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Atlas: Índia

Dicas para montar o seu roteiro de viagem na Índia

Um país enorme e variado. Assim é a Índia, gigante asiático que abriga mais de um bilhão de pessoas e tantos outros lugares fantásticos. Quer visitar um deserto, andar de camelo ou ver encantadores de serpentes? Na Índia tem. Seu objetivo é conhecer florestas tropicais? Vai pra Índia! E também pra ver montanhas nevadas, templos milenares, cidades perdidas, locais religiosos, rios sagrados…

São tantas opções que fica até complicado planejar uma viagem pelo país. Já publicamos mais de 60 posts sobre o assunto, mas um importante tema ainda não tinha aparecido aqui no blog: como montar um roteiro de viagem na Índia? Hoje vamos resolver essa questão, com dicas detalhadas e várias sugestões de roteiros e lugares que você pode visitar.

Roteiro de viagem na Índia: uma semana

Por que diabos alguém cruza o mundo pra ficar só uma semana lá? Por vários motivos! Pode ser um viajante no meio de uma volta ao mundo e que não tem muito tempo para conhecer o país; alguém que foi para lá a trabalho e conseguiu uma semana de folga; uma pessoa que vai na realidade para outro lugar da Ásia, mas fez uma escala na Índia e resolveu ficar uns dias por lá também… Enfim, tem gente passa pelo país e não fica muito tempo. Tanto é que existe uma coisa chamada triângulo dourado, que é formado por três cidades: Nova Delhi, Agra e Jaipur.

Nova Delhi é a capital e porta de entrada para Índia, já que por lá chegam voos de todo o mundo. Além disso, é uma das maiores cidades do país, com direito a comodidades típicas de metrópoles, como um metrô que funciona razoavelmente bem e um ótimo aeroporto. Enfim, uma boa escolha para começar uma viagem pelo país sem sofrer  muito com o soco no estômago que o choque cultural vai te dar, quer você queira ou não.

Vista do Taj Mahal, Índia

Além disso, Delhi está perto de alguns dos lugares mais incríveis e disputados da Índia, como Agra e Jaipur. A primeira é nada menos do que a cidade onde fica o famoso Taj Mahal, cartão-postal mais fodão do país. Já a segunda é a mais famosa cidade do Rajastão, o estado indiano dos Marajás.

As três cidades estão relativamente perto – cerca de cinco horas bastam para se locomover de uma para a outra. Por tudo isso, o tal do triângulo é um dos roteiros mais comuns entre os turistas que desembarcam na terra das vacas livres. É possível fazer o trajeto entre as cidades de trem, de ônibus ou mesmo de carro. Neste caso, basta alugar um táxi no aeroporto ou combinar no seu hotel.

Veja nossas dicas de onde se hospedar em Agra, Jaipur e Nova Delhi

Roteiro do triângulo dourado melhorado

Os próprios indianos chamam o roteiro Delhi-Agra-Jaipur de triângulo dourado, talvez pelo fato desse tripé concentrar uma quantidade enorme de turistas. Nós concordamos que o Taj Mahal deve ser prioridade de qualquer viagem à Índia e que Delhi é mesmo uma excelente porta de entrada no país.

No entanto, não incluiríamos Jaipur numa viagem tão curta. Não que a cidade seja ruim, mas certamente não é nem de longe a mais legal do Rajastão. Então pode ser uma ideia melhor deixar Jaipur para uma viagem que inclua o resto do Rajastão, fechando o triângulo com uma cidade que fica a umas sete horas de Nova Delhi: Rishikesh.

Rishikesh é simplesmente um dos lugares mais agradáveis da Índia. Vila às margens do rio Ganges, lá é possível conhecer um pouco da fé hindu, passar alguns dias num ashram, andar por lugares onde os Beatles estiveram, na década de 1960 e – o mais importante – nadar e até mesmo fazer rafting no rio Ganges, que é completamente limpo naquele trecho.

Estátua de Shiva no Ganges em Rishikesh, Índia

Caso escolha essa roteiro, fique duas noites em Delhi, siga durante o dia para Agra, fique uma ou duas noites por lá e depois siga para Rishikesh, que é muito mais agradável do que Agra. Você pode fazer o percurso entre as cidades de ônibus, carro ou de trem. No caso de Rishikesh, é preciso ir de trem até Haridwar, cidade próxima, e de lá pegar um tuk-tuk ou taxi. Veja nosso post sobre como organizar sua viagem de trem pela Índia.

Roteiro Rajastão

O Rajastão é a Índia que você viu na TV: fortes, marajás, encantadores de serpentes, camelos e elefantes. Ali também fica o Deserto do Thar, que durante séculos foi utilizado como rota de especiárias, que eram transportadas no lombo de camelos. Hoje os camelos transportam apenas turistas, que visitam as várias cidades do mais turístico dos estados indianos.

