver em um hotel, siga as instruções de segurança deles).
Os lugares mais seguros de uma casa costumam ser cômodos sem janelas no interior e primeiro andar. Mesmo que você perceba um momento de paz e os ventos pararem, não deixe seu abrigo – é o olho do furação passando. E a tempestade que vem em seguida é ainda pior, porque os ventos estão na outra direção.
Em geral, a maioria das mortes ocorre depois que uma grande tempestade passa, seja por conta de inundações ou porque as pessoas querem sair logo do abrigo para ver se está tudo bem e acabam sendo atingidas por um objeto ou árvore caindo. Se uma inundação começar, busque áreas mais altas e evite andar ou dirigir na água.
No caso de tornados, não há muito aviso: o céu pode estar claro e de uma hora para outra, ventos. Inclusive, o Brasil faz parte da Zona de Tornados, sabia? No caso desse tipo de ventos, busque abrigo o mais rápido possível, mas evite carros e ônibus e prefira porões e áreas sem janelas.
Se estiver num lugar público como shoppings ou um teatro, se possível vá para a área mais baixa – quanto mais alto um prédio, mais perigosos são os ventos. Se não der tempo de descer, fique longe de janelas e proteja sua cabeça. Se você estiver numa área aberta e não tiver como sair dali, deite no chão, o mais longe possível de árvores e outros veículos e proteja sua cabeça com as mãos e um casaco (se tiver um).
*Imagem Destacada: Terremoto no Chile. Crédito: Pedro Villavicencio (CC BY-SA 2.0)
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gostei desses esclarecimentos e gostaria de ter u manual de orientação para ajudar as populações de zonas vulneraveis e sujeitas a invasão do mar e inundação
Olá Carlos, infelizmente esse manual eu não posso te oferecer 🙁
Oi Carlos,
Desculpe, não sei onde você poderia encontrar esse guia
Oi, Luiza!
Achei muito útil e esclarecedor esse texto!
De fato estamos mal acostumados com o Brasil.. Só parei pra pensar nisso quando estava na Itália e teve uma onde de terremotos na região onde eu estava. Como eu não estava exatamente no epicentro, e eles não foram tão intensos (entre 3.5 e 4.2 graus)minha cidade não sofreu nenhum dano, mas dava pra sentir os tremores e ver as janelas balançando. Eu confesso que fui tomada pela adrenalina da novidade então fui meio relapsa em relação às medidas de segurança, mas vários pontos turísticos da cidade foram fechados assim como algumas partes da residência universitária onde eu morava foram interditadas.Eu sequer sabia que aconteciam terremotos por ali (não são frequentes, mas acontecem), mas me vi completamente despreparada para o caso de um tremor mais forte acontecer.
Pois é Paula, eu vivi a mesma coisa (sem a questão da onda de terremotos). Meio que escrevi esse texto para me lembrar (e aos outros) da necessidade de saber se proteger em qualquer situação.
Olá Luiza! Muito legal e informativo o seu texto.
Tive duas experiências no Hawaii que também mudaram minha percepção desses desastres naturais. Primeiro passei por um tornado e junto dele veio uma boa tempestade, mas graças a Deus os danos foram pequenos. O segundo foi um alerta de Tsunami no começo de 2010 quando aconteceu um grande terremoto no Chile. Assim como o Tornado o Tsunami também não causou muitos prejuízos, mas acordar de madrugada escutando a sirene da cidade, todo mundo deixando as casas e correndo para os supermercados comprar suprimentos foi aterrorizante.
Obrigado pelas dicas e parabéns pelo Blog!
Nossa Arthur, põe aterrorizante nisso!
Nós estamos muito mal acostumados com o Brasil…
Estive no Chile alguns meses antes do terremoto de 6,4 de magnitude que pôde ser sentido até em Mendoza, assolar a região. Por mais que não tenha ocorrido grandes desastres provenientes desse acontecimento, não pude deixar de me perguntar o que eu faria caso isso tivesse acontecido durante minha estadia lá. Agora já sei. É basicamente proteger a cabeça (entre muitos outros detalhes que eu, certamente, esqueceria, claro) 🙂 Ótimo post!
Ei Thayse,
Realmente, agachar e proteger a cabeça! bjs
Oi, Luiza! Esse é um assunto que eu nunca tinha parado para pensar! Obrigada pelas dicas 🙂