Existem várias cidades incríveis no Rajastão. Nós estivemos em quatro: Jaipur, Udaipur, Jodhpur e Jaisalmer. A primeira serve de porta de entrada para o estado, mas certamente não é um local para ficar muitos dias. Esse lugar é Udaipur, cidade cercada por lagos, fortes de marajás e com um ambiente muito tranquilo.

Jodhpur tem um mercado típico muito bacana (ou seja, caótico) e forte mais impressionante da Índia. Localizada na fronteira com o Paquistão, Jaisalmer tem também o seu forte. Ao contrário dos outros, este ainda serve de moradia para parte da população da cidade. Além disso, é em Jaisalmer que ocorre o famoso safári de camelo pelo deserto.

Vista do forte de Jaisalmer

Jaisalmer

Outro lugar interessante do Rajastão – mas onde nós infelizmente não fomos – é Pushkar, cidade onde uma vez por ano ocorre uma tradicional feira de camelos. Vale conferir se a data da sua viagem é a mesma da feira, o que certamente justificaria parar por lá.

Nós saímos de Delhi e fomos de trem para Jaipur. De lá, pegamos um ônibus para Udaipur, onde ficamos quatro noites (é possível ir de trem). Em Udaipur pegamos um busão capenga para Jodhpur, onde ficamos mais duas noites. O trajeto entre Jodhpur e Jaisalmer também foi feito de ônibus. São necessários entre 10 e 12 dias para fazer esse roteiro com tranquilidade.

Roteiro de viagem pelo norte da Índia

A parte mais legal do país. Esse é o norte da Índia, que deveria ser visitado por todo viajante que desembarca pela primeira vez por lá. Um bom exemplo é McLeod Ganj, vila encravada no Himalaia indiano, de difícil acesso e onde vive o Dalai Lama e o governo em exílio do Tibet. McLeod foi o lugar mais incrível que visitamos por lá.

Outra cidade que merece destaque – principalmente no inverno – é Manali, onde fica uma das principais estações de esqui da Índia. Sim, na Índia neva. E não é pouco.

No mesmo estilo é Shimla, que já foi capital de verão da Índia britânica. Vale incluir pelo menos uma das duas num roteiro pelo norte do país, pelo menos se sua viagem for durante o inverno, época em que essa parte da Índia fica cheia de montanhas nevadas e rios congelados.

Vista-Himalaias-Manali

Na fronteira da Índia com o Paquistão fica Amritsar, cidade sagrada para os sikhs, religião monoteísta comum no estado indiano do Punjab. Amritsar é uma cidade para a qual o adjetivo agradável definitivamente não se aplica, mas com uma coisa muito especial: o Golden Temple, um templo dourado que é considerado sagrado pelos Sikhs. Ele pode até não ser tão famoso quanto o Taj Mahal, mas certamente é tão interessante como. Ou mais.

Um roteiro pelo norte da Índia também deveria incluir Varanasi, definitivamente uma das top-5 cidades que precisam ser visitadas no país. A mais sagrada cidade dos hindus pode até meter medo, afinal o rio Ganges tem uma fama bem ruim fora da Índia, mas certamente causa um impacto em todo viajante que passa por lá. Esse roteiro poderia ser completado com outras cidades que já falamos, como Rishikesh, Agra e Nova Delhi.

Combo Rajastão + norte

Se você tiver um mês para gastar na Índia, gaste no Rajastão e no norte do país. Num caso assim, o ideal é escolher quais lugares te interessam mais e fazer uma mistura entre os dois últimos roteiros, incluindo as cidades mais interessantes da Índia, mas sem fazer uma viagem absurdamente apressada. Eu incluiria Jaisalmer e Udaipur, no Rajastão, Amritsar, no Punjab, Delhi, Agra, Varanasi, Rishikesh e McLeod Ganj. Pronto: Tá aí um roteiro muito legal pelo país.

Se sobrar tempo, vale incluir mais cidades do Rajastão e também Khajuraho, a cidade dos templos do Kama Sutra, que fica a algumas horas de trem de Varanasi. No inverno, considere incluir Manali. A melhor forma de se locomover entre as cidades é de trem. Quando ele não estiver disponível, opte pelo ônibus ou alugue um carro (com motorista). E o legal de um roteiro assim é que ainda dá para incluir alguns dias no Nepal, que afinal de contas está logo ali.

Outros roteiros pela Índia

É lógico que existem outros lugares interessantes na Índia. No sul está o Kerala, que tem atraído muitos estrangeiros. Por lá também fica Mumbai, a mais incrível metrópole indiana. Goa, a região de praias que já foi portuguesa e que até lembra um pouco o Brasil, também entra na lista de viagens de muita gente.

E ainda tem a Caxemira, onde nós não fomos, mas que queremos um dia visitar. Todos esses lugares são interessantes, mas acho que não cabem num primeiro roteiro de viagem pelo país, a não ser que você tenha muito tempo por lá (como a gente teve) ou interesses específicos nessas regiões. Veja também: como montar seu roteiro pelo sul da Índia

Seguro

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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